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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão da Produção Industrial Comportamento Organizacional e Intraempreendedorismo Aula 2 Profa. Mary Ferreira da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Bem-vindo à segunda aula de Comportamento Organizacional e Intraempreendedorismo! Nesta aula, estudaremos as variáveis do comportamento organizacional com relação aos indivíduos – tudo que é inconstante, que varia de uma pessoa para outra, de um ambiente para outro. As variáveis a serem estudadas são emoções, sentimentos, personalidade, valores, percepção e tomada de decisão. Em seguida, examinaremos a inteligência emocional e as aplicações das emoções e sentimentos no comportamento organizacional – por exemplo, a capacidade de conhecer suas próprias emoções, como lidar com ela, como motivar-se, como reconhecer as emoções nos outros e como lidar com relacionamentos. Veremos como tudo isso interfere no processo de tomada de decisão organizacional e na liderança. Pesquisaremos sobre a personalidade e os valores, o que são e como entendê-los. Também veremos como se processa a percepção e como uma mesma realidade é percebida de modo diferente pelas pessoas e a relação entre a percepção e o processo de tomada de decisão individual. Por fim, analisaremos o processo de tomada de decisão, modelos e conceitos importantes, além dos erros nas tomadas de decisão. Confira, no material on-line, a videoaula de apresentação desta aula com a professora Mary. Contextualizando Você certamente convive com muitas pessoas: na família, no trabalho, no grupo de amigos. Está sempre vendo que cada pessoa tem um jeito único de ser e de se comportar, bem como de agir ou reagir diante de situações diferenciadas. Já percebeu como as pessoas são diferentes? Então, a partir desta aula, você CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 terá condições de entender melhor as razões dos comportamentos das pessoas, principalmente no ambiente de trabalho e como fazer para melhorar seu relacionamento com todas essas pessoas. Pesquise Emoções e Sentimentos Uma organização bem administrada não permitia que um empregado expressasse frustração, medo, raiva, amor, ódio, alegria, pesar ou sentimentos semelhantes, considerados a antítese da racionalidade. Apesar de os pesquisadores e gerentes saberem que as emoções eram uma parte inseparável da vida cotidiana, os administradores tentaram criar organizações isentas de emoção (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 92). É claro que isso sempre foi impossível. E, por incrível que pareça, há bem pouco tempo a área de comportamento organizacional começou a dar importância para essa questão. Como explicar isso? Há duas explicações, uma delas está relacionada ao “mito da racionalidade”, bem esclarecida pela citação de Robbins, Judge e Sobral. E a outra, era a crença de que emoções fossem incômodas. Os pesquisadores eram mais atentos às emoções negativas, por exemplo, a raiva que acabava interferindo na capacidade produtiva do indivíduo. Não tentavam observar as emoções positivas como fatores que ajudavam no desempenho do empregado. É verdade que, dependendo da emoção, se manifestada em momento inoportuno, pode prejudicar o desempenho. Mas também é verdadeiro afirmar que as pessoas carregam consigo as emoções, estando no ambiente organizacional ou fora dele. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Para entender o que são sentimentos e emoções é necessário entender três termos que nós confundimos por estarem sempre interligados: afeto, emoções e sentimentos. 1. AFETO “Afeto é um termo genérico que abrange grande número de sensações experimentadas pelas pessoas, englobando tanto emoções quanto sentimentos. Geralmente, existe a tendência de associar afeto e, por consequência, seus derivados, como afetividade e afeição, a situações ou experiências positivas, apesar de poder estar associado igualmente a estados afetivos negativos, como a insatisfação ou a tristeza” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 92). 2. EMOÇÕES “Emoções são expressões afetivas intensas dirigidas a alguém ou alguma coisa. Podemos dizer que as emoções são uma súbita ruptura do equilíbrio afetivo de uma pessoa. Quase sempre são de curta duração e são geralmente acompanhadas de reações fisiológicas, tais como choro, batimento cardíaco acelerado, suores frios ou tremor das pernas” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 92). 3. SENTIMENTOS “Sentimentos (também chamados estados de ânimo ou humores) são estados afetivos menos intensos e mais duráveis do que as emoções e que geralmente não requerem um estímulo contextual para se manifestarem” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 92). Apesar de diferentes, nós expressamos nossa afetividade por meio das emoções e dos sentimentos. Há pesquisadores que afirmam que as emoções são mais momentâneas que os sentimentos. Por exemplo, se ficamos com raiva por alguém ter nos agredido, é uma sensação que vem e vai rapidamente, pode durar segundos ou minutos. Mas, em caso de mau humor, sentimo-nos mal por um tempo bem maior (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 93). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 No artigo a seguir, você pode ver alguns conceitos teóricos a respeito dos sentimentos e emoções no comportamento humano. Confira no material on-line! http://pt.slideshare.net/mgtmartins/01-sentimentos-e-emoes-no- comportamento-humano Emoções versus Sentimentos Que diferença podemos destacar entre esses dois? Emoções são reações a pessoas ou eventos, por exemplo, ver uma pessoa que não víamos há muito tempo (felicidade) ou lidar com uma pessoa agressiva (raiva). Já os sentimentos não são exatamente voltados a pessoas ou eventos. No entanto, “as emoções podem se transformar em sentimentos quando você perde o foco do evento ou objeto que ativou a reação afetiva” (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 93). Veja como emoções e sentimentos se relacionam: Da mesma maneira, bons ou maus sentimentos podem fazê-lo sentir- se mais emotivo ao reagir a um evento. Assim, quando um colega o critica pela maneira como você tratou um cliente, você pode demonstrar a emoção (raiva) com relação a um objeto (seu colega), mas, à medida que a emoção se dissipa, você pode sentir-se abatido. Você não consegue atribuir esse sentimento a nenhum evento único; mas simplesmente não está no seu estado afetivo normal (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 93). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 O afeto também estabelece essa relação com as emoções e os sentimentos. Veja! Adaptado de Robbins; Judge; Sobral (2010, p. 93). Dessa forma, vimos que: [...] afeto incorpora emoções e sentimentos, mas emoção não é o mesmo que sentimento. Além do que já foi dito, podemos acrescentar que emoções podem ser expostas pelas expressões faciais ou reações físicas, diferente dos sentimentos. Muitos estudiosos do assunto afirmam que “as emoções estão mais voltadas para a ação – elas podem nos levar a agir por impulso –, ao passo que os sentimentos parecem ser mais cognitivos, o que significa que eles podem nos levar a pensar ou meditar antes de agir” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 93). Afeto Definido como uma ampla extensão de sensações experimentadas pelas pessoas, o afeto pode ser vivenciado na formade emoções ou sentimentos. Emoções Causadas por um evento específico De breve duração (segundos ou minutos) Específicas e de várias naturezas (muitas emoções específicas, como raiva, medo, tristeza, felicidade, aversão e surpresa) Normalmente acompanhadas de expressões faciais ou reações físicas Voltadas à ação Sentimentos Geralmente a causa não é específica a um evento ou