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METODOLOGIA CIENT FICA (1)

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		Metodologia Científica
– Prolegômenos 
1.1 – O Conhecimento e seus Níveis
O homem não age diretamente sobre as coisas. Sempre há um intermediário, um instrumento entre ele e seus atos. Isto também acontece quando faz ciência, quando investiga cientificamente. Ora, não é possível fazer trabalho científico, sem conhecer os instrumentos. E estes se constituem de uma série de termos e conceitos que devem ser claramente distinguidos, de conhecimentos a respeito das atividades cognoscitivas que nem sempre entram na constituição da ciência, de processos metodológicos que devem ser seguidos, a fim de chegar a resultados de cunho científico e, finalmente, é preciso imbuir-se de espírito científico.
Se a apropriação é física, sensível, por exemplo, a representação de uma onda luminosa, de um som, o que acarreta uma modificação de um órgão corporal do sujeito cognoscente, tem-se um conhecimento sensível. Tal tipo de conhecimento é encontrado tanto em animais como no homem. 
Se a representação não é sensível, o que ocorre com realidades tais como conceitos, verdades, princípios e leis, tem-se então um conhecimento intelectual.
Pelo conhecimento o homem penetra as diversas áreas da realidade para dela tomar posse. Ora, a própria realidade apresenta níveis e estruturas diferentes em sua própria constituição. Assim, a partir de um ente, fato ou fenômeno isolado, pode-se subir até situá-lo dentro de um contexto mais complexo, ver seu significado e função, sua natureza aparente e profunda, sua origem, sua finalidade, sua subordinação a outros entes, enfim, sua estrutura fundamental com todas as implicações daí resultantes.
Esta complexidade do real, objeto de conhecimento, ditará, necessariamente, formas diferentes de apropriação por parte do sujeito cognoscente. Estas formas darão os diversos níveis de conhecimento segundo o grau de penetração do conhecimento e conseqüente posse, mais ou menos eficaz, da realidade, levando ainda em conta a área ou estrutura considerada.
Ao tratar, por exemplo, do homem, pode-se considerá-lo em seu aspecto externo e aparente e dizer uma série de coisas que o bom senso dita ou que a experiência cotidiana ensinou; pode-se, também, estudá-lo com espírito mais sério, investigando experimentalmente as relações existentes entre certos órgãos e suas funções; pode-se, ainda, questioná-lo quanto a sua origem, sua liberdade e destino; e, finalmente, pode-se investigar o que dele foi dito por Deus através dos profetas e de seu enviado, Jesus Cristo.
Têm-se, assim, quatro espécies de considerações sobre a mesma realidade, o homem, e consequentemente o pesquisador está se movendo dentro de quatro níveis diferentes de conhecimento. O mesmo pode ser feito com outros objetos de investigação.
Tem-se, então, conforme o caso:
conhecimento empírico,
conhecimento científico,
conhecimento filosófico,
conhecimento teológico.
Conhecimento Empírico
Conhecimento empírico, também chamado vulgar, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assistemático.
O homem comum, sem formação, tem conhecimento do mundo material exterior, onde se acha inserido, e de um certo número de homens, seus semelhantes, com os quais convive. Vê-os no momento presente, lembra-se deles, prevê o que poderão fazer e ser no futuro. Tem consciência de si mesmo, de suas idéias, tendências e sentimentos. Cada qual se aproveita da experiência alheia. Pela linguagem os conhecimentos se transmitem de uma pessoa à outra, de uma geração à outra.
Pelo conhecimento empírico, o homem simples conhece o fato e sua ordem aparente, tem explicações concernentes às razões de ser das coisas e dos homens e tudo isso obtido pelas experiências feitas ao acaso, sem método, e por investigações pessoais feitas ao sabor das circunstâncias da vida; ou então haurido no saber dos outros e nas tradições da coletividade; ou, ainda, tirado da doutrina de uma religião positiva.
O Conhecimento Científico
O conhecimento científico vai além do empírico: por meio dele, além do fenômeno, conhecem-se suas causas e leis que o regem. É metódico.
“Conhecer verdadeiramente, é conhecer pelas causas”, diz Bacon. Assim, saber que um corpo abandonado a si cai, que a água sobe num tubo em que se fez vácuo, etc., não constitui conhecimento científico; só o será se explicar estes fenômenos, relacionando-os com a sua causa e com sua lei.
Conhecemos uma coisa de maneira absoluta, diz Aristóteles, quando sabemos qual é a causa que a produz e o motivo porque não pode ser de outro modo; isto é saber por demonstração; por isso a ciência reduz-se à demonstração.
Daí as características do conhecimento científico:
é certo, porque sabe explicar os motivos de sua certeza, o que não ocorre com o empírico;
é geral, isto é, conhece no real o que há de mais universal, válido para todos os casos da mesma espécie. A ciência, partido do indivíduo procura o que nele há de comum com os demais da mesma espécie;
é metódico, sistemático. O sábio não ignora que os seres e os fatos estão ligados entre si por certas relações. O seu objetivo é encontrar e reproduzir este encadeamento. Alcança-o por meio do conhecimento das leis e princípios. Por isso, toda a ciência constitui um sistema.
Além disso, são ainda propriedades da ciência a objetividade, o desinteresse e o espírito crítico.
Pode-se dizer que a ciência é um sistema de proposições rigorosamente demonstradas, constantes, gerais, ligadas entre si pelas relações de subordinação relativas a seres, fatos e fenômenos da experiência. É um conhecimento apoiado na demonstração e na experimentação. A ciência só aceita o que foi provado. Segue o método experimental com seus diversos processos, desenvolvidos mais adiante.
Conhecimento Filosófico
O conhecimento filosófico distingue-se do científico pelo objeto de investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, imediatos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e física, são por isso suscetíveis de experimentação (método científico = experimentação). O objeto da filosofia é constituído de realidades imediatas, não perceptíveis pelos sentidos e por serem de ordem supra-sensível ultrapassam a experiência (método racional).
Na acepção clássica, a filosofia era considerada como a ciência das coisas por suas causas supremas. Modernamente, prefere-se falar em filosofar. O filosofar é um interrogar, é um contínuo questionar a si e à realidade. A filosofia não é algo feito, acabado. A filosofia é uma busca constante do sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o homem e sobre o próprio homem em sua existência concreta.
Filosofar é interrogar. A interrogação parte da curiosidade. Esta é inata. Ela é constantemente renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma coisa dum objeto e ao mesmo tempo nos sugere o oculto, o mistério. Este impulsiona o homem a buscar o desvelamento do mistério.
A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. Não dá soluções definitivas para grande número de questões. Habilita, porém, o homem a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida concreta.
1.1.4- O Conhecimento Teológico
Duas são as atitudes que se podem tomar diante do mistério.
A primeira é tentar penetrar nele com o esforço pessoal da inteligência. Mediante a reflexão e o auxílio de instrumentos, procura-se obter o conhecimento que será científico ou filosófico.
A segunda atitude consistirá em aceitar explicações de alguém que já tenha desvendado o mistério. Implicará sempre numa atitude de fé diante de um conhecimento revelado.
Este conhecimento revelado ocorre quando houver algo oculto ou um mistério, alguém que o manifesta e alguém que pretende conhecê-lo.
O conhecimento revelado – relativo a Deus – aceito pela fé teológica, constitui o conhecimentoteológico. É aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram, não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Vale-se, de modo especial, do argumento de autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos Livros Sagrados e aceitos racionalmente pelos homens, depois de ter passado pela crítica histórica mais exigente. O conteúdo da revelação, feita a crítica dos fatos aí narrados e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se de autenticidade e de verdade. Passam tais verdades a ser consideradas como fidedignas, e por isso aceitas. Isto é feito com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade, venha donde vier, contanto que seja legitimamente adquirida.
– O Trinômio: Verdade – Evidência – Certeza
Já foi visto que o problema do conhecimento é, em grande parte, enigmático. O Homem é cheio de limitações e a realidade que pretende conhecer e dominar é múltipla e complexa. Diante disto surge a questão: o homem pode conhecer a verdade? O que é verdade?
- A Verdade
	
