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O PRM (PARTIDO DA GRANDE ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUSESCU

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Master in International Studies 
O PRM (PARTIDO DA GRANDE 
ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUSESCU 
Nacionalismo e Etnicidade no Sistema Internacional 
 
 
IONUT ALEXANDRU PARFENE 
MEIA 2 
Nº 83771 
 
 
O PRM (PARTIDO DA GRANDE ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUŞESCU 
1 
 
Introdução 
A Roménia pós-comunismo assistiu a duas correntes nacional-extremistas1. Essas duas 
correntes diferem em termos da tradição que cada uma carregava. De um lado, o nacional-
comunismo, que permeava o regime de Ceausescu, adaptado às novas realidades politicas. Essa 
corrente era formada por partidos que não se afirmavam como extremistas, mas na essência 
representavam uma continuação radical do anterior regime. Partidos como o PRM, PUNR, PSM 
e mesmo por uma parte do partido maioritário PDSR. Essa corrente caracterizou-se por um 
nacionalismo agressivo e retórica populista, representando uma transição das elites do partido 
comunista para um novo sistema pluripartidário. 
A outra corrente representada pela ‘’Noua Dreapta’’ (Nova Direita), emergiu de um 
‘’redescobrimento’’ e um fascínio pelo movimento fascista do período entreguerras, representado 
pela Guarda de Ferro e o seu fundador ‘’Capitão’’ Corneliu Zelea Codreanu, entre outros 
intelectuais da época. Assim, esta corrente constitui uma rutura relativamente à corrente nacional-
comunista. 
Distinguir entre estas duas correntes é vital, pois rotular o PRM como uma continuação do legado 
fascista é um erro crasso2. Primeiro, diferem na essência, contrapondo o populismo oportunista 
do PRM com o elitismo e ‘’esprit de corps’’ legionário mimetizado pelo movimento da Nova 
Direita. Segundo, a génese desses dois movimentos se deu em períodos distintos e circunstancias 
diferentes. Neste trabalho abordaremos a primeira corrente, representada principalmente pelo 
PRM. 
 
PRM (Partido da Grande Roménia) 
A reconversão dos elementos ideológicos e propagandísticos da era Ceausescu foram 
primariamente levadas a cabo pelo PRM, o mais conhecido partido e mais importante partido 
nacionalista no período pós-comunista. 
A maioria das organizações extremistas se desenvolveram a partir de meios de imprensa. O ‘’Lar 
Romeno’’ (Vatra Romaneasca) beneficiou e usou de tais meios para expandir a sua influencia, 
em zonas como o Norte da Roménia (Ardeal)3. Não é de estranhar que o semelhante tenha 
acontecido com o jornal ‘’Romania Mare’’ (Grande Roménia) que precedeu o partido do mesmo 
nome, lançada por representativos da intelligentsia nacional-comunista do Ceausescu: Corneliu 
 
1 Turcan, F. National and Right-Wing Radicalism in the New Democracies: Romania p.3. 
2 ‘’ p.3. 
3 Andreescu, G. ‘’Extremismul de dreapta in Romania’’. 
O PRM (PARTIDO DA GRANDE ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUŞESCU 
2 
 
Vadim Tudor, Eugen Barbu, Radu Theodoru, entre outros4. Muitos Romenos e observadores 
estrangeiros ficaram surpreendidos com a ascensão do Tudor, o poeta da ‘’corte’’ do Ceausescu5. 
O discurso do PRM fez furor e permitiu-lhes acumular seguidores. As tendências ofensivas do 
regime do Ceausescu foram exacerbadas, passando por sentimentos anti-húngaros, antio-
cidentais, hostilidade contra dissidentes e emigrantes políticos. Antissemitismo também foi uma 
continuação ainda mais amplificada do que nas suas publicações durante o regime do Ceausescu, 
autorizadas pelo mesmo. A negação do Holocausto também foi algo comum entre o discurso do 
partido e o regime do Ceausescu6. Depois de 1996, quando os partidos de centro-direita entraram 
no governo pela primeira vez, o discurso populista do PRM desenvolveu-se de modo a tirar 
partido da crise económica que se tem desenvolvido desde então. 
Nas eleições de 1992, PRM obteve 3,89% dos votos para a camara dos deputados e 3,85% para o 
senado. Em 1996 o partido subiu para 4,46% e 4,54% respetivamente. No início de 1999, 
participou indiretamente numa tentativa de golpe de Estado. Esses eventos, começando com os 
protestos por parte dos mineiros de ‘’Valea Jiului’’ contaram com o apoio do líder do PRM, 
Corneliu Vadim Tudor através de discursos agitadores: ‘’Meus caros compatriotas, o país está 
convosco. Vou trazer-vos a voces para os escritórios luxuosos de Bucareste, e os canalhas que 
arruinaram o país vou mete-los nas minas.’’7. Miron Cozma, líder sindical dos mineiros do vale 
de Jiu, marcharam então para Bucareste mostrar a indignação com as condições dos trabalhados 
pós-comunismo afim de impor as suas pretensões, o que obrigou o presidente de então, Emil 
Constantinescu a ameaçar declarar o estado de emergência. A 22 de Janeiro chegou-se a um 
consenso e os trabalhadores se retiraram. O contacto entre o PRM e os mineiros foi claro, e figuras 
públicas acusaram o partido por desrespeitar os princípios democráticos constitucionais, incitação 
à violência, desrespeito pela ordem da lei, propagação de ódio racial e religioso, e ataques contra 
o pluralismo democrático8. Apesar das provas evidentes e motivos duvidosos, o caso acabou por 
ser arquivado. 
Em 2000 o PRM obteve os resultados mais espetaculares, 19,48% dos votos para a casa 
Representativa e 21,01% para o Senado, enquanto o C.V. Tudor ficou em segundo nas eleições 
presidenciais com 33,17% dos votos9. Estes resultados, que representaram o apogeu do PRM na 
esfera política eram essencialmente uma forma de protesto e frustração por parte da população, 
após 10 anos desde a queda do Ceausescu, sobre as quais o discurso populista do PRM conseguiu 
capitalizar. Uma atitude anti-sistema sempre caracterizou o partido. 
 