objeto De duração maior que as emoções (horas ou dias) Mais gerais (duas dimensões principais – afetividade positiva e afetividade negativa que são compostas de múltiplas emoções específicas) Geralmente não demonstradas por meio de expressões ou reações físicas distintas De natureza cognitiva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Emoções e sentimentos estão basicamente conectados e influenciam-se mutuamente. Um evento feliz gera uma emoção de alegria e tal alegria pode manter-nos de bom humor por muitos dias. Da mesma forma, se estivermos de bom humor ou mau humor, poderemos vir a vivenciar emoções positivas ou negativas. Uma pessoa, quando está de mau humor, pode ter uma reação explosiva diante de um comentário feito por uma pessoa próxima, quando usualmente teria uma reação tranquila. Emoções básicas Diversos estudiosos já tentaram limitar e agrupar as emoções em um conjunto básico. Mas por outro lado, há outros estudiosos que dizem que “não faz sentido pensar que existem emoções ‘básicas’, porque mesmo as emoções que raramente experimentamos, como surpresa, por exemplo, podem ter um poderoso efeito sobre nós” (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 94). Outros estudiosos e filósofos já dizem que “há emoções universais que são comuns a cada um de nós” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 94). Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 94) apontam as seis “paixões simples e primitivas” classificadas pelo filósofo René Descartes: “admiração, amor, ódio, desejo, alegria e tristeza”, que argumentava ser “todas as outras são compostas de uma dessas seis ou derivadas delas”. Apesar de tantos estudos sobre o assunto, os pesquisadores ainda não comprovaram se há um conjunto básico de emoções. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Em busca de tal questão, cientistas procuram determinar quais são as emoções básicas do ser humano. Veja no material on-line. http://gq.globo.com/Corpo/Saude/noticia/2014/02/existem-apenas- quatro-emocoes-basicas-diz-nova-pesquisa.html Para os cientistas, por razões sociais, há diferenças entre os sentimentos biológicos que podem ser notados por meio dos sinais faciais. Mas será que as emoções podem ser identificadas pelas expressões faciais? Psicólogos, na busca de identificar emoções básicas, têm estudado expressões faciais. No entanto, devido à sua complexidade, nem todas as emoções são correspondentes a expressões faciais ou reações físicas. Por exemplo: Não é fácil demonstrar amor – uma emoção universal – apenas com expressão facial. Mas também, diferentes culturas possuem regras diversificadas em relação a expressões emocionais. Então, nem sempre o modo como sentimos é o mesmo que demonstramos. Hoje, há empresas que dispõem aos seus funcionários e executivos cursos de administração da raiva, com objetivo de ensiná-los a dominar ou ocultar sentimentos (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 94). Leia o artigo a seguir, que trata da inteligência emocional no ambiente de trabalho. Confira no material on-line. http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2012/download s/2012/humanas/A%20INTELIG%C3%8ANCIA%20EMOCIONAL%20NO%20A MBIENTE%20DE%20TRABALHO.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 A revista Exame traz mais observações sobre o gerenciamento das emoções no ambiente de trabalho. Confira no material on-line. http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/gerenciamento-emocoes- local-trabalho-594153 Enquanto psicólogos e filósofos não chegam a um consenso sobre classificar as emoções ou se existe um conjunto de emoções básicas, muitos estudiosos concordam com “a existência de seis emoções universais” e “as organizam em uma série contínua: felicidade – surpresa – medo – tristeza – raiva – repulsa”. Quaisquer das emoções que estiverem próximas desse continuum são facilmente confundidas. Por exemplo, é fácil confundir felicidade com surpresa, mas difícil confundir felicidade com repulsa. E há ainda aspectos culturais que influenciam tais interpretações (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 94). Afetividade positiva e afetividade negativa De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 95), podemos classificar as emoções em positivas ou negativas: “As emoções positivas – tais como alegria e gratidão – expressam um estado ou avaliação afetiva favorável. As negativas – tais como raiva e culpa – expressam o oposto. Tenha em mente que as emoções não podem ser neutras. Ser neutro é o contrário de ser emocional”. Para Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 95), quando agrupadas em classes positivas e negativas, as emoções tornam-se sentimentos porque as vemos de modo generalizado e não isolado em uma emoção específica. Veja a estrutura dos sentimentos no quadro apresentado a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 A estrutura dos sentimentos (Fonte: Robbins; Judge; Sobral; 2010, p. 95) Observe que “o entusiasmo sinaliza uma alta afetividade positiva, ao passo que o tédio é indicativo de baixa afetividade positiva [...] o nervosismo é um exemplo de alta afetividade negativa ao passo que o relaxamento é uma emoção que caracteriza uma baixa afetividade negativa”. Enfim, há emoções tais como satisfação (alta afetividade positiva + baixa afetividade negativa) ou tristeza (baixa afetividade positiva + alta afetividade negativa), que ficam no meio termo. No entanto, nesse modelo de estrutura dos sentimentos, não inclui todas as emoções anteriormente citadas, como é o caso da surpresa, que não se encaixa no modelo porque não é claramente positiva ou negativa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 O fato é que tanto a afetividade positiva quanto a afetividade negativa causam influência no ambiente de trabalho, pois interferem na percepção de cada pessoa e podem tornar-se a própria realidade. Veja o exemplo dado por Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 95): Um comissário de bordo [...] criou um blog anônimo na Internet que dizia: ‘eu trabalho em um tubo de alumínio pressurizado e o ambiente externo ao meu ‘escritório’ não pode sustentar a vida humana. Por essa razão, algumas vezes não vale a pena sustentar a vida humana no ambiente interno [...], na verdade, os passageiros podem ser estúpidos e idiotas. Muitas vezes sou tratado com falta de respeito, ninguém me ouve [...] até que eu ameace jogá-los para fora do avião (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 95). Sobre esse exemplo citado de Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 95), dizem que “se um comissário de bordo está de mau humor, isso influenciará sua percepção dos passageiros, que irão, por sua vez, influenciar seu comportamento”. Toda emoção negativa pode provocar sentimentos negativos. Pesquisadores apontaram que “as pessoas pensam cinco vezes mais tempo nos eventos que criaram fortes emoções negativas do que nos que criaram fortes emoções positivas” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 96). Por isso as pessoas lembram-se com mais frequência de eventos negativos que dos positivos. Mas é importante lembrar que: “apesar de sentimentos positivosfacilitarem a criatividade, a flexibilidade e a cooperação, os sentimentos negativos podem também contribuir para melhorar a atenção e facilitar julgamentos mais prudentes e precisos” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 96). Agora, assista à videoaula em que a professora Mary explica como se organizam as emoções. Veja no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Inteligência Emocional e Aplicações das Emoções e Sentimentos no Comportamento Organizacional Você já ouviu falar de Inteligência Emocional (IE)? [...] é a capacidade da pessoa (1) ser autoconsciente do seu estado afetivo (reconhecer suas próprias emoções quando as sente), (2) detectar as emoções nos outros e (3) administrar as pistas e informações transmitidas pelas emoções. As pessoas que conhecem suas próprias emoções são boas em interpretar pistas emocionais – por exemplo, saber por que estão irritadas e como se expressar sem violar as normas – são provavelmente mais eficazes (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 105). Vamos, nesta aula, dar apenas uma “pincelada” no assunto Inteligência Emocional para entendermos melhor as aplicações das emoções e sentimentos no comportamento organizacional (na aula 5 vamos nos aprofundar mais em IE). Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência Emocional”, mostra o que é preciso analisar em você mesmo e nos outros para identificar a IE, que ele chama de “cinco domínios principais”. 1. Conhecer as próprias emoções. Autoconsciência – reconhecer um sentimento quando ele ocorre [...]. Capacidade de controlar sentimentos a cada momento é fundamental para o discernimento emocional e para a autocompreensão. A incapacidade de observar nossos verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas mais seguras acerca de seus próprios sentimentos são melhores pilotos de suas vidas, tendo uma consciência maior de como se sentem em relação a decisões pessoais, desde com quem casar a que emprego aceitar. 2. Lidar com emoções. Lidar com os sentimentos para que sejam apropriados é uma aptidão que se desenvolve na autoconsciência. [...] As pessoas que são fracas nessa aptidão vivem constantemente lutando contra sentimentos de desespero, enquanto outras se recuperam mais rapidamente dos reveses e perturbações da vida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 3. Motivar-se. [...] pôr as emoções a serviço de uma meta é essencial para centrar a atenção, para a automotivação e a maestria, e para a criatividade. O autocontrole emocional – saber adiar a satisfação e conter a impulsividade – está por trás de qualquer tipo de realização. [...] As pessoas que têm essa capacidade tendem a ser mais produtivas e eficazes em qualquer atividade que exerçam. 4. Reconhecer emoções nos outros. A empatia, outra capacidade que se desenvolve na autoconsciência emocional, é a “aptidão pessoal” fundamental. [...] As pessoas empáticas estão mais sintonizadas com os sutis sinais do mundo externo que indicam o que os outros precisam ou o que querem. Isso as torna bons profissionais no campo assistencial, no ensino, vendas e administração. 5. Lidar com relacionamentos. A arte de se relacionar é, em grande parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros. São as aptidões que reforçam a popularidade, a liderança e a eficiência interpessoal. As pessoas excelentes nessas aptidões se dão bem em qualquer coisa que dependa de interação com os outros; são estrelas sociais. Confira, na citação a seguir, que entender as emoções e os sentimentos é muito importante, principalmente para pessoas que ocupam cargos de responsabilidade e de tomadas de decisão. O entendimento das emoções e dos sentimentos pode melhorar nossa habilidade de explicar e entender o processo de recrutamento e seleção, a tomada de decisão, a criatividade, a motivação, a liderança, o conflito interpessoal, a negociação, o atendimento ao cliente, as atitudes no trabalho e os desvios de comportamento no ambiente de trabalho (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 107). Perceba que alguns termos citados são características do indivíduo intraempreendedor: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 1. SELEÇÃO Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), hoje as empresas, no momento da seleção de candidatos, levam em consideração a IE porque pessoas emocionalmente inteligentes são mais produtivas, motivadas, inovadoras (lembram-se da aula passada? intraempreendedoras). A Força Aérea Norte Americana constatou que recrutas com maior IE apresentaram desempenho 2,6 vezes superior aos outros. A L’Oreal também constatou que vendedores com alta IE, em uma comparação anual, venderam aproximadamente 180 mil reais a mais que os outros. O Programa de Trainees da AmBev em 2009 foi o mais concorrido do país, com cerca de 1960 candidatos por vaga. Na fase de seleção, a inteligência emocional dos jovens foi arduamente avaliada. Inicialmente eles passaram por dinâmicas de grupo mediadas por trainees de anos anteriores. Posteriormente foram realizadas diversas entrevistas com gerentes, diretores e até mesmo com o presidente da companhia, João Castro Neves. Dessa maneira, a AmBev buscava selecionar os melhores candidatos, que deviam possuir habilidades de raciocínio lógico e competências interpessoais bastante desenvolvidas (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 108). 2. TOMADA DE DECISÃO Por que a IE é fundamental? Porque tomadas de decisão corretas precisam ser racionais. No entanto, sentimentos e emoções têm consequências significativas na tomada de decisão. Sentimentos e emoções positivas parecem auxiliar o processamento cognitivo de informações por meio de ativação de semântica dos campos da memória, possibilitando ao indivíduo incluir associações mais fracas e remotas na sua linha de raciocínio. As emoções positivas também aumentam a capacidade de resolução de problemas, de modo que as pessoas positivas encontram melhores soluções para os problemas. Um estudo recente com funcionários de empresas brasileiras concluiu que, de fato, quanto mais positivo o estado afetivo de uma pessoa, melhor o seu desempenho na resolução de problemas complexos (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 108). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 E quanto aos sentimentos e emoções negativas, como influenciam nas tomadas de decisão? Pesquisadores ainda buscam tal resposta. Os mais antigos dizem que pessoas deprimidas são capazes de julgar com mais exatidão. Os mais recentes contrariam essa ideia afirmando que pessoas deprimidas tomam decisões errôneas por serem mais lentas para analisar informações e inclinam-se a considerar todas as opções possíveis e não as mais prováveis. “Embora possa parecer que pesar todas as opções possíveis é positivo para a tomada de decisão, o problema é que as pessoas deprimidas buscam a solução perfeita quando esta raramente existe” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 108). Assim, o tipo de sentimento e a intensidade das emoções interferem no processo de tomada de decisão. “A intensidade dos sentimentos condiciona a tomada de decisão, mas apenas de problemas intuitivos [...] quando as pessoas tomam decisões rápidas e intuitivas, a intensidade de suas emoções pode ser prejudicial, uma vez que têm mais dificuldade em identificar vieses decisórios que as levam a decisões erradas” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 108). 3. CRIATIVIDADE Qual a relação da IE com a criatividade? Para Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 109) “pessoas de bom humor tendem a ser mais criativas do que as mal-humoradas”. Isso porque: estãosempre tendo ideias e estas são geralmente originais, conseguem avaliar várias alternativas. Pessoas que costumam estar de bom humor e ter emoções positivas “são mais flexíveis e abertas em seus pensamentos”, consequentemente são mais criativas. Essa é uma boa razão para os gestores estimularem um clima de trabalho mais alegre. Por outro lado, há estudiosos que não acreditam nisso. A alegação é que as pessoas tendem a relaxar quando estão bem-humoradas, ou seja, está tudo bem então não há necessidade de pensar em novas ideias. Por isso não desenvolvem um pensamento crítico que é importante para se ter criatividade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Então, quem está certo? Veja o que dizem Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 109): “A resposta pode estar em se pensar nos estados de humor de uma maneira um tanto quanto diferente. Em vez de olhar para os afetos positivos ou negativos, é possível conceituar os estados de humor como sentimentos ativos, como raiva, medo ou exaltação, e compará- los com estados de humor que levam à inação, como tristeza, depressão ou serenidade. Todos os estados de humor que levam à ação, sejam positivos ou negativos, parecem gerar mais criatividade, ao passo que os que levam à inação não são capazes de gerar os mesmos resultados”. 