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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO - Unidade II - LIVRO TEXTO - Educação Física UNIP

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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Unidade II
5 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO TEXTO
Caro aluno, o texto a seguir é de autoria de Chico Buarque, notório compositor. Ao ler o texto, você 
pode afirmar que se refere a um contexto atual, vivido pelos meninos hoje?
Doze anos
Ai, que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos
Que saudade ingrata
Dar banda por aí
Fazendo grandes planos
E chutando lata
Trocando figurinha
Matando passarinho
Colecionando minhoca
Jogando muito botão
Rodopiando pião
Fazendo troca-troca
Ai, que saudades que eu tenho
Duma travessura
Um futebol de rua
Sair pulando muro
Olhando fechadura
E vendo mulher nua
Comendo fruta no pé
Chupando picolé
Pé-de-moleque, paçoca
E disputando troféu
Guerra de pipa no céu
Concurso de pipoca
(BUARQUE, 1997)
Os meninos hoje passam por brincadeiras como as descritas na letra de música? Pensando nos 
centros urbanos, tal quadro descrito é possível?
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Verificamos que a letra de música, um texto escrito aqui reproduzido, relaciona-se a um contexto. 
Veremos, a partir desta seção, a relação entre os textos, em especial os escritos, e o contexto.
A escrita alfabética é considerada uma tecnologia (algo feito com instrumentos – tinta, caneta, papel 
– inventados pelo homem para estender suas capacidades naturais), porém não pode ser desvinculada 
de seu contexto de uso e de seus usuários; ao entrar no contexto linguístico e cultural de diferentes 
línguas, passa a ser modificada por esses contextos.
Por isso, a escrita hoje é vista como uma série de práticas socioculturais variadas. As variações 
ocorrem em línguas diferentes, é claro, mas também dentro da própria língua do falante, por exemplo, 
entre camadas sociais distintas. Grupos sociais diferentes usam materiais escritos de maneiras diferentes, 
ainda que dentro de um mesmo universo cultural. Pais de classes sociais mais favorecidas tendem a 
explorar com suas crianças os livros infantis, preparando-as para o tipo de linguagem que encontrarão 
na vida escolar. Por outro lado, crianças de classes sociais menos favorecidas tendem a adquirir mais 
habilidades de interação oral (desafio, exibição) que contribuem para formas culturais como o rap.
Na área da educação, cada língua, assim como cada cultura, é vista não como algo homogêneo, mas 
sim composta por variantes socioculturais determinadas pelos usuários e os contextos e finalidades em 
que são usadas. A linguagem, assim como a cultura, se manifesta como variantes locais particularizadas 
em contextos específicos.
Uma decorrência dessa concepção heterogênea de linguagem é não ver a língua como 
compartimentada em “quatro habilidades” estanques: ler, escrever, ouvir, falar. O uso da língua quase 
sempre envolve escrita e oral, compreensão e produção simultaneamente. O exemplo citado é a “leitura” 
de livros infantis por pais para seus filhos. Nessa prática, ocorre leitura, compreensão oral, e intenso 
uso das ilustrações, relacionando-as com o texto escrito. Além disso, as novas formas de comunicação 
introduzidas pelo uso do computador são inovadoras da prática escrita, introduzindo ícones, imagens, 
abreviações e modificando as regras da escrita tradicional.
A recente e crescente utilização da linguagem na comunicação mediada pelo computador (e-mails, 
chats, blogs etc.) oferece muitos exemplos de novos usos de linguagem. Na internet, imagens e sons 
interagem de forma intensa com o texto escrito alfabético. A comunicação, em páginas da web, é baseada 
na inter-relação entre imagem, texto escrito e sons. Essa característica é nomeada multimodalidade. 
O conceito de escrita, devido a essa característica multimodal, passa a ser o exercício de optar pela 
trajetória a ser seguida, fazendo escolhas entre sons, imagens, textos escritos, vídeos.
A escrita pode ser focada sob três perspectivas, na concepção de Koch e Elias (2009): foco na língua, 
no escritor e na interação.
A escrita com enfoque na língua relaciona-se à concepção de linguagem como um sistema pronto, 
acabado, devendo o autor se apropriar desse sistema e de suas regras. Nesse sentido, o sujeito é visto 
como predeterminado pelo sistema e o texto, por sua vez, é visto como simples produto de uma 
codificação realizada pelo autor. Basta, então, o conhecimento da língua tanto para produção quanto 
a leitura de um texto.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A escrita com enfoque no escritor relaciona-se à ideia de que ao escrever expressamos os 
nossos pensamentos. O autor é visto, por conseguinte, como sujeito psicológico, individual, 
dono e controlador de sua vontade e de suas ações. Como bem esclarecem Koch e Elias (2009, 
p. 33):
Trata-se de um sujeito visto como um ego que constrói uma representação 
mental, “transpõe” essa representação para o papel e deseja que esta seja 
“captada” pelo leitor da maneira como foi mentalizada.
O texto, nesse enfoque, é considerado um produto do pensamento e intenções do autor sem levar 
em conta as experiências e os conhecimentos do leitor nem a interação que envolve o processo da 
escrita e da leitura.
Por fim, a escrita vista com enfoque na interação é encarada como produção textual, que exige do 
autor ativação de conhecimentos vários. A escrita não é compreendida apenas como apropriação das 
regras da língua, mas como interação escritor-leitor.
Nessa interação, as intenções de quem escreve são consideradas e também os conhecimentos 
do leitor. Temos, então, uma concepção interacional da língua, pois autor e leitor são vistos 
como construtores sociais. Nessa perspectiva, a escrita é uma atividade que demanda estratégias 
como:
• ativação de conhecimentos sobre a situação comunicativa: interlocutores, assunto a ser 
desenvolvido etc.;
• seleção, organização e desenvolvimento das ideias a fim de manter a continuidade do tema e sua 
progressão;
• balanceamento entre informações explícitas e implícitas;
• revisão da escrita ao longo do processo, guiada pelo objetivo da produção e pela interação que o 
escritor pretende estabelecer com o leitor.
A escrita é evidentemente uma produção com base nos elementos da língua e na sua forma de 
organização, mas requer a mobilização de um vasto conhecimento compartilhado entre escritor e 
leitor.
Diante da escrita, o leitor aciona os conhecimentos prévios e os confronta com o texto, construindo 
o sentido. Ele percorre as marcas linguísticas deixadas pelo autor para entender o texto, assumindo 
papel de sujeito ativo ao inferir e interagir com dados do texto. O autor e o leitor de um texto 
são social e ideologicamente constituídos e, assim caracterizados, são produtores de sentido. Seus 
comportamentos, sua linguagem e a configuração de sentido são determinados pelo momento 
sócio-histórico. Portanto, o sentido de um texto nunca é o mesmo, pois pode ser lido em diferentes 
momentos da vida (e de maturidade) do leitor, portanto pode ser mudado, revestindo-se assim de 
uma pluralidade de sentidos.
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Para que duas ou mais pessoas possam compreender-se mutuamente, é preciso que seus 
conhecimentos sejam parcialmente semelhantes, ou melhor, seus conhecimentos devem ser 
compartilhados uma vez que é impossível duas pessoas partilharem exatamente os mesmo 
conhecimentos.
Em uma situação de interação, atuamos com base no contexto. O contexto é alterado, ampliado, 
e as pessoas se encontram obrigadas a ajustar-se aos novos contextos que se vão ocasionando 
sucessivamente. O conhecimento de mundo de cada um, já é por si mesmo um contexto.
O contexto se tornou indispensável para a construção e compreensão textual. “O contexto é um 
conjunto de suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizadas para a interpretação de 
um texto” (KOCH,1998, p. 65). O contexto permite preencher lacunas do texto, estabelecendo os elos 
faltantes por meio de inferências.
Assim, a escrita pode ter seu significado alterado em função de fatores contextuais, e o contexto 
pode ser usado para justificar o que deve ser dito e também para o que não deve.
Hoje em dia reconhecemos de forma bastante ampla que muito da produção de sentido depende 
fundamentalmente do contexto e que, além disso, não há uma definição única de quanto ou de que tipo 
de contexto é necessário para a descrição da linguagem.
Nós temos o contexto imediato, que abrange os participantes da comunicação, local e tempo da 
interação, objetivo da comunicação e meio de propagação do texto. Esse contexto ocorre em torno de 
outro contexto – o mediado, constituído por aspecto social, histórico e cultural. Voltemos à letra de 
música Doze anos, de Chico Buarque, tomando-a como exemplo.
Na letra de música, o autor evoca o tempo em que ele era um menino de doze anos marcado 
por brincadeiras como matar passarinho, colecionar minhocas, jogar muito botão, rodopiar pião, jogar 
futebol na rua, comer fruta no pé, entre outros aspectos indicadores de um contexto mediado.
Esse tempo retratado na letra de música é bem diferente deste que vivenciamos atualmente. Os 
garotos vivem em centros urbanos com predominância de predios e escassez para brincadeiras ao ar 
livre, bem como a inexistência expressiva da natureza. Hoje TV, computador, videogame ocupam lugar 
das antigas brincadeiras.
