Buscar

Educação Física, obesidade

Prévia do material em texto

Educação Física é um conjunto de atividades físicas planejadas e estruturadas, que estuda e explora a capacidade física e a aplicação do movimento humano.Diante desta visão, a Educação Física esta ligada a Biomecânica, que fornecesubsídios para a análise dos movimentos, para que os alunos tenham um melhor desempenho dos mesmos. A presença da Biomecânica na educação Física escolar teve maior evidência nos Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997, mesmo que timidamente, referindo-se mais a questão postural, mas entendemos que ela está em todos os movimentos dos seres vivos.
 
http://www.ufpi.br/subsiteFiles/def/arquivos/files/A%20BIOMECNICA%20NA%20EDUCAO%20FSICA%20ESCOLAR(1).pdf
 
A Biomecânica é defina segundo Hatze (1914) como “o estudo da estrutura e da função dos sistemas biológicos utilizando os métodos da mecânica, ramo este que vem da Física que envolve a análise das ações das forças, no estudo de aspectos anatômicos e funcionais. A Biomecânica também se baseia nos conhecimentos da Anatomia e da Fisiologia para determinar padrões de movimento e respostas biológicas provocadas pela execução destes movimentos. Talvez os melhores resultados do estudo e uso dos conhecimentos vindos da Biomecânica seja o aprendizado acelerado de novas habilidades por parte dos alunos. 
 
 
A mecânica é composta por dois sub-ramos, que é a estática e dinâmica. A estática estuda os sistemas que estão em estado de movimento constante, isto é, em repouso (parado) e em movimento com velocidade constante (sem aceleração). A dinâmica estuda os sistemas em movimento onde a aceleração esta presente.
 
Quando se estuda um corpo em movimento somos levados a analisar este movimento de duas maneiras: cinemática ou cinética. A cinemática analisa o movimento segundo a técnica e a forma de execução do praticante (levando em consideração a coordenação, deslocamento, velocidade). Cinética analisa o movimento investigando as forças associadas, incluindo as que provocam o movimento e as que dele resultam.
 
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=798878
 
As áreas de atuação da Biomecânica esta relacionada quanto à natureza do movimento: Movimento Esportivo, Laborial e do Cotidiano. Ela analisa estes movimentos investigando estruturas internas como: força muscular, resistências tencionais dos diversos tecidos corporais como tendão, ligamento e ossos, atrito interno. Assim como as características observáveis do movimento, que são: velocidade, aceleração, forças externas, ângulos, impactos, amplitude de movimento, etc.
 
Para que esta analise sejam realizadas, se faz necessário um conhecimento prévio sobre as formas de movimento e a terminologia simples adota, para que esta analise seja realizada. Tais como: Movimento Linear, angular e geral.
Movimento Linear: Movimento ao longo de uma linha que pode ser reata ou curva quanto à trajetória, com todas as partes do corpo movendo-se na mesma velocidade e mesma direção.
 
 
Movimento angular: É a rotação em torno de uma linha central imaginária, conhecida como eixo de rotação, pode estar no corpo (articulações) ou fora dele.
 
                 
 
 
Movimento Geral: Movimento que envolve translação (deslocamento) e rotação ao mesmo tempo. Ex.: Um corredor esta se move ao longo da pista (translação) graças ao movimento angular (rotação) nas articulações do quadril, joelho e tornozelo.
 
A Biomecânica nos ajuda a descrever e melhorar a execução dos movimentos, para descrever a relação entre as partes do corpo ou a localização de um objeto externo, em relação ao corpo, o uso de termos direcionais é necessário. Os termos direcionais podem ser relacionados como anatômicos, são planos imaginários que dividem o corpo em metades de mesma massa ou peso.
http://cienciasmorfologicas.webnode.pt/introdu%C3%A7%C3%A3o%20a%20anatomia/planos-e-eixos-do-corpo-humano/
 
Plano Sagital: Divide o corpo verticalmente em metades, direita e esquerda, um plano onde ocorrem movimentos do corpo, ou dos segmentos para frente e para trás. Movimentos estes de Flexão, Extensão, Hiperextensão, Flexão dorsal e Flexão plantar.
 
- O Eixo correspondente é o Transversal.
 