4. MOTIVAÇÃO Como a motivação influencia os sentimentos e emoções? “Vários estudos destacaram a importância dos sentimentos e das emoções na motivação. Um deles montou dois grupos de pessoas para resolver caça-palavras. O primeiro grupo assistiu a um videoclipe divertido, cuja intenção era deixar os indivíduos de bom humor antes da tarefa. O outro grupo não assistiu ao videoclipe e começou a trabalhar para resolver o caça-palavras de imediato. Os resultados? O grupo com bom humor relatou uma expectativa maior na sua capacidade de resolver a tarefa, trabalhou mais arduamente e, como resultado, achou mais palavras, ou seja, teve um desempenho melhor” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 109). Outro estudo apontou que o feedback positivo, seja ele real ou não, com relação ao desempenho das pessoas, acabou por influenciar o espírito destas, deixando-as mais motivadas (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010). É possível que exista um ciclo, ou seja, o ânimo elevado torna as pessoas mais criativas, tendo um feedback positivo por parte dos que as observam. O feedback positivo deixa-as ainda mais bem-humoradas, levando-as a um desempenho ainda melhor, e assim continuamente (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010). 5. LIDERANÇA Como a liderança é influenciada pela IE? Líderes eficazes utilizam apelos emocionais para comunicar o que desejam. Muitas vezes, o tipo de emoções contidas nos discursos pode determinar a aceitação ou rejeição da comunicação. “Quando os líderes se CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 sentem animados, entusiasmados e ativos, talvez eles tendam a energizar seus subordinados e transmitam um sentimento de eficácia, competência, otimismo e prazer” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 109). Quanto mais entusiasmo o líder conseguir transmitir aos seus subordinados, maiores as chances de alcançar resultados positivos. “Conhecido como um líder de torcida entusiasta, o CEO da Microsoft, Steve Ballmer, viaja pelo mundo fazendo discursos apaixonantes para inspirar os funcionários e os parceiros comerciais. Por meio de seus discursos carregados de emoções, Steve apresenta para os funcionários e parceiros um mapa de estradas sobre o foco competitivo da Microsoft e a visão da empresa. ‘Eu quero que todos compartilhem da minha paixão pelos produtos e serviços’, ele diz. ‘Eu quero que as pessoas entendam a incrível forma positiva com que o nosso software pode fazer: o tempo livre mais agradável e o trabalho e os negócios mais bem-sucedidos’” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 110. Adaptado). Saiba mais sobre IE na videoaula com a professora Mary. Confira no material on-line. Personalidade e Valores Personalidade Você saberia explicar o que é personalidade? Personalidade é um conceito dinâmico relacionado a todo o sistema psicológico de uma pessoa. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 127), personalidade é: “a soma total das maneiras como uma pessoa reage e interage com as demais”, sendo “mais frequentemente descrita com base nos traços mensuráveis exibidos por um indivíduo”. Dá para medir a personalidade? Sim, e é importante que os gestores saibam como fazer porque os “testes de personalidade são úteis na decisão de contratação” e podem até apontar o melhor candidato para preencher uma vaga. Há gestores que usam testes de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 personalidade para entender melhor e, consequentemente, liderar melhor. Uma maneira comum de medir a personalidade é por meio de questionários de autoavaliação. Quando bem-feitas, essas avaliações funcionam, mas às vezes quem responde pode mentir para tentar passar uma determinada imagem, essa é uma deficiência da autoavaliação (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010). Veja o que Robbins, Judge e Sobral (2010) têm a dizer sobre a aplicação desses testes de personalidade. As evidências mostram que, quando as pessoas sabem que seus testes de personalidade serão usados para auxiliar em uma decisão de contratação, os resultados apresentam uma variação padrão em que os candidatos parecem mais conscienciosos e emocionalmente estáveis do que quando fazem o teste apenas para se conhecer melhor. Outro problema é a precisão. Um candidato apto para a função pode simplesmente ter estado em um dia de mau humor quando o levantamento foi feito, e isso tornará o resultado do teste menos preciso. Observadores podem ajudar a analisar de forma independente a personalidade de outros, como é o caso de um colega ou outra pessoa avaliar a personalidade de alguém, conhecendo ou não o sujeito avaliado. Há uma forte relação entre resultados de autoavaliação e observações independentes, no entanto, as observações independentes “são um indicador mais preciso para prever o sucesso profissional”. No entanto, ambos apontam especificidades sobre o comportamento das pessoas no trabalho (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010). Quais os fatores que determinam a personalidade de cada pessoa? Pesquisas mostram que a personalidade resulta da hereditariedade e do ambiente, havendo “uma maior importância da hereditariedade em detrimento da importância do ambiente” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 127). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 A hereditariedade se refere aos fatores determinados pela genética de um indivíduo. A estatura, a beleza dos traços, o gênero, o temperamento, a força e flexibilidade muscular, o nível de energia e os ritmos biológicos são algumas das características que costumam ser consideradas, completa ou substancialmente, influenciadas pelos pais da pessoa, ou seja, por seus perfis biológico, fisiológico e psicológico. A abordagem hereditária argumenta que a explicação definitiva para a personalidade de um indivíduo está na estrutura molecular de seus genes, localizada nos cromossomos (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 127). Robbins, Judge e Sobral (2010) falam de estudos realizados com irmãos gêmeos separados no nascimento e adotados por famílias diferentes e em localidades diferentes. Constatou-se que mesmo tendo criações diferentes em ambientes diferentes ambos apresentavam traços de personalidade muito semelhantes, como fumar a mesma marca de cigarro, gostar de cachorros (inclusive em um dos casos os cães dos dois irmãos tinham o mesmo nome), gostar de passar as férias no mesmo local.Apesar disso, segundo esses estudiosos, a personalidade é mutável, por exemplo, no que diz respeito à confiabilidade. As pessoas jovens têm um determinado comportamento até que se casam e passam a ter um compromisso com sua nova família e responsabilidades para a criação de seus filhos ou então quando assumem uma carreira profissional de responsabilidade. Elas tornam-se pessoas mais confiáveis. Veja o que apontaram alguns estudos: Os primeiros estudos sobre a estrutura da personalidade tentaram identificar e classificar características duradouras que pudessem descrever o comportamento das pessoas, incluindo timidez, agressividade, submissão, lealdade e extroversão. Essas características, quando exibidas em um grande número de situações, são chamadas de traços de