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P R O F. E S P. G E O R G E N A S C I M E N T O D E S O U Z A DIREITO EMPRESARIAL I GEORGE JOSÉ NASCIMENTO DE SOUZA • Advogado formado pela Universidade Católica de Pernambuco; • MBA em Direito da Economia e da Empresa pela Fundação Getúlio Vargas (FGV); • Pós-Graduado em Direito Marítimo e Portuário pela Faculdade Maurício de Nassau/Escola Superior de Advocacia da OAB/PE; • Especializando em Direito Processual Tributário pela Universidade Federal de Pernambuco. • E-mail para contato: gjsouza@siqueiracastro.com.br BIBLIOGRAFIA • BIBLIOGRAFIA BÁSICA: • ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais: Direito de Empresa. • São Paulo: Saraiva, 2008. • CAMPINHO, Sérgio. O Direito de Empresa à Luz do Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2008 • COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa. São Paulo: • Saraiva, 2011. • FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Atlas, 2011. • RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2012 • BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: • CARVALHO DE MENDONÇA, José Xavier. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. Rio • de Janeiro: Freitas Bastos, 2000. • COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: Direito de Empresa. São Paulo: • Saraiva, 2011. V. 1. • MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro. São Paulo: Atlas, 2010. • NEGRÃO, Ricardo. Direito empresarial: estudo unificado. São Paulo: Saraiva, 2010. • REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2010. INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL • Criação do Código Civil de 2002 (entrou em vigor em 2003), revogando totalmente (ab-rogando) o Código Civil de 1916 • Revogação (derrogação) expressa da Primeira Parte do Código Comercial (art. 2.045) • O Código Comercial (Lei n. 556, de 25 de junho de 1850) continua em vigor com relação apenas ao comércio marítimo, regulado pela Segunda Parte • Aplica-se a legislação mercantil não-conflitante com o Código Civil: vg. Lei da Propriedade Intelectual (Lei n. 9.279/96); Lei das Sociedades por Ações (Lei n. 6.404/76) INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL Dicotomia CC (1916) NCC (2002) Unificação Ccom (1850) INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL • O CC de 2002 unificou o direito obrigacional, adotando a teoria da empresa para regular a atividade econômica sob a ótica privatística, em substituição à antiga teoria dos atos do comércio. • Teoria dos Atos de Comércio à excluía do âmbito de incidência do direito mercantil atividades de grande importância econômica, como por exemplo, prestação de serviços, agricultura, pecuária, negociação imobiliária, sendo estas classificadas como atividades civis. • Na visão de Carvalho de Mendonça, no Brasil os atos de comércio eram divididos em três classes: (i) atos de comércio por natureza, que compreendiam as atividades típicas de mercancia, como a compra e venda, operações cambiais e a atividade bancária; (ii) atos de comércio por dependência ou conexão, que os atos que auxiliavam ou facilitavam a mercancia propriamente dita; e (iii) atos de comércio por força ou autoridade de lei, isto é, todas as atividades que são consideradas atos de comércio por vontade política do legislador. INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL • A Teoria da Empresa (italiana) adota um regime jurídico completo das empresas - a empresa e seus c o m p o n e n t e s b á s i c o s – o e m p r e s á r i o , o estabelecimento e a atividade empresarial, bem como reserva disciplina específica para algumas atividades de menor expressão econômica, tais como as dos profissionais intelectuais e dos pequenos empresários. • Conteúdo da Teoria da Empresa (arts. 966 a 980): Cuida de quem exerce (i)profissionalmente (ii) atividade econômica (iii) organizada para a (iv) produção ou a circulação de bens ou serviços, através de um complexo de bens (estabelecimento empresarial), tendo como requisito