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1 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Graduação ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 97 U N ID A D E 8 TEORIA NEOCLÁSSICA Estudaremos, nesta unidade, as origens da Teoria Neoclássica, a partir das considerações de Peter Drucker sobre o significado de administração, as características dessa teoria, as contribuições relevantes aproveitadas das teorias anteriores, os princípios de organização que foram assumidos, a tipologia das estruturas organizacionais, a natureza humana, os tipos de incentivos, a percepção dos conflitos individuais e organizacionais, as principais idéias e as críticas. OBJETIVOS DA UNIDADE: • Conhecer as origens da teoria, os princípios de administração assumidos e o conceito de centralização, descentralização e suas respectivas vantagens e desvantagens; • Conhecer a tipologia das estruturas organizacionais, o foco nas considerações sobre tarefas, estruturas organizacionais e comportamentos na organização como formal e informal; • Entender a consideração da natureza organizacional e administrativa do homem que trabalha - “homem organizacional” e “homem administrativo”, os tipos de incentivos sociais e salariais na existência de conflitos de objetivos que podem ser conciliados pela integração; • Entender as principais idéias e críticas atribuídas à Teoria Neoclássica. PLANO DA UNIDADE: • Origens da Teoria neoclássica. • Biografia de Peter F. Drucker, o pai da Teoria Neoclássica. • Administração para Peter F. Drucker. • Características da Teoria Neoclássica. • Princípios de organização assumidos pela Teoria Neoclássica. Bons estudos! 98 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA A Teoria Neoclássica representa um marco na Teoria Geral da Administração por ser a teoria mais representativa quanto ao aprofundamento teórico e na prática do que deve ser feito pelo administrador, em todos os níveis hierárquicos da administração de uma organização. Essa teoria significa “renovação da abordagem clássica” no que se refere ao aprofundamento dos conceitos, dos princípios e das funções administrativas. Ela surgiu em 1954, num momento significativo do crescimento industrial americano - período pós segunda Grande Guerra, mantendo os princípios básicos de administração formulados pelos autores da Teoria Clássica. A exemplo dos princípios: divisão do trabalho, especialização, hierarquia administrativa e amplitude de controle, tendo acrescentado na função organização o estudo da descentralização, da departamentalização, da estrutura organizacional denominada de linha- staff, com ênfase na prática administrativa, valendo-se das técnicas de Organização, Sistemas e Métodos, evoluindo posteriormente para a aplicação da Administração por Objetivos e do Planejamento Estratégico, em que estes ainda vigoram em nossos dias, sendo utilizados por inúmeras organizações públicas e privadas. ORIGENS Desde o surgimento da abordagem da Administração Científica e da Teoria Clássica, em 1911 e 1916, respectivamente, com as contribuições de Taylor, Fayol e seus seguidores, ocorreu um vácuo em relação a uma outra teoria que fornecesse continuidade ao aprimoramento da administração quanto a conceitos e ferramentas que possibilitassem a melhoria operacional da empresa, mediante novos procedimentos em termos de ação administrativa. Apesar da reação da sociedade, dos sindicatos e dos trabalhadores contra o Taylorismo, nos Estados Unidos, considerado uma afronta à dignidade humana, a racionalização do trabalho continuou no chão das fábricas, contribuindo para o aumento da eficiência e da produtividade das mesmas até os nossos dias. Frederick W.Taylor, fundador da Administração Científica, havia se dedicado ao estudo da divisão do trabalho e à especialização do trabalhador, mediante a divisão do trabalho, da análise dos métodos, dos tempos e movimentos necessários para a execução das tarefas, visando à obtenção da especialização do operário e da máxima eficiência na fabricação no âmbito da fábrica da empresa industrial por parte da iniciativa das chefias de fábrica. Henri Fayol se dedicou ao estudo das funções da empresa e fundamentalmente das cinco funções administrativas que propôs - previsão, organização, direção e organização, típicas da administração de topo na empresa e os 14 princípios de administração. Segundo ele, essas funções e princípios deveriam ser adotados por todos, seja em nível de administração ou de execução. Comparativamente, Taylor realizou estudos no sentido de baixo para o topo da administração da empresa, ou seja, do chão de fábrica para os dirigentes superiores, enquanto Fayol realizou estudos do topo administrativo da empresa para baixo, ou seja, do nível dos dirigentes para 99 