4 Turcan, F. National and Right-Wing Radicalism in the New Democracies: Romania, p.5. 
5 CRS Report for Congress: Romania After the 2000 Elections: Background and Issues for Congress 
6 Turcan, F. National and Right-Wing Radicalism in the New Democracies: Romania, p.6. 
7 Andreescu, G. ‘’Extremismul de dreapta in Romania’’, p.34. 
8 ‘’ p.34. 
9 Turcan, F. National and Right-Wing Radicalism in the New Democracies: Romania, p.8. 
O PRM (PARTIDO DA GRANDE ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUŞESCU 
3 
 
Colapso do PRM 
Depois dos resultados de 2000 e as eleições presidenciais, a popularidade do PRM 
diminuiu. As causas são diversas, mas se devem primeiramente à transformação económica e 
social, desenvolvimento dos assuntos internos, e também da situação internacional da Roménia 
(ex: NATO). O nacionalismo radical também saiu do ciclo político desde a queda do regime do 
Ceausescu. 
A situação económica do país retomou o seu rumo, começou a melhorar gradualmente a partir de 
2000 e se intensificou nos anos subsequentes. Com o rejuvenescimento da economia, o 
desemprego diminuiu e também com a abertura do país, um segmento significativo de mão de 
obra afetada pela desindustrialização forte nos anos 90 começou a procurar emprego nos países 
da UE. Todos estes fatores, juntamento com a consolidação de uma classe média fez com que o 
PRM perdesse o brio populista devido à falta de público alvo, ao contrário do que acontecia em 
1996-2000. A participação do UDMR (União Democrática dos Magiares da Roménia) no governo 
também ajudou a dissipar algum ódio inter-étnico e a diminuir a perceção sobre a dita ‘’Ameaça 
Húngara’’, que o PRM tanto exacerbava nos seus discursos. 
A situação internacional da Roménia, também fez com que a mensagem xenófoba e nacionalista 
do C.V.Tudor perdesse poder. A retórica anti-americana e anti-Nato que tinha atingido o pico 
durante a intervenção de Kosovo, perdeu atratividade após 11 de Setembro de 2001. Outro dos 
fatores para a perda de influencia, foi a entrada de outros atores que faziam uso do populismo mas 
de uma maneira mais ‘’soft’’ e menos agressiva.Foi o caso de George Becali, presidente do clube 
de futebol ‘’Steaua Bucareste’’, uma figura exibicionista e com uma certa agressividade, mas que 
distribuía esporadicamente alimentos e dinheiro às classes desfavorecidas, autointitulando-se de 
‘’Guerreiro da Luz’’ e um bom Cristão. Tomando a liderança de um partido pré-existente, Partido 
Nova Geração (PNG), um partido sem uma ideologia concreta que Becali intitulou de partido 
‘’Cristão’’, mas que apesar de não ter tido um grande impacto conseguiu contestar os eleitores do 
PRM suscetíveis ao populismo. A troca de insultos entre o Vadim e Becali eram um espetáculo 
para a mass-média e a rivalidade entre os dois no campo populista criou muitos choques e também 
episódios caricatos. 
Em 2003, numa tentativa desesperada para salvar a erosão da imagem do partido, Vadim tomou 
medidas contraditórias e pouco convincentes mostrando a volatilidade do oportunismo do líder 
do PRM10. Declarando que vai abandonar o antissemitismo, e a inauguração na cidade de Brasov 
de um busto de Ytzak Rabin, o ex. primeiro ministro Israelita vitima de assassinato. Este gesto 
foi condenado pela comunidade judaica e familiares. Outro gesto foi a visita da delegação do 
 