fundamental, o (v) registro empresarial. INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL (i) Profissional Habitual (ii) Lucro PJ Dir Priv Sociedades Organ. Religiosas Fundações Associações Part. Políticos Empresário Indiv. EIRELI INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL Mão de Obra Tecnologia Capital Insumos • (iii) Organização • (iv) Produção/Circulação consumidor Loja (revendedor) Fábrica (produtor) INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL • (v) Departamento Nacional de Registro Comercial (DNRC)à órgão federal que fiscaliza as juntas comerciais. • Junta Comercial à Autarquia Estadual onde é feito o registro empresarial. Nesse registro é gerado um número: Número de Identificação no Registro de Empresas (NIRE). • Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM) à O DNRC e as juntas comerciais pertencem a esse sistema. • (vi) A questão do lucro só interessa para qualificar uma empresa como micro ou pequena. O Faturamento Bruto Anual é o que caracteriza uma empresa como micro, pequena, média ou de grande porte. • Microempresa (ME)= até R$ 360.000,00 • Empresa de Pequeno Porte (EPP) = > R$ 360.000,00 à R$ 3.600.000,00. • Micro Empreendedor Individual (MEI) = É necessário que seja Empresário Individual e tenha um FBA de até R$ 60.000,00 • Essa três formas de fazer empresa compõe 92% da atividade empresarial do Brasil. Isso ocorre pela forma facilitada na criação desses tipos empresariais e na forma de tributação mais simplificada e menos onerosa (SIMPLES NACIONAL). INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL • Distinção entre Comerciante e Empresário • Absorção da figura do comerciante pelo empresário; • Empresário como sujeito que explora atividade como empresa visando o lucro (art. 966 do CCB); • Comerciante como sujeito que pratica atos de mercancia • Atos de Mercancia são Atos de Comércio previamente estabelecidos (compra e venda ou troca de bens móveis ou semoventes; operações de câmbio, banco e corretagem, etc. Art. 19 do Regulamento 737/1850). FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL • Como fonte do Direito Empresarial, entende-se o modelo pelo qual surgem as regras jurídicas de índole empresarial. • Fontes Primárias do Direito Comercial: Legislação constitucional e infraconstitucional • Constituição Federal de 1988 (art. 170); • Código Civil; • Legislação Esparsa (Lei n. 6404/76 (LSA); Lei n. 8.934/94 (Registro Público de Empresas); entre outras. • Fontes Secundárias • Usos e Costumes Empresariais; • Analogia; • Princípios Gerais de Direito; • Jurisprudência. EMPRESA • (conceito) Asquini: “É um fenômeno econômico unitário que, entretanto, apresenta-se no mundo jurídico de forma fragmentada” • “a empresa pressupõe organização complexa dos fatores clássicos da produção”(FRANÇA, Erasmo. 2003) • É todo o organismo tendente à produção dos bens destinados ao mercado. Alguns doutrinadores acrescentam a noção de risco e de lucro” • Lucro é o preço do risco EMPRESA • O conceito de atividade empresarial implica uma atividade voltada, de um lado, a recolher e organizar a força de trabalho e o capital necessários para a produção ou distribuição de determinados bens e serviços (Asquini). • Por ocasião da edição do Código Civil italiano, alguns autores defendiam que “a empresa era a célula fundamental de qualquer tipo de economia organizada. • Entende-se pela palavra empresa não uma entidade, mas, ao contrário, a atividade empenhada na produção, circulação e distribuição da riqueza. É usada no sentido de atividade, tendo por fim obter um resultado de natureza econômica (M. Reale). • Assim, a empresa entra para o direito positivobrasileiro por força da necessidade de se estruturar a atividade econômica voltada à produção ou à circulação de bens e serviços. EMPRESÁRIO (ART. 966, CCB) • Empresário é quem exerce, isto é, o sujeito de direito que exerce em nome próprio uma atividade econômica organizada, ou seja, uma atividade empresarial que implica de parte do empresário a prestação de um trabalho autônomo de caráter econômico correlato. • Exceções ao conceito de empresa: • Par. Único do art. 966: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa”. • Imprescindível: (i) profissionalismo; e (ii) economicidade e organização da atividade. EMPRESÁRIO • A empresa não é sujeito de Direito. • É uma atividade que deve ser desenvolvida pelo empresário unipessoal ou pela sociedade empresária. • Empresário é aquele que, de forma singular, pratica profissionalmente atividade negocial, como a pessoa de direito constituída para esse fim (FAZZIO JR) • O conceito de empresa é estritamente econômico, não definido pelo CCB. O art. 966 considera empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Esse é o conceito de empresário unipessoal. EMPRESÁRIO • Caracteriza-se o empresário unipessoal pela reunião de cinco elementos: • Capacidade jurídica; • Ausência de impedimento legal para o exercício de empresa; • Efetivo exercício profissional de empresa; • Regime jurídico peculiar regulador da insolvência; e • Registro. EMPRESÁRIO CAPACIDADE JURÍDICA • Capacidade Jurídica: • Art. 972, CC: Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. • A regra é que as pessoas absolutamente incapazes não autorizadas judicialmente não podem ser empresárias, isto é: • Os menores de 16 anos; • Os que, por doença, não tiverem o discernimento suficiente; e • Os que, mesmo transitoriamente, não puderem expressar a sua vontade • Os relativamente incapazes, sem autorização judicial, não podem ser empresários: • Maiores de 16 e menores de 18; • Ébrios habituais, toxicômanos e os deficientes mentais; • Excepcionais com desenvolvimento mental incompleto; • Pródigos. EMPRESÁRIO CAPACIDADE JURÍDICA • Emancipado: também pode exercer a empresa. A emancipação significa cessação da incapacidade civil antes dos 18 anos (art. 5º, parágrafo único, CC) • Uma das causas da emancipação é o estabelecimento civil ou comercial do menor com 16 que tenha economia própria • Economia própria: (i) economia separada dos pais, independentemente da sua origem, mesmo que os pais fornecessem os recursos para o menor se estabelecer; (ii) con junto de bens adv indos ao seu pat r imôn io , independentemente da finalidade de se estabelecer (resultados do seu trabalho, doação, herança); e (iii) de acordo com o CC, somente se consideraria a economia própria os bens advindos do seu trabalho, do seu esforço EMPRESÁRIO CAPACIDADE JURÍDICA • Incapaz: pode ser empresário para continuar a empresa anteriormente exercida quando era capaz; por seus pais ou por autor da herança (arts. 974 a 976 do CC). • Essa exceção demanda a concorrência dos seguintes requisitos: EMPRESÁRIO • O exercício da empresa pelo incapaz se fará por meio de representante ou assistente; • Deverá ser precedido de autorização judicial; • Essa autorização será concedida por meio de alvará; • Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz possuía ao tempo da sucessão ou interdição, desde que estranhos ao acervo daquela; • Se o representante ou assistente do incapaz estiver impedido de ser empresário nomeará, com autorização judicial, um ou mais administradores; • O representante ou assistente será responsável pelos atos do administrador nomeado; • os direitos adquiridos por terceiros em virtude do exercício empresarial pelo incapaz não serão prejudicados; EMPRESÁRIO CAPACIDADE JURÍDICA Menor de 16 anos Economia própria Emancipação Representado/ assistido Autorização judicial art. 974/ CC (precária) Continuidade da empresa EMPRESÁRIO • Empresário Casado (art. 977, 978 e 980) • Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. • Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. • Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. EMPRESÁRIO REGIME CONJUGAL ART. 977 Com. Total +|+ Com. Parcial -|+ Sep. Total Obrigatória -|- Sep. Total Convencional -|- Aquestos Sep. Total Com. Parcial EMPRESÁRIO REGIME CONJUGAL ART. 978 Dir. Família Alienar/ Gravar Imóveis Outorga (Exc. Sep. Total) D. Emp. Alienar/Gravar Imóveis da Empresa Não precisa da Outorga (qualquer regime de bens) EMPRESÁRIO AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL • Impedimento Legal ≠ Incapaz • Proibidos de serem empresários: “governadores de Estado; funcionários públicos, sejam federais, estaduais ou municipais, nos termos dos seus respectivos estatutos; os militares da ativa das Três Armas; os magistrados; corretores e leiloeiros; os cônsules; os médicos, em farmácias, drogarias ou laboratórios farmacêuticos”. O Falido também está proibido de exercer a atividade de empresário • O impedimento legal impões limites, em princípio, apenas ao exercício individual da atividade de empresário (empresário individual) por parte daqueles que, em razão de função exercida ou outro motivo ponderável, sofrem a proibição. • Salvo exceções expressamente dispostas em Lei, podem ditas pessoas integrar uma sociedade empresária, na condição sócios. EMPRESÁRIO AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO LEGAL • Funcionários Públicos: é permitida a participação como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo proibido o exercício de cargo como administrador (Lei n. 8.113/90, art. 117) • Magistrados: é permitida a participação como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo proibido o exercício de cargo como administrador (Lei Complementar n. 35/79, art. 36, I e II) • Militares: é permitida a participação como sócio cotista, comanditário ou acionista, sendo proibido o exercício de cargo como administrador (Código Penal Militar Dec.Lei n. 1.001/69, art. 204) EMPRESÁRIO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DE EMPRESA • Mesmo capaz, não impedida e regularmente matriculada no Registro Público de Empresas, a pessoa natural só será considerada empresária se exercer profissionalmente a empresa em nome próprio, com intuito de lucro. (FAZZIO Jr, 2005) Ou seja, é essencial que o faça: • Profissionalmente (não esporadicamente); • Em nome próprio (não em nome de outrem); • Com intuito de lucro (não graciosamente). EMPRESÁRIO REGIME PECULIAR REGULADOR DA INSOLVÊNCIA • Quando da insolvência do empresário, o direito pátrio lhe reserva um regime jurídico próprio, isto é, o regime falimentar (Lei n. 11.101/2005). • Somente o empresário incide em falência. • Há a possibilidade recuperação da sociedadeou do empresário, preservando o núcleo econômico da atividade. EMPRESÁRIO DO REGISTRO • O registro do empresário individual ou da sociedade empresária no Registro Público de Empresas Mercantis de sua sede, desempenhado pelas Juntas Comerciais, é um ato declaratório e não constitutivo. • O simples registro dos atos constitutivos da firma individual ou da sociedade empresária na Junta, não assegura, por si só, a condição de empresário, que é constatada através do exercício profissional da atividade (art. 966). • Apresenta presunção juris tantum, podendo ser desconstituída através de prova em contrário. • Apenas com o início da atividade empresarial , abdicando da inatividade, considerar-se-á empresário. EMPRESÁRIO DO REGISTRO • Ao registrar os atos constitutivos sem iniciar as atividades empresariais, o suposto empresário não poderá fazer jus ao regime falimentar; responderá integralmente com os seus bens no caso de insolvência. • “a principal sanção imposta a sociedade empresária que explora irregularmente sua atividade econômica, isto é, que funciona sem registro na Junta Comercial, é a responsabilidade i l imitada dos sócios pelas obrigações da sociedade” (ULHOA COELHO) ELEMENTO DE EMPRESA • Organização de fatores de produção • Une capital e trabalho • Utiliza imóvel, equipamentos e tecnologia • Ex: médico que tem sob sua subordinação outros médicos, enfermeiros, ajudantes, utiliza o hospital com hotel, farmácia, restaurante, etc. ELEMENTO DE EMPRESA • Somente é possível que o trabalho intelectual assuma a condição de elemento de empresa, quando a atividade profissional é absolvida pela atividade empresarial, da qual se tornaria um mero elemento. • “(...) organizando-se em empresa, assume a veste de empresário, a exercida por médicos em uma unidade hospitalar” (MARCONDES) • Em que constitui a estrutura empresarial ou o elemento de empresa ELEMENTO DE EMPRESA • Hospital ≠ Clínica Médica Uniprofissional • Empresa é um termo econômico, vinculado à organização dos fatores de produção pelo empresário. É imprescindível para se configurar uma sociedade empresária estar presente uma estrutura organizacional no exercício da atividade social. • Para que não se constitua elemento de empresa numa sociedade (atividade civil), é preciso que os dirigentes cumpram funções de organização dos recursos e do trabalho humano disponíveis para o desenvolvimento das atividades da sociedade. • Quando tem relevância a pessoa física que atua nessa atividade intelectual, científica, artística, etc., trata-se de atividade civil. • Quando não há destaque de um pessoa ou pequeno grupo de pessoas, constitui-se elemento de empresa. • Cooperativa não constitui atividade empresarial (art. 982, § Ún, CC), mas civil (sociedade simples). Isso porque as cooperativas não buscam o lucro. ELEMENTO DE EMPRESA • A posição peculiar do ruralista: ele escolhe o que será melhor, se registrar na Junta e ser empresário ou não se registrar e ter atividade civil. Ou seja, para os outros tipos de empresários, o registro tem função meramente declaratória; já para o ruralista, que queira se inscrever, terá função constitutiva, visto que o constituirá na condição de comerciante. Pode se referir ao empresário individual ou à sociedade empresária. Não precisa ser necessariamente pequeno empresário para se enquadrar em tal condição. . . . . . Ruralista Registro na JC = Empresário Não se registra na JC = civil (sociedade simples) ELEMENTO DE EMPRESA • Sociedade empresária + trabalho de terceiros não- sócios + sócios na qualidade de gestores + lucro dos serviços dos não-sócios = elemento de empresa • Na sociedade empresária existe a figura do mais valia, termo cunhado por Karl Marx (≠ da receita gerada pelo empregado para a sociedade e o valor por ele recebido em razão da prestação de seus serviços. Esse resultado é capitalizado pelo detentor dos meios de produção, ou seja, os sócios) ELEMENTO DE EMPRESA • Enunciados da Comissão de Direito de Empresa da III Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal, com o apoio do Superior Tribunal de Justiça, nos dias 01 a 03 de dezembro de 2004: • 193 – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa. • 194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida. • 195 – Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial. • 196 – Arts. 966 e 982: A sociedade de natureza simples não tem seu objeto restrito às atividades intelectuais. • 199 – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização. EIRELI • Empresa Individual de Responsabilidade Limitada criada pela Lei n. 12.441/2011. Criou o art. 980-A do Código Civil. • Veio a suprir a ausência de uma figura jurídica que protegesse o patrimônio do empresário que não queria/podia ter um sócio. • Não extinguiu a figura do empresário individual de responsabilidade ilimitada. • Enunciados do Conselho de Justiça Federal: • Enunciado 468 do CJF: Art. 980-A: A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural. • Enunciado 469 do CJF: Arts. 44 e 980-A: A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado. (V Jornada)Cada pessoa somente pode possuir uma EIRELI • Diferentemente do Empresário Individual, a EIRELI pode ter firma ou denominação social. • Aplica-se subsidiariamente as normas das sociedades limitadas. • O Capital Social tem que ser igual ou superior a 100 (cem) salários mínimos (art. 980-A, caput). Já existe ADIN contra esse dispositivo porque feriria a livre iniciativa presente no art. 170 da CF. NOME EMPRESARIAL (ARTS. 1.155 E SS) • O nome empresarial individualiza e assinala a espécie de responsabilidade patrimonial do empresário ou sociedade empresária. • Todo empresário assina documentos, sob um nome empresarial, que constitui sua firma, a distingui-lo de outrem. É a designação pela qual é conhecido. • “sua atividade pode criar uma aura de crédito, que é algo mais do que a materialidade do enunciado do nome. É o renome. O nome comercial sob este prisma apresenta boa-fama do sujeito mercantil de direito”(Philomeno José da Costa) NOME EMPRESARIAL • O direito brasileiro adotou o sistema suíço para regulamentar o nome empresarial. Caracteriza-se pelo Princípio da Regulamentação • Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações. • Art. 34. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade. NOME EMPRESARIAL • Nome é gênero e há duas espécies de nome empresarial: • Firma; e • Denominação. • A firma individual é o nome usado pelo empresário individual. • Firma social ou razão social designa a sociedade contratual, quer dizer, a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e, em caráter opcional, a sociedade limitada e a comandita por ações. A denominação é o nome da sociedade anônima ou companhia e, também em caráter opcional, da sociedade limitada e da comandita por ações.• O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que indiquem atividade não prevista no objeto social da sociedade. Também, não serão objeto de registro os nomes empresariais que incluam ou reproduzam, em sua composição, siglas ou denominações de órgãos públicos da administração direta ou indireta e de organismos internacionais. NOME EMPRESARIAL NOME (GÊNERO) FIRMA DENOMINAÇÃO Nomes próprios (Ex: Marinho e Lima Ltda) Nomes inventados + objeto social (Ex: Água Clara Distribuidora Ltda) Firma=Razão (individual ou social) Elemento de Fantasia (≠ Nome Fantasia) Assinatura é o nome da firma e não o nome da pessoa que assina A s s i n a t u r a é o n o m e d o administrador da sociedade • O nome empresarial se registra na Junta Comercial do Estado onde é localizada a sociedade ou o empresário e a proteção do nome é estadual. É possível requerer a proteção do nome no âmbito nacional. NOME EMPRESARIAL FIRMA • A firma é constituída pelo nome do empresário, nada impedindo que seja abreviado ou, acrescido de elemento distintivo. Ex: • João da Silva; • J. Da Silva; • João da Silva – Sapatos; • João da Silva – Sapatos Sociais • É proibido o uso de pseudônimos, hipocorísticos (Chico por Francisco, etc.) ou de denominação. Os pseudônimos e hipocorísticos ocultam o nome, quando o objetivo é fazer coincidir o nome civil e nome empresarial, no interesse de terceiros. NOME EMPRESARIAL RAZÃO SOCIAL OU DENOMINAÇÃO • A sociedade empresária, conforme o tipo societário, pode ter uma razão social ou uma denominação. • Sociedade em nome coletivo, se não individualizar o nome de todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo e companhia, abreviado ou por extenso. Esse aditivo poderá ser substituído por e filhos ou e irmãos, entre outras. Ex: • Thiago Cardozo & Irmãos; • Eduardo Campos e Cia.; • Dilma Rousseff, Sapatos. • Nas sociedades em comandita simples, o nome empresarial deverá ostentar o nome de pelos um dos sócios, com o aditivo e companhia por extenso ou abreviado NOME EMPRESARIAL RAZÃO SOCIAL OU DENOMINAÇÃO • As sociedades limitadas podem optar entre a razão social ou denominação, sempre com a posposição do vocábulo limitada, abreviadamente ou por extenso. Ex: • Ronaldo Nazário e Cia. Limitada; • XPTO Participações Ltda. • As sociedades anônimas terão, obrigatoriamente, uma denominação com as palavras sociedade anônima abreviada ou não, no início, meio ou final; ou a palavra companhia abreviada ou não, no início ou no meio, agregando ou não o ramo de negócio. A expressão sociedade anônima pode ser anteposta ou posposta. Ex: • Indústria Gerdau S.A. (ou S/A); • Companhia de Bebidas das Américas; • Sociedade Anônima Astro. PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO • Arts. 1.169 a 1.178 do Código Civil • O Preposto pode ser de dois tipos: • (i) empregado (CLT)da empresa (sociedade ou do empresário individual); • (ii) trabalhador autônomo (é mais comum que os contadores se encaixem