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS melhor conduzirem a empresa e não a tarefa especificamente. Em outras palavras, as contribuições de Taylor visavam atender mais diretamente à supervisão do trabalho na fábrica e as contribuições de Fayol visavam atender mais à gerência de topo da empresa. Portanto, as abordagens de Taylor e Fayol se complementavam no que se refere à administração de uma empresa, embora a abordagem de Fayol passasse a merecer maior aprofundamento para poder atender à prática da administração geral e não apenas da fabricação das empresas ocidentais que se tornavam cada vez mais complexas com a evolução industrial, após a segunda Guerra Mundial. BIOGRAFIA DE PETER F. DRUCKER (1909-2005) - O PAI DA TEORIA NEOCLÁSSICA Peter F. Drucker tem sido considerado o pensador mais significativo da Administração no século XX e deixou uma contribuição teórica de cerca de 31 livros e inúmeros artigos que escreveu durante a sua vida. Drucker nasceu em 1909 na cidade de Viena, na Áustria, onde iniciou seus estudos e concluiu o curso de Direito. As idéias de Drucker sempre estiveram muitos anos além de seu tempo e certamente continuarão influenciando os administradores no século XXI e quem sabe os dos próximos séculos também! É importante salientar que a partir do lançamento do livro Administração - Tarefas, Responsabilidades, em 1954, de autoria de Peter F. Drucker, fundador da Teoria Neoclássica, uma série de outros autores lançaram livros, passando a abordar princípios de administração e as funções administrativas: planejamento, organização, direção, coordenação e controle, de forma muito mais aprofundada do que havia sido elaborado pelos autores clássicos, daí o porquê da denominação “Teoria Neoclássica”, significando uma “Renovação da Teoria Clássica”. O que havia sido escrito pelos clássicos sobre planejamento, organização, direção e controle em poucas linhas ou páginas de livros, passou a merecer um grande aprofundamento. Da mesma forma que a racionalização do trabalho na fábrica e nos escritórios passou a merecer maior atenção a partir das publicações de livros de conceitos, princípios e gráficos sobre Organização, Sistemas e Métodos, que haviam sido inicialmente tratados por autores da Teoria Clássica, abrangendo o estudo da organização e a elaboração do organograma definindo cargos, níveis de autoridade e de responsabilidade e o tipo de comunicação e de decisões atribuídas para cada cargo. Tipo de Departamentalização que é o agrupamento de atividades segundo um conjunto de possibilidades e as necessidades da organização, que pode ser: funcional: Marketing, Produção, Finanças, Recursos Humanos etc.; territorial; gerência de vendas: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Porto Alegre etc. e assim sucessivamente. Para efeito de continuidade e profundidade do estudo da departamentalização, leia a Unidade 10. IMPORTANTE Organograma - repre- sentação gráfica da organização em sua forma estática. É o retrato da estrutura da disposição dos órgãos e cargos, da organiza- ção em um determi- nado momento.100 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA O estudo dos processos e circulação das informações administrativas e operacionais da empresa é realizado pelo emprego do fluxograma A Organização Sistemas e Métodos aborda também o estudo do layout ou arranjo físico, ou seja, a disposição de pessoas, móveis, máquinas, equipamentos e materiais, com o intuito de obter de maior eficiência, devido à racionalização da movimentação das pessoas com os recursos de que necessitam para trabalhar. O estudo do layout ou arranjo físico tem por finalidades: reduzir o tempo de execução das tarefas, mediante a racionalização da movimentação das pessoas em relação seus recursos; facilitar a comunicação entre pessoas; obter flexibilidade para alterações da demanda das tarefas; reduzir a fadiga e os riscos de acidentes de trabalho e fundamentalmente para agregar valor para o cliente pela redução do tempo de espera nos atendimentos requeridos. A análise, simplificação e elaboração de formulário possibilitam à empresa referenciais para informações no sentido de padronização dos registros, Formulário - instrumen- to de registro de dado, informação e de comu- nicação interna e exter- na da empresa. 101 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS fonte para a realização de tarefas, tomada de decisões, registro e guarda de dados e informações, possibilidade de controle e, dependendo do formulário, serve como prova de quitação diante das exigências legais e administrativas. O QDT é o Quadro de Distribuição do Trabalho. Para se obter o QDT são necessárias 3 fases e formulários específicos: 1ª - Listagem das tarefas realizadas individualmente pelos funcionários; 2ª - Listagem das atividades, que são as tarefas agrupadas por setor de trabalho da empresa; 3ª - Apresentação do QDT. O objetivo dessa prática administrativa será possibilitar equilíbrio na distribuição do trabalho, de modo que não existam funcionários sobrecarregados e nem subutilizados pela empresa. Esse estudo contribui também para verificação por parte do analista de O&M da existência de uma série de inconvenientes, a exemplo de pessoas com perfis acima ou abaixo dos requeridos para o cargo, da necessidade de treinamento, da necessidade ou não da realização de determinadas tarefas e assim por diante. A Teoria Neoclássica é uma teoria agregativa, ou seja, quase uma síntese das melhores contribuições de todas as teorias da administração. Em relação ao conceito de organização, essa teoria aproveita a dupla natureza da organização - formal e informal, interagindo como um sistema que, no conjunto, a organização significa um sistema social com objetivos tanto da organização formal (crescimento, lucro, lucratividade, redução de custos, eficiência, produtividade, responsabilidade social, desenvolvimento e treinamento da gerência e dos funcionários etc.) quanto da organização informal (aumento de salários, promoção, benefícios, elogios, auto- realização, satisfação com o ambiente de trabalho etc.) para atender. Nesse sentido, essa teoria aceita como coexistentes as lideranças formal, ou representada pelos níveis de comando instituídos pela organização formal e a liderança informal, a que emerge espontaneamente dos grupos de trabalho que formam a organização informal. Sendo a organização um sistema social no qual a organização formal e a informal interagem com os tipos de objetivos explicitados acima, podemos entender melhor que a Teoria Neoclássica tem de admitir por conseqüência que os tipos de incentivos deverão ser múltiplos, tanto monetários ou materiais, quanto sociais, simbólicos e psicológicos. Como já comentamos, a organização como social, quer seja do tipo empresa, industrial, comercial, um hospital, uma universidade etc., funciona como a sociedade em miniatura com todas as pessoas se comparando com as outras, no sentido de verificarem as suas posições na estrutura da organização formal para poderem se orientar quanto ao status social. São vários os tipos de símbolos que possibilitam status para aqueles que os detém. Cargos diferenciados, tipos de automóveis, refeitórios diferentes, vagas específicas no estacionamento, banheiros sinalizados por tipo de usuário, a proximidade física no trabalho com os níveis hierárquicos mais elevados da organização... A Teoria Neoclássica, ao contrário da Clássica, dá ênfase aos “fins ou objetivos” e não aos meios, ao “como fazer” as tarefas, conforme Taylor e seus seguidores. Para a Teoria Neoclássica, o “como fazer” deve ficar por QDT - quadro ou planilha que vai mostrar como se encontram dis- tribuídas a cargas de trabalho na empresa, a partir da listagem das tarefas e dos tempos com que as mesmas são realizadas. 102 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA conta dos funcionários, desde que estes estabeleçam junto aos seus superiores imediatos, de forma participativa e não impositiva pela organização, os objetivos que devem ser atingidos e se comprometam com os esforços para obtê-los. Daí a prática da “Administração por Objetivos”, presente em muitas de nossas organizações, particularmente, nas multinacionais e transnacionais. ADMINISTRAÇÃO PARA PETER F. DRUCKER Para Drucker (2001)1, “Administração é uma arte liberal, onde podemos entender, que a arte está na prática e na aplicação, dada pelos administradores, onde cada um além do conhecimento sobre administração, que é o mesmo disponível para todos, emprega suas habilidades pessoais”. Ela tem aspecto liberal porque trata de forma eclética os fundamentos do conhecimento e as percepções das ciências humanas, abrangendo a filosofia, a história, a psicologia e a ética, mas tendo como foco os objetivos organizacionais a serem atingidos de forma eficiente. Drucker informa que a Administração é órgão da organização, naturalmente, pela Administração também ser tratada como profissão, como técnica ou como formada por um conjunto de conhecimentos especializados, a exemplo da Administração de Marketing, Administração da Produção, Financeira e da Administração de pessoas, na maioria das vezes denominada de Administração de Recursos Humanos. Sendo órgão da organização, para que esta possa operar e contribuir para a sociedade, a Administração tem três tarefas a cumprir: 1.ª- Missão - qualquer organização existe para poder atender a uma finalidade, a uma missão social, que pode ser o lucro ou não. 2.ª- Realização do trabalhador - possibilitar que o trabalhador seja realizador, mediante o exercício de um trabalho eficiente e produtivo, que vai ser o indicador de desempenho de uma organização. 3.ª- Responsabilidade social - administrar as influências sociais e as responsabilidades sociais. Uma empresa existe mais para fornecer bens e serviços aos consumidores do que para fornecer emprego a trabalhadores, administradores ou mesmo dividendos aos acionistas. Um supermercado não existe em função de gerentes e funcionários, mas em função dos clientes, cujo único desejo é comprar barato e sair o mais rápido possível. CARACTERÍSTICAS DA TEORIA NEOCLÁSSICA ¾ Aprofundamento no tratamento da racionalização do trabalho administrativo na fábrica e no escritório das empresas industriais e de serviços, envolvendo conceitos, aplicação da máquina de datilo- grafia elétrica, xérox, fax, computador de grande porte, microcomputador, e-mail, internet, impressoras e utilização da gerên- cia participativa como prática para o estudo e análise da racionaliza- ção do trabalho, em nossos dias. ¾ Aprofundamento no tratamento das funções da administração Mesmo considerando as contribuições da Teoria Clássica com as fun- ções administrativas apresentadas por Henri Fayol, os autores 103 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS neoclássicos se valem de suas experiências administrativas nas in- dústrias norte americanas para realizarem significativos aprimora- mentos nas quatro funções administrativas: Planejamento, Organi- zação, Direção e Controle. Oque eram apenas algumas páginas no livro de Fayol sobre cada uma das funções, foram transformadas em extensos capítulos, principalmente nos livros de quatro dos autores mais consagrados: Peter F. Drucker com Administração: Responsabi- lidades, Tarefas e Práticas, de 1950, William H. Newman com Ação Administrativa, Técnicas de Ação e Gerência, de 1950 e Harold Koontz & Cyrl O´Donnell com Princípios de Administração, de 1955. ¾ Abranger a administração em todos os níveis da empresa Enquanto os princípios de administração científica foram desenvolvi- dos e aplicados na indústria, sendo direcionados principalmente para empreendedores e dirigentes de fábrica, as funções administrativas originadas na Teoria Clássica e desenvolvidas 34 anos depois pela Teoria Neoclássica eram destinadas principalmente ao ocupante de cargos de “mando”. Antigamente, os ocupantes desses cargos eram denominados de “chefes”. Hoje eles recebem outros tipos de denomi- nações: CEOs, executivos, diretores, gerentes, superintendentes, supervisores, líderes, gestores, etc., em qualquer nível hierárquico localizado na estrutura organizacional da empresa, podendo estar si- tuados nas áreas de Marketing, Produção, Finanças, Recursos Huma- nos. ¾ Abranger qualquer tipo de organização As funções administrativas têm utilização em qualquer tipo de organi- zação, inclusive na empresa, podendo ser esta industrial, comercial ou de serviços. Toda empresa é um tipo de organização, mas nem todo tipo de organização é uma empresa. Um partido político e um sindicato são tipos de organizações, mas não são empresas. O que tem diferenciado as empresas das organizações “não empresas” tem sido a finalidade de lucro. Todavia, sendo só organização como o caso de um Partido Político ou uma organização tipo “empresa”, ambas serão mais eficientes e eficazes, à medida que adotarem adequada- mente as funções administrativas. A prática da administração é indicada para todas as atividades huma- nas que visem conjugar esforços para atingir um objetivo comum. ¾ Orientação mais para fins do que para meios Essa característica da Teoria Neoclássica a diferencia fundamental- mente da Teoria Clássica, considerando que a Administração Científi- ca tem sido classificada como Teoria Clássica, ou seja, incluindo as contribuições de Taylor, Fayol e de seus seguidores, denominados de pioneiros da Teoria da Administração. A diferenciação reside no fato de a Teoria Clássica ter se preocupado fundamentalmente com os meios para a realização das tarefas, divi- são do trabalho, especialização, tarefas, métodos, tempos e movi- mentos para que os objetivos (resultados esperados) fossem obti- dos com a máxima eficiência, ou seja, que fossem obtidos mediante a execução de tarefas, conforme previamente estudadas e detalha- das. Eficiência para os clássicos significa “fazer certo as tarefas”, conforme a determinação dos superiores. Os neoclássicos aceitam 104 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA esse conceito e acrescentam mais um, o conceito de eficácia, que corresponde ao da realização da “coisa certa”. ¾ Unir contribuições relevantes das teorias anteriores Até então, de 1900 a 1949, surgiram de forma polêmica a Administra- ção Científica de Taylor, a Teoria Clássica de Fayol, ambas considera- das sob a denominação de Teoria Clássica ou de Abordagem Clássica da Administração, a Teoria das Relações Humanas, a da Burocracia, Comportamental, Crítica Estruturalista e, quase junto, a Teoria dos Sistemas. Principalmente as três primeiras, trazendo contribuições antagônicas, mas valiosas para serem consideradas. O papel da Teo- ria Neoclássica foi o de juntar essas contribuições e trazê-las para a prática administrativa das empresas, principalmente as americanas. Contribuições relevantes das teorias da administração anteriores PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO ASSUMIDOS PELA TEORIA NEOCLÁSSICA Vejamos os princípios reafirmados pelos neoclássicos: a - Divisão do trabalho à Conduzindo a Especialização. (Consideradas por Taylor, Fayol e seguidores) Na Teoria da Administração, esse princípio resultou das experiências de Taylor, quando quis provar que da fragmentação de um trabalho inteiro em várias tarefas resultaria em melhor eficiência da produção. Essa constatação foi aceita por seus seguidores, inclusive por Fayol, que realizou estudos em ordem inversa de Taylor, ou seja, do topo da organização para a base. Em Fayol encontraremos a divisão do trabalho na condição do primeiro dos 14 princípios de administração propostos. 105 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS b - A Hierarquia e os níveis de autoridade e de responsabilidade (Fayol) À medida que a organização vai sendo configurada ou desenhada (design organizacional) em termos de cargos, é necessário que os cargos de mando e de subordinação sejam estabelecidos com as devidas orientações sobre autoridade, as atribuições exercidas e responsabilidade. Os cargos foram considerados e vem sendo aperfeiçoados pela Teoria Neoclássica até os nossos dias. Por isso é que os fluxos da autoridade e da responsabilidade são invertidos. Enquanto a primeira está relacionada a uma permissão dada pela organização formal que desce até a base da organização, a responsabilidade sobe como um comprometido dos funcionários em cumprirem as atribuições conforme foram a eles atribuídas pela organização formal. Lembre-se que quando os funcionários foram contratados, já existiam os seus respectivos cargos. Por exemplo, a responsabilidade pessoal - responder por valores: dinheiro, máquinas ou equipamentos que usa, materiais e também por manutenção de segredos da empresa, por obedecer às normas e aos procedimentos - o código de ética da empresa,etc. c - Amplitude de controle (Fayol) Refere-se ao número de subordinados que podem ser assumidos por um cargo hierarquicamente superior, de modo que o cargo de nível superior exerça ação administrativa e fundamentalmente possa controlar o número de subordinados que assumir. Enquanto as empresas tradicionais chegavam a ter em média seis níveis hierárquicos: presidência, diretoria, chefe de departamento, gerência, supervisão, encarregado etc., as empresas competitivas passavam a ter três níveis: presidência, diretoria e gerência, fruto das ações dos Programas de Qualidade Total, sob a filosofia do Just-In-Time (JIT) que preconiza: “tudo que é desperdício e intermediações devem ser eliminados”. A redução dos níveis hierárquicos e o respectivo aumento do número de subordinados por cargo passou a modificar o formato das estruturas organizacionais. Redução vertical do número de cargos de mando e aumento do número de cargos de subordinação para que se assegurasse condição de velocidade e flexibilidade à organização. À medida que esse fenômeno acontecia, a estrutura organizacional ia se alargando horizontalmente para os lados, com cada vez menos superiores de níveis hierárquicos intermediários e operacionais e, conseqüentemente, mais pessoas em nível de subordinação, respectivamente, por cargo de chefia. A pirâmide organizacional passa a ser diminuída na altura e aumentada na largura, na base operacional. EXEMPLIFICANDO 106 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA Empowerment - delegação (autonomia) para os funcionários decidirem em seus locais de trabalho. A autonomia reduz a necessidade de controle, com isso menos “chefes”. d - Centralização à Unidade de comando. (Fayol) A centralização consiste no processo de tomada de decisão, se localizar ou estar concentrado nos níveis hierárquicos mais altos da organização. A centralização pressupõe uma preocupação com o domínio em relação à situação geral da organização. e - Descentalização à Supervisão funcional (Taylor). Inerente à delegação. Consiste no fato de o processo de tomada de decisão estar distribuído ao longo da hierarquia, ou seja, não estar concentradonum único cargo próximo ao vértice da pirâmide organizacional. A descentralização pressupõe uma preocupação com a rapidez da decisão face às necessidades do dia-a dia da organização. Elementos envolvidos na Centralização x Descentralização · Hierarquia; · Autoridade do cargo; · Nível de controle desejado; · Tempo requerido para a decisão x necessidade da decisão. 107 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Tipologia das estruturas organizacionais Estrutura Linear (ou em linha) Representada pelo organograma - representação gráfica da estrutura organizacional. É a estrutura mais antiga que se conhece. Ela tem o estilo piramidal em virtude de aumentar o número de cargos à medida que a hierarquia ou cadeia escalar se aproxima da base, ou seja, do nível operacional. Essa estrutura segue o princípio da unidade de comando, em que cada funcionário segue as orientações de um único superior. Ainda existe a centralização de autoridade e a disciplina rígida. Sinergia: o resultado de um sistema é sempre maior do que a simples soma das partes. Mui- tas vezes uma ou mais partes precisam ceder, trabalhando mais, para que o sistema maior ob- tenha um melhor resul- tado. 108 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA Nestas estruturas, os níveis hierárquicos podem se desdobrar de forma vertical descendente (de cima para baixo). A estrutura linear se originou de organizações militares tradicionais, nas quais os chefes eram líderes extraordinários no que faziam. Eles tinham visão do todo e eram bons estrategistas no intuito de tentarem alcançar seus objetivos. Portanto, entendiam muito bem do que faziam. O insucesso não lhes causava apenas perdas materiais, mas muitas vezes a própria vida. Estrutura Linear-staff (linha-Staff) - representada pelo organograma. 109 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS À medida que o(s) proprietário(s) de uma determinada organização adota(m) a estrutura do tipo linear e esta organização passa a aumentar de tamanho, de pequena para uma organização de porte médio, entre outros fatores, ele(s) tende(m) a contratar um assessor para ajudá-lo(s) nas decisões e também na realização das tarefas habituais, dado o aumento de volume. Entretanto, os envolvidos com o tipo de estrutura organizacional terão que atentar para os possíveis conflitos entre os cargos de linha e os cargos de staff ou de assessoramento. Os cargos de staff só têm autoridade técnica. O detentor do cargo não poderá sair pela empresa distribuindo tarefas e atribuindo responsabilidades. Estrutura por função - representada pelo organograma. Considerando as teorias de administração anteriores, encontramos na abordagem da Administração Científica, em Taylor, a proposta da especialização técnica, salientado que na ocasião era para a fábrica que operários deveriam se reportar hierarquicamente a um “chefe” especializado e receber orientações técnicas dos demais chefes especializados. Foi uma grande inovação para a época, prevalecia, na ocasião, a prática da unidade de comando que vinha da administração tradicional. Inclusive Fayol, em 1916, valorizava a prática tradicional ao denominar um de seus princípios de “unidade de comando”, na qual cada agente só poderia receber ordens de um único chefe. Lembrando que a abordagem de Fayol foi dirigida para a administração geral da empresa, surgindo do topo para a base e não na fábrica. Se considerarmos o sentido do processo de comunicação na empresa que adote a unidade de comando, teremos a predominância da comunicação descendente (de cima para baixo), mediante a emissão e envio de normas, procedimentos etc. e muito menos freqüente a comunicação ascendente (de baixo para cima). Portando ambos sob a forma vertical. Já sob a prática do princípio da “supervisão funcional” de Taylor é que foi incorporada a inovação da departamentalização, sob forma de Estrutura Funcional, apesar de manter nessa nova forma os sentidos descentes e ascendentes na comunicação. Entre os cargos de mando e de subordinação prevalece o sentido transversal ou em diagonal, pessoas se comunicando sem seguir a ordem hierárquica quanto à orientação ou assistência técnica sobre os trabalhos de naturezas técnicas diferentes, desempenhados por toda a organização. 