Buscar

trab ied a hora e vez de augusto matraga

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Objetivo: Resgatar a história de Nhô Augusto.
O poder mostra a capacidade de fazer os outros submeterem seja por questões econômicas,políticas,de jagunços (pessoas que trabalham para os coronéis),na história percebemos que Nhô Augusto utiliza deste artifício para impor sua vontade usando as pessoas para satisfação de seus desejos. 
Um exemplo é logo no início do texto em que Nhô Augusto compra Sariema para impor-se em relação aos demais;isso faz com que esta seja submetida a uma coisa,sendo assim contrário a Kant pois segundo ele o indivíduo deve tratar a si mesmo e aos outros simultaneamente como um fim em si mesmo,nunca e exclusivamente como meio ou instrumento,sendo que o que Nhô Augusto e os demais faziam com Sariema.Havia de um certo modo um tratamento,recíproco a pessoa reduzindo a coisicidade.
O personagem mostra ser um ser que não respeita ninguém,nem mesmo sua família,sua esposa Dionóra e sua filha Mimita,ela está cansada de ser humilhada por Nhô Augusto,  que não lhe dá atenção ,só pensa em ficar na rua com outras mulheres,ela tenta fazer o possível para manter o matrimônio até mesmo com medo de ser descriminada perante toda sociedade, que não vê com bons olhos mulheres separada. Mimita mesmo toma parte não suportando mãe o que a mãe passava com seu pai; faltando respeito e consideração por ambas. Pois quando mais novo o pai é quem era o limite,jogado no mundo,aos cuidados da avó que queria este fosse padre,talvez poderia ser este o motivo que o levara a agir de tal modo.
Com isso Dionora resolve fugir com Ouvídio,indo para bem longe com ele e levando consigo sua filha,recomeçando sua vida ,ou seja, buscando a felicidade que não tinha mais com seu marido.
[...] Mas, na passagem do brechão do Bugre, lá estava seu Ovídio Moura, que tinha sabido, decerto, dessa viagem de regresso. – Dionóra, você vem comigo... Ou eu saio sozinho por esse mundo, e nunca mais você há-de me ver!...Mas Dona Dionóra foi tão pronta que ele mesmo se espantou. - Nhô Augusto é capaz de matar a gente, seu Ovídio... Mas eu vou com o senhor, e fico, enquanto Deus nos proteger... Seu Ovídio pegou a menina do colo do Quim, que nada escutara ou entendera e passou a cavalgar bem atrás... E quando chegaram ao pilão-d'água do Mendonça....Volta você, e fala com seu patrão que Siá Dona Dionóra não quer viver mais com ele, e que ela agora por diante vai viver comigo, com o querer dos meus parentes todos e com a benção de Deus!(ROSA, 2001, p.348).
Nesse fragmento percebemos a questão da Legalidade de Kant pela qual conjugo de condições para que o arbítrio de um coexista com o de outro,sendo que, tanto Nhô Augusto,quando Ovídio Moura ambos,de um certo modo se ipunham,um por questão de poder o outro, se caso a Dinorá não o quisesse ele nunca mais a veria..
Tomado pela raiva Nhô Augusto vai atrás da mulher e filha pois não se conformava do desrespeito com vossa pessoa, e foi aí que ele descobre que seus jagunços não estão mais do seu lado.Todos haviam ido para o  lado do Major Consilva. Por estar devendo a muita gente,gastando dinheiro com mulheres,em farras  os seus capangas resolveram ir trabalhar para outro fazendeiro. Como relata no conto: "Fala com Nhô Augusto que sol de cima é dinheiro!... P'ra pagar o que está nos devendo..." (ROSA, 2001, p.349). 
[...] Mal em mim não veja, meu patrão Nhô Augusto, mas todos no lugar estão falando que o senhor não possui mais nada, que perdeu suas fazendas e riquezas, e que vai ficar pobre, no já - já...E estão conversando, Major mais outros grandes, querendo pegar o senhor à traição. Estão espalhando... - o senhor dê o perdão p'ra minha boca, que eu só falo o que é preciso-estão dizendo que o senhor nunca respeitou filha dos outros nem mulher casada, e mais que é que nem cobra má, que quem vê tem de matar por obrigação... Mas Nhô Augusto se mordia, já no meio da missa, vermelho e feroz. Montou e galopou. [...] (ROSA, 2001, p.350)
Assim fica claro no conto como Matraga era visto em momentos distintos do conto, ao ser comparado com uma cobra, lembramos da historia da bíblica de Adão e Eva, mais uma vez aparece o lema entre o bem e o mal,  é o que acontece no conto Matraga tem que decidir entre a vingança e a salvação.
Matraga decide ir à fazenda de o Major tirar satisfação por ter incentivado os seus jagunços a se rebelarem contra ele, mas eles já estavam a sua espera, prepararam um emboscada, e ele inocente caí na armadilha, ele leva uma surra e depois é marcado como se marca um animal.
