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História do Paraguai

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América II – Paraguai
O Paraguai
A estruturação política do Paraguai é um caso particular na América Latina. Em seu conjunto a evolução histórica não é anárquica, nem apresenta característica de luta pelo poder entre os candidatos. A vontade dos ditadores se impõe sobre a sociedade, tendo como objetivo instituir uma república isolada. Para isso, os estrangeiros são expulsos e o país é governado de forma autoritária e pessoal. 
Como Surge?
O percurso do surgimento do estado paraguaio se inicia com a declaração de independência dos cidadãos de Assunção.
Em maio de 1810 o último vice-rei espanhol é expulso. O Cabildo de Assunção não reconhece a autoridade de Junta de Buenos Aires. Esta enviaria uma expedição militar, derrotada pelos paraguaios.
Um ano depois, o Cabildo novamente delibera sobre a fidelidade ou não ao rei Fernando VII, reinstalado ao trono da Espanha. 
Dr. José Gaspar de Francia, defensor da autonomia, saca duas pistolas na ocasião e fala: “Esses são os argumentos que eu ponho à supremacia de D. Fernando VII. 
Ditaduras de Francia e Lopes
De início, governado por uma junta, o novo país cai na ditadura pessoal de Francia. A característica marcante desse período é o quase completo isolamento do Paraguai em relação aos seus vizinhos. 
Essa atitude, favoreceu uma considerável coesão social, mercado interno forte e um certo bem estar. Francia apoiava-se politicamente na maioria mestiça, ainda que muitos do privilégios dos proprietários brancos fossem mantidos (exceto a produção para o mercado externo).
Escreve o “Regulamento de Govierno”, criando dois cargos de chefes do executivo (o outro seria ocupado pelo revolucionário Fulgêncio Yegros), controlando cada qual metade das forças militares e assumindo a presidência num rodízio de 4 em 4 meses. 
A abertura econômica
A partir de 1814, Francia consegue poderes especiais para governar o país por 5 anos como ditador. Vai governar por vinte e quatro, procurando preservar o Paraguai do Brasil e da Argentina, por meio de um forte aparato militar baseado no exército.
Após a sua morte, em 1840, seu sucesso e também presidente vitalício Carlos Antônio Lopez, dá início ao processo de abertura econômica do Paraguai. A iniciativa privada convive com empresas e monopólios estatais (como a exportação do mate).
Inicia-se um progresso técnico. O governo passa a organizar uma frota mercantil de navios a vapor para a navegação fluvial e uma incipiente siderurgia é instituída. 
Surge Solano Lopez
Apesar o regime político autoritário, o congresso reúne-se com regularidade, em especial para aprovar os mandatos presidenciais. Carlos Antonio Lopez vai governar até sua morte em 1862.
Após essa data, o governo passa às mãos de seu filho, Francisco Solano Lopez. Em termos de política externa, inicia uma aproximação com a Região do Prata, já que com o Brasil havia litígios em virtude da demarcação de fronteiras.
O Paraguai não tem saída para o mar. Esse acesso depende da Argentina, que a controla. Como não reconhecera a independência do Paraguai, havia o temor de que consequências nefastas pudessem acontecer a qualquer momento. 
Barril de Pólvora
O Prata é uma região instável. Na Argentina, há um constante conflito de interesses entre os produtores do interior e dos comerciantes da região portenha com relação aos preços e políticas aduaneiras. 
Bartolomeu Mitre apóia a tendência portenha, a favor da centralização política. O interior é federalista. Ao Brasil, interessa também a segunda alternativa, desmembrando o máximo possível o Prata, já que tem interesses na região desde a época da Província Cisplatina.
O Paraguai, fortemente militarizado, dentro desse cenário opta por dar inicio a um plano de expansão. 
Solano Lopez, contando com o apoio de Aguirre (Partido Blanco do Uruguai, contra o expansionismo brasileiro), invadiu o sul do Mato-Grosso, a província de Corrientes, na Argentina, invadindo também o Rio Grande do Sul.
Contra Solano, juntam-se Brasil, Argentina e Uruguai. Nasce a Guerra do Paraguai. 
Guerra do Paraguai (1865-1870)
Derrotar o Paraguai foi uma tarefa difícil. Praticamente conseguida dizimando-se praticamente toda a população adulta. A resistência era quase inacreditável. 
Lopez comandou pessoalmente o seu exército que no auge da luta chegou a ter cerca de 150.000 homens. Fuzilava soldados derrotados. Nem a queda de importantes praças de batalha como Humaitá e Assunção davam fim a resistência, o que só ocorre com a morte de Solano, no Cerro-Corá. 
O novo Paraguai renasce velho
Após a guerra o país está arrasado e fragmentado. Metade da população foi perdida. O recurso a poligamia torna-se uma realidade imposta pela necessidade de repovoamento vegetativo.
Frações do território paraguaio são ocupados por Brasil e Argentina. O governo provisório organiza a economia com base nas grandes propriedades e na importação de bens via Argentina e Uruguai. O acesso ao mar continua sob controle desses países.
Mesmo com a Constituição de 1870, o poder permanece instável, com presidentes que não conseguem sequer completar seus mandatos. O povo é marginalizado, em especial, a maioria mestiça. 
O país assume o caminho inverso de sua origem e abre-se quase que totalmente ao comércio exterior. Os capitais internacionais dominam a produção, da matéria-prima à logística de distribuição.
Em termos políticos, funda-se o Partido Colorado, formado basicamente de generais egressos do período da guerra, conservando o poder até o início do século XX. Seu programa de governo era elitista e desligado das necessidades do povo. Por outro lado, surge no seio das classes médias paraguaias o Partido Liberal, que conservará o poder até 1932, estabelecendo praticamente um rodízio eleitoral com seus opositores. Nenhum do partidos contava com o apoio popular. 
O quadro de dependência e ingerência econômica com relação à Argentina, a frágil fronteira entre os programas dos partidos e a tendência antimilitarista, serão remexidas devido a outro decisivo evento da história paraguaia, a Guerra do Chaco. 
Guerra do Chaco (1932-1935)
O Chaco é uma região estéril, de areias brancas e vegetação rala, entre os rios Piecomayo e Paraguai. Com o desmembramento do império espanhol, três países possuíam documentos que alegavam comprovar seu direito a região, Paraguai, Argentina e Bolívia.
A parte reclamada da Argentina (Chaco-Central) fora conquista ao final da Guerra do Paraguai. 
Mas a descoberta de uma imensa jazida petrolífera na região, desencadeou um brutal conflito entre as duas economias mais pobres da América do Sul, que ainda litigavam pelas fronteiras. 
Além do Petróleo, questões bolivianas como a necessidade de um porto fluvial na região que possibilitasse também um acesso ao mar fora posta, já que perdera para o Chile sua costa pacífica. 
O lado boliviano contava com mais soldados (250.000) , mas o paraguaio (140.000), mais vantagens. Dentre elas, maior proximidade com as fontes de água, rede de estradas de ferro que garantiam o abastecimento constante das tropas e, de modo determinante, o apoio argentino.
Outra vantagem é política. Em meio ao conflito, o presidente boliviano Daniel Salamanca é deposto por um golpe militar. A insubordinação nas tropas aumenta. Do lado paraguaio, uma maior estabilidade, com o governo de Eusébio Ayala. 
O conflito termina com a completa expulsão dos bolivianos da região.
A Argentina oferecera aos paraguaios, armas, gasolina, empréstimos sem juros e transportes. O conflito se desenrola até o fim, a despeito dos apelos da Liga das Nações pela paz. 3% da população total dos países é dizimada. Não lhes interessava também um porto boliviano na região.
Acrescente-se a visão historiográfica que postula o interesse a apoio indireto das grandes petrolíferas mundiais em torno do conflito, ou seja, a Royal Dutch Shell (anglo-holandesa) apoiando a causa paraguaia e a Standard Oil (Estados Unidos), o lado dos bolivianos.
Autoritarismo Militar
Politicamente, tanto a Bolívia como o Paraguai sofrem grandes mudanças. O primeiro
entra em processo de instabilidade política crônica que culmina com a revolução social dos anos 50. O segundo tende para o autoritarismo militar.
O Coronel Blanco impõe-se em 1936 e expulsa o presidente Ayala, dissolvendo o Partido Liberal. Entretanto, a partir daí ocorrem reformas importantes, quanto a legislação do trabalho e a estrutura sanitária do país. Essas propostas não chegam a surtir efeito, já que os militares, pressionados pelos liberais depostos, tomam o poder em 1937 por meio de novo golpe.
Após um período provisório, os liberais retornam ao poder em 1939, com o Marechal José Felix Estigarribia. Adota-se uma nova constituição e um Conselho de Estado. O exército, entretanto, conserva seus poderes. O presidente morre em um acidente aéreo em 1940. Em seu lugar, assume o General Higino Maríngio, que afastará os liberais do poder, impondo uma ditadura com o apoio dos colorados. 
A ditadura de Moríngio é interrompida em alguns curtos e pontuais períodos de liberalismo, advindos de políticas internas e de revoltas militares, como a de 1947, sufocada em 48. Mas não impediram as eleições
As eleições de 48, levam ao poder Natalício Gonzales, que tentará transformar o autoritarismo militar numa ditadura do Partido Colorado. Para isso cria entidades paramilitares. O exército reage, instalando no poder Frederico Chavez, representando o que supostamente seria a ala liberal das forças armadas. 
Entretanto, para surpresa geral, ele fecha ainda mais o regime, dando início a uma política paternalista. Era o que podemos denominar comparativamente de período populista do Paraguai. Adotam-se leis trabalhistas, incentivos a indústria nacional e obras de infraestrtura.
Acompanhando o que já se manifestava uma tendência continental no pós Segunda Guerra, ele é deposto por um golpe militar, que leva ao pode em 1954 o General Alfredo Stroessner. 
Agora os militares governavam diretamente o país. O regime prioriza o desenvolvimento econômico, expandindo as redes de comunicações (logística). Os grandes proprietários são beneficiados, mas as reformas sociais ignoradas. As camadas médias urbanas são dissolvidas gradativamente com o baixo crescimento econômico do país, que perde cerca de 400.000 habitantes, refugiados da fome, miséria e da política, para o Brasil e Argentina. O Paraguai conta no período com pouco menos de 2 milhões de habitantes.
Entretanto, as ondas das ditaduras militares não tardariam, a ocupar o continente.

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