110 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA Estrutura Funcional staff - representada pelo organograma. As considerações são as mesmas adotadas para a estrutura funcional, incluindo as considerações sobre a origem da necessidade dos cargos de staff e os possíveis conflitos entre os “cargos de linha e os cargos de staff”. Atualização A partir do aprimoramento e uso da Tecnologia da Informação (TI), facilitando e tornando mais rápida a comunicação entre países, conseqüentemente entre pessoas e empresas, sob a forma de um relacionamento amplo denominado de “globalização”, estamos assistindo ao desafio que está sendo colocado para as empresas. A estrutura organizacional na era da globalização As organizações, mediante os profissionais a elas ligados, terão que aprender a destruir a estrutura organizacional funcional, na qual cada área tem um forte sentido vertical de especialização, criando como isso uma sólida barreira para a obtenção de integração, em que cada área cria um ritmo e um ritual de trabalho sob olhares críticos em relação às demais, percebendo-as como uma espécie de “um mal necessário”. As dificuldades da Estrutura Funcional ou Funcional-Staff, diante da sociedade da informação (Mundo globalizado e competitivo) · Lentidão para entender e atender o cliente; · Dificuldade e demora em interpretar e agir em relação ao ambiente; · Visão de “dentro para dentro” ao exercer as funções administrativas e não de “fora para dentro”; · Focos nas atividades das áreas, sem visar à organização e aos clientes; · Muitos níveis hierárquicos, dificultando a integração e o atendimento ao cliente. Diante de uma série de medidas, as empresas estão buscando tomar as que aproximem-as das denominadas empresas classe universal. Empresas classe univer- sal são empresas que operam sob os critérios mais indicados para a competitividade, que foram extraídos das empresas mais compe- titivas dos países asiá- ticos, tendo como o prin- cipal o Japão. 111 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Matricial (ou por projetos) - representada pelo organograma. Para os casos de utilizações mais complexas das organizações que passam a mudar suas atuações de tarefas para uma orientação por processos direcionados para agregação de valor para o cliente, a estrutura que ainda tem de certa forma atendido é a estrutura matricial. Ela ainda funciona sob a condição de “safar uma necessidade” enquanto não surge uma outra forma de estrutura organizacional. Veja o tipo de organograma para representá-la: No esquema as OP devem correr (movimento) até o projeto C. Nesse tipo de estrutura organizacional, as relações que se estabelecem são fluidas em termos de relações hierárquicas. Enquanto num determinado projeto o funcionário desenvolve uma função de gerência, em outro ele desenvolve uma função técnica. E assim os funcionários vão se revezando nos cargos em virtude da natureza e exigência técnica de cada um dos projetos que forem surgindo. Nas empresas que trabalham exclusivamente por projetos é assim que as relações hierárquicas são estabelecidas e vão se fixando por alternância de níveis hierárquicos. As relações entre chefes são muito próximas, em regra, em virtude do gerente de projeto ser pessoa altamente especializada naquele tipo de exigência técnica. Critérios para a estruturação matricial O agrupamento das pessoas vai ser dar em função de projetos e estes requererão a atração de funcionários segundo a capacitação técnica e a experiência. A empresa poderá adotar: Organização sob a estrutura funcional que realiza projetos eventuais A organização funcional, além de suas atividades normais, podeter projetos específicos, por exemplo, implantação de um projeto de um sistema de Qualidade (ISO 9001). Ela continua com as divisões normais e cria “uma bolha” na estrutura organizacional para assumir e responder por este projeto. Poderá ainda ter outros projetos específicos, enquanto continuará a desempenhar suas funções normais: Marketing, Produção, Finanças, Administração de Pessoas etc., no intuito de conjugar esforços para atender ao cliente, lucrativamente. 112 UNIDADE 8 - TEORIA NEOCLÁSSICA Observação: as funções administrativas que pertencem à Teoria Neoclássica serão estudadas na unidade 10, pois se constituem no cerne da prática administrativa e por isso não podemos deixar de estudá-las e conhecê-las, a fim de que sejam bem praticadas por nós no exercício da administração. Idéias novas trazidas pela Teoria Neoclássica 113 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS LEITURA COMPLEMENTAR: Aprofunde seus conhecimentos lendo a parte 5, “Abordagem neoclássica da administração”, do livro de CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. 7 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Este conteúdo é comum em mais de um livro do mesmo autor e em edições e editoras diferentes! É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Vamos estudar, na próxima unidade, a nona e última teoria da administração. Nela, os conhecimentos anteriormente adquiridos contribuirão para facilitar o entendimento sobre as contribuições da Teoria da Contingência, pois como veremos, essa teoria considera a organização como um sistema aberto, tendo como foco o ambiente externo e as tecnologias adotadas pelas organizações. 1 DRUCKER, Peter A Administração. São Paulo. Nobel, 2001, com adaptação.
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