Plano Frontal: Divide o corpo verticalmente em metade anterior e posterior com pesos iguais, um plano onde ocorrem os movimentos do corpo, ou segmentos corporais, aproximando-se ou afastando-os da linha média (centro) do corpo. Movimentos estes de Abdução, adução, flexão lateral, elevação, depressão, flexão ulnar e radial.
- O Eixo correspondente é o Antero-posterior.
 
 
 
Plano transverso: Divide o corpo em metade superior e inferior de mesmo peso, plano onde ocorrem movimentos corporais paralelos ao solo. Movimentos estes de rotação para direita e esquerda, supinação, pronação, abdução e adução horizontal.
- O Eixo correspondente é o Longitudial.
 
 
Para realizaruma analisemais completa dos movimentos, outras informações são importantes para auxiliar durante o processo de execução e correção dos movimentos, são os conceitos relacionados à cinética e cinemática. Estes conceitos identificam os fatores que podem de alguma forma alterar o resultado do movimento.
 
Conceitos cinéticos:
Massa: Quantidade de matéria do corpo ou objeto. Representada por “m” e sua unidade: kg.
Peso:Força de atração que a terra exerce em um corpo. P = m x ag (produto da massa pela aceleração da gravidade: - 9,81 m/s 2).
 
Centro de Gravidade: Ponto ao redor do qual o peso corporal do indivíduo se equilibra igualmente em todas as direções, não importando a posição em que o corpo se encontra. Mesmo que centro de massa.
 
Força: Tração ou impulsão (empurrar/puxar). Caracterizada pela magnitude, direção e pelo ponto de aplicação. F = m x a Unidade: Newton (N).
 
Força Resultante: Uma única força resultante derivada de uma composição vetorial de todas as forças atuantes. (Resistência do ar, Peso da bola e Força aplicada para realizar o movimento).
 
Inércia: Tendência de um corpo resistir a mudanças em seu estado de movimento. Proporcional a massa. Não tem unidade de medida.
 
Impulso: O produto da força pelo intervalo de tempo durante o qual ela atua. (Impulso = F x t ) Unidade: N.s
 
http://ebm.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2012/06/pab_30052012.pdf
 
Conceitos cinemáticos: 
Cinemetria: É um conjunto de métodos que busca medir os parâmetros cinemáticos do movimento. (posição, orientação, velocidade e aceleração).
 
Dinamometria: Engloba todos os tipos de medidas de força. As forças externas, transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é, forças de reação.
 
Eletromiografia: é o registro das atividades elétricas associadas às contrações musculares.
 
Antropometria: Preocupa-se em determinar as formas geométricas, (braços de alavancas, força MS e MI, peso, altura).
 
Cápitulo  11 e 12 do livro: As Bases anatômicas e mecânicas do movimento humano. Hay, J. G.; Reid, J. G editora PHB, RJ.
Exercício e Obesidade 
 
Conceitos Fundamentais abordados:
 