Todos falam, discutem e querem estar com a verdade. Nenhum mortal, porém, é o dono da verdade. Isto porque o problema da verdade radica na finitude do homem de um lado, e na complexidade e ocultamento do ser da realidade, de outro lado. O ser das coisas e objetos que o homem pretende conhecer oculta-se e manifesta-se sob múltiplas formas. Aquilo que se manifesta, que parece em dado momento, não é, certamente a totalidade do objeto, da realidade investigada. O homem pode apoderar-se e conhecer aquele aspecto do objeto que se manifesta, que se impõe, que se desvela e isto ainda de modo humano, isto é, imperfeito, pois não entra em contato direto com objetos, mas apenas com sua representação e impressões que causa.
Isto, porém, não invalida o esforço humano na busca da verdade, na procura incansável de decifrar os enigmas do universo. O ser se desvela aqui e acolá, numa e noutra área, com mais ou menos intensidade, mais para uns que para outros... Pode-se dizer que, em certas áreas, o homem já entendeu bastante daquilo que o ser é e manifesta: a conquista tecnológica, as viagens espaciais mostram quanto já foi aprendido e isto graças, certamente, aos instrumentos científicos de que o homem se serviu para perceber e ver o que os sentidos jamais teriam visto. Mas esta é apenas uma faceta da realidade, do ser.
O desvelamento do ser das coisas supõe, e isto é inegável, a capacidade do homem em receber as mensagens, isto implica em atenção, bons sentidos, bons instrumentos. Inútil lembrar que o método e os instrumentos são a alma de toda a pesquisa científica, rumo à abertura do ser, à manifestação do ser, ao conhecimento da verdade.
O que é, pois a verdade? É o encontro do homem com o desvelamento, com o desocultamento e com a manifestação do ser. O ser das coisas se manifesta, torna-se translúcido, visível ao olhar, à inteligência e à compreensão do homem. Pode-se dizer que há verdade, quando o homem (inteligência) percebe e diz o ser que se desvela, que se manifesta. Há uma certa conformidade entre o que o homem julga e diz, e aquilo que do objeto se manifesta.
O objeto, porém, nunca se manifesta totalmente, nunca é inteiramente transparente. Por outro lado, o homem não é capaz de perceber tudo aquilo que se manifesta e nem lhe é possível estar de posse plena do objeto de conhecimento; quando muito, pode conhecer os objetos por suas representações e imagens.
Muitas vezes ocorre, ainda, que o homem, levado por certas aparências e sem o auxílio de instrumentos adequados, emite juízos precipitados que não correspondem aos fatos e à realidade: temos então o erro. Tais erros são freqüentes através da História; temos, por exemplo, as afirmações do geocentrismo, da geração espontânea...
1.2.2 – A Evidência
	
Tais afirmações erradas decorrem muito mais da atitude precipitada e ignorância do homem, com relação à natureza do ser que se oculta e se desvela fragmentariamente, do que da própria realidade.
	A verdade só resulta quando houver evidência. Evidência é manifestação clara, é transparência, é desocultamento e desvelamento do ser. A respeito daquilo que se manifesta do ser, pode-se dizer uma verdade. Mas como nem tudo se desvela de um ente, não se pode falar arbitrariamente sobre o que não se desvelou. A evidência, o desvelamento, a manifestação do ser é, pois, o critério da verdade.
1.2.3 – A Certeza
	Finalmente, a certeza é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade, sem temor de engano. Este estado de espírito se fundamenta na evidência, no desvelamento do ser.
	Relacionando o trinônimo, poder-se-ia concluir dizendo: havendo evidência, isto é, se o objeto se desvela ou se manifesta com suficiente clareza, pode-se afirmar com certeza, isto é, sem temor de engano, uma verdade.
	Quando houver evidência ou suficiente manifestação do objeto, o sujeito encontrar-se-á em outros estados de espírito, o que deve transparecer também na expressão ou na linguagem. São os casos da ignorância, da dúvida e da opinião.
	Ignorância é um estado puramente negativo, que consiste na ausência de todo conhecimento relativo a qualquer objeto por falta total de desvelamento. A ignorância pode ser:
vencível: quando pode ser superada;
invencível: quando não pode ser superada;
culpável: quando há obrigação de fazê-la desaparecer;
desculpável: quando não há obrigação de fazê-la desaparecer.
A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação. A dúvida é espontânea, quando o equilíbrio entre afirmação e a negação resulta da falta do exame do pró e do contra.
	A dúvida refletida é o estado de equilíbrio que permanece após o exame das razões pró e contra.
	A dúvida metódica consiste na suspensão fictícia ou real, mas sempre provisória, do assentimento a uma asserção tida até então por certa, para lhe controlar o valor. 
	A dúvida universal consiste em considerar toda asserção como incerta. É a dúvida dos céticos.
	A opinião se caracteriza pelo estado de espírito que afirma com temor de se enganar. Já se afirma, mas de tal maneira, que as razões em contrário não dão uma certeza. O valor da opinião depende da maior ou menor probabilidade das razões que fundamentam a afirmação. A opinião pode, às vezes, assumir as características da probabilidade matemática. Esta pode ser expressa sob a forma de uma fração, cujo denominador exprime o número de casos possíveis e cujo numerador expressa o de casos favoráveis. Por exemplo, havendo numa caixa 6 "tampinhas" amarelas e 4 brancas, a probabilidade de extrair uma " tampinha" branca será, matematicamente, 4/10.
	Só haverá certeza quando o numerador se igualar ao denominador.
A preocupação do cientista é chegar a verdades que possam ser afirmadas com certeza.
– Formação do Espírito Cientifico
Feita a distinção entre os níveis de conhecimento, esclarecidas as condições da verdade e do erro, e aprendidas as técnicas da investigação cientifica (veja mais adiante), ainda não será possível realizar um trabalho científico. É necessário, além disso, ter uma reserva de outras qualidades que são decisivas para desencadear a verdadeira pesquisa.
Esta atmosfera de seriedade que envolve e perpassa todo o trabalho, só aparece e transparece se o autor estiver imbuído de espírito científico.
 Natureza do Espírito Científico
O espírito científico é, antes de mais nada, uma atitude ou disposição subjetiva do pesquisador que busca soluções sérias, com métodos adequados, para o problema que enfrenta. Essa atitude não é inata na pessoa. É conquistada ao longo do tempo da vida, à custa de muitos esforços e exercícios. Pode e deve ser aprendida, nunca, porém, transmitida.
O espírito científico, na prática, se traduz por uma mente crítica, objetiva e racional.
A consciência crítica levará o pesquisador a aperfeiçoar seu julgamento e a desenvolver o discernimento, capacitando-o a distinguir e separar o essencial do acidental, o importantedo secundário.
Criticar é julgar, distinguir, discernir, analisar para melhor poder avaliar os elementos componentes da questão.
A crítica, assim entendida, não tem nada de negativo. É antes uma tomada de posição, no sentido de impedir a aceitação do que é fácil e superficial. O crítico só admite o que é suscetível de prova.
A consciência objetiva, por sua vez, implica no rompimento corajoso com todas as posições subjetivas, pessoais e mal fundamentadas do conhecimento vulgar. Para conquistar a objetividade científica, é necessário libertar-se de toda a visão subjetiva do mundo, arraigada na própria organização biológica e psicológica do sujeito e ainda pelo meio social.
A objetividade é a condição básica da ciência. O que vale não é o que algum cientista imagina ou pensa, mas aquilo que realmente é. Isto porque a ciência não é literatura.
A objetividade torma o trabalho científico impessoal a ponto de desaparecer, por completo, a pessoa do pesquisador. Só interessa o problema e a solução. Qualquer um pode repetir a mesma experiência, em qualquer tempo, e o resultado será sempre o mesmo, porque independe das disposições subjetivas.
A objetividade do espírito científico não aceita meias soluções ou soluções apenas pessoais. O “eu acho”, o “creio ser assim” não satisfazem a objetividade do saber.
Finalmente, o espírito científico age racionalmente. As únicas razões explicativas de uma questão só podem ser intelectuais ou racionais.
As “razões” que a razão desconhece, as “razões” da arbitrariedade, do sentimento e do coração nada explicam nem justificam no campo da ciência.
1.3.2 – Qualidades do Espírito Científico
	Além das propriedades fundamentais, já referidas, poder-se-iam acrescentar outras tantas qualidades de ordem intelectual e moral que o espírito científico implica.
	Como virtude intelectual ele se traduz no senso de observação, no gosto pela precisão e pelas idéias claras, na imaginação ousada, mas regida pela necessidade da prova, na curiosidade que leva a aprofundar os problemas, na sagacidade e poder de discernimento.
	Moralmente, o espírito científico assume a atitude de humildade e de reconhecimento de suas limitações, da possibilidade de certos erros e enganos.
