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Contabilidade Pública

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Arq 03 - Receita Pública - Parte 1.pdf
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Arq 03 – TEMA: RECEITA PÚBLICA – Parte 1 
 
Ingressos ou entradas são palavras utilizadas para caracterizar as importâncias recebidas pelos cofres 
públicos. Entretanto, nem todas as entradas de recursos nos cofres públicos podem ser consideradas como 
receita pública. 
Aliomar Baleeiro conceitua receita pública como "...a entrada, que integrando-se ao patrimônio público sem 
quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o eu vulto, como elemento novo 
e positivo". 
 
Na área pública, o conceito de receita deve ser analisado sob dois enfoques - Patrimonial e Orçamentário. 
 
 Receita - Enfoque Patrimonial 
Receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a variação positiva da 
situação líquida patrimonial, resultante do aumento de ativos ou da redução de passivos de uma entidade. 
A contabilização da receita é regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio das 
Resoluções CFC nº 750/1993 e nº 774/1994. 
Conceito - De acordo com a Resolução CFC nº 1.121/2008, que dispõe sobre a estrutura conceitual para 
a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, "receitas são aumentos nos benefícios 
econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou 
diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de 
aporte dos proprietários da entidade". 
Sob o enfoque patrimonial, a receita constitui uma variação patrimonial aumentativa, porque aumento o 
patrimônio líquido. 
Momento de reconhecimento da receita, sob o enforque patrimonial - Segundo os princípios 
contábeis, a receita deve ser registrada no momento da ocorrência do seu fato gerador, 
independentemente do recebimento. 
Desta forma, seguindo os princípios contábeis da oportunidade e da competência, a receita deverá ser 
registrada no momento em que ocorre o fato gerador, independentemente do recebimento. 
 
 Receita - Enfoque Orçamentário 
Orçamento público é um importante instrumento de planejamento, que apresenta o fluxo previsto de 
ingressos e de aplicação de recursos para o período de um ano. 
Conceito - Sob o enfoque orçamentário, receitas públicas são os ingressos de recursos nos cofres 
públicos, não passíveis de devolução, em qualquer esfera governamental, disponíveis para alocação e 
cobertura das despesas públicas. Portanto, as receitas orçamentárias são representadas pelos recursos 
que ingressam de forma definitiva nos cofres públicos e que poderão ser destinados ao financiamento das 
despesas públicas. 
 
 As receitas públicas podem ser classificadas em extraorçamentárias e orçamentárias. 
 Receitas Extraorçamentárias - são representadas pelos recursos que ingressam nos cofres públicos, 
mas que constituem compromissos exigíveis e, portanto, não podem ser utilizados para atender às 
necessidades públicas. O pagamento de tais exigibilidades independe de autorização Legislativa. 
Na verdade, o termo "Receita Extraorçamentária" não é adequado. Isso porque, para que possam ser 
classificados como receita pública, os recursos devem estar disponíveis para atender às despesas 
públicas, o que não ocorre nesse caso. Em decorrência dessa característica, alguns autores 
denominam as Receitas Extraorçamentárias como "Ingressos Extraorçamentários". 
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Os ingressos extraorçamentários decorrem do fato de que o Estado é obrigado a arrecadar valores 
que em princípio não lhe pertencem. São exemplos de receitas extraorçamentárias: cauções, fianças, 
consignações e outros. 
 Receita Orçamentária 
São variadas as formas de classificação das receitas orçamentárias públicas. Vamos dividi-las em dois 
grupos. O primeiro, referente às classificações meramente acadêmicas, e o segundo, referente às 
classificações que têm aplicação técnica/prática, no orçamento e na contabilidade. 
 