         Conceito de obesidade
         Principais fatores responsáveis pelo dispêndio energético
         Taxa Metabólica de Repouso
         Importância da alimentação no combate a obesidade
         Efeito Térmico da Atividade Física
         Bioenergética
         Métodos de Treinamento para Indivíduos Obesos
Conceito de Obesidade
 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a quantidade de obesos entre os anos de 1995 e 2000 aumentou de 200 para 300 milhões, totalizando aproximadamente 15% da população mundial. Estimativas apontam que, em 2025, o Brasil estará na 5ª colocação em um ranking mundial de indivíduos com problemas de obesidade em sua população. Diante disso, a obesidade é apontada, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como grande problema de saúde pública, e para a OMS, como uma epidemia global (BOUCHARD, 2000).
Inicialmente torna-se importante apresentar a definição sobre obesidade. Esta pode ser definida como desequilíbrio na capacidade do corpo em controlar o peso, seja pelaexcessiva ingestão energética (crônica), ou pelo baixo dispêndio (gasto) de energia. Sua etiologia é multifatorial e relaciona o genótipo do indivíduo e o meio ambiente em que este se relaciona (LEMURA; DUVILLARD, 2006).
McArdle, Katch, Katch (2011, p. 809) apontam que a obesidade é “o acúmulo excessivo de gordura corporal e representa um distúrbio heterogêneo no qual a ingesta energética ultrapassa cronicamente o dispêndio de energia”.
A obesidade pode ser dividida em duas categorias, visceral e subcutânea, a partir do local de deposito da gordura, sendo que a visceral apresenta maior índice de mortalidade, e sua ocorrência é observada devido a alguns fatores como: consumo e absorção energética elevada, lipogênese (síntese de ácidos graxos e triglicérides) / adipogênese (formação de adipócitos) elevados, gasto calórico diminuído e oxidação de gorduras diminuída.
A patologia obesidade pode desencadear vários distúrbios como: cardíacos (diabetes tipo II, hipertensão), pulmonares (apnéia do sono, fadiga crônica), hepáticos e gastrintestinais (esteato-hepatite não alcoólica, cálculos biliares), endócrinos (impotência masculina), ginecológicos (síndrome ovariana policística - SOPC), musculoesqueléticos (desgaste das articulações, lombalgias, osteoartrites), dermatológicos (intertrigo) e neurológicos (pseudotumor cerebral normalmente em mulheres).
A ingestão exagerada pode acontecer por vários motivos, entretanto destacam-se 3 principais: fatores genéticos, fatores ambientais estimulados pela industria alimentícia e pelos hábitos de vida contemporânea, ou ainda por fatores  patológicos (Síndrome de Cushing, Hipotireoidismo, Distúrbio hipotalâmico, Hipoglicemia, Síndrome dos Ovários Policísticos, Doenças psíquicas (Medicamentos/drogas). Esses aspectos estão diretamente relacionados à taxa metabólica de repouso e será discutida na sequência.
O dispêndio de energia pode ser dividido em três componentes: taxa metabólica de repouso (TMR), efeito térmico dos alimentos (ETA) e efeito térmico das atividades físicas (ETAF) (LEMURA; DUVILLARD, 2006).
A taxa metabólica de repouso (TMR) consiste no gasto de energia para manter as funções fisiológicas básicas do corpo em repouso, ou seja, é a energia necessária para manutenção da temperatura corporal e os gradientes eletrolíticos, além de suportar o trabalho cardiopulmonar em repouso e suprir a demanda energética do sistema nervoso e outras reações do organismo. Este dispêndio energético corresponde ao maior gasto de energia total, entre 50 e 75% dependendo do indivíduo.
 
“A TMR é influenciada por fatores como: pela idade, sexo, hereditariedade, tamanho e composição corporal, temperatura corporal, atividade física, estado nutricional e vários hormônios” (LEMURA; DUVILLARD, 2006, p. 258)
O efeito térmico dos alimentos (ETA) consiste na energia despendida acima da TMR depois da ingestão de nutrientes, e este gasto de energia ocorre em consequência da absorção, transporte e conversão dos nutrientes na forma de reserva e representa em torno de 10% do dispêndio energético total.
O efeito térmico da Atividade Física (ETAF) consiste na energia gasta acima da TMR e da ETA devido à realização de atividade física. Esta pode variar de 15% em indivíduos sedentários e 50% em indivíduos que praticam atividade física regularmente, pois além do gasto energético com a atividade física, esta também influencia a TMR devido ao aumento da TMR, o que aumenta o gasto energético no repouso. Os exercícios também estimulam o aumento da lipólise e atenuação da adipogênese aumentando assim a oxidação de gorduras.
Outro aspecto importante que deve ser mencionado é o fenômeno da termogênese, que é definida como a capacidade de manter o equilíbrio da temperatura interna corporal e o meio ambiente, ou seja, existe um gasto de energia para produção de calor. Existem alimentos que alteram a termogênese, mas a atividade física é o principal fator para aumento do gasto energético através deste fenômeno e, portanto, está relacionada ao metabolismo dos indivíduos.
Após essa breve contextualização, na sequência serão apresentados aspectos que influenciam a taxa metabólica de repouso, posteriormente será realizado uma breve discussão sobre a importância da alimentação para indivíduos obesos, sequencialmente serão apresentados a manutenção da massa corporal esses itens serão tratados com maior profundidade para que possam ser mais esclarecidos.
 