Vejamos outro texto, de um escritor conhecido por mim e por muitos outros apreciadores de texto 
poético. Sobre o texto:
• indicaremos o contexto imediato: participantes, local e data, objetivo do texto e como ele foi 
propagado.
• discutiremos o contexto mediado.
• relacionaremos o título com o posicionamento do autor sobre o assunto.
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Professor de História
Quando eu conto
Que nesta terra
A nudez era tão natural
E que o pecado e a malícia vieram de longe,
A bordo de treze naus
Quando eu conto
que os corpos nus
Mirados pelo vento
Vestidos com a inocência
Foram violados por olhos cúpidos
Ultrajados por olhos sedentos
Quando eu conto
Que trouxeram tantos deuses
Novas crenças, todas vãs
Eu já tinha minha fé
Eu já tinha meu pajé
Eu queria trocar meu Tupã?
Quando eu conto
Que o Deus que aqui chegou
Trazido do além-mar
Viajou com o invasor?
Com certeza na primeira maré
Levou um à proa, e o outro se pôs na ré
Quando eu conto
Que tanto se fez
Em nome de uma fé
Matou-se, vestiu-se
E levou o que da terra se apanhava
Para uma desconhecida e longínqua Sé
Quando eu conto
Que para cá trouxeram a Cruz
e contaram seu significado
E sem que ficassem chocados
Cruzaram os corpos mortos e despidos
Com corpos mortos de meninos nus
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Quando eu conto
Que tudo que eu conto é verdade
Ah Tupã. que impunidade!
Já não existe Tupi, Tapuia ou Timbira...
Podia ser tudo um conto
Podia ser tudo mentira
(CHAIM, 2008)
O contexto imediato constitui-se dos participantes específicos à situação comunicativa: são o autor 
Roberto Chaim e nós, leitores do poema. Postado no site especialista em textos literários, o poema é 
contemporâneo e alcança internautas interessados em poema. O mundo virtual – via sites – é a forma 
mais utilizada atualmente por escritores e outros artistas para a divulgação de seus trabalhos. Essa 
forma intensifica a interação entre o autor e leitor, uma vez que não há editora mediando o contato.
Por tratar de um texto literário, o poema tem a função lúdica, estética (trabalha com a matéria 
prima: a língua) e também de denúncia. No caso, o assunto nos dá o contexto mediado: a chegada dos 
estrangeiros ao continente americano e a repercussão para a vida e a cultura dos índios.
O posicionamento do autor é nítido sobre o assunto. O ponto de vista não é do europeu conquistador, 
considerando-se grande aventureiro em nome de uma nação europeia. Também não é do ponto de vista 
indígena, porque traz em seu discurso um distanciamento sobre este grupo social, além de demonstrar 
conhecimentos, crenças e valores do mundo ocidental europeu. Assim, em uma posição, talvez mediadora 
(entre conquistadores e conquistados), pende para o lado dos índios na não aceitação da dizimação dos 
índios e da sua cultura.
O título explica a escolha do assunto, afinal, esse assunto faz parte do conteúdo programático de 
aulas de História, mas não indica o ponto de vista assumido. Na área de história, como já foi dito neste 
livro-texto, hoje há duas perspectivas para o estudo: a história vista de cima ou a história vista de baixo. 
Percebemos que o poeta Chaim assume a segunda perspectiva, para a qual o Brasil representou não 
uma conquista vitoriosa, mas quase que um genocídio, com milhares de índios mortos e devastação na 
cultura local. Não é uma aula de história contada pelo herói, com direito a matar quem não quisesse se 
converter ao Cristianismo.
 Lembrete
O documento Dum diversa assinado pelo Papa Nicolau I para o rei de 
Portugal outorgava ao rei o direito de cristianizar.
Uma publicação, cujo contexto imediato é fundamental, é a carta do leitor. Devido ao seu caráter 
transitório, extremamente vinculado ao momento da notícia, a seção carta do leitor apenas é compreendida 
pelo leitor que acompanha as leituras do jornal ou da revista no mesmo ciclo de publicação (semana ou 
mês) em que foi divulgada. Descontextualizada, ou seja, retirada daquele momento em que conversa 
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com a notícia da semana (no caso do jornal) ou do mês (no caso da revista mensal), a carta do leitor 
causa dificuldade na leitura. Vejamos um trecho de uma carta do leitor:
Os ataques terroristas a Nova York e a grande crise na Argentina mostram que em 2001 
o mundo virou de cabeça para baixo. E o caos está só começando. Daniel Silva Souza, São 
Paulo, SP.
(ÉPOCA, 31 dez. 2001)
Veiculada na revista Época em 31 de dezembro de 2001, hoje o leitor pode ter dificuldade para 
recuperar o contexto da carta. O leitor se lembra do evento com as torres em Nova York, devido à 
repercussão internacional constante desde então, mas pode não se lembrar que tipo de crise ocorreu 
na Argentina.
Diferente dessa carta, outra ocorrida no mesmo mês e ano, mas na revista Superinteressante, 
apresenta o seguinte conteúdo:
Floresta da Mãe Joana
Os políticos têm o dever de criar leis severas para proteger nosso patrimônio (Piratas da 
Floresta, novembro, pág. 51). Hoje os piratas entram aqui quando querem e saem com o que 
querem. Reinaldo Ribeiro, Barueri, SP.
(ROJO, 2001)
No caso dessa segunda carta do leitor, ela dialoga com reportagem publicada no mês anterior na 
mesma revista. A reportagem foi intitulada como Piratas da floresta e tratou dos desmandos do país. 
O autor da carta do leitor pode corroborar a notícia ou discordar dela. No caso acima, o autor afirma a 
opinião jornalística sobre o assunto.
A charge é mistura da linguagem imagética e a linguagem verbal, com características de humor, 
mostrando irreverência e uma certa lição de moral. O assunto da charge é uma crítica irônica sobre 
uma notícia publicada na semana. Por isso, ela pode causar dificuldade de entendimento por parte do 
leitor.
A charge é constituída pela linguagem não verbal (figuras) e, geralmente, pela linguagem verbal. Em 
uma das charges de Angeli, temos a seguinte caracterização:
A linguagem verbal é constituida pelo seguinte enunciado:
• A flora brasiliense
Fraudulência (Vegetale corruptus) – Árvore da família das Maracutaias, suas sementes chegaram 
ao país com as caravelas e hoje, mesmo com raízes espalhadas por todo o território nacional, 
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seu caule espessoe sua copa frondosa estão fincados no Planalto Central, bem no coração do 
Brasil.
A linguagem não verbal consiste em:
• no plano de fundo, os símbolos da Capital do país: os prédios do Planalto Central, onde se reúnem 
os políticos brasileiros;
• em destaque, uma árvore frondosa com homens engravatados no seu tronco e ramos; das copas 
saem as folhas em forma de cédula.
O leitor reconhece nessa charge o contexto – não imediato, pois é difícil recuperar a qual notícia 
essa charge se vincula, mas o contexto mediado, relacionado à história do país, em especial à história de 
corrupção política. O contexto da charge, na verdade, exige do leitor uma grande dose de conhecimento 
de mundo e da capacidade de inferência.
O leitor precisa recuperar a informação de que a linguagem da charge é uma paráfrase da obra 
Flora brasiliensis, produzida entre 1840 e 1906, pelos editores Carl Friedrich Philipp von Martius, August 
Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, com a participação de 65 especialistas de vários países e contém 
tratamentos taxonômicos de 22.767 espécies, a maioria de angiospermas brasileiras, reunidos em 15 
volumes, divididos em 40 partes, com um total de 10.367 páginas. O leitor precisa perceber também que 
ao satirizar os políticos corruptos o autor emprega jargão da ciência natural.
O efeito de sentido encontra-se, então, na relação entre o gênero textual – charge – com o tipo de 
discurso – jornalístico.
Sobre a escrita, em conclusão, ressaltamos a síntese feita por Koch e Elias (2009, p. 84):
• quem escreve o faz sempre para alguém (amigo, parente, namorado, 
funcionário, professor, aluno, nós mesmos) de modo a levar em conta, 
nessa atividade, o “histórico” que possui sobre o interlocutor;
• quem escreve o faz guiado por um objetivo (um desabafo, uma 
solicitação, uma explicaçao, a defesa de um ponto de vista, uma 
instrução, uma retificação etc.);
• quem escreve o faz com base em um conjunto de conhecimentos, 
tanto é assim que nao se pode produzir qualquer texto de qualquer 
forma em qualquer situação. Para a troca comunicativa imaginada, é 
esperada a “escolha” do gênero textual (um e-mail, um requerimento, 
uma carta, um artigo de opinião, um manual de instrução, uma lista) 
em adequação ao contexto, dentre outros ingredientes a serem levados 
em conta, segundo os quais vamos construindo e reconstruindo a 
nossa escrita, palavra por palavra, sem que isso signifique que o sentido 
pretendido emerge da soma de palavras em frases e parágrafos, mas, 
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sim, que os elementos linguísticos presentes na materialidade do texto 
funcionam como importante orientação para que nós ultrapassemos 
o plano da linearidade, do visivelmente colocado, e mergulhemos nos 
“segredos do texto”, na sua implicitude.