10Turcan, F. National and Right-Wing Radicalism in the New Democracies: Romania, p.13 
O PRM (PARTIDO DA GRANDE ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUŞESCU 
4 
 
PRM ao campo de extermínio de Auschwitz. 
Tudo isso mostrou a atitude desesperada do PRM para se livrar da sua imagem como partido 
nacionalista radical. Vadim e Becali chegaram ao ponto de unir forças em 2009 para as eleições 
Euro-Parlamentares com o slogan ‘’Dois Cristãos e patriotas/Vão livrar o país de ladrões.’’. Os 
resultados favoráveis obtidos nesse período deveram-se mais uma vez à situação económica do 
país e o aumento do desemprego, provocado pela crise, e que o PRM mais uma vez conseguiu 
aproveitar devido à frustração presente entre a população. Após esse período o partido entrou num 
declínio total e o líder C.V. Tudor se tornou um líder obsoleto juntamente com o seu partido que 
não mais se adequavam à politica romena. 
Corneliu Vadim Tudor faleceu a 14 de Setembro de 2015. 
 
Conclusão 
Como vimos após o colapso do comunismo, a extrema direita experienciou um 
ressurgimento. Não sendo apenas exclusivo à Roménia, mas em toda a região do Leste e Centro 
da Europa, o nacionalismo radical na Roménia teve uma posição especial no que toca à sua 
emergência, virulência e resiliência. Pode-se questionar os motivos por trás disso. Primeiro, o 
nacionalismo foi uma das ferramentas usadas mesmo pelo partido comunista com o intuito de 
consolidar e legitimar o poder, estando já enraizado no poder politico. Segundo, a própria natureza 
dos eventos que se deram em dezembro de 1989 e o subsequente vácuo de poder após o colapso 
do regime permitiram tal. Isso proporcionou um terreno fértil para uma direita extrema e que foi 
alimentada por sucessos eleitorais de partidos como o PUNR (Partido da União Nacional da 
Roménia), e PRM (Partido Roménia Grande). Este último atingiu o apogeu em 2000, ao se afirmar 
como maior partido da oposição e o líder, Corneliu Vadim Tudor, conseguiu ir à segunda volta 
nas eleições presidenciais, antecipando em com dois anos o feito de Le Pen em 2002. 
O paradoxo é que após esse feito a extrema direita pós Ceausescu tem vindo a perder terreno e 
desde 2000 diante o apoio para o PRM diminuiu até ao ponto de não ser mais representado sequer 
no parlamento. Nenhum outro partido desde então conseguiu replicar os feitos do PRM, e 
enquanto a extrema direita no leste e centro Europeu está a ganhar terreno, na Roménia não tem 
sido muito pronunciado. O que não significa que o nacionalismo de extrema direita desapareceu. 
A outra corrente que mimetiza o espírito legionário do período entreguerras tem ganhado presença 
nos últimos anos através da sua posição anti-Islão, anti-LGBTQ e anti-migrantes. 
Benedict Anderson, no seu livro '' Comunidades Imaginadas '', argumenta que a nação é uma 
comunidade socialmente construída. A comunidade nacional é vista como algo "imaginado", já 
O PRM (PARTIDO DA GRANDE ROMÉNIA) NA ERA PÓS-CEAUŞESCU 
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que os seus membros não sabem realmente um do outro, mas ainda assim, compartilham uma 
conexão mútua e abstracta. Um exemplo em que realmente existe uma comunidade é a aldeia. 
Uma comunidade maior do que isso, tem que ser mantida coesa e unida por outros meios, como 
o nacionalismo, por exemplo, que na visão de B. Anderson não é "um despertar da nação para a 
autoconsciência, mas inventa nações onde elas não existem’’. O nacionalismo na Roménia foi e 
ainda é usado como ferramenta para fins políticos, principalmente através do discurso, para 
promover a integridade territorial, coesão social e supressão de minorias que zelam por direitos 
culturais e autonomia territorial. Ex: Magiares da terra dos Székely e etnia Roma. 
 
 
 
Bibliografia 
https://en.wikipedia.org/wiki/Corneliu_Vadim_Tudor; 
Turcan, F. ‘’National and Right-Wing Radicalism in the New Democracies: Romania.’’; 
Andreescu, G. ‘’Extremismul de dreapta in Romania’’ 
CRS Report for Congress: ‘’Romania After the 2000 Elections: Background and Issues for 
Congress.’’. 
https://jiuvalley.org/history-heritage/coal-mining/mineriada/

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