Genética e o Meio Ambiente no dispêndio energético
A genética como dita anteriormente pode ser um agente influenciador no dispêndio energético no repouso, e consequentemente pode potencializar o surgimento da obesidade. Não obstante, torna-se complexo determinar ou quantificar com exatidão a influencia do meio ambiente ou da genética no aparecimento do sobrepeso. A exemplo disso, observa-se algumas pesquisas que apontam crianças que possuem pais ou mais particularmente a mãe obesa, possuem 2 (duas) vezes mais a chance de tornar-se adultos obesos, além disso, existe pouco risco de uma criança com excesso de peso tornar-se obesa quando os pais são indivíduos com peso normal (LEMURA; DUVILLARD, 2006).
Ainda relacionado à genética, destaca-se a leptina (produzida pelo gene ob) que é uma proteína responsável pelo controle da saciedade, na medida em que é ativada no tecido adiposo ou na celular muscular, penetra pela corrente sanguínea, atuando no hipotálamo (mediobasal) responsável pelo controle do metabolismo e apetite, e de acordo com algumas pesquisas determina cerca de 25% da variação do percentual de gordura e massa corporal dos indivíduos. Dessa forma, a leptina mantém o controle sob a ânsia de comer quando a ingesta calórica propicia a manutenção das reservas normais de gordura, ou seja, quando o individuo já esta satisfeito, e diante de um gene defeituoso para a produção de leptina, pode desencadear uma avaliação inadequada do estado do tecido adiposo por parte do cérebro, o que poderia manter a ânsia pela ingestão de alimentos de maneira descontrolada, proporcionando o sobrepeso e a obesidade (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011).
 
Figura 1: Papel da Leptina no controle da ingestão alimentar
 
Imagem disponível em: http://nutriatualidades.blogspot.com.br/2013/03/o-papel-da-leptina-no-controle-da.html. Acesso em 24.jul.13
 
Outro hormônio importante é a grelina um polipeptideo que foi descoberta recentemente em 1999, produzido principalmente no estomago e atua na regulação central controlando assim a ingesta alimentar e o balanço energético, estimulando o apetite, a lipogênese, a adipogênese e reduzindo a taxa metabólica. Pesquisas apontam que a ação da grelina poderia levar à diminuição da adiposidade, devido à estimulação da secreção do hormônio do crescimento (GH), além de outras ações relacionadas ao controle de peso (DAMASIO, 2006).
Além da genética e do ambiente, existem outras variáveis como a idade, o sexo e a raça que também influenciam na propensão ao surgimento da obesidade.
 
Importância da Alimentação no combate a obesidade
 
A 1ª lei da termodinâmica aponta que a energia pode ser transferida de um sistema para o outro, mas não pode ser criada ou destruída. Dessa forma, fazendo um paralelo com o corpo humano, a massa corporal será a mesma se a obtenção calórica (energética) for igual ao gasto de energia, ou seja, qualquer desequilíbrio influenciará no aumento ou diminuição da massa corporal. Assim a dieta adequada juntamente com a prática regular de atividade física torna-se a melhor equação no combate e tratamento da obesidade (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011).
Neste momento serão apresentados os aspectos relativos à ingestão de alimentos e posteriormente serão apresentados conteúdos relacionados ao dispêndio de energia através da prática de atividade física.
Em relação à alimentação, o indivíduo obeso necessita ingerir uma quantidade energética menor em relação ao dispêndio, pois do contrário essa energia poderá ser acumulada em forma de gordura. Torna-se muito comum os indivíduos obesos se atraírem por dietas da moda que prometemresultados imediatos, como dietas hiperproteícas e hipoglicídicas que permitem a ingestão sem restrição dos alimentos com exceção dos carboidratos. Assim, inicialmente (1ª semana) ocorre a perda de peso, entretanto devido à indução da diurese, e não pelo maior catabolismo de gordura, ao contrário os efeitos dessa dieta podem ser prejudiciais para o organismo como aumento de colesterol total e LDL, elevação dos níveis séricos de ácido úrico e potencialização da formação de cálculos renais. Observa-se que a perda de peso a médio e longo prazo ocorre devido à restrição energética (alimentação) através de uma alimentação balanceada e não somente pela restrição de carboidratos. (LEMURA; DUVILLARD, 2006).
Nos períodos iniciais da dieta ocorre a perda de peso, principalmente devido à perda líquida (água) e de carboidratos, porém com diminuição mínima de gordura. Por conta disso, a dieta deve ser balanceada com aumento progressivo de frutas, legumes, fibras e bastante hidratação (água) para que a absorção calórica seja gradualmente menor que o dispêndio energético, não obstante, não basta à manutenção da dieta por um curto período de tempo, trata-se de uma “educação alimentar” que permita uma perenidade nas refeições diárias, estabelecendo uma alimentação adequada com um déficit calórico por um período prolongado, resultando também na perda de massa gorda. A seguir pode ser obervado uma pirâmide alimentar com indicações para uma dieta balanceada, tendo em vista um consumo energético benéfico para o organismo.
 