	É imparcial. Não torce os fatos. Respeita escrupulosamente a verdade.
	O possuidor do verdadeiro espírito científico cultiva a honestidade. Evita o plágio. Não colhe como seu o que outros plantaram.
	Tem horror às acomodações. É corajoso para enfrentar os obstáculos e os perigos que uma pesquisa possa oferecer.
	Finalmente, o espírito científico não reconhece fronteiras. Não admite nenhuma intromissão de autoridades estranhas; ou limitações em seu campo de investigação. Defende o livre exame dos problemas.
A honestidade do cientista está relacionada, unicamente, com a verdade dos fatos que investiga.
1.3.3 – Importância do Espírito Científico
	Diante do exposto, é desnecessário encarecer a importância do espírito científico. O universitário, por exemplo, consciente de sua função na Universidade irá procurar imbuir-se desse espírito científico, aperfeiçoando-se nos métodos de investigação e aprimorando suas técnicas de trabalho. Os conhecimentos científicos que vai adquirir, os bons ou maus mestres que vai enfrentar não constituirão o essencial da vida acadêmica. O essencial é, todos concordam nisto, aprender como trabalhar, como enfrentar e solucionar os problemas que se apresentam não só na Universidade, mas principalmente na vida profissional. E isto não é adquirir conhecimentos científicos feitos, fórmulas mágicas para todos os males, mas sim hábitos, consciência e espírito preparado no emprego dos instrumentos que levarão a soluções de problemas. Estas sempre se apresentarão, na carreira profissional, com novos matizes, de tal forma que as soluções feitas, porventura aprendidas na Universidade, serão inadequadas. Urge então apelar para o espírito de criatividade e de iniciativa que, aliadas ao espírito científico, adquirido ao longo dos estudos universitários, irão achar a solução mais indicada que as circunstâncias exigem.
	Aqui vale o ditado: ao pobre que bater à porta não se dá o peixe, mas a linha e o anzol. O peixe resolve a situação presente, mas a linha e o anzol poderão resolver o problema, em definitivo.
	Por outro lado, a ciência, hoje em dia, não se resume na criatividade de um gênio isolado que faz descobertas decisivas. A pesquisa científica se apresenta como um edifício, da dimensão dos arranha-céus, que supõe a mobilização de um exército de técnicos e inventores, trabalhando em equipes disciplinadas e que dispõe de orçamentos da importância de um tesouro de Estado.
	Como se filiar a tal exército sem a mentalidade e o espírito que o anima?
– Paradigmas de Pesquisa
A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o próprio homem. Para esta atividade, o investigador recorre à observação e à reflexão que faz sobre os problemas que enfrenta, e à experiência passada e atual dos homens na solução destes problemas, a fim de munir-se dos instrumentos mais adequados à sua ação e intervir no seu mundo para construí-lo adequado à sua vida.
	Nessa tarefa, confronta-se com todas as forças da natureza e de si próprio, arregimenta todas as energias da sua capacidade criadora, organiza todas as possibilidades da sua ação e seleciona as melhores técnicas e instrumentos para descobrir objetos que transformem os horizontes da sua vida. Transformar o mundo, criar objetos e concepções, encontrar explicações e avançar previsões, trabalhar a natureza e elaborar as suas ações e idéias, são fins subjacentes a todo esforço de pesquisa.
	Considera-se que, ao longo do tempo, a ciência estrutura um conjunto de preceitos, noções e processos que caracterizam os procedimentos dominantes em uma comunidade científica nacional ou internacional, em um aspecto particular da ciência durante um período de tempo, que é revolucionado quando um ou vários pesquisadores demonstram as anomalias de uma ciência normal e põem em crise o universo de certezas, obrigando a comunidade toda a repensar os fatos e teorias explicativas, como se pode atestar na astronomia, com Ptolomeu, Corpérnico, Galileu ou, na física, com Aristóteles, Newton, Einstein. O paradigma da pesquisa dominante envolve uma concepção e esta estabelece os critério de definição e de formulação de um problema a ser pesquisado, implicando uma abordagem e os processos de seleção do problema.
2– O Método Científico
2.1– Noção e Importância do Método
Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade.
O método não se inventa. Depende do objeto da pesquisa. Os sábios, cujas investigações foram coroadas de êxito, tiveram o cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os levaram aos resultados. Outros, depois deles, analisaram tais processos e justificaram a eficácia dos mesmos. Assim, tais processos, empíricos no início, transformaram-se gradativamente em métodos verdadeiramente científicos.
Deve-se disciplinar o espírito, excluir das investigações o capricho e o acaso, adaptar o esforço às exigências do objeto a ser estudado, selecionar os meios e processos mais adequados. Tudo isso é dado pelo método. Assim, o bom método torna-se fator de segurança e economia.
Muitas vezes, um espírito medíocre guiado por um bom método faz mais progresso nas ciências que outro mais brilhante que vai ao acaso.
Fontenelle assim exaltou o método: “A arte de descobrir a verdade é mais preciosa que a maioria das verdades que se descobrem”.
Evidentemente, o método não substitui o talento, a inteligência do cientista. Ele tem também os seus limites, não ensina a encontrar as grandes hipóteses, as idéias novas e fecundas. Isto depende do gênioe da reflexão do cientista.
– Método Científico
Existem autores que identificam a ciência com o método, entendido como um modo sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes.
O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e estes, ao serem descobertos, devem, por sua vez, guiar o uso do método. Entretanto como já foi dito, o método é apenas um meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são.
	O método científico segue o caminho da dúvida sistemática, metódica, que não se confunde com a dúvida universal dos céticos, que é impossível. O cientista, sempre que lhe fata a evidência, como arrimo, precisa questionar e interrogar a realidade.
	O método científico, mesmo aplicado no campo das ciências sociais, deve ser aplicado de modo positivo, e não de um modo normativo, isto é, a pesquisa positiva deve preocupar-se com o que é e não com o que se pensa que deve ser.
	Toda investigação nasce de um problema observado ou sentido, de tal modo que não pode prosseguir, a menos que se faça uma seleção da matéria tratada. Esta seleção requer alguma hipótese ou pressuposição que irá guiar e, ao mesmo tempo, delimitar o assunto a ser investigado. Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve o método científico, tais como a observação e coleta de todos os dados possíveis, a hipótese que procura explicar provisoriamente todas as observações de maneira simples e viável, a experimentação que dá ao método científico também o nome de método experimental, a indução da lei que fornece a explicação ou o resultado de todo o trabalho da investigação, a teoria que insere o assunto tratado num contexto mais amplo. O método científico aproveita ainda a análise e a síntese, os processos mentais da dedução e indução, processos esses comuns a todo o tipo de investigação, quer experimental, quer racional. Em suma, método científico é a lógica geral tácita ou explicitamente empregada para apreciar os méritos de uma pesquisa.
	É oportuno distinguir, aqui, método e processo. Por método entende-se o dispositivo ordenado, o procedimento sistemático, em plano geral. O processo (a técnica), por sua vez, é a aplicação específica do plano metodológico e a forma especial de o executar. Comparando, poder-se-á dizer que a relação existente entre método e processo é a mesma, que existe entre estratégica e tática. O processo está subordinado ao método e lhe é auxiliar imprescindível.
– Processos do Método Científico
O método se concretiza nas diversas etapas ou passos que devem ser dados para solucionar um problema. Esses passos são as técnicas ou processos.
Os objetivos de investigação determinam o tipo de método a ser empregado, a saber: o experimental ou o racional. Um e outro emprega técnicas específicas como também técnicas comuns a ambos.
Pode-se dizer que a maioria das técnicas que compõem o método científico e racional são comuns, embora devam adaptar-se ao objeto de investigação.
Por isso, as técnicas ou processos que, a seguir, serão desenvolvidos, dizem respeito ao método experimental e indiretamente, com as adaptações que se impõem, ao método racional.
2.3.1. Observação
 Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objetivo, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso.
 A observação é de importância capital nas ciências. É dela que depende o valor de todos os outros processos. Sem a observação o estudo da realidade e de suas leis reduzir-se-á sempre à simples conjetura e adivinhação. Para o bom êxito da observação exigem-se certas condições.
 