O contexto possibilita avaliar o que é adequado ou não do ponto de vista dos modelos interacionais 
construídos culturamente. Um exemplo é a charge de Angeli, publicada na Folha de S. Paulo, cujo 
cenário é o interior de uma mansão e em cujas escadas centrais desce a esposa acompanhada por uma 
legião de empregadas. O marido a espera no fim da escada e diz:
- Querida, você está um luxo! Aonde vamos?
- Participar de uma passeata contra a concentração de renda e a discriminação social!
Verificamos uma inadequação da personagem feminina em relação ao contexto do evento a qual 
participará. Aqueles que participam de uma passeata contra concentração de renda e discriminação 
social não devem ostentar luxo, riqueza. Tal atitude da mulher é um exemplo de inadequação e quebra 
o conhecimento que temos sobre o assunto; no entanto, a ruptura constitui um novo contexto; 
no caso, o propósito final da charge que é revelar uma crítica a fatos comumente relacionados à 
política.
O contexto também possibilita:
• salientar o tópico do discurso e o que é esperado para a continuidade temática e progressão do 
texto;
• produzir inferência e sentido;
• explicar ou justificar o que foi dito;
• explicar ou justificar o que é dito e o que não deve ser dito.
Exemplo de aplicação
1. A letra de música Tupi or not tupi é do compositor e cantor Biafra. Sobre ela, podemos fazer 
algumas considerações:
Tupi or not tupi
Cara pálida você não é filho desse lugar!
Veio do Ocidente doente poluiu nosso lar!
Aqui tinha caça, tinha pesca, tinha o sol e a lua...
Tinha o riacho inteiro pra poder navegar,
Não havia dinheiro pra quê trabalhar!?
Se o que tinha na mata dava pra sustentar!
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Mas veio a caravela e o vento começou a mudar,
E quem não servia de escravo mandavam matar...
Aqui só existia o presente não havia o futuro!
Nesse tempo o Cauín não se vendia no bar,
Não havia limites somente o mar,
Toda tribo era festa até tudo acabar!
To be or not to be...
Tupi or not Tupi...
To be or not to be...
Tupi or not... Tupi or not...
Tupi or not Tupi...
Cara pálida você não é dono desse lugar!
Sua pele fica invisível na areia do mar...
Hoje não tem caça, não tem pesca, só menino de rua!
Hoje tem polícia, bandido e o medo no ar.
O que fez seu progresso se não destruir
O que havia de bom e bonito aqui!
E hoje quem restou deste povo vive numa prisão...
Trocou sua vida de índio pela vida de cão!
Hoje a velhice é doença e quem nasce não cura!
Hoje as estrelas são olhos que brilham no escuro,
cada casa uma ilha, somos todos estranhos
Espantalhos humanos entre o Acre e Londres!
To be or not to be...
Tupi or not Tupi...
To be or not to be...
Tupi or not... Tupi or not...
Tupi or not Tupi...
ê macumbabebê, ê macumbê...
ê macumbabá, Macumbá!
Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/byafra/tupi-or-not-tupi.html#ixzz1OhYrmUpZ>
I. Quem fala no texto representa a voz social do índio brasileiro que se contrapõe à formação 
ideológica colonialista.
II. No texto, há referência à literatura inglesa (Hamlet, de Shakespeare) e brasileira (poema Tupi or 
not tupi, de Oswald de Andrade).
III. O caráter dialógico do discurso consiste na multiplicidade de vozes, no caso, do índio que dirige 
o discurso para o branco, europeu, construindo relação simétrica entre as vozes.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
A) Apenas I está correta.
B) Apenas II está correta.
C) Apenas III está correta.
D) I e II estão corretas.
E) I e III estão corretas.
Comentário: A alternativa correta é D). O contexto imediato é constituído por nós, ouvintes ou 
leitores da letra de música e pelo compositor, situados na mesma época e ambiente sociocultural. 
Fortemente marcado é o contexto mediado ao recuperar um momento histórico brasileiro: a colonização 
e as consequências para o povo indígena. Esse texto também recupera o contexto cultural ao fazer 
referência à peça teatral Hamlet e ao poema brasileiro Tupi or not tupi. Ao leitor cabe relacionar ambas 
as obras, uma vez que a frase notória da peça Hamlet é “Ser ou não ser, esta é a questão”, sendo em 
inglês To be or not to be, fonemas parodiados por Oswald de Andrade pela proximidade sonora como 
Tupi or not tupi, fazendo remissão à língua indígena tupi.
2. A ilustração abaixo não tem linguagem verbal, objeto desta seção do livro-texto, mas é um ótimo 
motivo de leitura e verificação do contexto. Assim, leia o texto abaixo e discuta as possíveis inferências 
históricas. Explica-se que no centro do peito da personagem o círculo está na cor vermelha.
Figura 15 - Fonte: Site Tsunami: des images pour le Japon
Comentário: Caro aluno, você deve ter contextualizado a ilustração ao tsunami no Japão ocorrido 
em março de 2011 e as consequências, observadas por meio dos: restos de madeira, casas, fábricas, 
meio de transporte, sujeira e alagamento. É possível perceber a nacionalidade pelo formato do cabelo 
do jovem, pela mascote na mão do jovem e pelo círculo vermelho que sugere a bandeira nacional 
japonesa. Além dessesaspectos contextuais, outro, de nível mundial, pode ser recuperado: o símbolo da 
radiação, que aparece no canto inferior à direita da ilustração e sugere a importância dada pelo autor 
ao problema das usinas nucleares e a dissipação de sua radioatividade.
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6 INTERTEXTUALIDADE
Você se lembra deste texto?
Monte Castelo
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
(VILLA-LOBOS; BONFÁ; RUSSO, 1995)
É uma letra de música de muito sucesso e nela ocorre a intertextualidade de forma explícita, ou seja, 
há cópia de trechos de outros textos nela. Há trecho do poema de Luis Vaz de Camões:
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(CAMÕES, 2008)
Verificamos que o músico estabelece um diálogo com o poeta Camões, ao utilizar uma das estrofes 
de seu poema. Caso o leitor não tenha esse conhecimento, a intertextualidade não será reconhecida 
e, portanto, também não será reconhecida a essência da mensagem sobre o tema “amor”. A escolha de 
uma mesma caracterização os une no papel de poetas, cuja proposta é difundir um valor ou ponto de 
vista sobre o amor.
Há também trechos bíblicos:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos...
(BÍBLIA, 1993, COR. I, 13:1)
Intertexto é o diálogo que cada texto estabelece com outros textos. Já dizia Bakhtin (1986, p. 291): 
“cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de outros enunciados”. Ainda segundo Bakhtin 
(1986, p. 162),
o texto só ganha vida em contato com outro texto (com contexto). Somente 
neste ponto de contato entre textos é que uma luz brilha, iluminando tanto 
o posterior como o anterior, juntando dado texto a um diálogo. Enfatizamos 
que esse contato é um contato dialógico entre textos. Por trás desse contato 
está um contato de personalidades e não de coisas.
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Koch, Bentes e Cavalcante (2008) afirmam que a tarefa de identificar a presença de outro ou de 
outros textos em um texto escrito, por exemplo, depende muito dos conhecimentos do leitor, ou seja, 
depende de seu conhecimento de mundo ou enciclopédico, de seu conhecimento linguístico e de seu 
conhecimento interacional. O primeiro deles, o conhecimento chamado enciclopédico, é fundamental 
para que o leitor consiga atribuir sentido a um dado texto que recorre a outros textos. Nesse sentido:
Também é importante destacar que a inserção de “velhos” enunciados em 
novos textos promoverá a constituição de novos sentidos. É verdade que 
a nova produção trará os ecos do(s) texto(s)-fonte e estes se farão ouvir 
mais – ou menos – dependendo dos conhecimentos do leitor. Contudo, o 
“deslocamento” de enunciados de um contexto para outro, indiscutivelmente, 
provocará alteração de sentidos (KOCH; ELIAS, 2010, 78-79).
Para falar em intertexto, precisamos dar um breve resumo sobre as vozes presentes no texto. Os 
textos têm a propriedade intrínseca de se constituir a partir de outros textos. Por isso, todos eles são 
atravessados, ocupados, habitados pelo discurso do outro. Um texto remete a duas concepções diferentes: 
aquela que ele defende e a outra em oposição à qual ele se constrói. Nele, ressoam duas vozes, dois 
pontos de vista, e o discurso é sempre a arena em que se discutem esses pontos.
Por exemplo, através de alguns vídeos assistidos, visualizamos que a divulgação de um dos anúncios 
da BomBril “Mon Bijou” faz alusão à beleza e ao charme do ator Reynaldo Gianecchini com a marca 
famosa e cheirosa “Bombril-Mon Bijou”, pois na propaganda o ator proclama uma cantada para as 
mulheres e elas acabam jogando peças íntimas para ele, em sinal de não resistência ao ator. É esta a ideia 
que o locutor pretende passar para seu público específico: que eles(as) não podem resistir a consumir a 
marca predileta pelas mulheres brasileiras; afinal, é uma marca irresistível. Conseguimos perceber essa 
intenção através do slogan que enuncia da seguinte forma: “É mais do que bom. É Bombril.”