Classificações acadêmicas da receita orçamentária pública 
Academicamente as receitas podem ser classificadas segundo a afetação patrimonial, a procedência, a 
competência e a regularidade. 
Quanto à afetação patrimonial, a receita orçamentária pode ou não provocar variação na situação 
patrimonial líquida, sendo classificada como efetiva ou não efetiva, respectivamente. 
 Receita Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento do seu reconhecimento, aumenta a situação 
líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo aumentativo. 
 Receita Orçamentária Não-Efetiva - aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento 
do seu reconhecimento, constituindo fato contábil permutativo. 
Quanto a procedência, as receitas podem ser classificas como originárias ou derivadas. 
As Receitas públicas Originárias são aquelas derivadas da exploração de atividades econômicas pela 
Administração Pública, com origem nas rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado, na 
administração dos preços públicos, na prestação de serviços comerciais e na venda de produtos industriais ou 
agropecuários. 
Receitas públicas Derivadas são aquelas obtidas por meio do exercício da soberania estatal, com base em 
dispositivos constitucionais ou legais, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições 
especiais. 
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Quanto à competência politico-institucional para arrecadar as receitas, ela pode ser federal, estadual 
municipal ou distrital. 
Quanto à regularidade, as receitas podem ser ordinárias, assim entendidas aquelas que ingressam nos 
cofres públicos de forma regular, segundo as previsões preestabelecias, ou extraordinárias, assim entendidas 
aquelas que ingressam de forma imprevista. 
 
Momento de reconhecimento da receita orçamentária sob o enforque orçamentário - na contabilidade 
pública a receita orçamentária é reconhecida pelo regime de caixa, nos termos estabelecidos no art. 35 da Lei 
nº 4320/1964. 
"Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas" 
A adoção do regime de caixa vai ao encontro do princípio da prudência, na medida em que os recursos só são 
computados após o efetivo ingressado nos cofres públicos. O regime de caixa também tem o objetivo de 
assegurar o equilíbrio da arrecadação das receitas orçamentárias com a execução das despesas 
orçamentarias. 
Quando a receita orçamentária é reconhecida pode ocorrer alteração da situação líquida patrimonial da 
entidade, conforme ela seja efetiva ou não efetiva. 
Classificação técnica/prática da receita orçamentária pública 
Tecnicamente, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios: 
A. Natureza; 
B. Fonte/Destinação de Recursos; 
C. Indicador de Resultado Primário. 
 
A- Classificação da receita orçamentária por natureza da receita 
 
O art. 11 da lei nº 4.320/64 adotou o critério econômico para classificar as receitas orçamentárias, dividindo-as 
em duas Categorias Econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. 
A Classificação Econômica, ou por Natureza da Receita, visa a identificar a origem do recurso segundo o fato 
gerador, caracterizado pelo fenômeno que ocasionou o ingresso dos recursos nos cofres público. Essa 
classificação é utilizada por todos os entes da Federação. 
O parágrafo 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/64 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no 
seu art. 11, serão identificados por números de código decimal. Convencionou-se denominar este código de 
natureza de receita. Esse código busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo o fato 
gerador que ocasionou o ingresso dos recursos aos cofres públicos. 
Para o exercício de 2016, incluindo a elaboração do Orçamento, entrará em vigor nova estrutura de 
codificação
das Naturezas de Receita, de forma a prover melhorias na estrutura de formação dos códigos da 
classificação, aplicando lógica integralmente voltada para a gestão das receitas orçamentárias. A nova 
proposta estrutura os códigos de forma a proporcionar extração de informações imediatas, a fim de prover 
celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento paralelo para 
concatenar dados. Essa é a premissa que pauta a nova estrutura de codificação da classificação 
orçamentária. (Fonte: MTO 2016) 
A estrutura da nova codificação cria possibilidade de associar, de forma imediata, a receita principal com 
aquelas dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A associação é efetuada 
por meio de um código numérico de 8 dígitos, cujas posições ordinais passam a ter o seguinte significado: 
 
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Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido, aloca-se a receita pública 
correspondente na natureza de receita código 1.1.1.3.01.1.1, segundo o esquema a seguir: 
 