A – Condições Físicas
	Órgãos são, que possam ter sensações normais e corretas.
	Bons instrumentos são necessários, porque os sentidos não bastam sempre para satisfazer o rigor da ciência. É preciso armar os cientistas de instrumentos:
que lhes aumentem o alcance, por exemplo, o microscópio, o telescópio, etc.;
que lhes aumente a precisão, e os ajudem a medir com rigor os diversos fenômenos observados: a duração, o peso, a temperatura, etc.;
que supram, até certo ponto, os próprios sentidos, apontando e registrando os fenômenos com sua intensidade variável. Tais são os aparelhos registradores, as chapas fotográficas.
B – Condições Intelectuais
	Curiosidade: “Requer-se muita filosofia, diz J.J. Rousseau, para observar o que se vê todos os dias”.
	Sagacidade: saber discernir os fatos significativos.
C – Condições Morais
	Paciência, para resistir à precipitação natural que nos leva sempre a concluir antes do tempo.
	Coragem, que sabe enfrentar o perigo para colher do fato certos fenômenos raros ou decisivos.
Imparcialidade, isto é, a libertação de toda a preocupação com o resultado, o respeito escrupuloso e o amor apaixonado pela verdade.
D – Regras da Observação
	Deve ser atenta.
	Deve ser precisa. Para isso é preciso conseguir dar valores numéricos a tudo quanto no fenômeno observado é suscetível de medida quantitativa. Daí a importância que assume as medidas no método científico.
	Deve ser sucessiva e metódica.
2.3.2 – Hipótese
	Em termos gerais a hipótese consiste em supor conhecida a verdade ou explicação que se busca. Em linguagem científica a hipótese eqüivale, habitualmente, à suposição verossímil, depois comprovável ou denegável pelos fatos, os quais hão de decidir, em última instância, da verdade ou falsidade que se pretendem explicar. Ou a hipótese é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou afirmar.
	Para Meyerson, as hipóteses são alguma coisa mais que um andaime destinado a desaparecer quando o edifício (das ciências) está construído; têm um valor próprio e correspondem, certamente, a alguma coisa bem profunda e bastante essencial na própria natureza.
	As hipóteses têm como função:
prática: orientar o pesquisador, dirigindo-o na direção da causa provável ou da lei que se procura;
teórica: coordenar e completar os resultados já obtidos, agrupando-os num conjunto completo de fatos, a fim de facilitar a sua inteligibilidade e estudo.
Podemos obter hipóteses ou por dedução de resultados já conhecidos, ou pela experiência. Neste caso, são indutivas, se a suposta causa do fenômeno é um dos seus antecedentes, que parece apresentar todos os caracteres de antecedentes causal; são analógicas, quando são inspiradas por certas semelhanças entre o fenômeno que se quer explicar e outro já conhecido.
Praticamente, não há regras para descobrir as hipóteses. Não se descobrem, também, por obra do acaso, mas são fruto do gênio científico. Há, contudo, certas condições que ajudam na descoberta: o próprio curso da pesquisa, a analogia, a indução, a dedução, as reflexões.
Natureza da hipótese:
não deve contradizer nenhuma verdade já aceita, ou explicada;
deve ser simples, isto é, o sábio, entre várias hipóteses, deve escolher a que lhe parece menos complicada;
deve ser sugerida e verificável pelos fatos: “Não invento hipóteses”, dizia Newton.
2.3.3 – Experimentação
	A experimentação consiste no conjunto de processos utilizados para verificar as hipóteses. Difere da observação porque obedece a uma idéia diretriz e não, simplesmente, porque implica na intenção do sábio em vista de modificar os fenômenos. A observação, de fato, pode comportar também uma tal intervenção: chama-se, então, observação ativa ou provocada, mas é anterior à formulação da hipótese.
	A idéia geral que governa os processos de experimentação é a seguinte: consistindo a hipótese, essencialmente, em estabelecer uma relação de causa e efeito ou de antecedente e conseqüente entre dois fenômenos, trata-se de descobrir se realmente B (suposto efeito ou conseqüente) varia cada vez que se faz variar A (suposta causa ou antecedente) e se varia nas mesmas proporções.
	O princípio geral em que se fundamentam os processos da experimentação é o do determinismo,que se anuncia assim: nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmo efeitos – ou ainda – as leis da natureza são fixas e constantes.
	Regras que Bacon sugeriu para a experimentação: 
Alargar a experiência: é aumentar, pouco a pouco e tanto quanto possível, a intensidade da suposta causa, para ver se a intensidade do fenômeno (= efeito) cresce na mesma proporção.
Variar a experiência: é aplicar a mesma causa a objetos diferentes.
Inverter a experiência: consiste em aplicar a causa contrária da suposta causa, a fim de ver se o efeito contrário se produz. Esta contraprova experimental faz suceder as exigências negativas às positivas. Assim, depois de conhecer a água pela análise, inverte-se a experiência, fazendo a síntese a partir do hidrogênio e do oxigênio.
Recorrer aos casos da experiência. Por vezes, é preciso recorrer aos casos da experiência de ensaio, “a fim de procurar pescar em águas turvas”, como diz Claude Bernarde.
2.3.4 – Indução
	A indução e a dedução são, antes de mais nada, formas de raciocínio ou de argumentação e, como tais, são formas de reflexão e não de simples pensamentos.
	O pensamento alimenta-se da realidade externa e é produto direto da experiência. O ato de pensar caracteriza-se por ser dispersivo, natural e espontâneo. A reflexão, porém, requer esforço e concentração voluntária. É dirigida e planificada. A conclusão de raciocínio constitui o último elo de uma cadeia, o período final de um ciclo de operações que se condicionam necessariamente.
	Freqüentemente, prefere-se pensar os problemas em vez de raciocinar sobre eles, confundindo a divagação irresponsável com a reflexão sistemática.
	O raciocínio é algo ordenado, coerente e lógico, podendo ser dedutivo ou indutivo.
	Na indução, a conclusão está para as premissas, como o todo está para as partes. De verdades particulares, concluímos verdades gerais. Exemplos: Terra, Marte, Vênus, Saturno, são todos planetas. Ora, a Terra, Marte, Vênus, Saturno, etc. não brilham com luz própria. Logo os planetas não brilham com luz própria.
	O argumento indutivo baseia-se na generalização de propriedades comuns a certo número de casos, até agora observados, a todas as ocorrências de fatos similares que se verificam no futuro. O grau de confirmação dos enunciados induzidos depende das evidências ocorrentes.
	A indução e a dedução são processos que se complementam. Por isso, a indução reforça-se bastante pêlos argumentos dedutivos extraídos de outras disciplinas que lhe são correlatas ou afins. Na prática, recorre-se a ambos estes instrumentos para demostrar a verdade das proposições submetidas à análise.
	Para que as conclusões da indução sejam verdadeiras o mais freqüentemente possível e tenham um maior grau de sustentação, podem-se acrescentar ao argumento evidências adicionais, sob a forma de premissas novas que figuram ao lado das premissas inicialmente consideradas. Já que a conclusão de um argumento indutivo pode ser falsa, mesmo quando são verdadeiras as premissas, a evidência adicional pode favorecer a percepção, com mais precisão, se a conclusão é, de fato, verdadeira.
	Não é entretanto, a repetição da experiência ou o grande número de observações que conduz à conclusão. Basta uma experiência para autorizar a concluir do fenômeno para lei. Se for repetida a experiência, não é por desconfiar da experiência. Basicamente, a repetição é uma simples verificação da primeira prova e não uma condição necessária da indução.
	
Espécies de indução: 
Indução formal (de Aristóteles). Eqüivale ao inverso da dedução e é submetida unicamente às leis do pensamento, e tem como ponto de partida todos os casos de uma espécie ou de um gênero e não apenas alguns. Por exemplo:
Os corpos A,B,C, D, atraem o ferro;
Ora, os corpos A,B,C, D são todos ímãs;
Logo, os ímãs atraem o ferro.
	Neste tipo de indução, não há propriamente uma inferência, mas uma simples substituição de uma coleção de termos particulares por um termo equivalente. Este processo é indutivo apenas na forma, visto que realmente passa do mesmo ao mesmo, por ser a soma das partes igual ao todo. Esse o motivo pelo qual a indução formal é de pouco uso.
Indução científica (de Bacon). É o raciocínio pelo qual conclui-se de alguns casos observados pela espécie que os compreende e a lei geral que os rege. Ou, é o processo que generaliza a relação de causalidade descoberta entre dois fenômenos e da relação causal conclui a lei. Verifica-se, por exemplo, certo número de vezes que o óxido de carbono paralisa os glóbulos sangüíneos; desta observação infere-se que sempre, dadas as mesmas condições, o óxido de carbono paralisará os glóbulos sangüíneos.
Esta indução é a alma das ciências experimentais. Sem ela a ciência não seria outra coisa senão um repositório de observação sem alcance.
Valor e legitimidade da indução científica:
Deve-se recorrer a algum princípio que dê às verdades induzidas o caráter de necessidade e generalidade que as torne independentes do tempo e do espaço. Este princípio é o princípio das leis. Formula-se de várias maneiras: a natureza rege-se por leis – as causas atuam de maneira uniforme - as mesmas causas produzem os mesmo efeitos – toda relação de causalidade é constante.
O raciocínio indutivo pode-se exprimir sob a forma de um silogismo em que o princípio das leis é a premissa maior. Exemplo: as relações de causalidade são constantes; ora, verificou-se um relação causal entre calor e dilatação; logo, é constante esta relação: sempre e em toda parte, o calor dilata os corpos.
Não é do número necessariamente restrito dos fatos observados que se infere a generalidade e a constância da relação, como algumas vezes se objeta, mas do princípio formulado na premissa maior que assegura que, sendo todas as relações da causalidade constantes, também o será a que foi descoberta.
Regras da Indução: 
Deve-se estar seguro de que a relação que se pretende generalizar seja verdadeiramente essencial, isto é, relação causal quando se trata de fatos, ou relação da coexistência necessária de duas formas, quando se trata de seres ou coisas. Assim, sendo uma relação de dependência necessária a que une o calor à dilatação., tem-se o direito de generalizar a lei segundo a qual o calor sempre dilata os corpos.
É necessário que os fatos, a que se estende a relação, sejam verdadeiramente similares aos fatos observados e, principalmente, que a causa se tome no sentido total e completo.
2.3.5 – Dedução 
	A dedução é a argumentação que torna explícitas as verdades particulares contidas em verdades universais. O ponto de partida é o antecedente que afirma uma verdade universal, e o ponto de chegada é o conseqüente, que afirma uma verdade menos geral ou particular, contida implicitamente no primeiro.
	A técnica desta argumentação consiste em construir estruturas lógicas, através do relacionamento entre antecedente e conseqüente, entre hipótese e tese, entre premissa e conclusão. O cerne da dedução é a relação lógica que se estabelece entre proposições, dependendo o seu vigor do fato de a conclusão ser sempre verdadeira, desde que as premissas também o sejam. Assim, admitindo as premissas, deve-se admitir também a conclusão, isto porque toda a afirmação ou conteúdo fatual da conclusão já estava, pelo menos implicitamente, nas premissas.
	O processo dedutivo, por um lado, leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro, mas, por outro lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode assumir conteúdos que excedam o das premissas. Concluir daí que a dedução é infrutífera e estéril, é não perceber a seu verdadeiro significado. Para desfazer tal impressão basta ver, por exemplo, o procedimento do matemático. Seus argumentos são, na maior parte, dedutivos. Exemplos familiares podem ser recolhidos da Geometria Euclidiana do plano. Na geometria os teoremas são demonstrados a partir de axiomas e postulados. O método de demonstração é deduziros teoremas (conclusão) dos axiomas e postulados (premissas). O método da dedução garante que os teoremas devem ser verdadeiros se são verdadeiros os axiomas e os postulados. Embora o conteúdo dos teoremas já esteja fixado nos axiomas e postulados, esse conteúdo está longe de ser óbvio. É verdadeiramente iluminadora a tarefa de tomar explícito o conteúdo de axiomas e postulados.
	E isto é válido para os demais casos de dedução. Como regras gerais, quanto à validade das conclusões do processo dedutivo, são apontados duas:
1) Da verdade do antecedente segue-se a verdade do conseqüente. Por exemplo: todos os animais respiram. Ora, o mosquito é animal. Logo, o mosquito respira.
2) Da falsidade do antecedente pode seguir-se falsidade ou a veracidade do conseqüente. Por exemplo: todos os animais são quadrúpedes. Ora, o cisne é animal. Logo, o cisne é quadrúpede (conseqüente falso). Ou então: toda árvore é racional. Ora, Gilberto é árvore. Logo, Gilberto é racional (conseqüente verdadeiro).
O raciocínio dedutivo pode ser expresso pelo silogismo, que poderá ter forma:
Categórica: todas as crianças têm pais. Ora, Gilberto é criança. Logo, Gilberto tem pais.
Hipotética: se Henrique estuda, passará nos exames. Ora, Henrique estuda. Logo, passará nos exames.
No Raciocínio dedutivo a conclusão ou conseqüente está contido nas premissas ou antecedentes, como a parte no todo.
2.3.6 – Análise e Síntese
	René Descartes, procurando traçar normas gerais e indispensáveis a qualquer trabalho científico, formulou quatro regras:
Nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa, sem a conhecer como tal. Evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção. (É a evidência como critério da verdade).
Dividir cada uma das dificuldades a abordar, no maior número possível de parcelas que forem necessárias, para melhor resolvê-las. (É a análise)
Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir pouco a pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais complexos. (É a síntese).
Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que dê certeza de nada omitir. ( É a condição comum e a garantia da análise e síntese).
A análise é a decomposição de um todo em suas partes. A síntese é a reconstituição do todo decomposto pela análise. Ou, por outra: a análise é o processo que parte do mais simples para o menos simples. 
	A análise e a síntese são necessárias. Qual a razão?
	O grande obstáculo que é preciso vencer nas ciências é, por um lado, a complexidade dos objetos e, por outro lado, a limitação da inteligência humana. A inteligência não é capaz de tirar da complexidade de idéias, de seres e de fatos, relações de causa e efeito e as relações entre princípio e conseqüência. Por isso há necessidade de analisar, de dividir as dificuldades para melhor resolvê-las.
	Sem a análise todo o conhecimento é confuso e superficial. Sem a síntese é fatalmente incompleto.
	O conhecimento de um objeto não se limita ao conhecimento minucioso de suas diversas partes. Quer ainda apreender o lugar que tem no conjunto e a respectiva parte que toma na ação global. Por isso, à análise deve seguir-se a síntese.
2.3.7 – Teoria
	 O emprego usual do termo teoria opõe-se ao da prática. Neste sentido a teoria refere-se ao conhecimento (= saber, conhecer) em oposição à prática como ação (= agir, fazer).
	Aqui, entretanto, o termo teoria é empregado para significar um resultado a que tendem as ciências. Estas não se contentam apenas com a formulação das leis. Ao contrário, determinadas as leis, procuram interpretá-las ou explicá-las.
	Assim, surgem as chamadas teorias cientificas, que reúnem determinada número de leis particulares sob a forma de uma lei superior e mais universal.
Ou conforme Lahr: “Um conjunto de leis particulares, mais ou menos certas, ligadas por uma explicação comum, toma o nome de sistema ou teoria, por exemplo o sistema de Laplace, a teoria da evolução...”
	Ou ainda segundo Luís Washington Vita: “O sentido primário do vocábulo teoria é contemplação, sendo então a teoria definida como uma visão inteligível ou uma contemplação racional.
	Atualmente, porém, teoria designa uma construção intelectual que aparece como resultado do trabalho filosófico ou científico ( ou ambos). A teoria não pode ser reduzida, como alguns pretendem, à hipótese, mas é certo que as hipóteses – enquanto supostos fundamentais – não podem ficar excluídas da construção teorética”.
	A teoria se distingue da hipótese, porquanto esta é verificável experimentalmente, enquanto aquela não. Todas as proposições da teoria se integram no mundo do discurso (conhecimento), enquanto a hipótese comprova a sua validade, submetendo-se ao teste da experiência.
	A teoria é interpretativa, enquanto a hipótese resulta em explicação através de leis naturais.
	A teoria formula necessariamente hipóteses, ao passo que estas subsistem independentemente dos enunciados teoréticos.
	Função das teorias:
coordenam e unificam o saber científico;
são instrumentos preciosos do sábio, sugerindo-lhe analogias até então ignoradas e possibilitando-lhe, assim, novas descobertas.
Valor das Teorias:
Até meados do século XIX, os cientistas, de um modo geral, admitiam que as teorias não só explicavam os fatos, mais ainda eram uma apreensão da própria natureza ontológica (última) da realidade.
A partir dos meados do século XIX para cá, restringiram o valor explicativo da teoria. Assim:
E. Mach: as teorias apenas orientam o sábio com economia de pensamento.
Henri Poincaré: as teorias não são verdadeiras nem falsas, são cômodas.
Pierre Duhem: as teorias servem apenas para classificar os fatos e as leis
Atualmente, a tendência é assumir uma posição intermediária entre os dois extremos.
Segundo o realismo moderado (explicação filosófica), as teorias científicas são explicativas, isto é, expressam a essência da natureza sensível, visto que toda ciência tem por objetivo o que as coisas são ou suas essências. Contudo, não expressam a essência nela mesma (como pretende a filosofia), e sim em seus sinais observáveis e experimentais.
2.3.8 – Doutrina
	A ciência visa explicar os fenômenos. Para isto observa, analisa, levanta hipóteses e as verifica em confronto com os fatos pela experimentação, induz a lei, colocando-a num contexto mais amplo, através de teorias.
	São operações que se desenvolvem num ambiente de objetividade, de indiferença e de neutralidade.
	A doutrina, porém, propõe diretrizes para a ação. É a priori que o autor fixa o fim que espera atingir e, para elaborar a doutrina ajustada a esse fim, vai buscar seus argumentos nas mais variadas fontes. Numa doutrina há idéias morais, posições filosóficas e políticas e atitudes psicológicas. Há também, subjacentes, interesses individuais, interesses de classes ou nações.
	A doutrina é, assim, um encadeamento de correntes, de pensamentos que não se limitam a constatar e a explicar os fenômenos, mas apreciam-nos em função de determinadas concepções éticas e, à luz destes juízos, preconizam certas medidas e proíbem outras.
	A doutrina situa-se na linha divisória dos problemas do espírito e dos fatos (teoria = ciência x ação) e, porque largamente assentada nesses dois domínios, permite perceber a síntese.
3– A Pesquisa: Noções Gerais