Figura 2: Pirâmide Alimentar.
Imagem disponível em: http://www.assimcomovcs.com/2013/04/a-nova-piramide-alimentar.html. Acesso em 24/jul/2013
 
Conforme foi dito anteriormente existe um gasto de energia para absorver, transportar e conservar os nutrientes no organismo o que é denominado de efeito térmico dos alimentos.
 
Efeito Térmico da Atividade Física
 
Para discutir sobre o efeito térmico da Atividade Física (ETAF) na prevenção ou tratamento da obesidade, torna-se importante reforçar que tanto a dieta com déficit calórico, quanto atividade física com aumento do dispêndio (gasto) energético influenciam na prevenção e tratamento da obesidade, e são a combinação ideal para obter níveis regulares (normais) de peso corporal, não obstante a solução mais desejável para essa finalidade, sem dúvida, é a prática regular de atividade física, pois permite o gasto energético durante a realização dos exercícios e também durante a fase de recuperação (repouso) através da elevação da TMR, influenciando na diminuição de peso corporal e de massa gorda, e ainda produz outras adaptações morfofisiológicas que permitem maiores benefícios para a saúde destes indivíduos (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011).
Torna-se importante destacar esse aspecto, pois indivíduos obesos e sedentários normalmente preferem atentar-se para a dieta em detrimento da prática de atividade física, porque normalmente não possuem aptidão física e apresso pela prática de exercícios o que dificulta o aumento do gasto energético diário (DANTAS, 2003; GUEDES, JR 2003; TUBINO; MOREIRA, 2003).
Da mesma forma como a dieta, a prática de atividade física com intuito de tratamento e combate a obesidade deve ocorrer de forma regular por um período longo que permita de fato com que organismo adapte-se e altere sua composição corporal, aumentando a massa corporal (muscular) e diminuindo a massa gorda (gordura).
Nos indivíduos obesos inicialmente a atividade física regular possui uma eficácia maior propiciando uma perda corporal e de massa gorda maior em relação aos indivíduos normais, devido ao excesso de gordura corporal existente. Entretanto, em caso de interrupção dessas atividades em curto período de tempo, torna-se bastante provável que essa massa corporal retorne nos índices anteriores, ou até mesmo aumente seu percentual. Essa perda inicial pode estimular os indivíduos obesos que não possuem acompanhamento de profissionais capacitados para elaboração de programas de atividade física, a elevar suas exigências e causar a interrupção das atividades pelo aumento brusco da intensidade com dificuldades físicas e até mesmo devido a lesões musculares, ligamentares e ósseas advindas da prática de atividade física sem planejamento e controle adequado.
Desta forma, um programa de exercícios físicos deve ser elaborado de forma progressiva, contínua, que envolva grandes grupos musculares e com demandas energéticas moderadas, permitindo com que esses indivíduos adaptem-se gradualmente aos estímulos estabelecidos através da prática de atividades físicas.
Mesmo quando um programa de treinamento não produza perda de peso, é possível que ainda haja reduções de gordura abdominal e visceral, que denotam indicações de distúrbios diversos, como exemplo, essa diminuição nesta região certamente apresenta redução da tendência para à resistência a insulina, e a consequente minimiza predisposição para a diabetes tipo II.
 
Bioenergética e Métodos de Treinamento para Indivíduos Obesos
Existem muitos estudos que buscaram determinar qual melhor programa de exercício ou métodos de treinamento mais eficiente para a redução de peso, e estes muitas vezes são contraditórios. Alguns defendem exercícios com maior predominância aeróbica (ACSM, 2000), e outros apontam os exercícios predominantemente anaeróbicos (FLECK; KRAEMER, 2006; ACSM, 2002; WINETT; CARPINELLI, 2001).
Em relação aos aspectos bioenergéticos, durante a prática de atividade física ocorre à demanda energética aumentando o consumo de ATP (Trifosfato de Adenosina) que é limitado no organismo, e a partir da quebra do ATP ocorre a liberação de energia para a contração muscular como demonstrado na figura 3.
 