Percebe-se nesse momento que há um arbítrio subjulgando os outros e isso não se deve pela utilidade ( o imperativo categórico,por exemplo),mas pela máxima que ele mesmo ditou.Vemos aí que a ação estava fadada ao fracasso,no qual deixou que seus sentimentos fossem maiores que sua racionalidade. Kant julga isso,pois por somos racionais,mas também temos sensações;porém a razão deve ser o fator primordial para qualquer ação.
E foi o que ocorreu[, ...] Já os porretes caíam em cima do cavaleiro, que nem pinotes de matrinchãs na rede. Pauladas na cabeça, nos ombros, nas coxas. Nhô Augusto desdeu o corpo e caiu. Ainda se ajoelhou em terra, querendo afirmar as mãos, mas isso só lhe serviu para poder ver as caras horríveis dos seus próprios bate-paus... Mas, aí, pachorrenta e cuspida, ressoou a voz do Major: Arrastem p'ra longe da minha terras... Marquem com ferro, depois matem... E, seguro por mãos e pés, torcido aos pulsos dos capangas, urrava e berrava, e estrebucha tanto, que a roupa se estraçalhada, e o corpo parecia querer partir-se em dois, pela metade da barriga... Nhô Augusto ficou estendido, de - bruços, com a cara encostada no chão [...] (ROSA, 2001, p.352).
Diante dos fatos, Matraga é marcado como marca um animal,como os senhores na época da escravatura marcavam os seus escravos como forma de propriedade, e foi à maneira que o major achou de desmoronar Nhô Augusto diante de toda sociedade.
Com isso ao ser encontrado por um casal de negros, ser cuidado por eles Matraga começa a fazer o oposto de todas antigas ações;lembrando que, foi ao confessar com o Padre e este explicar-lhe que é fazendo boas ações que se chega ao céu e que um dia há de ter sua vez.Percebe-se que o motivo determinante dele não era dever,e sim uma forma de salvar sua alma,ele age pela questão do imperativo categórico. 
A personagem terá que passar por mais uma provação, ele terá que suportar a primeira tentação do novo homem. Quando chega ao vilarejo de Tombador, Tião da Teresa, um velho conhecido, que ao reconhecer Matraga lhe dá notícias sobre sua ex mulher que continuava com o Ovídio,entretanto sua filha caíra na desgraça da vida.
Tião da Thereza ficou bobo de ver Nhô Augusto. E, como era casca grossa,foi logo dando as notícias que ninguém não tinha pedido: a mulher, Dona Dionóra, continuava amigada com seu Ovídio, muito de - bem os dois, com tensão até de casamento de igreja, por pensarem que ela tava desimpedida de marido; com a filha, sim, é que fora uma tristeza: Pois o Quim tinha morrido de morte-matada, com mais de vinte balas no corpo, por causa dele Nhô Augusto: quando soube que seu patrão tinha sido assassinado, de mando do Major, não tivera dúvida: ... jurou desforra,beijando a garrucha, e não esperou café coado! Foi cuspir no cagussu detrás da moita, e ficou morto, mas já dentro da sala de jantar do Major, e depois de matar dois capangas e ferir mais um...(ROSA, 2001, p.360.)
Com o aparecimento do temido Joãozinho Bem-Bem, ao vilarejo de Tombador, tudo indica que a personagem vai se juntar ao bando do Bem-Bem. Pois esse encontro reacendeu na personagem o jagunço, isto é, a ética do sertão e do herói que Matraga sempre procurava mais não sabia a onde encontrar. Portanto para Matraga o bem era ser ético como o Bem-Bem, ser bom como Jesus e se for preciso morrer como sacrifício como Cristo fez, e ético como Bem-Bem, um guerreiro e um herói perante o sertão. Matraga é hospitaleiro com Bem-Bem e seu bando, oferece comida e acomoda todos em sua casa, Joãozinho logo percebe algo de diferente em Matraga.
Matraga
terá que passar por mais uma tentação, e suportara com grandes dificuldades, pois o protagonista vê a possibilidade de si vingar do Major e todos os seus antigos jagunços, neste momento Augusto Matraga passa por mais uma aprovação, alem de tudo a personagem sente uma afeição muito grande por seu Joãozinho Bem-Bem, pois ele vê que é exatamente igual a Joãozinho Bem-Bem. Mais uma vez ele resiste à tentação, determinado em seu propósito de alcançar a sua salvação definitivamente.
Matraga percebe que sua hora e vez esta mais próxima, pensando que tinha passado por toda tentação que poderia passar, e decide ir embora do vilarejo de Tombador, A personagem esta passando por um estágio em sua vida de uma nova criatura, onde sua alma esta em paz, e por isso quando a autora diz: Qualquer paixão me adverte... Oh coisa boa à gente andar solto, sem obrigação nenhuma e bem com Deus! (ROSA, 2001, p.378) o podemos perceber bem essa paz espiritual, que fez com que ele achasse todas as coisas belas.