3.1– Características do método de pesquisa científica
Van Dalen e Meyer lembram que “o trabalho de pesquisa não é de natureza mecânica, mas requer imaginação criadora e iniciativa individual”. E acrescentam: “entretanto, a pesquisa não é uma atividade feita ao acaso, porque todo o trabalho criativo pede o emprego de procedimentos e disciplinas determinadas”,
	Talvez uma das maiores dificuldades, de quem se inicia na pesquisa científica, seja a de imaginar que basta um roteiro minucioso, detalhado, para seguir e logo a pesquisa estará realizada. Na verdade, o roteiro existe: são as diversas fases dométodo. Entretanto, uma pesquisa devidamente planejada, realizada e concluída, não é um simples resultado automático de normas cumpridas ou roteiros seguidos. Mas deve ser considerada como obra de criatividade, que nasce da intuição do pesquisador e recebe a marca de sua originalidade, tanto no modo de empreendê-la como no de comunicá-la. As fases do método podem ser vistas como indicadoras de um caminho, dando, porém, a cada um a oportunidade de manifestar sua iniciativa e seu modo próprio de expressar-se.
	Fazer uma pesquisa científica não é fácil. Além da iniciativa e originalidade de que já falamos, exige do pesquisador persistência, dedicação ao trabalho, esforço contínuo e paciente, qualidades que tomam sua feição específica e são reconhecidas por cada um em si mesmo, quando alguém vivencia a sua própria experiência de pesquisador. E, no entanto, é uma das atividades mais enriquecedoras para o ser humano e, de modo geral, para a ciência.
	Embora enfatizando o valor da criatividade, convém lembrar que a pesquisa científica não pode ser fruto apenas da espontaneidade e intuição do indivíduo, mas exige submissão tanto aos procedimentos do método como aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser percorrido, demarcado, do começo ao fim, por fases ou etapas. E como a pesquisa tem por objetivos um problema a ser resolvido, o método serve de guia para o estudo sistemático do enunciando, compreensão e busca de solução do referido problema. Examinando mais atentamente, o método da pesquisa científica não é outra coisa do que a elaboração, consciente e organizada, dos diversos procedimentos que nos orientam para realizar o ato reflexivo, isto é, a operação discursiva de nossa mente.
	Whitney nos recorda que costumamos utilizar o processo reflexivo quando nos encontramos diante de uma situação, que consideramos problema e sentimos a exigência de resolvê-lo. Em atos mais simples, como o de amarrarmos os cordões do sapato, barbearmo-nos, procedermos diante de amigos, estranhos ou inimigos, o nosso procedimento é espontâneo e reagimos sem reflexão ou quase sem reflexão. Estes mesmos atos, hoje tão fáceis e familiares, foram considerados por nós, em outros tempos, como problemas mais ou menos complexos, que tivemos de resolver.
3.2– Conceito de Pesquisa
3.2.1– Conceito
Define-se a pesquisa como uma atividade voltada para a solução de problemas. Seu objetivo consiste em descobrir respostas para perguntas, através do emprego de processos científicos.
	Convém distinguir, quanto à natureza da pesquisa, o trabalho científico original, chamado também “memória científica original”, do resumo de assunto.
3.2.2– Trabalho Científico Original
Entende-se por trabalho científico original aquela pesquisa, cujos resultados venham representar novas conquistas para a ciência respectiva.
	Trata-se, portanto, de uma pesquisa sobre um determinado assunto levada a efeito, em parte ou em conjunto, pela primeira vez. São Trabalhos desta natureza que, finalmente, concorrem para o progresso das ciências com novas descobertas.
	A memória científica será redigida de tal maneira que, a partir das indicações do texto, um pesquisador qualificado possa:
reproduzir as experiências e obter os resultados descritos no trabalho com igual ou menor número de erros;
repetir as observações e formar opinião sobre as conclusões do autor;
verificar a exatidão das análises, induções e deduções, nas quais estão baseadas as descobertas do autor, usando como fonte as informações dadas no trabalho.
3.2.3– Resumo de Assunto
Entende-se por resumo de assunto aquele texto que reúne, analisa e discute conhecimento e informações já publicadas.
O resumo de assunto não é um trabalho original, mas exige de seu autor a aplicação dos mesmos métodos científicos utilizados no trabalho científico original.
A maior parte dos trabalhos elaborados durante os cursos de formação (nível de licença) são, quanto a sua natureza, um resumo de assunto e, dificilmente, um trabalho científico original.
Uma das desvantagens que justificam a elaboração de resumos de assunto resulta do fato de ser ele um meio apto a fornecer aos alunos a bagagem de conhecimentos e o treinamento científico que os habilitem a lançarem-se em trabalhos originais de pesquisa.
3.3– Tipos de Pesquisa
3.3.1– Objeto de Investigação
As ciências se subdividem de acordo com a natureza do objeto que investigam.
Uma determinada área das ciências (ciências biológicas, por exemplo) pode ter um mesmo objeto de investigação.
Tal objeto é focalizado sob um aspecto significativo, dando lugar a subdivisões ou especificações (ciências naturais, ciências do comportamento) no termo das quais localizamos uma ciência isolada (odontologia, botânica, etc.).
3.3.2– Métodos e Técnicas
Podem-se chamar técnicas aqueles procedimentos específicos utilizados por uma ciência determinada, no quadro das pesquisas próprias desta ciência.
Assim, há técnicas associadas ao uso de certos testes em laboratório, ao levantamento de opiniões de massa, à coleta de dados estatísticos; há técnicas para conduzir uma entrevista, para determinar a idade em função do carbono, para decifrar inscrições desconhecidas, etc.
	As técnicas em uma ciência são os meios corretos de executar as operações de interesse de tal ciência. O treinamento científico reside, em grande parte, no domínio destas técnicas.
	Ocorre, entretanto, que certas técnicas são utilizadas por inúmeras ciências ou, ainda, por todas elas.
	O conjunto destas técnicas gerais constitui o método. Método são, portanto, técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências ou a todas as ciências.
	Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico para todas as ciências. Compreende um certo número de procedimentos ou operações cientificas levadas a efeito, em qualquer tipo de pesquisa. Estes procedimentos foram descritos anteriormente, no parágrafo intitulado “Processos do método científico” (item 2.3). Podem ser resumidos da seguinte maneira:
formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;
efetuar observações e medidas;
registrar tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;
elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes;
generalizar, isto é, estender as conclusões, obtidas a todos os casos que envolvem condições similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;
prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que surjam certas relações.
É lícito distinguir as três áreas seguintes, onde classificar-se-iam os respectivos métodos:
Pesquisa Bibliográfica
Pesquisa de campo
Pesquisa de laboratório
Buscar-se-á, pois, descrever e analisar estes métodos, realçando sua utilidade.
3.3.3– Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa bibliográfica pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa de campo e de laboratório. Em ambos os casos, busca conhecer as contribuições culturais ou científicas do passado.
É realizada independentemente, por vezes, isto é, percorre todos os passos formais do trabalho científico.
Constitui parte da pesquisa de campo ou de laboratório, enquanto é feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta, acerca de uma hipótese que se quer experimentar.
A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho científico original constitui a pesquisa propriamente dita na área das Ciências humanas. Como resumo de assunto constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa científica. Os alunos de todos os Institutos e Faculdades devem, portanto, ser iniciados nos métodos e técnicas da pesquisa bibliográfica.
3.3.4– Pesquisade Campo
As técnicas específicas da pesquisa de campo têm por finalidade recolher e registrar ordenadamente os dados relativos ao assunto escolhido como objeto de estudo. Eqüivalem, portanto, a instrumentos de observação controlada.
Dentre as principais técnicas utilizadas em pesquisa de campo, destacam-se a entrevista, o questionário, o formulário, o teste, etc.
3.3.5– Pesquisa de Laboratório
Os mais modernos aparelhos e instrumentos de precisão e experiências que a técnica coloca à disposição dos homens, invadem aos poucos nossas Universidades, alojando-se nos chamados “laboratórios”.
Os alunos serão acompanhados pelos mestres especializados no treinamento necessário ao uso de tais instrumentos, para realizarem experiências ou pesquisas de laboratório.
A pesquisa de laboratório terá sempre uma parte introdutória sob forma de resumo de assunto. Nessa parte, o pesquisador deve apresentar os conhecimentos já publicados sobre o assunto, servindo-se, para tanto, da bibliografia existente. Só assim poderá ser evitada a repetição inútil de pesquisas e experiências já realizadas.
3.4– Projeto de Pesquisa
Desde que se tenha em vista uma pesquisa qualquer, deve-se pensar antes de tudo em elaborar um projeto que possa garantir sua viabilidade.
Muitas pesquisas importantes, tanto para as ciências como para a pessoa do pesquisador, viram-se fadadas ao fracasso por não se ter feito um projeto das mesmas.
O projeto de pesquisa deve conter informações sobre diversos aspectos do trabalho, tais como:
justificativa: envolvendo a delimitação do problema, a análise da situação que o projeto pretende modificar e uma demonstração de como modificará a situação analisada;
objetivos: indicam o que se pretende alcançar com o projeto;
metas: detalhamento, qualificação e localização dos objetivos no tempo;
revisão da literatura referente à questão;
hipóteses e variáveis de controle;
metodologia: envolvendo definição dos termos, descrição dos instrumentos de coleta e de análise dos dados;
orçamento: prevendo as despesas com pessoal, materiais e serviços;
cronograma de execução: escalonamento, no tempo, de todas as fases e tarefas da pesquisa;
normas e instrumentos de acompanhamento, avaliação e controle;
bibliografia referente ao assunto de pesquisa.
Tudo deve ser estudado e planejado, a fim de que as fases da pesquisa se processem normalmente, sem riscos de surpresas desagradáveis. O projeto de pesquisa é muitas vezes, a garantia de seu êxito.
Pode, evidentemente, ser modificado, adaptando-se às novas contingências. Será sempre motivo de tranqüilidade para o pesquisador, além de testemunhar seu espírito sistemático e sua força de vontade.odo pesquisador deve desenvolver a capacidade de elaborar projetos de pesquisa, pelo menos para atender a seus interesses pessoais ou do grupo em que está inserido. As instituições financiadoras de projetos, tanto públicas como privadas, possuem geralmente um roteiro próprio com instruções específicas para montagem do projeto. O interessado deve então submeter-se aquele modelo. Não raro ocorre, porém, que a elaboração do projeto, sobretudo quando se trata de pesquisas importantes, seja confiada aos técnicos em planejamento que fazem parte dos Institutos de Pesquisa e Planejamento. Nossas universidades, em boa hora, procuram criar órgãos como estes que têm, entre outras finalidades, a de dispensar assistência direta aos estudantes, incentivando-os e orientando seus passos na pesquisa. 
Metodologia Científica
 
