Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital (estrutura) O custo do Capital de uma empresa corresponde à taxa mínima exigida pelos proprietários do Capital (acionistas e credores) que financiam as atividades da empresa. O custo do Capital é calculado com base nas diversas fontes de financiamento de caráter de longo prazo e permanente e deve ser o mais “realista” possível, pois importantes decisões estratégicas da empresa são tomadas com base nele. Os financiamentos de investimentos que se faz numa empresa estão divididos em Capital Próprio e Capital de terceiros. Assim, investimentos em ativos fixos devem ser financiados por colocação de ações no mercado, Lucros não distribuídos, empréstimos de longo prazo, emissão de títulos. Capital próprio: Para evitar o aperto de liquidez num eventual insucesso futuro, normalmente utilizam-se capital próprio nos investimentos que têm retorno de longo prazo. Na composição do custo de Capital Próprio devem ser levados em consideração os custos das ações, os custos dos Lucros retidos, pois esses tipos de financiamentos são remunerados por dividendos futuros esperados pelos acionistas. Ações: São títulos que têm renda variável. São emitidas por sociedade anônima e, representa a menor fração do capital da empresa emitente. O investidor em ações é um coproprietário da sociedade anônima da qual é acionista, participando dos seus resultados. As ações são conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, pela negociação em Bolsas de Valores. Não existe prazo mínimo para investimentos em ações, ou seja, o investidor decide quando comprar e quando vender as ações. Tipo de investimento classificado como sendo de risco que não tem garantia de retorno já que o retorno esperado dependerá de alguns fatores como desempenho da empresa, da economia. Ações ordinárias e preferenciais. Ordinárias – Ações que garantem ao seu possuidor direito a voto nas assembleias dos acionistas, onde cada ação ordinária corresponde a um voto. Normalmente, nessas assembleias, são aprovados Balanços e Demonstração de Resultado do Exercício. Pode ser ainda, discutido o destino dos resultados da companhia e eleições de membros do Conselho de Administração da empresa. Preferenciais – São ações que garantem ao seu possuidor preferência no recebimento de dividendos em relação às ordinárias. No caso de liquidação da empresa também possuem preferência no recebimento de reembolso do Capital investido. Porém, diferentemente das ações ordinárias não garantem ao seu possuidor o direito a voto nas assembleias dos acionistas (salvo se não houver distribuição de resultados por três exercícios consecutivos). 2 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital – Capital Próprio Rentabilidade das ações: É variável. Parte da Rentabilidade das ações é composta de dividendos ou participação nos resultados e benefícios concedidos pela empresa, outra parte advém do eventual ganho de capital na venda da ação. Dividendos: A participação nos resultados de uma sociedade é feita sob a forma de distribuição de dividendos em dinheiro, em percentual a ser definido na Assembleia Geral Ordinária dos Acionistas, de acordo com os resultados obtidos pela empresa em determinado período. Mensuração do Custo de Capital Para cada fonte de financiamento utiliza-se uma forma de mensuração de custo de Capital. O custo das ações preferenciais e ordinárias. Em outros países é normal a distribuição de dividendos de ações preferenciais como um valor fixo. Nessa situação, a expressão seria: Custo da “emissão” de ações preferenciais: kp = 100 %)%1(0 sdP DP (Sem estimativa de crescimento) Onde: KP = Custo das novas ações preferenciais; DP = dividendo fixo por ação preferencial; P0 = preço corrente da ação; d% = taxa de deságio sobre o preço de lançamento das aços em percentual; s% = despesas de underwriting (subscrição) “em percentual” 3 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital – Capital Próprio Exemplo: Consideremos que uma empresa pretende emitir ações preferenciais com dividendo anual de R$ 2. Considerando que o preço corrente de tal ação no mercado é de R$ 9,8, que há uma taxa de deságio de 10% e que as despesas de subscrição (underwriting) são de 3%. Qual será o custo de emissão da ação (em percentual com duas casas decimais)? Utilizando a expressão anterior, temos: KP = 4 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital – Capital Próprio Custo das ações ordinárias (e de ações preferenciais com participação integral nos lucros) No Brasil as ações preferenciais têm direitos aos mesmos dividendos das ações ordinárias. Isso significa que as ações preferenciais participam em igualdade de condições com as ações ordinárias na distribuição de lucros. Assim, considera-se que os custos dos dois tipos de ações podem ser calculados da mesma forma. Existe uma expressão conhecida como modelo de avaliação com crescimento constante ou Modelo de Gordon que determina o Preço corrente da ação, com base em: D1 = valor do dividendo esperado no ano 1 KS = Taxa de retorno exigida da ação ordinária g% = Taxa de crescimento constante de lucros e dividendos 𝑃0 = 𝐷1 𝑘𝑠−𝑔 Trata-se de uma perpetuidade com crescimento gradiente exponencial. Essa expressão dá surgimento à aquela que iremos utilizar no Custo de Capital. Crescimento constante - Modelo de Gordon ks = 100% 0 1 g P D A expressão nos diz que o custo das ações ordinárias será obtido pela divisão do dividendo esperado no ano 1 pelo preço corrente da ação e somando-se a taxa esperada de crescimento. Como os dividendos provêm do lucro líquido (após o IR), não há ajuste relativo ao IR. Onde: KS = taxa de retorno exigido sobre a ação; D1 = dividendo por ação esperado no ano 1; P0 = preço corrente da ação; g% = taxa anual de crescimento constante dos lucros e dividendos 5 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital – Capital Próprio Custo de emissão novas ações ordinárias O preço de novas ações no mercado deverá ser inferior ao preço das ações antigas praticado no mercado, e isso se dá por alguns motivos, a saber: . Despertar o interesse dos subscritores; . Pressão por parte da instituição intermediadora para que a emissão das ações tenha facilidade de colocação no mercado por um preço que seja atraente. A emissão de novas ações tem o seu custo incrementado em taxas de deságio e despesas de underwriting (subscrição) em percentual (expressadas em relação ao preço corrente da ação P0). A expressão tem relação com o Modelo de precificação constante “Modelo de Gordon”. Custo da “emissão” de novas ações ks = 100% %)%1(0 1 g sdP D Onde: KS = Custo da emissão de novas ações (ordinárias); D1 = dividendo por ação esperado no ano 1; P0 = preço corrente da ação; d% = taxa de deságio sobre o preço de lançamento das aços em percentual; s% = despesas de underwriting (subscrição) “em percentual” Exemplo: Qual o custo de emissão de novas ações (ordinárias) para uma empresa, se a taxa de deságio é de 10%, a despesa de subscrição (underwriting) é de 4%, o preço corrente da ação no mercado é de R$ 9 e o dividendo previsto for de R$ 1,5 com previsão de crescimento de 2% (taxamédia de crescimento dos lucros e dividendos)? (Em percentual com duas casas decimais) Utilizando a expressão anterior, temos: KS = 6 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital – Capital Próprio Custo dos Lucros retidos Os lucros retidos são aqueles lucros que não foram distribuídos aos acionistas e representam um reinvestimento na empresa. Assim, por não terem sido distribuídos, devem gerar retorno (pelo menos é o que esperam os acionistas) no mínimo igual àquele que os acionistas teriam se o tivessem recebido e aplicado em outra opção de investimento. O custo de lucros retidos para a empresa é equivalente ao custo das ações ordinárias totalmente subscritas e integralizadas instantaneamente, sem despesas de underwriting e taxa de deságio. A expressão para o cálculo do custo dos Lucros retidos então será: kLr = 100% 0 1 g P D Utilizando os dados do cálculo do custo das ações ordinárias temos: Exemplo: O preço corrente de determinada ação de uma empresa negociada em bolsa é de R$ 10,5. Se o dividendo previsto for de R$ 2. Com previsão de crescimento de 2% (taxa média de crescimento dos lucros e dividendos). Qual o custo da ação para a empresa? (Em percentual com duas casas decimais) Utilizando a expressão anterior, temos: kLr = 7 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital – Capital de Terceiros O que é o custo do Capital de terceiros? É A TAXA DE RETORNO QUE O CREDOR DE UM EMPRÉSTIMO OU FINANCIAMENTO FAZ JUS pelo risco que corre temporariamente enquanto cede o seu capital a um tomador de recursos. Assim, as fontes de capital de terceiros são: . Empréstimos e financiamentos; . Emissão de títulos. O custo de Capital de terceiros é aquele líquido da alíquota de Imposto de Renda e Contribuição Social, pois tal custo representado pelas despesas financeiras que são deduzidas integralmente do lucro. Exemplo do cálculo do Custo de Capital de Terceiros: Considere uma empresa que paga anualmente 10% de despesas financeiras (juros anuais) sobre um empréstimo. Se a mesma sofre a incidência de uma alíquota de Imposto de Renda e Contribuição Social de 34% sobre o Resultado, teremos para o Custo de Capital de Terceiros (Líquido): KT = KT = KT = ______% a.a Exemplo do Cálculo de Custo Médio Ponderado de Capital. Informações: de acordo com os cálculos efetuados anteriormente determinemos o CMPC ou WACC: WACC = WEIGHT AVERAGE COST OF CAPITAL = CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL Fontes de Financiamento Custos percentuais (a.a.) Ações preferenciais (emissão) K P = 23,46% Ações ordinárias (emissão) K s = 21,38% Lucro retido (Ações em circulação) K LR= 21,05% Empréstimo K T= 10,00% antes do benefício fiscal do IR 8 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC ou WACC O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC ou WACC) é a soma dos custos ponderados que será resultante da multiplicação dos custos efetivos das fontes de financiamento pelos respectivos pesos ou participação de cada fonte dentro do total de financiamento da estrutura de Capital planejada. Considerando, por exemplo, os seguintes pesos (%) de participação de cada fonte dentro da estrutura: Ações preferenciais (emissão) = 30,0% Ações ordinárias (emissão) = 15,0% Lucro retido (ações em circulação) = 10,0% Empréstimo = 45,0% Total de participação na estrutura = 100% Teremos o seguinte quadro com o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC). Fontes de Financiamento Custos percentuais após IR (a.a.) (k) Pesos (%) (W) (Duas casas decimais) CMPC ou WACC (%) a.a. (4 casas decimais) Ações preferenciais (emissão) 23,46 0,30 Ações ordinárias (emissão) 21,38 0,15 Lucro retido 21,05 0,10 Empréstimo (Após o IR/CS) 6,60 0,45 1,00 15,3200 Dessa forma, o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital ou WACC para a estrutura planejada seria: CMPC ou WACC = ______% a.a. Interpretação: 9 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC ou WACC Expressão algébrica para o cálculo do CMP ou WACC: Ao invés de utilizarmos o quadro anterior para calcularmos o CMPC ou WACC, poderíamos utilizar uma expressão que levasse em consideração os pesos (proporção), os custos de Capital de terceiros (taxa líquida, considerando o efeito do IR) e o Custo de Capital próprio. Tal expressão é dada conforme abaixo: WACC = [ WT * KT *(1-alíquota IR) ] + [ WP * Kp ] Onde: WT = Peso ou proporção do Capital de Terceiros na estrutura de Capital em questão (forma decimal); KT = Custo do Capital de Terceiros (forma percentual); Alíquota de IR = benefício fiscal (%); WP = Peso ou proporção do Capital Próprio na estrutura de Capital em questão (forma decimal); KP = Custo do Capital Próprio (forma percentual). Como no exemplo do nosso estudo, a estrutura de Capital é composta de vários tipos de Captação (inclusive com pesos diferentes), os Totais de Capital de Terceiros (KT) e de Capital Próprio (KP) e seus pesos devem ser desmembrados antes de serem substituídos na expressão. Assim: WP * KP = (WP * KP + WS * KS + WLR * KLR ) (Equação 1). Substituindo as equações 1 e 2 em: WACC = [( WT * KT ) *(1 - alíquota IR) ] + [ WP * KP ] Ficamos com: WACC = [(WT * KT) *(1- alíquota IR)] + [WP * KP + WS* KS + WLR * KLR] WACC = ________% 10 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC ou WACC Exercícios. 1. De acordo com as informações abaixo, calcule o CMPC ou WACC Informações: Ações preferenciais (emissão) = 25% Ações ordinárias (emissão) = 10% Lucro retido = 10% Empréstimos = 55% Total de participação na estrutura =100% Alíquota do imposto de Renda = 34% Fontes de Financiamento Custos percentuais (a.a.) Ações preferenciais (emissão) KP = 31,93% Ações ordinárias (emissão) KS = 27,80% Lucro retido (Ações em circulação) KLR = 15,29% Empréstimo KT = 15,00% antes do benefício fiscal do IR a) Resolva pela tabela; b) Resolva pela expressão. a) Resolução pela tabela: Teremos o seguinte quadro com o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC). Fontes de Financiamento Custos percentuais após IR (a.a.) (k) Pesos (%) (W) (Duas casas decimais) CMPC ou WACC (%) a.a. (4 casas decimais) Ações preferenciais (emissão) KP = Ações ordinárias (emissão) Ks= Lucro retido KLR = Empréstimos (Custo após o IR/CS) KT = 11 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC ou WACC Dessa forma, o cálculo do Custo Médio Ponderado de Capital ou WACC para a estrutura planejada seria: CMPC ou WACC = 17, 7365% a.a. b) Resolução pela expressão do Custo Médio Ponderado de Capital. Utilizando a Expressão para o cálculo do CMP ou WACC, teremos: WACC = [(WT * KT) *(1 - alíquota IR)] + [WP * KP + WS * KS + WLR * KLR] WACC = _________% a.a 12 Administração Financeira e Orçamentária Prof. Jorge Luis de Faria Aulas 02, 03 e 04 Custo de Capital Bibliografia: Gitman, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira - 12ª edição. Editora: Pearson - 2010 Assaf Neto, Alexandre. Finanças Corporativas e valor Editora: Atlas - 2005 Hoji, Mazakazu Administração Financeira Uma abordagem Prática Editora: Atlas - 2006 Braga, Roberto Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira 1995 Editora: Atlas – 1998
Compartilhar