Figura 3: Ciclo da quebra e ressíntese do ATP
Imagem disponível em: http://bioquimicaexercicio.blogspot.com.br/2010/12/alimentacao-e-atividade-fisica.html. Acesso em 24.jul.13
 
Existem três formas distintas e integradas que buscam satisfazer essa necessidade energética (ressintetizar o ATP): sistema anaeróbio (sem a presença de oxigênio) dividido em lático e alático, e também o sistema aeróbio (com presença do oxigênio).
De forma bastante resumida, no sistema anaeróbio alático ocorre quebra da Creatina Fosfato (CP) para a ressíntese do ATP presentes no músculo, devido a alta intensidade destes exercícios ocorre uma demanda muito elevada de ATP em pouco tempo de esforço, esse sistema é mantido por um período de 10 segundos aproximadamente. Como exemplos de exercícios podem ser citados as corridas de 30 metros (velocidade), treinamento de força máxima, luta de braço e saltos verticais. No sistema lático observa-se a utilização como substrato energético a glicose e glicogênio muscular com produção de ácido lático e imediatamente depois o lactato. Esses sistema consegue ressintetizar o ATP de forma rápida, porém em quantidades inferiores a sistema aeróbio. Estes exercícios também possuem alta intensidade, mas são mantidos por um período maior do que 10 segundos até cerca de 2 minutos.
Após esse período o sistema aeróbio predomina e obtém energia a partir da combustão de carboidratos, gorduras e até proteínas. O sistema aeróbio consegue produzir uma grande quantidade de ATP por molécula utilizada, e destacam-se os ácidos graxos na forma de triacilglicerol presente na musculatura e nas células do tecido adiposo como substrato energético para essa produção. Evidentemente esses sistemas são integrados e existe uma predominância na obtenção de energia tendo em vista a duração e intensidade das ações musculares e consequentemente, da demanda energética (IDE; LOPES; SARRAIPA, 2010).
A partir destas considerações sobre a bioenergética, entendendo que os exercícios aeróbios proporcionam um gasto energético, sobretudo, pela utilização predominantemente dos ácidos graxos (gordura) como fonte de energia durante a execução da atividade física, e invariavelmente envolve grandes grupos musculares, porém com um dispêndio energético que também estimula a redução de peso corporal, ou seja, também o ocorre uma perdade massa muscular. Os exercícios aeróbios provocam, sobretudo, adaptações fisiológicas cardiorespiratórias através do aumento de mioglobinas, da capacidade de oxidação dos carboidratos e gorduras, além do aumento das reservas de ATP CP (fosforilação oxidativa) e também da capacidade glicolítica, como exemplos podem ser citados: andar de bicicleta ou esteira e caminhadas.
Já no treinamento anaeróbio os exercícios possuem maior intensidade com menor duração em relação aos exercícios aeróbios conforme observado anteriormente, e como exemplo pode ser citado o treinamento de força.
O treinamento de força consiste na ação muscular voluntária contra alguma forma externa de resistência, seja pelo corpo, peso livre ou máquina (WINETT; CARPINELLI, 2001), também produz alterações na composição corporal, pois possibilita a manutenção da taxa metabólica de repouso, devido à conservação da massa muscular e aumento no consumo de energia pós-exercício (EPOC, excess post-exercise consumption), ou seja, após as atividades físicas o consumo de oxigênio permanece acima dos níveis normais, demandando maior gasto energético (MEIRELES; GOMES, 2004).
Evidentemente que o treinamento de força pode ser adaptado a partir de algumas variáveis como a intensidade, o volume, o tempo de pausa e a duração das sessões.
Como vantagem observa-se que o treinamento de força possui uma reduzida chance de lesão, pois sua utilização adequada permite maior segurança aos praticantes e diante disso, é indicada para grupos especiais como cardiopatas, hipertensos, diabéticos e obesos (FLECK; KRAEMER, 2006, BALSAMO; SIMÃO, 2005), além evidentemente da manutenção ou até aumento da massa muscular e consequentemente aumento do dispêndio energético durante o repouso.
Diante disso, a maioria dos estudos indica uma combinação entre exercícios aeróbios e anaeróbios tendo em vista os benefícios e adaptações que estes causam no organismo, considerando também outras variáveis como a dificuldade da prática de atividades por parte de indivíduos sedentários.
Conforme dito anteriormente torna-se complicado desenvolver exercícios de alta intensidade em indivíduos que não possuem capacidade fisiológica para suportar estes estímulos, consequentemente, torna-se imprescindível uma adaptação inicial e a gradativa elevação nos indicadores de desempenho físico para que o exercício possa ser desenvolvido com intensidades e volumes mais elevados.
Alguns estudos sugerem o treinamento de força em circuito como metodologia para aplicação em indivíduos obesos, pois este método não busca treinar especificadamente uma capacidade física em seu grau máximo, mas permite obter resultados generalizados tanto na preparação cardiorespiratória (sistema aeróbio) como neuromuscular (sistema anaeróbio) (DANTAS, 2003; TUBINO; MOREIRA, 2003; GUILHERME; JUNIOR, 2006). Esse método permite a utilização das diferentes vias metabólicas a partir do seu planejamento, podendo se adequar ao objetivo e gosto do praticante, além disso, possui exercícios de fácil execução não necessitando de experiência motora e possibilitando maior motivação dos praticantes (GUILHERME; JUNIOR, 2006).
 