nessa categoria). • O preposto repre senta o empresário em todos os atos. • O Código trata expressamente de duas espécies de prepostos: • O Gerente; • O Contabilista (cuja função primordial é realizar a escrituração da empresa); • Outros auxiliares. • Obs: há duas diferenças básicas entre os prepostos tratados expressamente pelo CC: • 1. A existência do gerente, numa empresa, é facultativa; já a do contabilista, obrigatória; • 2. qualquer pessoa pode ser gerente; já para ser contabilista, precisa ser profissional inscrito no órgão de classe. PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO • Pode-se nomear numa empresa quantos gerente for necessário. Isso ocorre mais em grandes empresas que têm filiais. • Qualquer preposto pode estar em juízo em nome do preponente. Sempre que o preposto for representar o preponente fora do estabelecimento tem que ter essa autorização por escrito. • A nomeação do preposto é personalíssima, não podendo se fazer substituir por outra pessoa sem a autorização expressa do preponente. • O que se entregar ao preposto (dinheiro, documentos, bens, etc.) sem que este faça qualquer ressalva, considera-se perfeita. • A nomeação do gerente tem que ser notificada à JC junto com os poderes que ele possui. ESCRITURAÇÃO MERCANTIL • Arts. 1.179 a 1.195 do Código Civil • Os empresários devem manter um sistema de escrituração contábil periódico, além de levantar todo ano dois balanços financeiros: o patrimonial e o de resultado econômico. • A empresa tem que manter o seu sistema de escrituração regular, pois o livro regularmente mantido conta em favor da empresa em eventual ação judicial. • Não basta possuir o livro obrigatório. Esse livro tem que ter a autenticação da Junta Comercial. • No caso das ME e das EPP, existe um Enunciado de 235 da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal que reza assim: "Art. 1.179: O pequeno empresário, dispensado da escrituração, é aquele previsto na Lei n. 9.841/99.” • Assim, apenas o ME Individual é dispensado de manter os livros mercantis. ESCRITURAÇÃO MERCANTIL GRÁFICO EXTRAÍDO DO LIVRO DE ANDRÉ RAMOS Livros Mercantis Obrigatórios Comuns a todas os empresários Diários (ou Fichas ou Balancetes Diários e Balanços Especiais a alguns empresários - exemplos Registro de Duplicatas para quem as emite Entradas e Saídas de Mercadorias de Armazém Geral Registro de Ações Nominativas para as S/A’s Facultativos Caixa Estoque Razão Borrador Conta-Corrente ESCRITURAÇÃO MERCANTIL • Caso a empresa não mantenha os livros obrigatórios, sofrerá certas penalidades. • Ex. Caso um dia a empresa tenha a falência decretada, ela será fraudulenta. Isto é, ocorrerá crime falimentar. • Os livros mercantis estão sob o manto do sigilo. Existe o Princípio do Sigilo dos livros mercantis. Contudo, esse princípio não pode ser oposto a três autoridades: • Fazenda Pública; • INSS; • Poder Judiciário. • A Fazenda e o INSS pode requerer a exibição integral dos livros mercantis. Essa é a redação dos art. 1.193 do CC e do art. 195 do CTN. • Contudo, esse direito das autoridades fiscais não irrestrito, devendo se restringir ao objeto da fiscalização, conforme Súmula n. 439 do STF: • “Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.” • O Poder Judiciário, em regra, só pode exigir a exibição parcial do livro. Nos casos relativos a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência, expostos no art. 1.191, o juiz pode exigir a exibição integral dos livros. Apenas nesses casos. ESCRITURAÇÃO MERCANTIL GRÁFICO EXTRAÍDO DO LIVRO DE ANDRÉ RAMOS Exibição dos Livros Parcial Pode ser determinada de ofício ou a requerimento da parte interessada Cabível em qualquer ação judicial Integral Só pode ser determinada pelo juiz a requerimento da parte interessada Cabível somente em algumas ações relativas a: -Quando e como determinar a lei -administração ou gestão à conta de outrem -sucessão por morte de sócio -liquidação de sociedade Comunhão ou sociedade -falência
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