 
1º Nível - Categoria Econômica - utilizado para mensurar o impacto das decisões do Governo na economia 
nacional (formação de capital, custeio, investimentos etc.). A Lei nº 4.320/64, em seu artigo 11, classifica a 
receita orçamentária em duas categorias econômicas: 
1 - Receitas Correntes - Receitas Orçamentárias Correntes são aquelas arrecadadas dentro do 
exercício financeiro, que aumentam as disponibilidades financeiras do Estado, e constituem 
instrumento para atender às necessidades públicas definidas no orçamento. 
2 - Receitas de Capital - as Receitas de Capital também aumentam as disponibilidades financeiras do 
Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se 
atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, as Receitas de 
Capital em geral não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido. 
A Portaria Interministerial STN/SOF n° 338/2006, estabelece a identificação das receitas correntes 
intraorçamentárias e receitas de capital intraorçamentárias. As receitas intraorçamentárias são ingressos 
provenientes do pagamento de despesas realizadas entre órgãos, fundos e entidades integrantes dos 
orçamentos, fiscal e da seguridade social. As classificações intraorçamentárias não constituem novas 
categorias econômicas de receita. Essas têm a mesma função da receita original, diferenciando-se apenas 
pelo fato de destinarem-se ao registro de receitas provenientes de órgãos pertencentes ao mesmo orçamento. 
Categoria Econômica 
1 Receitas Correntes 
7 Receitas Correntes Intraorçamentárias 
2 Receitas de Capital 
8 Receitas de Capital Intraorçamentárias 
Origem da Receita 
1 Receita Tributária 1 Operações de Crédito 
2 Receita de Contribuições 2 Alienação de Bens 
3 Receita Patrimonial 3 Amortização de Empréstimos 
4 Receita Agropecuária 4 Transferências de Capital 
5 Receita Industrial 5 Outras Receitas de Capital 
6 Receita de Serviços 
7 Transferências Correntes 
9 Outras 
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 2º Nível - Origem - Identifica a procedência dos recursos públicos, em relação ao fato gerador dos ingressos 
das receitas. Para as receitas correntes, permite identificar se essas são compulsórias (tributos e 
contribuições), provenientes das atividades econômicas do Estado (agropecuárias, industriais ou de prestação 
de serviços), da exploração do seu próprio patrimônio (patrimoniais), se provenientes de transferências 
destinadas ao atendimento de despesas correntes, ou ainda, de outros ingressos. 
No caso das receitas de capital, distinguem-se as provenientes de operações de crédito, da alienação de 
bens, da amortização dos empréstimos, das transferências destinadas ao atendimento de despesas de 
capital, ou ainda, de outros ingressos de capital. 
3º Nível - Espécie - É o nível de classificação vinculado à Origem, composto por títulos que permitem 
qualificar com maior detalhe o fato gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo, dentro da Origem 
Receita Tributária (receita proveniente de tributos), podemos identificar as suas espécies, tais como impostos, 
taxas e contribuições de melhoria. 
4º Nível - Desdobramentos para Identificação de Peculiaridades da Receita - Foram reservados 4 dígitos 
para desdobramentos com a finalidade de identificar peculiaridades de cada receita, caso seja necessário. 
Desse modo, esses dígitos podem ou não ser utilizados conforme a necessidade de especificação do recurso. 
No caso de receitas exclusivas de Estados e Municípios, o quarto dígito utilizará o número "8" (Ex.: 
1.9.0.8.xx.x.x - Outras Receitas Correntes exclusivas de Estados e Municípios). 
5º Nível - Tipo - O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de identificar 
o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo: 
- "0", quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou agregadora; 
- "1", quando se tratar da arrecadação Principal da receita; 
- "2", quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva receita; 
- "3", quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita; e 
- "4", quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da respectiva receita. 
Assim, todo código de natureza de receita será finalizado com um dos dígitos mencionados, e as 
arrecadações de cada recurso, sejam elas da receita propriamente dita ou de seus acréscimos legais, ficarão 
agrupadas sob um mesmo código, sendo diferenciadas apenas no último dígito, conforme detalhamento a 
seguir: 
 
 
B - Classificação da receita orçamentária por fonte/destinação dos recursos 
A classificação por fonte/destinação dos recursos é um instrumento criado para assegurar que receitas 
vinculadas por lei a finalidade específica sejam exclusivamente aplicadas em programas e ações que visem a 
consecução de despesas ou políticas públicas associadas a esse objetivo legal. 
As fontes/destinações de recursos agrupam determinadas naturezas de receita conforme haja necessidade de 
mapeamento dessas aplicações de recursos no orçamento público, segundo diretrizes estabelecidas pela 
Secretaria do Orçamento Federal (SOF). 
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Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o código de fonte/destinação de recursos exerce 
duplo papel no processo orçamentário: na receita, indica o destino de recursos para o financiamento de 
determinadas despesas; na despesa, identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados. 
Dessa forma, o mesmo código utilizado para controle das destinações da receita também é utilizado na 
despesa, para controle das fontes financiadoras, contribuindo para o atendimento do parágrafo único do art. 
8º, e do art. 50, inciso I, da Lei de Responsabilidade Fiscal: 
"Art. 8º [...] Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados 
exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que 
ocorrer o ingresso. [...] 
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas 
observará as seguintes: 
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo 
ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada." 
Enquanto a natureza da receita orçamentária busca identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador, 
a fonte/destinação de recursos possui a finalidade de identificar o destino dos recursos arrecadados. 
Podemos dizer que há destinações vinculadas e não vinculadas: 
a) destinação vinculada: processo de vinculação entre a origem e a aplicação de recursos, em atendimento 
às finalidades específicas
estabelecidas pela Constituição e por leis. 
b) destinação não vinculada (ou ordinária): é o processo de alocação livre entre a origem e a aplicação de 
recursos, para atender a quaisquer finalidades, desde que dentro do âmbito das competências de atuação do 
órgão ou entidade. 
A vinculação de receitas deve ser baseada nas leis que regulamentam a aplicação de recursos e os 
direcionam para despesas, entes, órgãos, entidades ou fundos, específicos. 
A classificação de fonte/destinação consiste em um código de três dígitos. O 1º dígito representa o grupo de 
fonte, enquanto o 2º e o 3º representam a especificação da fonte. 
1º Dígito 2º e 3º Dígitos 
Grupo da Fonte de Recurso Especificação da Fonte de Recurso 
 
O Anexo IV da Portaria SOF no 1, de 19 de fevereiro de 2001 lista os grupos de fontes e as respectivas 
especificações das fontes de recursos vigentes: 
Código Grupo da Fonte de Recurso (1o Dígito) 
1 Recursos do Tesouro - Exercício Corrente 
2 Recursos de Outras Fontes - Exercício Corrente 
3 Recursos do Tesouro - Exercícios Anteriores 
6 Recursos de Outras Fontes - Exercícios Anteriores 
9 Recursos Condicionados 
 
Exemplos de fontes/destinação de recursos: 
1º Dígito (Grupo da Fonte) 2º e 3º Dígitos (Especificação da Fonte) Fonte 
1 - Recursos do Tesouro - Exercício Corrente 
12 - Recursos Destinados à Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino 
112 
2 - Recursos de Outras Fontes - Exercício 
Corrente 
93 - Produto da Aplicação dos Recursos à 
Conta do Salário-Educação 
293 
3 - Recursos do Tesouro - Exercícios 
Anteriores 
12 - Recursos Destinados à Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino 
312 
6 - Recursos de Outras Fontes - Exercícios 
Anteriores 
93 - Produto da Aplicação dos Recursos à 
Conta do Salário-Educação 
693 
1 - Recursos do Tesouro - Exercício Corrente 00 - Recursos Ordinários 100 
 
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O Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias da União evidencia as fontes e respectivas 
naturezas de receita e pode ser obtido em: 
http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/arquivos-receitas-publicas/receitas-publicas. 
 