Considerações Finais
Buscou-se neste texto apresentar aspectos relacionados a obesidade. Conforme discutido existem diversos fatores para o acometimento deste processo, alguns com dificuldade maior de controle e outros com possibilidades maiores de alterações.
Destaca-se a necessidade destes indivíduos buscarem uma vida ativa e saudável, com a prática de exercícios físicos e uma boa alimentação proporcionando um equilíbrio no balanço energético e oportunizando benefícios de longo prazo através das adaptações orgânicas estabelecidas.
A prática de exercícios físicos torna-se o principal aspecto para a prevenção e tratamento da obesidade, pois através dessa atividade é possível estimular a alimentação e hábitos saudáveis. Existem indivíduos que possuem maior predisposição a prática e outros que possuem menos, entretanto, torna-se importante o acompanhamento de um profissional capacitado para elaboração de um programa com exercícios que permitam atingir as necessidades do praticante, mas que também mantenha sua motivação na busca de seus objetivos. Destaca-se a utilização variada (alternada) de exercícios aeróbios e anaeróbios como forma de diminuir os índices de gordura corporal através do dispêndio calórico durante a prática, mas, sobretudo pelo aumento do gasto energético posteriormente (EPOC), com manutenção ou aumento da massa muscular.
 
Referências Bibliográficas
ACSM stand on progression models in resistance training for healthy adults. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 34, n. 2, p. 364-380, 2002.
ACSM. Guidelines for excercise testing and prescription. 6 th ed. Wlliam & Wilkins,
BALSAMO, S.; SIMÃO, R. Treinamento de força: para osteoporose, fibromialgia, diabetes tipo 2, artrite reumatóide e envelhecimento. São Paulo: Phorte, 2005.
BOUCHARD, C. Atividade física e obesidade. São Paulo: Manole; 2000.
DAMASIO, A.R. et al. Tratamento multidisciplinar reduz o tecido adiposo visceral, leptina, grelina e a prevalência de esteatose hepática não alcoólica (NAFLD) em adolescentes obesos, Rev Bras Med Esporte,Vol. 12, N° 5, 2006.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003, p. 192-198.
FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
GUEDES JR., D. P. Musculação: estética e saúde feminina. São Paulo: Phorte, 2003.
GUILHERME, J. P. L. F.; JUNIOR, T. P. S. Treinamento de Força em Circuito na perda e no controle do peso corporal. Revista Conexões v. 4, n. 2, 2006.
IDE, B. N.; LOPES, C. R.; SARRAIPA, M. F. Fisiologia do treinamento Esportivo: força, potência, velocidade, resistência, periodização e habilidades psicológicas. São Paulo: Phorte, 2010.
LEMURA, L. M.; DUVILLARD, S. P. Fisiologia do Exercício Clínico: aplicação e princípios fisiológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MCRADLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
MEIRELLES, C. de M.; GOMES, P. S. C. Efeitos agudos da atividade contraresistência sobre o gasto energético: revisando o impacto das principais variáveis. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 10, n. 2, p. 122-130, 2004.
TUBINO, M. J. G.; MOREIRA, S. B. Metodologia científica do treinamento desportivo. 13. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003, p. 312-316.
WINETT, R. A.; CARPINELLI, Ed. D. Potential health-related benefits of resistance
training. Preventive Medicine, v. 33, p. 503-513, 2001.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes