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Resenha I D. Tributário

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RESENHA CRÍTICA
UCSal – Universidade Católica do Salvador
Curso de Direito – Turno Noturno – Dia da Semana: Segunda-feira
Direito Tributário 2018.1 – Turma: DIR443 – Prof. Marco Viana
Aluno: Marcelo Calheira Mendonça
Texto escolhido: Os Direitos Humanos da Tributação – um Caso Concreto: o direito à dedução integral dos gastos com medicamentos da base de cálculo do imposto sobre a renda. 
Autor: Carlos Araújo Leonetti
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/seq/n70/0101-9562-seq-70-00235.pdf
Acesso em: 21/03/2018 às 08:56 
A analise do texto em questão é voltada para a discussão acerca da possibilidade de dedução integral dos gastos com medicamentos da base de cálculo do imposto sobre a renda, tendo em vista as deduções já permitidas por lei e questionando a relação da natureza dos medicamentos com outras despesas que já são deduzidas, como com gastos com médicos, por exemplo.
A tributação, além de um instrumento de arrecadação de valor para os cofres do Estado, tem também a função de assegurar direitos fundamentais da sociedade. A doutrina pátria tem, inclusive, uma denominação para esse caráter do tributo, qual seja, “direitos humanos da tributação.” 
O Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) tem em si um caráter promotor de justiça social, embora na prática esse caráter não seja devidamente aproveitado. Assim como em outras nações, o valor arrecado a título de Imposto de Renda no Brasil é utilizado de forma extrafiscal, permitindo que o Estado controle determinadas condutas da sociedade. 
Para seguir com a análise, é importante ter em mente os princípios q ue norteiam o IRPF, sobretudo sob a luz da Constituição Federal. O primeiro deles é o “Princípio da Igualdade”, que garante que o processo legislativo dê um tratamento igual para todos os contribuintes que estão em situação semelhante, que se equivalham. Tal princípio, portanto, pretende garantir tratamento igual a todos, resguardas as diferenças, garantindo tratamento desigual apenas na medida da desigualdade. Em seguida, o princípio da “Capacidade Contributiva”, pautado no artigo 145, parágrafo 1º da CF/88, que assegura que os contribuintes devem contribuir na medida da sua capacidade financeira, assegurando que ninguém pague mais tributos do que sua capacidade de suportá-los, garantindo assim sua subsistência e dignidade. Os princípios da Generalidade e Universalidade garantem que todos sejam submetidos ao Imposto de Renda e que toda a renda também seja objeto dessa tributação, respectivamente. 
Embora, como garante o princípio da Universalidade, toda mostra de renda deva ser submetida a tributação, algumas despesas do contribuinte podem ser utilizadas para abatimento da base de cálculo do imposto sobre a renda, a fim de equilibrar a relação entre o sujeito Ativo (Estado) e o sujeito Passivo (Contribuinte), garantindo assim o cumprimento do princípio da Capacidade Contributiva.
Serviços que são oferecidos pelo Estado por força da Constituição Federal, como Educação e Saúde, são exemplos de despesas que por sua natureza podem ser deduzidas da base de cálculo do imposto de renda. A legislação reconhece que o contribuinte utiliza recursos próprios para ter acesso a esse tipo de serviço em razão do Estado não ser capaz de oferecê-lo de maneira satisfatória. Reconhece também que dessa maneira a capacidade contributiva do cidadão fica comprometida, uma vez que os impostos pagos pelos contribuintes seriam, em tese, para que o Estado fosse capaz de fornecer estes serviços com qualidade, não sendo assim necessário que a sociedade recorresse à iniciativa privada para ter acesso a este tipo de demanda. 
A partir daí, o Estado permite que despesas dessas naturezas sejam deduzidas da base de cálculo do contribuinte, garantindo que a sua capacidade contributiva não seja comprometida. 
Algumas dessas despesas estão sujeitas a um limite na dedução. As despesas com saúde, no entanto, não estão nesse rol. O fato interessante é que despesas com medicamentos não estão incluídos entre o arcabouço legal das despesas que podem ser deduzidas do imposto, o que, por si só, representa uma grande controversa. Por outro lado, se as despesas com medicamentos estiverem incluídas em conta hospitalar, derivadas de uma internação, por exemplo, a dedução aí pode contemplar os gastos com medicamento. Grande paradoxo e latente desrespeito aos princípios que tratamos inicialmente nesta análise. 
As despesas oriundas de consultas a profissionais de saúde tem a mesma natureza das despesas com gasto de medicamento, além de terem em si o mesmo objetivo: garantir, preservar ou reestabelecer a saúde do cidadão. A legislação permite a dedução das despesas com saúde em razão do seu caráter de necessidade básica, indisponível e fundamental, caráter que por óbvio também tem as despesas com medicamentos. A própria legislação fornece o melhor argumento para defender o que está em pauta, permitindo que despesas com medicamentos em caso de uma internação seja deduzida do imposto. A lógica da legislação neste caso não representa o menor sentido, fato que também fere o princípio da Isonomia, uma vez que contribuintes que tiveram gastos elevados com médicos tem a possibilidade de ter o valor deduzido do seu imposto, ao passo que contribuintes que tiveram despesas altas com medicamentos não encontram respaldo legal para a mesma oportunidade. 
Uma vez, portanto, não encontrada a solução na lei para a liquidação dessa irracionalidade legislativa, há a possibilidade de optar pela via judicial para equilibrar essa situação. Ao ser invocado, o Poder Judiciário pode intervir nessa questão, principalmente por restar demonstrado que um princípio constitucional está sendo suprimido pelo poder Executivo.
Resta demonstrado, embora a legislação tributária e o Poder Executivo tenham entendimento contrário, que o contribuinte brasileiro tem sim direito a deduzir da base de cálculo do imposto o valor gasto com medicamentos, uma vez que a natureza dessa despesa é equivalente a despesa com saúde, frase que causa até estranheza em se ler, uma vez que ambas pertencem ao mesmo objetivo: a preservação da saúde, direito básico de qualquer cidadão. 
Além de tudo até aqui já exposto, é importante reconhecer e reafirmar que o Estado não fornece satisfatoriamente os serviços que são de sua competência, serviços estes que garantem direitos constitucionais básicos de todo e qualquer cidadão, como a saúde e educação, que em tese deveriam questões exclusivamente tratadas como políticas públicas e não terem em si uma oportunidade de comércio e enriquecimento de pequenos grupos. 
Sendo assim, podemos dizer que o contribuinte que opta por recorrer a iniciativa privada para ter acesso a esses serviços carrega uma carga tributária dobrada sobre suas costas, já que essa opção se dá justamente em razão de não conseguir suprir suas necessidades através do serviço ofertado pelo estado. 
Portanto, nada mais justo que o Estado permita que o valor dispensado para essas despesas aqui tratadas sejam deduzidas da base de cálculo do imposto de renda, permitindo que as despesas com medicamento façam parte deste rol.

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