C - Classificação da receita orçamentária por indicador de resultado primário 
Segundo esta classificação, as receitas do Governo Federal podem ser divididas em: a) primárias (P), quando 
seus valores são incluídos no cálculo do resultado primário; e b) financeiras (F), quando não são incluídas no 
citado cálculo. 
A maioria das receitas primárias refere-se às receitas correntes provenientes dos tributos, das contribuições 
sociais, das concessões, dos dividendos recebidos, da cota-parte das compensações financeiras, das 
decorrentes do esforço de arrecadação das Unidades Orçamentárias, das provenientes de doações e 
convênios e outras, também consideradas primárias. 
As receitas financeiras são aquelas que não contribuem para o resultado primário ou não alteram o 
endividamento líquido no exercício correspondente, uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um 
direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo. São adquiridas junto ao 
mercado financeiro através da emissão de títulos ou da contratação de operações de crédito. Também podem 
ter origem em aplicações financeiras (juros recebidos, por exemplo) ou nas privatizações. 
Etapas e estágios da receita pública 
O Manual da Receita Nacional estabelece que a receita pública percorra três etapas: 
1. Planejamento 
2. Execução 
3. Controle e avaliação 
1 - Planejamento 
Efetuar a previsão implica planejar e estimar a arrecadação das receitas que constará na proposta 
orçamentária. Isso deve ser realizado em conformidade com as normas técnicas e legais correlatas, com 
destaque para as disposições constantes da Seção I, "Da Previsão e da Arrecadação", do Capítulo III, da Lei 
de Responsabilidade Fiscal, em especial o art. 12. 
"Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das 
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro 
fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção 
para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas." 
Segundo o manual Técnico de Orçamento da Secretaria da Receita Federal, no âmbito federal, a metodologia 
de projeção de receitas busca assimilar o comportamento da arrecadação de determinada receita em 
exercícios anteriores, a fim de projetá-la para o período seguinte, com o auxílio de modelos estatísticos e 
matemáticos. O modelo dependerá do comportamento da série histórica de arrecadação e de informações 
fornecidas pelos órgãos orçamentários ou unidades arrecadadoras envolvidas no processo. 
A previsão de receitas é a etapa que antecede a fixação do montante de despesas que irá constar nas leis de 
orçamento, além de ser base para se estimar as necessidades de financiamento do governo. 
 
2 - Execução 
A Lei nº 4.320/1964 estabelece que a receita pública, na sua etapa de execução, percorre três estágios: 
lançamento, arrecadação e recolhimento. 
Lançamento: Segundo o Código Tributário Nacional, art. 142, lançamento é o procedimento administrativo 
tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, 
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da 
penalidade cabível. 
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Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, (art. 52 da Lei nº 4.320/64). Por exemplo: uma 
doação em dinheiro recebida pelo Estado não percorre a etapa de lançamento. 
São três as modalidades de lançamento: 
 Lançamento por declaração - passa pelas etapas de declaração à autoridade, lançamentos pela 
autoridade e notificação do contribuinte. É considerado um lançamento misto, por envolver atos do 
contribuinte (sujeito passivo), que não deve omitir fatos que deva declarar, e da autoridade 
administrativa (sujeito ativo). Erros, por acaso encontrados, devem ser corrigidos pela administração, 
independente da parte favorecida com a correção. Exemplos: IRPF, IRPJ e ITBI. 
 Lançamento direto ou por ofício - é feito por iniciativa da autoridade administrativa, 
independentemente de qualquer colaboração do contribuinte. Sua utilização é frequente em impostos 
lançados a partir de dados cadastrais. Exemplos: IPTU e IPVA. 
 Lançamento por homologação - é a modalidade em que a constituição do crédito é feita sem prévio 
exame da autoridade. Cabe ao contribuinte (sujeito passivo) apurar, informar e pagar a parcela 
referente à obrigação tributária, sem o prévio exame da autoridade administrativa. Exemplos: o ICMS e 
o IPI. 
Arrecadação: É a entrega, realizada pelos contribuintes ou devedores, aos agentes arrecadadores ou bancos 
autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro. 
Recolhimento - É a transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável pela 
administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando-se o Princípio da Unidade de 
Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente. 
Esquematicamente, as etapas e os estágios da receita pública podem ser demonstrados da seguinte forma: 
 
3 - Controle e Avaliação - Esta fase compreende a fiscalização realizada pela própria administração, pelos 
órgãos de controle e pela sociedade. O controle do desempenho da arrecadação deve ser realizado em 
consonância com a previsão da receita, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das 
receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação
de créditos nas instâncias administrativa e judicial, 
bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições. 
 
 
 
Indicação de Leitura Específica 
 
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), páginas 33 a 60 e 112 a 116. Disponível em 
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/mcasp. Acesso em 30 de outubro de 2015. 
 
 
Arq 04 - Receita Pública - Parte 1.docx
Arq 03 - RECEITA PÚBLICA - Parte 1. Fonte: DALCOMUNE, Marcio – Contabilidade Pública FCC. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

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