É essencial identificarmos a presença do intertexto no exemplo citado acima, porque sabemos que 
o intertexto não faz referência somente aos textos literários e sim a anúncios publicitários, imagens/
vídeos, músicas, filmes, entre outros.
De acordo com Koch e Elias (2010, p. 85),
Vale reiterar que, para o processo de compreensão, além do conhecimento 
do texto-fonte, necessário se faz também considerar que a retomada de 
texto(s) em outro(s) texto(s) propicia a construção de novos sentidos, uma 
vez que são inseridos em uma outra situação de comunicação, com outras 
configurações e objetivos.
Quando ocorrem situações em que o intertexto está presente, precisamos, como já dito na seção 
anterior, mobilizar nosso conhecimento de mundo ou enciclopédico para atribuir sentido ao texto. Esse 
movimento nos leva a perceber que há diferentes formas a que um autor pode recorrer para inserir 
outros textos em seu texto. A essas diferentes formas, chamamos “tipos de intertexto” e esses tipos nos 
permitem caracterizar a intertextualidade.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
As autoras Koch, Bentes e Cavalcante (2008) afirmam que podemos separar a intertextualidade, 
inicialmente, em duas correntes: a denominada stricto sensu e a denominada lato sensu. Essas correntes 
determinam o grau de explicitação e a natureza do intertexto utilizado na composição textual.
Por intertextualidade stricto sensu, entendemos aquela que ocorre geralmente “quando, em um 
texto, está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória 
social de uma coletividade ou da memória discursiva dos interlocutores” (p. 17). Assim, as sequências 
argumentativas stricto sensu são aquelas que apresentam uma ordenação ideológica de argumentos 
e/ou contra-argumentos. Nelas predominam elementos modalizadores, verbos introdutores de opinião, 
operadores argumentativos etc.
Por intertextualidade lato sensu, entende-se aquela de sentido mais amplo e, portanto, mais 
difícil de ser percebida, afirmam as autoras ser aquela que indica que “qualquer texto se constrói 
como um mosaico de citações e é a absorção e transformação de um outro texto” (p.85). Esse tipo de 
intertextualidade é mais difícil de ser percebida porque remete a outras vozes textuais de forma indireta, 
apresentando fragmentos textuais de diferentes gêneros, oque torna menos evidente a descoberta do 
texto “escondido”.
Em sentido amplo, o conceito de intertextualidade se constitui não só a partir de uma construção de 
citações, como também na absorção e na transformação de um outro texto. Considerando as práticas 
de produção e recepção dos gêneros textuais, o fenômeno da intertextualidade aparece como forma 
relevante da interação comunicativa no âmbito social. Além disso, determina a existência de gêneros 
textuais que mantêm entre si relações intertextuais, no que diz respeito à estrutura textual, possibilitando 
assim, ao leitor/ouvinte construir em sua memorial social determinados modelos cognitivos de contexto, 
permitindo-lhes reconhecê-los e saber recorrer a cada um deles de maneira adequada.
Os tipos de intertextualidade são:
Intertextualidade temática – consiste na abordagem de um mesmo assunto por vários meios ou 
portadores de textos (o texto científico, a mídia impressa ou televisiva, a internet etc.), em que determinado 
tema torna-se discurso focal e é retomado nos diferentes textos. Nesse tipo de intertextualidade, o que 
o autor faz é retomar, em seu texto, terminologias e conceitos referentes ao tema discutido, porém, já 
apresentados anteriormente em outros textos ou em outros contextos. É o que acontece, por exemplo, 
quando uma história é contada em versões diferentes, ou quando uma obra literária é transformada em 
filme: há elementos que são adicionados, outros que são subtraídos, mas o tema principal se mantém, 
assim como os conceitos e terminologias a ele relacionados.
 Observação
O texto brasileiro que mais passou pelo processo de intertextualidade, 
ou seja, texto que autores mais fizeram referência a ele, é o poema Canção 
do exílio, de Gonçalves Dias.
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Segundo Koch, Bentes e Cavalcante (2008, p. 18),
A intertextualidade temática é encontrada, por exemplo, entre textos 
científicos pertencentes a uma mesma área do saber ou uma mesma 
corrente de pensamento, que partilham temas e se servem de conceitos 
e terminologia próprios, já definidos no interior dessa área ou corrente 
teórica; entre matérias de jornais e da mídia em geral, em um mesmo 
dia, ou durante um certo período em que dado assunto é considerado 
focal; entre as diversas matérias de um mesmo jornal que tratam desse 
assunto.
Assim, podemos dizer que a intertextualidade temática se resume nos temas ou assuntos que são 
tratados e retomados nos diferentes discursos que circulam socialmente.
Exemplo de aplicação
1. Leia a letra de música:
Espinho na roseira
Tem espinho na roseira
Cuidado vai cortar a mão
Pedro Alcântara do Nascimento
amava Rosa Albuquerque Damião
Pedro Alcântara amava Rosa,
mas a Rosa não amava ele não
Rosa Albuquerque amava Jorge,
amava Jorge Benedito de Jesus
E o Benedito, Bendito Jorge,
amava Lina que é casada com João
E o João, João sem dente,
amava Carla, Carla da cintura fina
E a Carla, linda menina,
amava Antônio Violeiro do Sertão.
E o sertão vai virar mar
E o mar vai virar sertão
E o Antônio, cabra da peste,
amava Júlia que era filha de Odete
E a Odete amava Pedro,
que amava Rosa que era prima de Drumond
E o Drumond era casado
com Maria que era filha de Sofia,
mãe de Onofre e de José
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
E o José era casado com Nazira
que era filha de Jandira,
concubina de Mané
E o Mané tinha 17 filho
dez home e seis menina
e um que ia resolver
E o rapaz tava já na adolescência
tinha brinco na orelha
e salto alto prá crescer.
E o Rodolfo que já era desquitado
era homem mal amado
não queria mais viver
E encontrou Maria Paula de Arruda
que lhe deu muita ajuda
fez seu coração nascer
E são essas histórias de amor
Que acontecem todo dia sim senhor
(ABUJAMRA, 1995)
a. A letra de música Espinho na roseira, de André Abujamra, faz intertexto com o poema Quadrilha, 
de Carlos Drummond de Andrade por meio de dois aspectos: a estrutura e o conteúdo. Compare 
os dois textos: como eles se estruturam em relação aos encontros e desencontros amorosos? O 
final das histórias é idêntico?
b. Leia a letra de música seguinte e compare-a com Espinho na roseira. Existe intertextualidade entre 
elas?
Sobradinho
Sá e Guarabyra
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia
do beato que dizia que o Sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
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Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Pilão Arcado, Sobradinho
Adeus, Adeus ...
(GUARABYRA; SÁ, 1998)
Comentário: Tanto o poema de Drummond quanto a letra de música de Sá e Guarabyra serviram para 
a construção de Espinho na roseira. Existe, portanto, uma relação intertextual. Da música Sobradinho, 
foi usada a expressão “o sertão vai virar mar”, que se tornou refrão; do poema de Drummond, todo o 
assunto – desencontro amoroso – é usado na letra, em uma intertertualidade temática explícita, bem 
como a forma como a história se desenvolve na letra: X ama Y, que tem relação com Z e assim por diante. 
O final é idêntico: aquela pessoa que não almejava um relacionamento é a única que efetivamente 
consegue.
2. Enigma: No meio do caminho...
a) Tente descobrir de que texto Milton Nascimento retirou o primeiro verso do texto Itamarandiba.
Itamarandiba
No meio do meu caminho sempre haverá uma pedra
Plantarei a minha casa numa cidade de pedra
Itamarandiba, pedra corrida, pedra miúda
rolando sem vida
Como é miúda e quase sem brilho a vida
do povo que mora no vale
No caminho dessa cidade passarás por Turmalina
Sonharás com Pedra Azul, viverás em Diamantina
No caminho dessa cidade as mulheres são morenas
Os homens serão felizes como se fossem meninos
(BRANT; NASCIMENTO, 1997)
b) Agora tente descobrir de que texto Carlos Drummond de Andrade retirou o primeiro verso de seu 
texto:
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
(ANDRADE, 2003)
c) Por fim, tente descobrir de que texto Olavo Bilac retirou o título do seu poema Nel mezzo del 
camin.
Nel mezzo del camin...
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
(BILAC, 1978)
d) Procure no mapa do Estado de Minas Gerais as cidades mencionadas no texto Itamarandiba. 
O que esses nomes têm em comum? Somente para ajudar, a palavra ita em tupi significa 
pedra.
Comentário: O enigma tornou-se uma brincadeira, uma vez que a resposta era obtida em 
texto posterior. É uma forma bem humorada para a percepção de cada texto remete a outro, 
com ocorrência da intertextualidade. Assim, Milton Nascimento recorre a Drummond, que, por 
sua vez, ironizou Bilac. Este segue uma tradição e sevolta ao primeiro verso da obra A divina 
comédia, de Dante Alighieri, cujo início transcrevo aqui na versão original (italiana) e em nossa 
língua. São autores de época diferente: Dante Alighieri, italiano, da Idade Média; os outros são 
brasileiros. Bilac é do fim do século XIX; Drummond lançou-se na literatura um pouco antes da 
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metade do século XX. Entre os poetas e músicos, os artistas de forma geral, há um constante 
diálogo.
Nel mezzo del cammin di nostra vita
mi ritrovai per una selva oscura,
ché la diritta via era smarrita.
Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
esta selva selvaggia e aspra e forte
che nel pensier rinova la paura!
Tant’ è amara che poco é piú morte;
ma per trattar del ben ch’i’ vi trovai,
dirò de l’altre cose ch’i’ v’ho scorte.
Io non so ben ridir com’i’ v’intrai,
tant’ era pien di sonno a quel punto
che la verace via abbandonai.
No meio do caminho em nossa vida
me vi perdido numa selva escura,
solitário, sem sol e sem saída.
Ah, como armar no ar uma figura
desta selva selvagem, dura, forte,
que, só de eu a pensar, me desfigura?
É quase tão amargo como a morte;
mas para expor o bem que encontrei,
outros dados darei da minha sorte.
Não me recordo ao certo como entrei,
tomado de uma sonolência estranha,
quando a vera vereda abandonei.
(ALIGHIERI, 1998)
Intertextualidade estilística - é dada a partir da produção de um texto, por meio de diferentes 
objetivos do autor, quando este recorre à repetição de um texto, ou à imitação, à paródia de certos 
estilos linguísticos. Na verdade, o que acontece nesse tipo de intertextualidade é a manutenção de 
um determinado estilo linguístico, portanto, podemos dizer que esse tipo de intertextualidade não 
apresenta ligação temática com o outro texto, mas apenas utiliza sua forma.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Exemplos desse tipo de intertextualidade são os textos que se baseiam na linguagem 
bíblica ou que reproduzem um dialeto, ou um estilo de um determinado gênero ou um jargão 
profissional.
Entre outros exemplos, temos a Oração do Internauta (apud KOCH; BENTES; CAVALCANTE. 2008) , 
que tem como intertexto a oração da liturgia cristã “Pai Nosso”.
Oração do Internauta
Satélite nosso que estais no céu, acelerado seja o vosso link, venha a nós o vosso host, seja feita 
vossa conexão, assim em casa como no trabalho.
O download nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai nosso tempo perdido no Chat, assim como 
nós perdoamos os banners de nossos provedores.
Não nos deixeis cair a conexão e livrai-nos do Spam,
Amém!
No contexto dessa nova “oração”, é utilizada a oração do Pai Nosso para apresentar elementos 
específicos do contexto da informática. Nesse caso, se o leitor não tem nenhuma informação sobre o 
tema ou se não conhece a oração do Pai Nosso, fica mais difícil compreender e atribuir sentido ao texto. 
Notemos, portanto, que o conhecimento de mundo do leitor é imprescindível para a compreensão e 
percepção do intertexto.
Intertextualidade explícita – caracteriza-se pela presença da citação da fonte do intertexto. É 
o que ocorre em resumos, resenhas, traduções ou discursos relatados, quando o autor apresenta um 
fragmento de um outro texto ou se refere a um outro texto. Por isso esse tipo de intertextualidade é 
considerada explícita, pois traz, claramente, qual a origem de determinadas informações que aparecem 
em uma resenha, em um resumo ou, ainda, em uma citação.
Koch, Bentes e Cavalcante (2008), para explicar a intertextualidade explícita, recorrem à obra escrita 
por Koch em 2004, na qual esta cita trechos das obras de Mondana e van Dijk, utilizados por ela como 
argumento de autoridade. A autora afirma que para explicar uma dada posição teórica, ela faz uso dos 
dois autores citados, destacando a maneira como ambos se referem ao tal posicionamento teórico. Ela 
recorre à voz desses dois autores para impor confiabilidade ao seu texto, e os trechos citados funcionam 
como argumento de autoridade, que ajudam a comprovar sua posição teórica. O intertexto explícito 
está, justamente, na apresentação dos trechos desses dois autores.
A intertextualidade acontece na interação face a face, usada para a retomada da fala do parceiro. 
Nesse sentido:
A intertextualidade será explícita quando, no próprio texto, é feita menção 
à fonte do intertexto, isto é, quando um outro texto ou um fragmento é 
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citado, é atribuído a outro enunciador; ou seja, quando é reportado como 
tendo sido dito por outro ou por outros generalizados (“Como diz o povo...”, 
“segundo os antigos...”). É o caso das citações, referências, menções, resumos, 
resenhas e traduções; em textos argumentativos, quando se emprega o 
recurso à autoridade; e, em se tratando de situações de interação face a face, 
nas retomadas do texto do parceiro, para encadear sobre ele ou contraditá-
lo, ou mesmo para demonstrar atenção ou interesse na interação (KOCH; 
BENTES; CAVALCANTE, 2008, p. 28).
É sempre importante que o leitor procure identificar o fenômeno e pensar nas escolhas feitas pelo 
autor, perguntando-se sempre, ao ler um texto: “por que e para que o autor citou a fonte, se tem a 
opção de não fazê-lo?”.
Intertextualidade implícita - entendemos por intertextualidade implícita aquela que recorre ao 
sentido figurado, em um texto, não permitindo que o leitor depreenda seu sentido de imediato.
Ela ocorre quando introduzimos, no próprio texto, intertexto alheio, sem qualquer menção explícita 
da fonte, com o objetivo quer de seguir-lhe a orientação argumentativa, quer de contrariá-lo, colocá-lo 
em questão, de ridicularizá-lo ou argumentar em sentido contrário.
Ocorre também intertextualidade das semelhanças, que é identificada pela presença de paráfrases e 
conhecida também por captação. A intertextualidade das diferenças é chamada também de subversão, 
que consiste em enunciados irônicos ou parodísticos.
Nesse sentido, é esperado que o leitor conheça o texto fonte para poder entender o texto atual, 
pois quando não há reconhecimento do texto original na memória discursiva, perde-se o sentido da 
intertextualidade no texto atual. Os intertextos mais fáceis de serem reconhecidos são os que usam ditos 
populares, músicas populares, provérbios, pois fazem partes da cultura popular. Já nos textos literários, 
jornalísticos, publicitários, políticos, bordões de programas humorísticos e outros, “o reconhecimento do 
intertexto é menos garantido, visto que depende da amplitude dos conhecimentos que o interlocutor 
tem representado em sua memória” (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2008, p.35). A não depreensão do 
texto fonte, nesses casos, empobrece a leitura ou praticamente impossibilita a construção de sentidos 
intencionados pelo produtor do texto.
Os exemplos mais frequentes de intertextualidade, tanto explícita quanto implícita, citados, é a 
Canção do exílio, do autor Gonçalves Dias, que tem servido de intertexto a uma série de outros textos 
(Casimiro de Abreu, Murilo Mendes, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade).
Canção do exílio (Casimiro de Abreu)
Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,
Meus amores ficam lá!
– Onde canta nos retiros
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Seus suspiros,
Suspiros a sabiá!
(ABREU et al., 1952)
Exemplo de aplicação
Leia os textos 1 e 2:
Texto 1
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho,à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(DIAS, 1996)
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Texto 2
Hino Nacional – Parte II
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores.”
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada em 1909
A relação estabelecida entre os textos é:
A) De distanciamento, pois o primeiro é poema, pertencente à área da ficção, e o segundo é símbolo 
nacional.
B) De distanciamento, pois apesar de ambos os textos terem o mesmo formato (versos e estrofes) 
não existe ideia em comum entre eles.
C) De proximidade, uma vez que o texto 1 recorreu ao texto 2 e copiou os trechos “Nossos bosques 
têm mais vida, Nossa vida mais amores.“
D) De proximidade, porque ambos os textos valorizam o país e há trecho do texto 1 copiado no texto 2.
E) Decorrente da nacionalidade, ou seja, ambos os textos são brasileiros.
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Comentário: O poema Canção do exílio ficou muito famoso pelo sentimento de nacionalismo 
muito intenso. O texto desconsidera problemas da época (contexto histórico, político etc.) e 
descreve apenas a natureza, que ainda era muito rica. O poema virou um símbolo e, décadas 
depois, o autor do nosso Hino Nacional copiou, com ligeiras adaptações, trecho do poema. Assim, 
a resposta correta é D).
Intertextualidade genérica
A intertextualidade intergenérica ou híbrida é definida como gênero que exerce a função de outro. 
Revela a capacidade de operação e maleabilidade que dá aos gêneros enorme capacidade de adaptação 
e ausência de rigidez. Como modelo cognitivo de contexto que contém parâmetros relevantes da 
interação comunicativa e do contexto social:
É bastante comum, todavia, que, no lugar próprio de determinada prática 
social ou cena enunciativa se apresente(m) gênero(s) pertencentes a 
outras molduras comunicativas, evidentemente com o objetivo de produzir 
determinados efeitos de sentido. Para tanto, o produtor do texto conta com 
o conhecimento prévio dos seus ouvintes/leitores a respeito dos gêneros em 
questão (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2008, p. 64).
As estratégias de manipulação da intertextualidade intergenérica ocorrem pela seleção e troca 
de palavras que compõem a estrutura de um dado texto; para tanto, os recursos de formatação 
genérica desenvolvem um conjunto de expectativas em relação ao conteúdo da narrativa e em 
relação a sua forma. Essa concepção de intertextualidade intergenérica mostra o fenômeno da 
intertextualidade não apenas em suas características estruturais ou estilísticas, mas, sobretudo, é 
revelado como um elemento primordial para o encadeamento da leitura. Partindo dessa premissa, 
entende-se que os sentidos expostos na superfície textual só serão, de fato, compreendidos, se os 
interlocutores tiverem previamente armazenados em sua memória discursiva o conhecimento dos 
textos originais.
As relações intertextuais existem para dar unidade aos textos, para estabelecer seus limites e, 
também, para mostrar como esses textos estão ordenados. A intertextualidade genérica, na verdade, nos 
mostra como os textos se constituem de modo heterogêneo, como são abertos e dinâmicos, passíveis 
de modificações sempre.
Intertextualidade tipológica – a intertextualidade lato sensu determina, assim como a 
intertextualidade stricto sensu, o grau de explicitação e a natureza do intertexto utilizado na composição 
textual. O leitor deve compreender que os gêneros são formados por sequências diferenciadas 
denominadas tipos textuais, considerando que a noção de gênero não se confunde com a noção de 
tipo.
Partindo dessa premissa, uma narrativa ou uma descrição diferem uma da outra e também de 
outras narrativas e outras descrições. As sequências reconhecidas como descritivas, por exemplo, 
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compartilham um certo número de características do conjunto – uma sensação familiar que 
incita o leitor a reconhecê-las como sequências descritivas mais ou menos típicas, mais ou menos 
canônicas.
Ademais, verifica-se teoricamente que os tipos são agrupados como narrativos, descritivos, 
argumentativos, expositivos ou injuntivos; dessa maneira, é enfatizado que os gêneros textuais são 
constituídos por dois ou mais tipos. Portanto, a presença de vários tipos textuais em um dado gênero é 
denominada de heterogeneidade tipológica.
A intertextualidade lato sensu, entretanto, não é vista de forma tão aparente, pois é preciso que haja 
uma remissão discursiva a outras vozes textuais, ainda que de forma indireta para que ela ocorra. Dessa 
forma, esse tipo de intertextualidade (tipológica) irá configurar-se a partir da noção de intertexto como 
componente textual natural. Para que esse intertexto seja evidenciado pelos interlocutores torna-se, 
portanto, necessário um desempenho discursivo maior, uma vez que, à relação intertextual não subjaz 
uma remissão a textos que fazem parte da memória cognitiva cultural e socialmente partilhada. A 
intertextualidade lato sensu apresenta fragmentos textuais de diferentes naturezas de uma forma bem 
menos evidenciável.
Intertextualidade tipológica decorre do fato de se poder depreender, entre tipos textuais – narrativas, 
descritivas, expositivas etc. – um conjunto de características comuns, em termos de estruturação, seleção 
lexical, uso de tempos verbais, advérbios (de tempo, lugar, modo etc.) e outros elementos que permitem 
reconhecê-las como pertencentes à determinada classe.
Concluindo, recorremos à metáfora do iceberg. Por mais que percebamos algo no texto só vemos 
uma parte superficial dele.
Exemplo de aplicação
Oficina
As próximas atividades são preparatórias para o entendimento do filme Matrix (o primeiro da trilogia) 
no que diz respeito à intertextualidade.
A – A alegoria da caverna é uma criação do filósofo Platão (V a.C.) para tratar do jogo aparência 
e essência. Segundo ele, temos de ultrapassar o que vemos a fim de alcançarmos a ideia. A alegoria é 
recontada por Jostein Gaarder, no livro O mundo de Sofia.
Alegoria da caverna
Imagine um grupo de pessoas que habita o interior de uma caverna subterrânea. 
Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de 
sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e 
por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que 
se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas 
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figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa 
que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E como essas pessoas 
estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única coisa 
que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela 
prisão. Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombrasprojetadas na parede 
da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. E o que acontece 
quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, 
a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos 
das figuras, de que ele até então só vira as sombras, ofusca a sua visão. Se ele conseguir 
escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais dificuldade ainda 
para enxergar devido à abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá 
como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais 
e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações 
baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as 
flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais 
da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as 
sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando 
da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá 
dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, 
ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações 
da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e 
dizem que aquilo que veem é tudo o que existe; é a única verdade que existe; é a realidade. 
Por fim, acabam matando-o.
(GAARDER, 1995)
1. Leia a definição de alegoria:
Uma alegoria é uma representação figurativa que tem dois planos: o da representação figurada, 
literal e visível, e o da significação encoberta. Alegoria é um modo de expressão literária e artística que, 
através de um conjunto de imagens, mostra uma realidade com significado simbólico.
A decifração de uma alegoria depende sempre de uma leitura intertextual, que permite identificar 
num sentido abstrato um sentido mais profundo, sempre de caráter moral. Recurso artístico e 
literário que, por intermediário de imagens figuradas, mostra uma realidade com significado 
simbólico.
Na literatura clássica uma das alegorias mais conhecidas é o mito da caverna na obra República de 
Platão (Livro VII). Por que o leitor pode considerar a Alegoria da caverna uma alegoria?
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2. A alegoria platônica está estruturada em dois níveis, como aponta no quadro o estudioso Jorge 
Claudio Ribeiro, na obra Platão: ousar a utopia:
No texto I – caverna presos luz do fogo II – “lado de cima” 
Visão de mundo (mundo) (homem)
mundo corpo sensível 
mundo das ideias almas
Política privilégios de grupos
poder, honra, individual
bem da sociedade
o bem
Conhecimento aparência, opinião, ideologia conceito, ciência
Ética prazer imediato disciplina realização plena
Amor corpos belos a beleza
educação espontaneidade ilusão pressão educação plena
a. Identifique os tipos de ideia que nos vêm “empacotados”. Quem as emite? Qual nossa reação 
espontânea diante delas?
b. Em que situações a violência material e a prisão da mente se fortalecem uma a outra?
c. Que fatores contribuem para a libertação de um país ou de um grupo? Dê exemplos.
d. Relate as etapas de alguma descoberta importante que você (algum amigo ou grupo de pessoas) 
fez em direção ao crescimento como ser humano.
e Dê sua interpretação sobre os pontos principais da Alegoria da caverna. Debata suas conclusões 
com os colegas de curso.
B – Maurício de Sousa criou a história em quadrinho As sombras da vida, disponível na Internet no 
endereço < http://www.monica.com.br/comics/piteco/pag1.htm>. Depois da leitura da HQ e do texto 
filosófico Alegoria da caverna, de Platão, compare:
a. Semelhanças entre os dois textos.
b. Diferenças.
c. Referências à atualidade na HQ.
C – Você já ouviu falar do escritor português José Saramago com certeza. Entre outros livros, ele 
escreveu A caverna.
a) Pelo título, que intertexto ocorre no livro, ou seja, a que outro texto o livro faz referência?
b) Ainda pelo título, que hipótese pode ser levantada sobre o tema do livro?
c) Leia um trecho do livro:
Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam 
pregados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar 
a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra 
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margem é que importa, A não ser, A não ser, quê, A não ser que esses tais rios não tenham 
duas margens, mas muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua própria margem, e que 
seja sua, e apenas sua, a margem a que terá de chegar.
D – Caça-palavras
a. Encontre no caça-palavras as palavras em destaque.
Jesus (a.C. – 29-36? d.C.) é a figura central do cristianismo. Para a maioria dos cristãos 
Jesus é Cristo, a encarnação de Deus e o “Filho de Deus”, que teria sido enviado à Terra para 
salvar a humanidade. Acreditam que foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão 
dos mortos e ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa). Para os adeptos do islamismo, Jesus 
é conhecido no idioma árabe como Isa (ىسيع, transl. Isaā), Ibn Maryam (“Jesus, filho de 
Maria”). Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes 
do Juízo Final. Alguns segmentos do judaísmo o consideram um profeta, outros um apóstata. 
Os quatro evangelhos canónicos são a principal fonte de informação sobre Jesus.
Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana 
da Judeia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte, 
ajudando a delinear o rumo da civilização ocidental.
Texto retirado de: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus>
P R J E S U S A S P
R R X G J I Ç S S R
O E X B G J E S P O
F S T E R C E I R O
H S M A N I D A O F
H U M A N I D A F E
I S J E S E A G E T
K C T E R C E S T A
F I D T E R C E A M
V T D U R Y H A G F
A O U T E R C E D C
E U Q U A T R U S D
b. Relacione o episódio bíblico sobre Cristo com a Alegoria da caverna, de Platão, identificando no 
episódio o que seria:
• A caverna.
• A sombra.
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• A pessoa que se liberta da caverna.
• A realidade a ser conhecida.
c. Aponte as semelhanças e diferenças entre o destino final do indivíduo da Alegoria da caverna e 
Jesus Cristo.
E – Você conhece a história de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Crie ilustrações adequadas 
para o público infantil para o trecho da obra:
Alice faz-se de convidada duma festa de chá louco, onde estão presentes o Chapeleiro 
Maluco, a Lebre de Março e o Arganaz que permanece adormecido durante uma grande parte 
da festa.Todos eles desafiam Alice com enigmas lógicos, porém estes revelam uma incoerência 
nas suas declarações. O Chapeleiro Maluco revela que está perpetuamente destinado a beber 
chá porque o Tempo puniu-o em vingança, parando o tempo às 6 da tarde, a hora do chá. Alice 
sente-se insultada e cansada de ser bombardeada com tantos enigmas e sai imediatamente, 
afirmando que esta era a festa mais estúpida de chá em que já tinha ido. Entretanto encontra 
uma porta num tronco de uma árvore e entra, voltando novamente para o átrio inicial. Desta 
vez, abre primeiro a pequena porta, depois come um pedaço do cogumelo que estava guardado 
no bolso e por fim entra apressadamente no tão desejado jardim...
F – Gênero textual e intertextualidade:
1. A seguir um exemplo de sinopse de filme:
O mágico de Oz
(Wizard of Oz, 1939)
Direção: Victor Fleming, Richard Thorpe, King Vidor
Roteiro: L. Frank Baum, Noel Langley
Gênero: Aventura/Fantasia/Musical
Origem: Estados Unidos
Duração: 101 minutos
Tipo: Longa-metragem
Sinopse: Após um tornadoem Kansas, Dorothy vai parar com sua casa e seu cachorro 
na fantástica Oz, onde as coisas são coloridas, bonitas e mágicas. Porém, o seu maior desejo 
é retornar de volta para casa, para isso ele deve encontrar um mágico, que lhe mostrará 
como realizar esse seu desejo. Para chegar até ele, contudo, Dorothy viverá uma aventura 
inesquecível através do caminho de tijolos amarelos.
a. Indique o gênero desse texto e a função.
b. Por ser curto, somente informações básicas são colocadas nele. O que mais você conhece sobre a história?
c. Que tal você montar uma sinopse de seu filme predileto?
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2. Você já sabe o que intertextualidade.
Mágico de Oz
Racionais Mc’s
Aquele moleque, sobrevive como manda o dia a dia, tá na
correria, como vive a maioria, preto desde
nascença escuro de sol, eu to pra ver ali igual no futebol, sair
um dia das ruas é a meta final viver
descente, sem ter na mente o mal, tem o instinto, que a
liberdade deu, tem a malícia, que a cada
esquina deu, conhece puta, traficante ladrão, toda raça uma par
de alucinado e nunca embaço,
confia nele mais do que na polícia, quem confia em polícia, eu
não sou louco, a noite chega, e o frio
também, sem demora e a pedra o consumo a cada hora, pra aquecer
ou pra esquecer, viciar, deve
ser pra se adormecer, pra sonhar, viajar na paranoia na
escuridão, um poço fundo de lama, mais um
irmão, não quer crescer, ser fugitivo do passado, envergonhar-se
aos 25 ter chegado, queria que
Deus ouvisse a minha voz e transformasse aqui no mundo mágico de OZ
Queria que Deus ouvisse a minha Voz!!!! (Que Deus Ouvisse a
minha Voz) No mundo mágico de OZ -
Um dia ele viu a malandragem com o bolso cheio, pagando a rodada
risada e vagabunda no meio, a
imprensão que dá, é que ninguém pode parar, um carro importado,
som no talo, Homem na Estrada
eles gostam, só bagaceira só, o dia inteiro só, como ganha o
dinheiro, vendendo pedra e pó, rolex
ouro no pescoço a custa de alguém, uma gostosa do lado pagando
pau pra quem? A polícia passou e
fez o seu papel, dinheiro na mão, corrupção à luz do céu, que
vida agitada hein? gente pobre tem,
periferia tem, você conhece alguém, moleque novo que não passa
dos doze, já viu, viveu, mais que
muito homem de hoje, vira a esquina, e para em frente a uma
vitrine, se vê, se imagina na vida do
crime, dizem que quem quer segue o caminho certo, ele se espelha
em quem tá mais perto, pelo
reflexo do vidro ele vê, seu sonho no chão se retorcer, ninguém
liga pro moleque tendo um ataque,
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foda-se quem morrer desta porra de crack, relaciona os fatos com
seus sonhos, poderia ser eu no
seu lugar, ah, das duas uma eu não quero desandar, por aqueles
mano que trouxeram essa porra pra
cá, matando os outros, em troca de dinheiro e fama, grana suja
como vem vai não me engana, queria
que DEUS, ouvisse a minha voz e transformasse aqui no mundo
mágico de OZ...
Queria que Deus ouvisse a minha Voz!!!! (Que Deus Ouvisse a
minha Voz) No mundo mágico de OZ -
Hey mano, será que ele terá uma chance, quem vive nesta porra,
merece uma arrevanche, é um dom
que você tem de viver, é um dom que você recebe pra sobreviver,
história chata, mas você tá ligado?
que é bom lembrar, que quem entrar é um em cem, pra voltar, quer
dinheiro pra vender, tem um
monte aí, tem dinheiro quer usar, tem um monte aí, tudo dentro
de casa, vira fumaça, é foda, será
que DEUS deve ta provando minha raça? só desgraça, gira em torno
daqui, falei do JB, é o que
queria fazer, rezei pra um moleque que pediu, qualquer trocado
qualquer moeda, me ajuda tio? pra
mim não faz falta, uma moeda não neguei, e não quero saber, o
que que pega se eu errei,
independente a minha parte eu fiz, tirei um sorriso ingênuo,
fiquei um terço feliz, se diz que
moleque de rua rouba, o governo, a polícia no Brasil quem não
rouba? Ele só não têm diploma pra
roubar, ele não se esconde atrás de uma farda suja, é tudo uma
questão de repercussão irmão, é
uma questão de pensar, ah, a polícia sempre dá o mau exemplo,
lava minha rua de sangue, leva o
ódio pra dentro, pra dentro, de cada canto da cidade, pra cima
dos quatro extremos da
simplicidade, a minha liberdade foi roubada, minha dignidade
violentada, que nada, os manos se
ligar, parar de se matar, amaldiçoar, levar pra longe daqui essa
porra, não quero que um filho meu
um dia DEUS me livre morra, ou um parente meu acabe com um tiro
na boca, é preciso morrer pra
DEUS ouvir minha voz, ou transformar aqui no mundo mágico de
OZ...
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Queria que Deus ouvisse a minha Voz!!!! (Que Deus Ouvisse a
minha Voz) No mundo mágico de OZ [...]
(RACIONAIS MC’S, 2010)
a. Qual é o gênero do texto de Racionais Mc’s?
b. Qual é o tema?
c. Que relação podemos estabelecer entre esse texto com o Mágico de Oz?
2. O anúncio abaixo é da BomBril. Do que ele é constituído?
Figura 16
G – Espelho:
1. Que tal brincar de Espelho meu...?
Você precisa de:
o Um espelho
o Um amigo
O que deve fazer:
Põe-se em frente ao espelho.
Aproxime-se. Afaste-se. Faça uma careta.
Levante a mão direita e pouse-a sobre o espelho.
Jogue com um amigo aos espelhos: repita os mesmos movimentos, de frente para o seu amigo e 
ele vai fingir que é o espelho.
Será divertido.
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O que acontece?
A mão toca no espelho é a mesma que vê no espelho?
Quando joga aos espelhos e levanta a mão direita, qual é a mão que o seu amigo levanta?
Um espelho plano reflete a imagem real, embora invertida em termos de direita e esquerda.
2. O espelho aparece em situações diferentes. Dê exemplo da importância do espelho em:
a. mito b. literatura c. religião
3. “Espelho, espelho meu, existe um intelectual mais sabido do que eu?” Num primeiro nível, a 
reflexão sobre o espelho será sempre um questionamento do ego sobre si mesmo. Mas o espelho nunca 
responde, ou melhor, nunca discorda, ao contrário, seu silêncio eternamente cúmplice se faz íntimo das 
mais desmesuradas comparações.
Crie situações de vaidade:
a. Espelho, espelho meu, existe.............?
b. Espelho, espelho meu, existe............?
H – Criatividade:
1. Faça uma lista de filmes e/ou livros de ficção que imaginam o futuro da humanidade, separando-
os em duas colunas:
otimistas apocalípticos
2. Leia sobre Nabucodonosor, segundo duas fontes: a história e a Bíblia. O futuro profetizado por ele 
é otimista ou apocalíptico?
História:
Aproximadamente no ano de 606 a.C., o império babilônico dominava o mundo de 
então. Nabucodonosor, o rei deste império, havia subjugado o povo de Israel e muitos foram 
levados para o cativeiro. Dentre os cativos estava o jovem Daniel, da Tribo de Judá. Babilônia 
era uma cidade de beleza e luxo. Seus palácios e jardins suspensos se tornaram uma das sete 
maravilhas do mundo antigo. Era cercada por imensos muros e gigantescas portas, além de 
um profundo fosso rodeando os muros. Babilônia era considerada uma cidade inexpugnável. 
O rio Eufrates cortava a cidade em diagonal, sob os muros, fertilizando os maravilhosos 
jardins. O território, que Nabucodonosor governava, tivera uma longa e variada história 
e estivera sob o governo de diferentes povos e reinos. De acordo com o Gênesis, a cidade 
de Babilônia foi parte do reino fundado por Nimrod, bisneto de Noé. Nabopolasar foi o 
fundador do que se chama o Império Caldeu, o qual teve sua idade de ouro nos dias do rei 
Nabucodonosor e durou até que Babilônia caiu em mãos dos medos-persas no ano 539. 
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Nabucodonosor se orgulhava de sua Babilônia, que ele dizia ter criado por suas próprias 
mãos, com a força de seu poder, para glória de suamagnificência. Mas ele se preocupava 
em como seria quando ele não fosse mais o governante.
[...]
Relato bíblico:
Como todos os antigos, Nabucodonosor acreditava nos sonhos como um dos meios pelos 
quais os deuses revelavam sua vontade aos homens. Segundo a Bíblia, em uma noite, Deus 
decidiu revelar a Nabucodonosor o futuro em uma profecia, não só do Império da Babilônia, 
mas também a história de toda a humanidade. Nabucodonosor sonhou com uma grande 
estátua, a cabeça era de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e coxas de bronze, as 
pernas de ferro e os pés eram parte de ferro e parte de barro. Enquanto admirava a estátua, 
uma grande pedra veio do alto e acertou os pés da estátua que acabou sendo totalmente 
destruída. Depois disso a pedra cresceu até cobrir toda a face da terra.
No dia seguinte ao pensar no sonho, o rei percebeu que não conseguia se lembrar de 
nada. Não conformado com o esquecimento procurou ajuda dos sábios de sua corte. Exigiu 
que eles o fizessem lembrar do sonho e também dessem a sua interpretação.
Daniel não estava presente quando os sábios foram convocados e notificados da difícil tarefa. 
Se o mistério não fosse solucionado todos os sábios seriam executados. A severidade do castigo não 
estava fora do tom com os costumes desses tempos. No entanto, era um passo temerário do rei 
porque os homens cuja morte tinha ordenado constituíam a classe mais culta da sociedade. Daniel 
pediu um tempo para buscar o auxílio de Deus e então solucionar o que parecia impossível.
Segundo a Bíblia, uma noite Deus enviou a Daniel o mesmo sonho do rei. Algum tempo 
depois Daniel foi levado até Nabucodonosor. Daniel descreveu o sonho com exatidão ao rei, 
contou até mesmo o que Nabucodonosor pensara antes de dormir. Nabucodonosor não tinha 
nenhuma dúvida que aquele era o sonho e que Deus havia revelado essas coisas a Daniel.
Em seguida Daniel deu a interpretação do sonho. Daniel descreveu, segundo o relato 
bíblico, a história da humanidade desde a Babilônia até o dia do juízo final. Segundo Daniel 
as diferentes partes da estátua eram diferentes impérios que se sucederiam no controle e 
domínio do mundo (WIKIPEDIA, Profecia da estátua de Nabucodonosor).
3. Imagine o futuro. Como será a sociedade? Os valores éticos? A política? A natureza? Produza uma 
história criativa, diferente daquelas conhecidas por você.
I – Nomes:
a. Você já pensou no significado dos nomes?
b. Qual é a história de seu nome? Por que ele foi escolhido?
c. Relacione cada nome com seu significado:
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Ana Hebraico: cheia de graça, a benéfica.
Beatriz Latim: a que faz feliz alguém.
Paulo Latim: pouco, pequeno.
Policarpo Grego: o de muitos frutos, frutoso.
Ulisses Grego: o odiado por Zeus, o irritado.
Sofia Grego: sabedoria.
 Saiba mais
Assista ao filme Matrix
THE MATRIX. Direção: Wachowski Brothers. Estados Unidos: 1999 
(primeiro filme da série). (136 min.).
Relatório do filme Matrix
I – Intertextualidade:
1. Logo no início do filme, Neo procura algo no livro oco intitulado Simulations and simulacra, de 
Jean Baudrillard. Pelo título, indique uma hipótese para a presença do livro no filme.
2. O filme faz referência ao livro Alice no País das Maravilhas. De que forma ocorre a intertextualidade, 
isto é, referência ao livro no filme, e qual é a importância do episódio para o personagem principal, 
Neo.
3. O filme faz referência também à história O mágico de Oz. Qual é a frase que explicita tal referência 
e em que contexto do filme ela ocorre?
II – A história de The Matrix baseia-se na alegoria da caverna de Platão.
1. Identifique no filme:
a. O que representa a caverna.
b. O que são as sombras.
c. Quem é a pessoa que se liberta da caverna.
d. A realidade conhecida.
2. Relacione: (a) pílula vermelha ( ) ignorância
 (b) pílula azul ( ) conhecimento
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
3. No filme, há o discurso direto: “Os olhos doem, porque você nunca os usou.” Relacione essa fala 
com o mito da caverna.
III – Conhecimento e os sentidos
1. Uma ideia filosófica adotada no filme é “Conheça a ti mesmo”, que era colocada no templo Apolo 
em Delfos. A mesma frase aparece no filme, mas em latim. Onde fica a frase?
2. Neo aprende que o intelecto (mente) é mais importante que a matéria (os sentidos). Que personagem 
do filme sabe que Matrix não é real, mas quer voltar ao mundo da ilusão, ou seja, escolhe a vida 
só de prazer (sensorial)?
3. Procure a música final do filme, do grupo Rage Against the Machine, e faça uma relação entre a 
letra da música e o filme.
IV – A morte de Neo nos remete a dois textos: ao mito da caverna e à Bíblia, em especial, ao episódio 
sobre Jesus Cristo.
1. Compare a morte de Neo com a morte da pessoa que se liberta da caverna e com a de Jesus Cristo, 
comparando as semelhanças e diferenças, bem como a causa da morte.
2. Matrix foi lançado na Páscoa de 1999, em uma relação clara do filme com a Bíblia. Indique a 
importância dessa data comemorativa e as implicações para o filme.
3. Identifique do filme semelhanças entre Neo e Jesus Cristo: concepção, batismo, tentação, morte e 
ressurreição, ascensão corporal; cidade prometida.
4. No filme há uma placa na nave: “Mark III nº11/ Nebuchadnezzar; Made in USA; Year 2069”. Indique 
a relação da placa com a Bíblia.
V – Nomes:
Dê o significado, seguindo o contexto do filme, dos nomes:
Neo
Morfeu
Trinity
Cypher
7 INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS E ALTERAÇÃO NO SENTIDO
7.1 Pressuposto e subentendido
Existem duas categorias de conteúdo implícito, comumente utilizadas nas situações de comunicação 
do nosso cotidiano: os pressupostos e os subentendidos. Ambos exigem do ouvinte/leitor o conhecimento 
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e o reconhecimento de alguns índices no texto, que auxiliam na tarefa de interpretação de alguns tipos 
de informação.
Pressuposto refere-se às ideias expressas de maneira explícita. Observe o exemplo apresentado:
• André tornou-se um antitabagista convicto.
É possível pressupor que André deixou de fumar, por intermédio do verbo “tornar-se”, que significa 
“vir a ser”. Como dito anteriormente, há palavras e expressões no enunciado que indicam um sentido, 
construído por uma informação pressuposta.
É fundamental detectar os pressupostos, pois eles são um recurso argumentativo que visa conduzir 
o leitor a aceitar certas ideias, pois a ideia implícita não está em discussão, apresentada como se fosse 
aceita por todos, e a explícita apenas contribui para confirmá-la.
Em muitos textos políticos, temos demonstração dessas “verdades” incontestáveis:
• “Para que o Brasil se torne um país do primeiro mundo será preciso privatizar as empresas estatais, 
abrir a economia ao ingresso de produtos estrangeiros e terminar com os direitos trabalhistas que 
oneram a folha de pagamento e a Previdência Social” (Exemplo dado por Platão e Fiorin, 2001).
O conteúdo explícito dessa frase é:
• o ingresso do Brasil no primeiro mundo exigirá a privatização das empresas estatais;
• o ingresso do Brasil no primeiro mundo exigirá a abertura da economia aos produtos estrangeiros;
• o ingresso do Brasil no primeiro mundo exigirá o término dos direitos trabalhistas.
O conteúdo implícito dessa frase é:
• o Brasil vai ingressar no grupo de países do primeiro mundo, se preencher as condições;
• no Brasil as empresas e o Estado são onerados pelos direitos trabalhistas.
Confirmamos os pressupostos se arrolarmos os seguintes argumentos contra o que é dito 
explicitamente:
• existem países do primeiro mundo que se desenvolveram com base num setor estatal muito forte, 
que ainda é mantido;
• há países do primeiro mundo, como o Japão, que mantêm uma economia muito protegida da 
concorrência externa;
• na maioria dos países do primeiro mundo, os trabalhadores

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