personalidade de um indivíduo. Quanto mais consistentes as características ao longo do tempo, e quanto maior a frequência com que ocorrem em situações diversas, maior a importância desses traços para a descrição do indivíduo (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 128). Para saber mais sobre a teoria da personalidade, veja no material on-line. http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=131 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Valores O que são critérios de valor? É possível ter algum parâmetro? De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 138), valores consistem de um conjunto de crenças pessoais de que “um modo específico de conduta ou de condição de existência é individual ou socialmente preferível ao modo contrário ou oposto de conduta ou de existência”. Os valores são baseados em julgamentos do que a pessoa acredita ser correto, desejável ou bom. “Os valores possuem atributos tanto de conteúdo como de intensidade. O atributo de conteúdo determina que um modo de conduta – ou de condição de existência – é importante. O de intensidade especifica o quanto ele é importante”. Robbins, Judge e Sobral (2010) explicam que sistema de valores de um indivíduo é a classificação de seus valores conforme sua intensidade. Todas as pessoas possuem uma hierarquia de valores, isto é, um sistema de valores. É possível verificar o grau de importância atribuídos a alguns valores como: justiça, liberdade, honestidade, prazer, obediência, respeito. Os valores do indivíduo mudam no decorrer da vida? Leia o que dizem Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 139): “Eles costumam ser relativamente estáveis e duradouros. Uma parcela significativa de nossos valores é estabelecida durante a infância – por nossos pais, professores, amigos ou outras pessoas. Quando crianças, ouvimos que determinados comportamentos ou resultados são sempre desejáveis ou sempre indesejáveis. Há pouco espaço para ambiguidade. Nunca lhe dizem para ser um pouco honesto ou levemente responsável. É esse aprendizado de valores absolutos, ou ‘preto no branco’, que garante sua estabilidade ou duração” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 139). Veja essa questão sob outra perspectiva no artigo a seguir, ele apresenta um estudo minucioso a respeito da mudança dos valores pessoais ao longo do ciclo de vida das pessoas. Contudo, você pode examinar apenas o contexto de nossa discussão (ver no material on-line). https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/80517/000903839.pdf?seque nce=1 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Uma pessoa pode questionar seus valores, então eles podem mudar, mas também o questionamento pode servir para reforçá-los ainda mais. Também existem sinais que associam a personalidade aos valores, o que indica que os valores “podem ser parcialmente influenciados por traços transmitidos pela genética” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 139). Qual a importância dos valores? São os valores que justificam atitudes e motivação, e ainda interferem na percepção do indivíduo. Geralmente, as organizações têm noções preestabelecidas sobre o que deve ou não ser feito. Essas noções representam um conjunto de valores ou interpretações do que é correto ou incorreto. E mais, apontam que valorizamos certos tipos de comportamento e rejeitamos outros. “Consequentemente, os valores encobrem a objetividade e a racionalidade. Eles influenciam as atitudes e o comportamento” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 139). Tendo em vista o que estudamos até aqui, qual é a relação entre a personalidade e os valores individuais e o ambiente organizacional? Hoje, os gestores dão importância à adequação da personalidade e dos valores do indivíduo à empresa. Hoje o que mais importa é a flexibilidade e a capacidade de lidar positivamente com mudanças, bem como o comprometimento com a organização. A pessoa precisa estar adequada tanto ao seu trabalho como à sua organização. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 145), muitas pesquisas atualmente visam “adequar as pessoas às organizações, assim como aos trabalhos”. Por exemplo, empresas que são mais dinâmicas exigem funcionários com capacidade de lidar prontamente com mudanças de atividade, de mover-se entre equipes. Então, “é mais importante que a personalidade dos funcionários seja adequada à cultura geral da organização do que às características de qualquer trabalho específico”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Veja, a seguir, o que os estudiosos Robbins, Judge e Sobral, (2010) falam acerca da teoria da adequação. “A teoria da adequação da pessoa à organização argumenta principalmente que as pessoas são atraídas e selecionadas pelas organizações que se identificam com seus valores, e elas deixam as empresas que não são compatíveis com sua personalidade”. É muito importante, no momento da seleção, conhecer um pouco da personalidade e dos valores do candidato, bem como passar para ele os valores da organização e sua personalidade. Isso é básico para que se observe se candidato e empresa combinam. Essa é também uma forma de ter pessoas mais comprometidas com a empresa e um índice de rotatividade menor. Como avaliar a personalidade e os valores dos funcionários para o âmbito organizacional? A professora Mary explica, na videoaula, fatores que determinam a personalidade (ver material on-line). Percepção O que você entende por percepção? Temos todos a mesma percepção de um mesmo evento, por exemplo? Assista a este vídeo e saiba o que é percepção (ver no material on-line). https://www.youtube.com/watch?v=yLmHKLBsm3o A percepção é aspecto básico para o estudo do comportamento organizacional. O comportamento dos indivíduos fundamenta-se na percepção que têm da realidade, que é diferente da realidade em si. Por isso “o mundo que importa para o comportamento é o mundo na forma em que é percebido” (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 159). Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 159) definem percepção como: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 “[...] processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao seu ambiente”. Isso significa que o que é percebido por uma pessoa pode ser significativamente distinto da realidade objetiva. Por exemplo, pode ocorrer em uma determinada empresa que um grupo de funcionários a considerem um ótimo lugar para trabalhar, enquanto outro grupo perceba diferente, não gostando de trabalhar naquela empresa. Por que será que uma mesma realidade é percebida de modo diferente pelas pessoas? Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 159), há alguns fatores que moldam e às vezes distorcem a percepção do indivíduo sobre a realidade. São fatores presentes “no perceptor, no objetoou no alvo da percepção ou no contexto da situação”. Leia o artigo “Realidade: uma razão que não se explica, mas se crê” e entenda o objeto de nosso estudo (confira no material on-line). http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 14982007000200007 Observe os fatores que influenciam a percepção. 1. Fatores no perceptor FATOR 1 Atitudes Personalidade Motivações Interesses Experiência Expectativas 2. Fatores no alvo FATOR 2 Novidade Movimento Sons Tamanho Cenário Proximidade Semelhança 3. Fatores na situação FATOR 3 Momento Ambiente de trabalho Ambiente social CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Quando nós observamos um alvo e tentamos entender o que estamos percebendo, estamos sofrendo influências de nossas características pessoais. As características pessoais que interferem na percepção são: personalidade, interesses, atitudes, motivações, expectativas e experiências passadas. Por exemplo, “se você espera que policiais exerçam sua autoridade, que jovens sejam preguiçosos ou que funcionários públicos sejam inescrupulosos, você vai percebê-los dessa forma, independente de eles possuírem ou não esses traços” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 160). “As características do alvo que está sendo observado também podem afetar a percepção. As pessoas que falam alto costumam chamar mais atenção do que as quietas. Isso também pode ser dito a respeito de pessoas muito ou pouco atraentes. Como os alvos não são observados isoladamente, sua relação com o cenário influencia a percepção, assim como nossa tendência de agrupar coisas próximas ou parecidas. Por exemplo, com frequência percebemos mulheres, homens, brancos, negros, asiáticos ou membros de quaisquer outros grupos que possuam características nitidamente distintas como semelhantes também em aspectos sem conexão alguma” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 160). Leia o texto, a seguir, de Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 160), que mostra como as percepções são diferentes de uma pessoa para outra: “As percepções que os gestores têm da realidade podem ser muito diferentes entre si e, inclusive, diferir radicalmente de como as coisas de fato são. Para aprimorar a percepção que os administradores da organização têm sobre o comportamento dos consumidores e o processo de atendimento e venda, a área de recursos humanos da empresa de telefonia móvel Vivo lançou um programa interessante. Todos os seus gestores, dos mais variados níveis hierárquicos, devem trabalhar alguns dias em setores operacionais – no atendimento ao cliente, em lojas próprias e nas vendas corporativas. Dessa forma, a companhia pretende aprimorar a percepção deles sobre os processos da linha de frente, de modo que eles proponham mudanças que melhorem diretamente os resultados corporativos” (ROBBINS, JUDGE e SOBRAL, 2010, p. 160). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 167), existe uma relação entre a percepção e o processo de tomada de decisão individual. Em qualquer organização, as pessoas tomam decisões, elas têm que escolher entre duas ou mais opções. Observe um exemplo: Altos executivos definem as metas organizacionais, quais produtos e/ou serviços disponibilizar, de que modo prover os recursos para as operações ou até mesmo onde implantar uma nova filial. Gerentes de níveis médio e inferior estabelecem cronogramas de produção, escolhem novos colaboradores e decidem como partilhar aumentos salariais. Os outros trabalhadores decidem o quanto de esforço será dedicado nas atividades e se será ou não realizado o que foi solicitado pelas chefias. Atualmente, cada vez mais organizações estão dando autonomia aos seus colaboradores, no sentido de tomar decisões que, no passado, cabiam apenas aos gestores. “A tomada de decisão individual e, portanto, uma parte importante do comportamento organizacional. Mas a forma como as pessoas tomam decisões e a qualidade de suas escolhas dependem muito de suas percepções” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 167). Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 167) apontam que as decisões são tomadas quando é necessário resolver um problema. Há um problema quando notamos uma divergência entre o estado atual de algo e seu estado esperado, exigindo “uma avaliação dos cursos de ação alternativos para atingir esse estado desejável”. No entanto, decisões requerem interpretação e análise de informações. A capacidade de analisar está na percepção que a pessoa tem de cada informação relevante, ou seja, a decisão é o resultado da percepção daquele que toma tal decisão. Entenda como a percepção pode ser útil para a tomada de decisão, assistindo à videoaula da professora Mary. Acompanhe no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 Tomada de Decisão Você utiliza algum modelo, esquema ou regra para as tomadas de decisão? Claro que toda dica ou técnica ajuda, mas não há regra, às vezes é arriscar tudo mesmo e, por vezes, ou quase sempre, temos que contar com a ajuda da percepção que temos da realidade. A forma como as pessoas tomam decisões e a qualidade delas dependem muito de suas percepções. Para saber mais sobre essa relação entre a percepção e tomada de decisão, leia o material as seguir. https://taisbrenner.files.wordpress.com/2010/03/percepcao-e-tomada-de- decisao.pdf Aproveite e leia também uma entrevista com um especialista no assunto, na matéria a seguir. https://wwws.universeg.com.br/universeg/entrevista32.asp (ver material on-line) De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 168), há muitas teorias que tratam de “modelos racionais nas tomadas de decisão”. Tais modelos são bons, mas não necessariamente explicam como as decisões são tomadas na realidade. “É aqui que entra em ação o papel do comportamento organizacional: para melhorar a maneira de tomar decisões nas organizações, teremos de entender os erros que as pessoas cometem ao fazê-lo” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p.168). Inclusive erros de percepção. Na sequência veremos alguns desses erros, iniciando pelo modelo racional de tomada de decisão. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 168) explicam que o modelo racional de tomada de decisão possui seis passos: 1. Definir o problema 2. Identificar os critérios para a decisão 3. Atribuir pesos específicos a cada um desses critérios 4. Desenvolver alternativas 5. Avaliar as alternativas 6. Escolher a melhor alternativa Para Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 168), muitas decisões tomadas, na realidade, não cumpre o modelo racional. Esse modelo está fundamentado em princípios, um deles é que o tomador de decisões deve ter todas as informações, deve ser capaz de reconhecer todas as opções necessárias de modo imparcial e optar pela alternativa que otimize sua utilidade. Esses mesmos estudiosos apontam que, contrariando o modelo racional, geralmente as pessoas ficam satisfeitas ao “encontrar uma solução aceitável ou razoável para o problema em vez de buscar a alternativa ótima”. Muitas decisões importantes são tomadas a partir de julgamentos subjetivos em vez de um modelo ordenado. “Além do mais, o que é muito interessante, as pessoas não percebem que tomam decisões inadequadas” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p.168). Veja, a seguir, um exemplo interessante: Segundo Marcelo Cardoso, vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional da Natura, tomar decisões racionaistornou-se ainda mais difícil ao longo do tempo. Isso, entretanto, não se deve ao fato de os executivos terem menos dados e ferramentas. ‘No passado, era difícil tomar decisões porque havia pouco acesso à informação. Hoje, por temos informações demais, o processo tornou-se mais complexo’. Isso evidencia as limitações do modelo racional de tomada de decisão e, de acordo com o executivo, ‘é um paradoxo’ que precisa ser aceito e compreendido (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 169). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 A racionalidade é limitada De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 169), toda pessoa tem uma capacidade limitada para processar informações, sendo impossível compreender e assimilar todos os dados importantes para aprimorar uma decisão. Por isso, muitas pessoas reagem a uma questão complexa restringindo- a a um ponto que torne possível seu entendimento. Do mesmo modo, “muitos problemas tendem a não apresentar uma solução ótima por serem complicados demais para ser subdivididos de acordo com os parâmetros do modelo de tomada de decisão racional”. Essa é a razão das pessoas ficarem satisfeitas com soluções suficientes, mas não ótimas. Os pesquisadores explicam que nossa mente não é capaz de “formular e solucionar problemas complexos com racionalidade plena”, nós atuamos dentro de uma racionalidade limitada1 (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p.169). O que fazemos é construir modelos simplificados, dos quais extraímos aspectos básicos dos problemas, sem reter a sua complexidade total. Assim, somos capazes de atuar “racionalmente dentro dos limites desse modelo simplificado” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 169). Você sabe como a racionalidade limitada funciona para a maioria das pessoas? Leia o texto a seguir: 1 Racionalidade limitada é um “processo de tomar decisões construindo modelos simplificados que extraem os aspectos essenciais dos problemas sem capturar toda a sua complexidade” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 169). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 “Uma vez identificado um problema, começamos a buscar critérios e alternativas de solução. Mas a lista de critérios costuma ser enorme. O tomador de decisões vai identificar, então, uma lista com as escolhas mais relevantes, que são as mais fáceis de encontrar e tendem a ter bastante visibilidade, as quais normalmente representam critérios familiares e soluções já testadas. Em seguida, começa a revisão das escolhas, mas essa revisão não será abrangente. Em vez disso, é preciso focar alternativas que diferem apenas um pouco da escolha que está sendo feita. Seguindo um caminho familiar e bem conhecido, quando encontrar uma alternativa ‘suficientemente boa’ – que atenda a um nível aceitável de desempenho -, a busca estará terminada. Dessa forma, a solução final representará uma escolha satisfatória – a primeira mais aceitável encontrada -, não a ideal” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 169). Não que esse processo de satisfazer seja sempre ruim, segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 169), muitas vezes pode até ser mais sensato usar um processo simples do que o modelo clássico de tomada de decisão racional2. Podemos confiar na intuição para tomar decisões? Confiar na intuição pode ser o modo menos racional de tomada de decisão. Entenda, lendo o texto a seguir: A tomada de decisão intuitiva é um processo cognitivo inconsciente apoiado nas experiências vividas. Suas principais características são: ela ocorre fora do pensamento consciente; apoia-se em associações holísticas ou conexões difusas entre informações divergentes; é rápida e tem um grande componente afetivo, o que significa que geralmente envolve emoções (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 170). 2 Na realidade, para usar o modelo racional, é necessário juntar muitas informações sobre todas as alternativas, estimar os pesos adequados e por fim “calcular os valores de uma infinidade de critérios”. Todo esse método toma tempo, dinheiro e energia. E mais, “se houver um grande número de variáveis desconhecidas no momento de aplicar pesos e preferências, o modelo totalmente racional pode não ser mais preciso do que um simples palpite”. Um modelo rápido e fácil de solucionar um problema, às vezes, pode ser a melhor escolha. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 170), por muito tempo afirmava-se que tomadores de decisão que usavam a intuição eram irracionais e ineficazes, mas hoje isso mudou. Atualmente, “reconhecemos que o modelo racional tem sido superenfatizado e que, em certas situações, confiar na intuição pode resultar em decisões melhores. Mas não podemos confiar muito nela”. Porque a intuição não é quantificável e não é fácil ter certeza quanto aos palpites, se estão certos ou errados. Devemos então, não abandonar a intuição, mas também não confiar plenamente nela, mas acrescentar a ela evidências e bom- senso. E os erros nas tomadas de decisão? Além de termos a racionalidade limitada, nas tomadas de decisão, às vezes permitimos que “erros e vieses sistemáticos atrapalhem” nossos julgamentos. Buscando reduzir o esforço e evitar dúvidas, acabamos nos valendo excessivamente das experiências, dos nossos impulsos, regras e instintos, nosso senso comum: “Em muitas situações, esses atalhos podem ser válidos. Contudo, eles também podem conduzir a sérias distorções da realidade” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 171). As distorções mais comuns são: 1. Excesso de confiança Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 171) comentam que excesso de confiança conduz a erros catastróficos. “Os indivíduos que possuem habilidades intelectuais e interpessoais mais fracas apresentam maiores probabilidades de superestimar sua capacidade e desempenho”. Então, quanto mais aprendermos sobre algo, menores serão as chances de demonstrarmos excesso de confiança. Alguns empreendedores, acreditando demais nas próprias ideias, deixam de fazer planejamento, resultando em graves problemas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 2. Ancoragem Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 172), “o viés de ancoragem é a tendência de nos fixarmos em uma informação como ponto de partida e a dificuldade de nos ajustarmos diante de informações posteriores”. Isso acontece porque temos uma tendência para supervalorizar a primeira informação recebida. “As âncoras são muito utilizadas por profissionais como publicitários, administradores, políticos, corretores de imóveis e advogados – áreas em que as habilidades de persuasão e negociação são importantes”. A ancoragem acontece sempre que há uma negociação. Veja que interessante: Na medida em que alguém estabelece um número, sua capacidade de ignorá-lo objetivamente fica comprometida. Por exemplo, quando a Vale negocia o preço do minério de ferro com as siderúrgicas chinesas e japonesas, os valores acertados por essas empresas servem de base (âncora) para suas futuras negociações com outras mineradoras. Quando um potencial empregador pergunta a você qual era seu salário anterior, sua resposta servirá como âncora da oferta que ele lhe fará [...] quanto mais precisa for sua âncora, menor será o ajuste feito (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 171). 3. Evidência confirmadora Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 172), explicam que o viés da evidência confirmadora ocorre quando o levantamento de informações importantes para a tomada de decisão não é realizado, as informações levantadas são seletivas. Evidência confirmadoraé um tipo de percepção seletiva: queremos apenas informações que comprovem nossas escolhas do passado e ignoramos as informações que as contrariam. Também temos a tendência de aprovar imediatamente informações que estão de acordo com nossas opiniões próprias e somos incrédulos com relação às que nos contradizem. 4. Viés de disponibilidade Para Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 172), “o viés de disponibilidade é a tendência de as pessoas julgarem as coisas com base nas informações mais disponíveis”. Geralmente damos mais atenção a fatos recentes e que tocam nossas emoções, esses ficam disponíveis na memória. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 32 5. Escalada do comprometimento Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 173) definem escalada do comprometimento como “o apego a uma decisão anterior, mesmo quando fica claro que ela foi um erro”. Nesse caso, o desejo de aumentar o comprometimento conduz ao erro. Leia a citação a seguir: As pessoas aumentam seu comprometimento com ações malsucedidas quando se veem como responsáveis pelo fracasso. Elas desperdiçam muita energia para recuperar o prejuízo na tentativa de demonstrar que sua decisão inicial não estava errada e não ter de admitir que cometeram um erro. O caso do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, [...] é emblemático. Desde sua construção, em 1997, até 2003, a Previ teve de realizar seguidos investimentos para solucionar problemas com suas parceiras e garantir a manutenção do negócio, mesmo sabendo que os resultados estavam muito aquém do esperado (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 173). Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 173), quando as informações são cuidadosamente coletadas e ponderadas de acordo com o modelo racional de tomada de decisões, os que o fazem tendem a envolver-se mais em escalada de comprometimento do que outros que se ocupam menos em suas alternativas. Pode ser que isso aconteça por terem investido muito tempo e energia nas decisões, acabando por se convencer de estarem no caminho certo e deixam de atualizar seus conhecimentos com novas informações. “Muitas organizações já sofreram porque um executivo resolveu provar que sua decisão original estava certa e continuou colocando recursos em uma causa perdida”. 6. Erro de aleatoriedade Ainda falando de erros e vieses na tomada de decisão, conforme explicam Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 173), temos o erro de aleatoriedade, que consiste em “nossa tendência de acreditar que podemos prever o resultado de eventos aleatórios”. Acontece porque todos nós temos “dificuldade para lidar com o acaso”. A maioria das pessoas escolhe crer que pode, de alguma forma, controlar o mundo e o destino. É muito prejudicial ao processo de tomada de decisões quando buscamos criar “um sentido para eventos aleatórios, principalmente quando transformamos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 33 padrões imaginários em superstições. [...] Os comportamentos supersticiosos podem ser nocivos quando atrapalham nosso julgamento cotidiano ou distorcem uma decisão importante” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 173). 7. Aversão ao risco Há ainda a aversão ao risco. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 173), trata-se da “tendência de preferir o que é certo ao resultado arriscado”. Leia o texto a seguir: A aversão ao risco tem implicações importantes. Para contrabalançar os riscos inerentes de um pagamento por comissão, as empresas pagam aos funcionários comissionados consideravelmente mais do que aos que ganham um salário fixo. Os trabalhadores avessos ao risco mantêm sua maneira estabelecida de fazer o trabalho em vez de arriscar o uso de métodos inovadores ou criativos. Continuar com uma estratégia que funcionou no passado de fato minimiza o risco, mas, no longo prazo, leva à estagnação. As pessoas ambiciosas que estão suscetíveis a perder seu poder (a maioria dos gestores) parecem ter especial aversão ao risco, talvez por não quererem perder, em uma aposta, tudo o que lutaram tanto para conseguir. Os CEOs que correm o risco de ser demitidos também são excepcionalmente avessos ao risco, mesmo quando uma estratégia de investimento mais arriscada é mais interessante para sua empresa” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 173). 8. Compreensão tardia A compreensão tardia é também um dos erros e vieses na tomada de decisão. Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 173) explicam que a compreensão tardia “é nossa tendência de, depois da ocorrência de um evento, ter a falsa impressão de que sabíamos qual seria seu resultado. Quando temos uma informação precisa de um resultado, parece-nos muito claro que este era óbvio”. O viés da compreensão tardia restringe a capacidade que as pessoas têm de aprender com o passado. Ele permite a crença que uma pessoa tem de ser melhor do que realmente é em fazer previsões, tornando-a falsamente confiante (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 173). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 34 Tomar decisão não é tarefa fácil, não é mesmo? Seja ela em cima de muita informação ou de menos. Acompanhe a videoaula da professora Mary e esclareça suas ideias sobre o tema (ver material o on-line). Trocando Ideias Chegou o momento de trocar ideias com os seus amigos! Você acredita que as emoções positivas ou negativas podem influenciar respectivamente de forma positiva ou negativa o desempenho das pessoas dentro do ambiente de trabalho? Você acha importante ter inteligência emocional? Qual a relação entre inteligência emocional e intraempreendedorismo? Você já analisou o quanto os seus valores interferiram nas suas decisões mais importantes já tomadas? Comente no fórum alguma experiência, sua ou de um colega, a respeito de um comportamento que tenha afetado as ações no seu ambiente de trabalho. (ver material o on-line). Na Prática Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 170) dizem que, embora a intuição não seja racional, ela pode estar certa, pode ser uma opção ao método racional. “Na verdade, eles podem ser complementares”. Porém, não podemos confundir intuição com superstição, nem com sexto sentido, magia ou paranormalidade. “A intuição é uma forma altamente complexa e desenvolvida de raciocínio, baseada em anos de experiência e aprendizado”. Por isso ela pode ser muito útil no processo de tomada de decisão. Podemos imaginar a intuição sendo a união de um sentimento positivo com a percepção do cenário. Observe um exemplo: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 35 Afirmar que as decisões mais importantes e certeiras de suas carreiras foram frutos de intuição é tarefa quase impossível para os gestores. Isso ocorre porque a racionalidade é extremamente valorizada pela maioria dos administradores e é tida como ‘o jeito certo de tomar decisões’. É por essa razão que a honestidade de João Zangrandi Neto, diretor-presidente da Saeco do Brasil, subsidiária da fabricante italiana de máquinas de café, causa espanto. Quando perguntado se a razão do sucesso de suas decisões foi sorte ou intuição, ele responde prontamente: ‘as duas’. Em sua trajetória empreendedora, ele já importou máquinas de limpeza a vapor, foi dono de uma fabricante de facas para colheita mecanizada de cana, fundou a fábrica de massas premium Granzani e, em 2008, representava a marca de máquinas de café expresso Saeco no Brasil. Em todas essas decisões, a experiência teve um peso importante e a intuição de que obteria sucesso foi o fator decisivo em suas escolhas (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL; 2010, p. 171). Síntese Estamos concluindo esta aula! Hoje, estudamos as variáveis queinterferem no comportamento humano, principalmente no que diz respeito ao comportamento no ambiente de trabalho. Vimos que emoções e sentimentos estão sempre juntos, sendo que emoções são causadas por um evento específico, têm duração curta; os sentimentos já têm duração mais longa, geralmente, a causa não é tão específica, envolvem afetividade positiva ou negativa. Aprendemos sobre a inteligência emocional e as aplicações das emoções e sentimentos no comportamento organizacional, observamos que a inteligência emocional é importante e nós devemos nos esforçar para desenvolvê-la. Falamos sobre personalidade e valores, aspectos determinantes do comportamento humano, e observamos que a personalidade é composta de dois fatores: hereditariedade e ambiente. Vimos que os valores justificam atitudes e motivação e ainda interferem na percepção do indivíduo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 36 Também estudamos sobre percepção; como a mesma realidade pode ser percebida de modo diferente por pessoas distintas e que há uma relação entre a percepção e o processo de tomada de decisão individual. E, por último, analisamos o processo de tomada de decisão, o modelo racional com seis passos, a intuição e os erros que comumente ocorrem nas tomadas de decisão. Não deixe de conferir as principais considerações desta aula no vídeo disponível no material on-line. Referências GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
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