 Escolha de Assunto
 a) Investigação Formulação de Problemas
 
 Estudos Exploratórios
A PESQUISA
 Coleta e Análise de dados
 Estrutura do Trabalho
 b) Comunicação
 Redação
 Apresentação
4 – Como Proceder à Investigação
4.1 – Escolha do Assunto
	
É o primeiro passo da pesquisa, mas não o mais fácil. Não faltam, evidentemente, assuntos para pesquisas: a dificuldade está em decidir-se por um deles. Para muitos pesquisadores, a decisão final é precedida por momentos de verdadeira angústia, mormente quando se trata de pesquisas decisivas para a carreira do investigador.
Um assunto de pesquisa pode nascer de leituras, de reflexões pessoais, de problemas reconhecidos, da atividade profissional, de fontes de informações, etc.
Quando alguém decide investigar um assunto determinado, sua escolha, em geral, é feita em função de um interesse atual, da intuição e reflexão, da formação antecedente, de meios exeqüíveis (tempo, recursos financeiros e humanos, equipamentos, etc.) de informações documentadas, etc.
Sugerem-se certas operações que podem facilitar a escolha: são técnicas especiais, operações particulares a serem executadas neste primeiro passo da pesquisa.
	
4.1.1– Seleção
Selecionar um assunto eqüivale a eliminar aqueles que, por uma razão plausível, devem ser evitados e fixar-se naquele que merece prioridade. Não pode haver seleção sem critérios de seleção: convém, portanto, definir os critérios que o investigador tomará em consideração, quando tiver que proceder à escolha de um assunto. Tais critérios desempenham a função de guia metodológico, orientando o investigador em direção do assunto prioritário.
O assunto de uma pesquisa é qualquer tema que necessita melhores definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo.
A primeira escolha deve ser feita com relação a um campo delimitado, dentro da respectiva ciência de que trata o trabalho científico.
As razões que podem levar o pesquisador a formular questões de pesquisa são de dois tipos: intelectuais, baseadas simplesmente no desejo de conhecer ou compreender; práticas, baseadas no desejo de conhecer para realizar algo melhor ou de maneira mais eficiente. Não há contradição ou exclusão mútua das pesquisas a que conduzem estes dois tipos de questões. Observa-se que, historicamente, a pesquisa científica tanto se interessou pelo conhecimento em si mesmo, quanto pelo conhecimento aplicado aos interesses práticos.
O assunto pode surgir de um interesse particular ou profissional, de algum estudo ou leitura. As vezes, o professor indica o assunto, outras vezes cabe ao aluno escolher o mesmo.
Teórico ou prático, o assunto deve corresponder ao gosto do pesquisador, além de proporcionar-lhe experiências de valor e contribuir para o progresso das ciências. Evitem-se assuntos fáceis e sem interesse, que não compensam o esforço exigido.
O assunto será, naturalmente, adequado à capacidade e à formação do pesquisador, corresponderá a suas possibilidades, quando ao tempo e aos recursos econômicos.
Na escolha do assunto, deve-se, igualmente levar em conta material bibliográfico: este deve ser suficiente e estar disponível.
Evite-se, finalmente, fixar a escolha sobre assuntos a respeito dos quais já existem estudos exaustivos: a quantidade de assuntos novos à espera de pesquisadores torna injustificável a duplicação de estudos.
4.1.2- Delimitação 
Convém superar a tendência muito comum de escolher temas que, por sua extensão e complexidade, não permitam a profundidade. Feita, portanto, a escolha do assunto, passa-se a fixar a extensão do mesmo.
Delimitar o assunto é selecionar um tópico ou parte a ser focalizada.
Para facilitar esta operação, pode-se recorrer, por um lado, à divisão do assunto em partes constitutivas e, por outro, à definição da compreensão dos termos.
A decomposição do assuntoeqüivale ao desdobramento do mesmo em partes, enquanto a definição dos termos implica na enumeração dos elementos constitutivos ou explicativos que os conceitos envolvem. Nem todos os assuntos poderão ser delimitados com auxílio destas técnicas especiais. De acordo com a natureza do assunto selecionado, recorrer-se-á a uma outra técnica de delimitação.
Assim, para delimitar o assunto, pode-se ainda fixar circunstâncias, sobretudo de tempo e espaço: trata-se de indicar o quadro histórico e geográfico, em cujos limites se localiza o assunto.
Além disso, o pesquisador pode indicar sob que ponto de vista vai focalizar o assunto. Um mesmo assunto pode receber diversos tratamentos, tais como psicológico, sociológico, histórico, filosófico, estatístico etc. Estes tratamentos correspondem à luz sob a qual o assunto será focalizado.
4.1.3– Explicação dos Objetivos
Os objetivos que se têm em vista definem, muitas vezes, a natureza do trabalho, o tipo de problemas a ser selecionado, o material a coletar, etc.
4.2- Formulação de Problemas
Escolhido o assunto e delimitado o seu campo, a fase seguinte é a transformação do tema em problemas
Problemas é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática, para a qual deve-se encontrar uma solução.
A primeira etapa da pesquisa é a formulação do problema ou formulação de perguntas.
Enquanto o assunto permanecer assunto, não se iniciou a investigação propriamente dita. O assunto escolhido, submeter-se-á, portanto, ao questionamento. Será questionado pela mente do pesquisador, que o transformará, mediante seu esforço de reflexão, sua curiosidade ou talvez seu gênio, em problema. Descobrir os problemas que o assunto envolve, identificar as dificuldades que ele sugere, formular perguntas ou levantar hipóteses significa abrir a porta, através da qual o pesquisador penetrará no terreno do conhecimento científico.
As perguntas variam. Partindo-se da observação de um fato ou de uma série de fatos, pode-se perguntar se estes seguem sempre o mesmo padrão ou se, por vezes, os resultados são diferentes, se há possibilidades de explicar este processo.
As perguntas devem ser de tal sorte que haja possibilidades de respostas através da pesquisa.
Nunca se passa diretamente da escolha do assunto à coleta de dados, pois as vantagens da formulação do problema são inegáveis:
Ao formular uma pergunta, sabe-se com exatidão o tipo de resposta que deve ser procurado.
O pesquisador é levado a uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto.
Um problema ou uma pergunta fixa freqüentemente roteiros para o início do levantamento bibliográfico e da coleta de dados.
Auxilia, na prática, a escolha de cabeçalhos para o sistema de tomada de apontamentos.
Discrimina com precisão os apontamentos que serão tomados, isto é, todos e tão-somente aqueles que respondem às perguntas formuladas.
Para bem se formular o problema, supõem-se conhecimentos prévios do assunto, além de uma imaginação criadora que, em grande parte, é responsável pelo progresso das ciências.
Os passos que o pesquisador terá que percorrer a seguir, até o término da pesquisa, dependerão deste passo inicial: a formulação do problema. Esta será interessante ou não, contribuirá para o progresso da ciência ou não, terá valor ou não terá, se o problema formulado tiver sido interessante ou banal. Embora o pesquisador não chegue a um solução – freqüentemente não são encontradas soluções imediatas para os problemas – cabe-lhes o mérito de ter aberto o caminho . Outros virão secundá-lo em sua marcha através do emaranhado terreno do conhecimento científico. “É precisamente este sentido do problema – afirma Bachelard – que dá a marca do verdadeiro espírito científico”.
Desde Einstein, acredita-se que é mais importante para o desenvolvimento da ciência saber formular problemas do que encontrar soluções.
Uma vez formulado o problema, as etapas seguintes, nas fases da pesquisa, devem ser previstas, a fim de que se tenha certeza da viabilidade da mesma, através das técnicas existentes. Elabora-se, pois um plano provisório do assunto. Este servirá de guia, embora venha a adaptar-se posteriormente, à marcha da pesquisa, modificando-se ou transformando-se em razão dos resultados parciais ou definitivos.
4.3 - Estudos Exploratórios
Esta fase do trabalho destina-se ao levantamento do material necessário para a investigação. De acordo com o tipo de pesquisa, ter-se-á que reunir instrumentos, aparelhos, materiais diversos ou documentos. Estes últimos constituem a matéria-prima da pesquisa bibliográfica.
4.3.1 – Levantamento Bibliográfico
	
	Praticamente todo o conhecimento humano pode ser achado nos livros ou em outros impressos que se encontram nas bibliotecas. A pesquisa bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos problemas formulados e o recurso é a consulta dos documentos bibliográficos. Para encontrar o material que interessa numa pesquisa é necessário saber como estão organizadas as bibliotecas e como podem servir os documentos impressos.
	Para um levantamento do problema a ser pesquisado convém:
a) fazer um levantamento do material mais recente, aproveitando-se do acervo de conhecimentos atualizados sobre o problema;
b) selecionar a documentação mais importante, evitando um acúmulo excessivo de material;
c) concentrar-se nas informações e bibliografia mais importantes. Para isto: 
- utilizar-se das fontes de informação bibliográfica;
organizar a própria documentação bibliográfica;
proceder de forma a iniciar-se pelas publicações gerais antes das obras específicas, ou de artigos de revista ou resumos de pesquisa.
O contato com pessoas-fonte ou pessoas que se especializaram em um tema pode auxiliar na orientação da literatura mais atualizada e na definição mais precisa do problema.
A elaboração escrita da revisão bibliográfica, reunido as informações atuais sobre o problema, é útil para o pesquisador definir com precisão a sua pesquisa e pode ser indispensável para apresentar o objetivo da investigação e a contribuição nova que traz.
O pesquisador deve estar informado dos principais dados que já foram recolhidos sobre o problema que aborda. A assimilação de resultados já alcançados por outros pesquisadores evita repetições desnecessárias, situa a pesquisa no contexto dos trabalhos científicos e auxilia a formulação da própria problemática. Permite, ainda, identificar como os problemas foram postos e conceitualizados, dá acesso às teorias e modelos explicativos que foram propostos e leva a conhecer os paradigmas experimentais que foram utilizados. A elaboração escrita da revisão bibliográfica deve indicar ao menos a situação atual do problema, os avanços e limites, os resultados alcançados e as posições divergentes.
4.3.1.1 – Documentação
	Julgamos conveniente reter o conceito de documento apresentado pela Union Française des Organismes de Documentation, por nos parecer o mais preciso e completo de todos os conceitos já apresentados:
		Documento é toda base de conhecimento fixado materialmente e suscetível de ser utilizado para consulta, estudo ou prova.
	Os documentos são classificados de acordo com sua natureza e forma.
4.3.1.2 – Natureza dos Documentos
	Quanto à natureza, devem-se distinguir dois tipos de documentos, cujo valor é desigual numa pesquisa: fontes e trabalhos.
1)Fontes
	Fonte é todo e qualquer documento ligado diretamente ao objeto de estudo. São as testemunhas diretas ou “contemporâneas” do fato estudado, material bruto, não elaborado.
	Estudando-se, por exemplo, a evolução do pensamento econômico na Inglaterra, pelos fins do século XVIII, início do século XIX, as fontes são os escritos dos economistas de então, tais como Adam Smith, David Ricardo, Stuart Mill e outros.
2)Trabalhos
	Trabalho é todo e qualquer estudo científico, elaborado a partir das fontes e relacionado com objeto da pesquisa.
	Para a mesma questão, podem-secitar, entre outros, os seguintes trabalhos: Paul HUGON, História das Doutrinas Econômicas, São Paulo, Atlas, 1969; Eduard HEIMANN, História das Doutrinas Econômicas, Rio de janeiro, Zahar ed., 1965
Um estudo feito sobre trabalhos em nada pode contribuir para o progresso das ciências, portanto limita-se a repetir os resultados alcançados. Sendo as memórias e as teses trabalhos científicos originais, devem sempre basear-se sobre as fontes. Durante os cursos de graduação (nível de licença) os alunos são, entretanto, iniciados no estudo das fontes, em particular por meio dos comentários de texto.
4.3.1.3 – Formas dos documentos
	Quanto à forma, podem-se distinguir vários tipos de documentos:
1) Manuscritos;
2) Impressos sem periodicidade: livros, folhetos (menos de 100p.), catálogos comerciais, textos legais, processos, pareceres, correspondência publicada, etc.
3) Periódico: revistas, boletins, jornais, anuários, etc.;
4) Microfilmes que reproduzem outros documentos;
5) Diversos: mapas, planos, desenhos, documentos fotográficos, filmes,cd-room, etc.
4.3.2 – O uso da Biblioteca
	A habilidade em fazer pesquisas em bibliotecas começa com uma compreensão de como elas são organizadas e com uma familiaridade na utilização dos seus recursos.
	Todo livro que chega a uma biblioteca é registrado com as informações a ele referentes, classificado e agrupado segundo o assunto de que trata e, finalmente, incluído no catálogo que deve conter todas as publicações de que dispõe a biblioteca.
4.3.3 – O uso dos documentos bibliográficos
	
	Nos primeiros passos da consulta o pesquisador necessita de informações gerais sobre o assunto que deve desenvolver: poderá encontrá-las em artigos de dicionários especializados, em enciclopédias e em manuais. Estes o remeterão aos tratados completos, isto é, às obras que abordam e desenvolvem amplamente o assunto. Se necessitar de um estudo atualizado e recente, o pesquisador procura um artigo em revista. Se necessitar de notícias ou crônicas da atualidade, procura a seção dos jornais. Tentando reunir a documentação referente a sua pesquisa, faz-se a leitura de reconhecimento, examinado a folha rosto, o sumário, a bibliografia, a introdução, o prefácio e as orelhas dos livros. Estes elementos fornecem uma idéia das informações existentes na obra. A leitura das notas ao pé da página servem de pista para identificação das fontes, isto é, dos documentos primários. Este serão a matéria-prima da pesquisa.
	Não se trata, pois, no início, de um estudo exaustivo da documentação, mas apenas de um rápido exame.
4.3.4 – O material de pesquisa
	Nesta fase do levantamento, faz-se a coleta de todo o material necessário para o trabalho. À medida que os documentos, que interessam ao assunto, são localizados através da leitura de reconhecimento, devem-se anotar as referências bibliográficas. Em outros termos procede-se à elaboração da bibliografia.
	A bibliografia para uso do pesquisador deve estar relacionada com o plano de assunto, de sorte que corresponda a suas partes constitutivas.
	Faz-se, pois, a seleção deste material com vistas ao tema ou ao aspecto que se quer focalizar.
	Chega então o momento da leitura, análise e interpretação dos documentos. Antes, porém, convém saber como se há registrar cuidadosamente os dados selecionados para maior eficiência.
4.3.5 – O uso da Internet
	
	Trata-se de uma rede de informações, de abrangência mundial, onde estão registradas para consultas dos interessados, uma infinidade de assuntos.
	O acesso à rede é feito por intermédio de computador que possua o recurso para tal (placa de FAX MOLDEN ligada a um provedor).
4.3.6 – Tomada de Apontamentos e Confecções de Fichas
	Uma vez selecionado o material, recolhem-se os dados, informações ou afirmações que os documentos podem fornecer. Trata-se da tomada de apontamentos.
	É preciso assegurar a retenção daquilo que se quer conservar, pois a memória interna é frágil. Os apontamentos são como uma memória exterior. Bem organizados, podem se constituir numa mini-biblioteca para uso pessoal.
	O apontamento será formal, quando se transcrevem as palavras textuais extraídas de um documento ou conceptual, quando se traduzem as idéias de outrem com as próprias palavras. Registrem-se somente os dados, fatos ou proposições mais importantes.
	Ângelo Domingos Salvador, inspirando-se em outros autores, sintetiza desta maneira as qualidades de um bom apontamento:
1) Um bom apontamento é mais do que um mero assunto ou esboço de temas. Indique-se com precisão o que foi escrito sobre o tema, distinguindo-se o assunto e o conteúdo.
2) Um bom apontamento é tão preciso que não deixa dúvida sobre seu significado. Lembrar-se de que, passado algum tempo, pode-se não reconhecer mais o sentido de um apontamento.
3) Um bom apontamento possui todos os dados necessários para voltar rapidamente a sua fonte original.
4) Um bom apontamento tem um encabeçamento bem definido.
5) Um bom apontamento é o que é feito com o pensamento de que o material será incorporado no trabalho.
	O importante é saber distinguir o essencial do acessório. Evite-se acumular material excessivo, fazendo-se os apontamentos com reflexão e sobriedade. Às vezes, são mais importantes as idéias gerais que as particulares.
	Não se tome nenhuma nota antes de realizar a leitura reflexiva e crítica de todo o texto: é medida de prudência para evitar a inutilização dos apontamentos feitos às pressas.
	Aconselha-se utilizar frases ou palavras próprias, cuidando-se de reproduzir com fidelidade o significado do que o autor expressa. Procedendo-se desta maneira, entendeu-se bem a leitura realizada.
	Como assegurar a eficiência de um apontamento? Observem-se as seguintes normas práticas:
1)Ter em vista os objetivos do trabalho, procurando anotar somente os dados suscetíveis de fornecer alguma luz sobre o problema formulado.
2)Percorrer antes todo o texto para evitar anotações de dados que são desenvolvidos mais adiante.
3)Sublinhe-se com lápis os pontos principais se o livro é próprio. Caso contrário, registrem-se as anotações em folhas numeradas, colocando-se a página do livro em cada nova afirmação ou pensamento do autor.
4)Transcrever as anotações em fichas, cadernos ou folhas, colocando-se entre aspas as citações textuais e anotando-se em folhas separadas ou no verso as idéias próprias que surgirem.
 
	
 
 
	
- Modelo de ficha para apontamentos
	Vê-se, portanto, que, numa pesquisa bibliográfica, um bom apontamento deve ser feito em duas etapas:
Num primeiro momento, registrem-se os dados sobre folhas de papel, com o cuidado de colocar no alto de cada folha as referências bibliográficas da obra consultada, à margem esquerda as páginas respectivas e, no verso, as idéias pessoais que surgirem durante a leitura. A ordem da leitura dos apontamentos é simplesmente cronológica: os dados são registrados à medida que a leitura avança.
Num segundo momento, registrem-se os dados sobre fichas. O tipo ou modelo da ficha é questão de preferência pessoal. A experiência mostra que entre os pesquisadores existe grande liberdade neste particular. O que todos observam, entretanto, é o seguinte: as fichas são organizadas em função dos assuntos. A ordem dos apontamentos registrados sobre as fichas não é mais uma ordem cronológica, mas lógica. O cabeçalho da ficha deve identificar, através de um termo ou dois, o conteúdo da mesma. Em geral esses cabeçalhos correspondem ao sumário do trabalho. Devem figurar sobre uma ficha outros elementos indispensáveis: as referências bibliográficas e a respectiva página da obra de onde se extraiu o apontamento.
Aquele que tiver a suficiente paciência para realizar estas tarefas cansativas com esmero, terá a grande satisfação de constatar que seu esforço será compensado ante a facilidade com que poderá proceder à redação de seu trabalho: basta dispor todas as fichas referentes a um mesmo assunto

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