Ate que chega ao vilarejo chamado de Rala-coco onde se encontra como o bando de Joãozinho Bem-Bem novamente. O reencontro com Joãozinho Bem-Bem e seu bando, vem mostrar que há ainda um último desafio de sua jornada em busca da salvação.
A personagem esta cada vez mais próxima da sua hora e vez de ir para o céu, mas antes terá que enfrentar uma pessoa que ele se identifica muito, que o considera como mano velho, como eram visto os parceiros no sertão, não que eles já se conheciam, ou até mesmo já estivaram em alguma batalha juntos, mais como respeito perante os sertanejos.
[...]Já lhe disse, da outra vez, na sua casa: o senhor não me contou coisa nenhuma de sua vida, mas eu sei que já deve ser te sido brigador de ofício. Olha: eu, até de longe, com os olhos fechados, o senhor não me engana: juro como não há outro homem p'ra ser mais sem medo e disposto para tudo. É só senhor mesmo querer... - Sou um pobre pecador, seu Joãozinho Bem-Bem...
- Que-o-quê! Essa mania de rezar é que está lhe perdendo... O senhor não é padre nem frade, p'ra isso; é algum?... Cantoria de igreja, dando em cabeça fraca, desgoverna qualquer valente... Bobajada!... Bate na boca, seu Joãozinho Bem-Bem meu amigo, que Deus pode castigar![...](ROSA,2001,p.380).
Augusto Matraga se vê diante de uma situação desconfortável, Joãozinho Bem-Bem e seu bando esta presta punir uma família que matou um do seu bando, e para vingá-lo eles querem matar toda uma família inocente.
Porém o momento crucial do conto esta preste a acontecer, a personagem para conseguir seu lugarzinho no céu terá que fazer uma última coisa, defender essa família de inocentes que querem matá-los. Matraga tenta fazer com que Joãozinho desista da vingança, mais é tudo em vão. Por seu Joãozinho ser um homem perverso, não ficaria bem ele perdoar alguém e diante disso não o respeitaria mais como um grande chefe e tão temido por todos, como era Augusto Matraga antes de ressurgir um novo e bondoso homem.
Matraga tenta de todas as formas conseguir com que seu Joãozinho Bem-Bem não cumprisse sua vingança. 
Pôr ele não desistir, travaram um luta do bem contra o mal, onde Augusto Matraga percebe que sua hora e vez chegaram, antes de morrer pede para que Joãozinho se redimisse de seus pecados e assim ele poderia ir p´ra céu junto com ele. Percebemos mais uma vez uma comparação da personagem com Jesus, pois quando Ele estava sendo crucificado uns dos ladrões que estavam junto Dele pede perdão por todos os seus pecados e Jesus diz que naquele mesmo dia ele estaria com Ele no céu junto de Deus.
A luta deles mostra como Nhô age completamente diferente,ele age por dever,ou seja ao ver uma injustiça praticada,pela qual quando o mata seu cangaceiro,este acha no dever de ter que matar um homem da família e fazer com que todas as mulheres fossem submetidas ao bando.O motivo determinante da vontade de Nhô Augusto torna-se efetivamente moral, ou seja a pessoa age para impedir injustiça e a ação tem valor moral quando obedece esses princípios,independentemente do que ocorrer.
Assim, ocorre no final do conto um reconhecimento do herói pelo povo, pelo ideal e a identidade dos dois guerreiros, Bem-Bem e Matraga.
Matraga estava tão conformado que um dia à hora dele iria chegar que nem mesmo no fim teve raiva de alguém, ele rezou por seu Joãozinho Bem-Bem, e abençoou sua filha, ela estando onde estiver e perdoou Dionóra sua ex-mulher, e morreu. "Põe a benção na minha filha... seja lá onde ela esteja... E, Dionóra... Fala com Dionóra que está tudo em ordem!" (ROSA, 2001, p.386). A personagem demonstra até mesmo no último instante que se redimiu de verdade de todo o rancor que havia em seu coração, abençoando sua filha e que não tem mais magoa de sua ex-mulher e consegue o que tanto almejou, ou seja, sua salvação.
A morte de Matraga é vista como um sacrifício, em nome de sua concepção de ver as pessoas com um novo olhar de bondade. Pois todo conto se volta para o conflito humano em busca de seu ideal, aqui a busca pela salvação. Por outro lado há o mítico pagão, o herói só se torna um herói de verdade quando morre praticando um ato heróico, e principalmente tem que morrer pelas mãos de um outro herói, pois é a ética do sertão, somente assim será lembrado como um verdadeiro herói.
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-religiosidade-heroismo-e-determinacao-de-augusto-matraga-de-guimaraes-rosa/66829/

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais