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História do México: Problemas Sociais e Políticos

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História da América II - O México
Um dos maiores problemas de longa duração na história mexicana é a posse da terra. Ela se complica ainda no período colonial quando do estabelecimento do regime de encomienda, suavizando-se somente com a criação das propriedades comunais (1573) ou ejidos.
Por isso, podemos afirmar sem reservas que o latifúndio está na raiz histórica dos problemas sociais do país ao longo do tempo.
Os séculos XVIII e XIX também não trarão grandes mudanças. A elite criolla ainda é proprietária majoritária das terras disponíveis, constituído a hacienda como um grave problema que gera desequilíbrios de ordem econômica no campo e, por conseguinte, nos centros urbanos.
Principais períodos políticos
De acordo com Koshiba, podemos didaticamente dividir a história política mexicana moderna em quatro grandes períodos.
- 1821 a 1855: em que lutam tendências autoritárias e liberais, em plena anarquia política, sobre uma instável base econômica e social, onde ocorrem grandes perdas territoriais.
De 1855 a 1875: Período da “Reforma” em que se destaca a vigorosa figura do índio Benito Juárez, lutando contra a intervenção estrangeira que impõe Maximiliano como imperador.
De 1876 a 1910: Época de Porfírio Diaz, com absoluto predomínio da burguesia, tanto social como economicamente, caracterizada pela entrada de capitais estrangeiros e provocam uma aparente prosperidade.
1910 a 1950: Época da “Revolução” – chave da história mexicana do século XX – condicionante de uma sistematização da moderna organização econômica e social, significando a atual revolução industrial e agrária do México.
México Pós-Independência - O Governo de Itúrbide
Itúrbide se inclui no cenário pós-independência por meio do Plano das Três Garantias (Religião, União e Independência), firmado em 1821.
A sua luta é pela deposição do Vice-Rei Apodaca, mas representa uma vitória que não tange os sentimentos reformistas, ou seja, é uma articulação de viés tradicional.
Em maio de 1822, dá um bem sucedido golpe e se auto-proclama imperador.
Não foi uma época fácil. As minas não jorravam ouro como outrora. Os Estados Unidos não reconheciam no novo regime, o que levou a um isolamento econômico e político.
A situação também se agrava com a fuga de capitais, já que as elites tradicionais começam a emigrar e levar consigo suas grande fortunas.
E havia ainda a dificuldade de transplantar o modelo administrativo do Vice-Reinado para o novo império.
Em março de 1823, Itúrbide é forçado a abdicar.
Uma época de transição?
Como a queda de Itúrbide significava uma perda de poder político das elites tradicionais, os setores liberais enxergam espaço para a tentativa de estabelecerem importantes reformas.
Consegue inserir na Constituição Mexicana de 1824 o regime federativo de estados semi-autônomos, composição do congresso em duas câmaras, eleições indiretas, os cargos de presidente e vice, que poderiam ser eleitos por partidos diferentes.
O catolicismo é posto como religião oficial, sem tolerância com demais credos e seitas.
O Governo de Guadalupe - Maçonaria
O poder das lojas maçônicas traduz das matizes políticas mexicanas. Dividindo a Constituinte e o poder estava os dois partidos: escoceses e iorquinos. Os escoceses, de caráter conservador, estavam ligados à Loja da Escócia, sob a proteção do governo inglês. Os segundos, de caráter liberal, organizavam-se em Loja vinculada à Nova Iorque, sob a proteção norte-americana.
Dependência
Ambos, Estados Unidos e Inglaterra, viam no México uma oportunidade sem igual para o escoamento de sua produção industrial, influenciando os setores mais conservadores a limitarem-se à exploração industrial das minas de carvão e reinvestimento na agricultura, levando o país a uma espiral de dependência de produtos primários, se tornando ao mesmo tempo fornecedor destes e amplo consumidor dos bens de transformação.
Ressalta-se também que o país estava severamente endividado com os bancos ingleses.
Protagonismo liberal?
Sem a influência mais ampla nos setores estruturais da política e economia, os liberais apontam suas armas para a adesão popular, com medidas diversionistas como a expulsão e proibição da entrada de espanhóis no país entre 1826/29.
O déficit interno era enorme. Assim como a dívida externa.
Liberais X Conservadores
Nas eleições de 1828, os conservadores lançam o General Gomes Pedraza contra do liberal Vicente Guerrero. Mesmo com a vitória dos conservadores, Guerrero tomará o poder num golpe que contou com o apoio de Santa Anna (General Antonio de Padua María Severino López de Santa Anna y Pérez de Lebrón). 
Instabilidade
De destaque temos a vitória sobre os espanhóis em uma tentativa de reconquista em 1830. Anastásio Bustamante, vice-presidente conservador, alia-se ao exército e executa publicamente Guerrero, tomando o poder. Seu governo dura dois anos, quando novamente surge a figura de Santa Anna, que tomará o poder em 1832.
O governo, sob os auspícios de Santa Anna, será executado pelo seu vice, Gomez Farias.
Mudanças
Começa o combate aos privilégios do clero,da nobreza e do exército, por parte do parlamento liberal.
Gomez Farias vai incorporar nas Leis de 33, o vários aspectos do plano liberal. Dentre elas a nacionalização da Universidade do México, combate a concentração de terras. Santa Anna ressurge ao cenário para proclamar-se guardião da ordem conservadora, e agora assume diretamente o poder.
Santa Anna tem o apoio do exército, e manda fechar o congresso em 1834, tornando-se ditador do México.
Ele será reaberto em 1836 mas com predominância absoluta dos setores conservadores e religiosos, que redigirão uma nova constituição, ampliando o mandato presidencial com direito a reeleição, o voto censitário, a centralização aristocrática do poder.
Guerras e perdas...
Internamente, Santa Anna enfrenta o prolongado e custoso processo de independência do Texas, que posteriormente vai fazer parte da federação dos Estados Unidos.
Em 1838, Santa Anna perde uma perna na luta fracassada de resistência contra os franceses, que conseguem reparações pelas suas perdas nas guerras civis mexicanas, quando da perda territorial.
A Califórnia é outra rápida perda em guerra desigual com os Estados Unidos, levando Santa Anna a vender o restante da Alta Califórnia para tentar minorar o grave déficit interno.
Nada disso tem mais o poder de “organizar a desordem”, é o período da Revolta Liberal de 1854.
Período da Reforma 1856-1875
Com a demissão de Santa Anna da presidência, os liberais farão chegar ao poder o veterano general Álvarez e com ele seu plano de reformas, conhecido com Plano de Ayutla.
O desafio é reconstruir o México depois das grandes perdas territoriais, desestruturação econômica e instabilidade política.
Reformulando...
A Igreja vai ser particularmente atingida. A reforma tira dela funções civis, desempenhadas nos tribunais eclesiásticos.
Outra lei a proíbe de possuir bens, e como a Igreja era dona de quase a metade das terras mexicanas, o governo contou com boas reservas para empreender a reforma agrária.
Mas inesperadamente, o aumento das terras cultiváveis acirrou o problema indígena...
A reação...
Os setores conservadores reagem. Alvarez e seu sucessor, o general Comonfort não resistirá no poder. A guerra civil se instala quando da tomada do poder na capital pelos conservadores e vão contar com indígenas armados.
Os liberais avançam com a Constituição de 1857, inserindo as reformas, estabelecendo o real federalismo e colocando o Congresso acima do presidente. É o início do governo de Benito Juarez.
Barril de pólvora Mas a guerra se prolonga. Os liberais atacam e saqueiam igrejas, o que dá aos conservadores a transformar a revolta numa verdadeira guerra santa.
A resistência liberal é forte na capital mas os conservadores dominam o interior.
Os conservadores preparam então um golpe que seria decisivo. Como o México era devedor
estrangeiro, mormente à países europeus, que tal entregar ao estrangeiro o governo da nação?
Invasão Estrangeira
Articulados aos conservadores, os credores estrangeiros articulam-se por meio da Convenção de Londres (1861) decidindo cobrar enfaticamente e pela força, o pagamento de seus direitos. Juarez já havia mostrado que era impossível o pagamento. A manobra,inclusive, mantinha afastado os EUA, que poderiam invocar a doutrina Monroe para intervir na situação. Mas a Guerra de Secessão já havia estourado... O que os afastaria desse cenário.
A França quer mais que dinheiro. Quer o controle do México. Alia-se aos conservadores e manda tropas que farão com que o governo se retire para o norte.
O acordo leva os conservadores ao poder protegidos por armas estrangeiras. Mas o governo de fato viria a consolidar-se pela via monárquica. 
Em 1864 o Arquiduque da Áustria, Francisco Maximiliano é convencido a assumir o trono, com amplo amparo da França de Napoleão III, desde que pagasse todas as despesas da intervenção francesa e que doravante, sustentasse as tropas da França com recursos mexicanos.
Governo de Maximiliano
Mesmo com o apoio da Igreja, ela não vai reaver seus bens. O sistema administrativo volta a ser centralizado.
Benito Juarez vai comandar a resistência e com o fim da Guerra de Secessão, o apoio à guerrilha ganha considerável fôlego. Os Eua atuam diplomaticamente pela saída as tropas francesas. Napoleão III tinha problemas internos no parlamento francês e também com a Prússia de Bismarck, vencedora do conflito com a Áustria e de olhos cerrados contra a França.
Esses conjuntos de fatores levam a retirada das tropas. Mas Maximiliano tenta resistir. É vencido por Juarez e fuzilado em 1867. As Reformas de 57 voltam a vigorar.
E voltam os liberais...
Benito Juarez terá três mandatos. Neles tenta implantar reformas de base como a universalização do ensino primário. Mas a economia prossegue em franca estagnação. Dependente do setor de mineração, que não cresce, o México passa por grandes dificuldades econômicas. 
Há cortes drásticos no efetivo do exército, o que vai gerar ampla insatisfação
Viva Porfírio!
O terceiro mandato de Juarez é marcado pela tentativa de tomada do poder pelo general Porfírio Diaz, cuja base política estava em Oaxaca. Contra a reeleição, vê seu movimento frustrado. Mas sua hora chegaria com a morte de Benito Juarez em 1872, sucedido por Lerdo de Tejada que vai apoiar reformas ao gosto de Diaz. Mas a Revolução Textepecana já estourara em 1875, levando o 
porfirismo ao poder até 1910.

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