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RAPHAEL LAURINDO DE LIMA FICHAMENTO: Utilidade: (p. 51-70). 4º capítulo VARIAN, Hal R. Microeconomia: uma abordagem moderna. Tradução da 9º edição, 2016. No século XIX o princípio de que algo era útil para um ser estava atrelado ao nível de alegria ou bem-estar que este produto traria. Porém, com essa afirmação, não se era possível estudar ou mesmo quantificar o quanto um bem era útil para o consumidor em relação ao outro. Por essa forma o modo e o conceito de utilidade mudaram e passaram a ser um modo de descrição das preferências do consumidor. Antes se afirmava que um produto tinha maior utilidade que o outro porque o primeiro era relativamente maior que o segundo em questão. Mas isso foi se quebrando ao longo do tempo e foi visto que a quantidade pouco importava quando a análise era sobre a utilidade de um determinado produto em relação ao outro, pois um produto pode ter dez vezes mais disponibilidade e mesmo assim ser menos importante que apenas um do outro produto em análise. Para fins matemáticos chamaremos de função utilidade à atribuição numérica para cada possível cesta de consumo de modo que, quanto mais utilidade esta estiver em relação às demais, maior será a atribuição desta em relação às demais. Essa “hierarquização” quanto aos níveis de utilidade fará com que as cestas de consumo criem um ordenamento, considerando o que é mais importante em relação ao que é menos importante, e será chamado de utilidade ordinal. Nesse ponto não interessa o quanto de utilidade será atribuído em cada cesta, pois o essencial é que se mantenha a ordem das cestas de consumo, independente do que for atribuído em cada uma delas. Essa atribuição tem o nome de transformação monotônica, que é uma maneira de transformação de um conjunto de números em outro, sem alterar a ordem inicial destes. Essa transformação tem uma função matemática própria em que, se uma cesta é maior que outra, a função desta deve ser maior que a outra, pelo princípio de que a ordem não de se alterar. Além da teoria de utilidade ordinal, existe também a teoria de utilidade cardinal, que consiste em classificar de acordo com o nível de diferença de utilidade entre uma cesta em relação à outra. Para aplicar a utilidade ordinal, basta oferecer ao consumidor duas cestas e ver qual ele escolherá, assim ele terá definido o é mais importante em relação ao menos importante, de acordo com o critério daquele consumidor em questão. Já no que diz respeito à classificação do quanto uma cesta de consumo é mais preferível em relação à outra ainda é muito abstrato. Existem muitas definições que caberiam colocar como parâmetro, e por isso fica difícil estabelecer um único e verdadeiro meio de atribuição desse modelo. O importante é que de alguma maneira uma cesta é preferida em relação à outra. Conhecer a utilidade cardinal não é importante quando se leva em consideração o comportamento de escolha. Por esse motivo só levamos em consideração a utilidade ordinal. Supondo que o consumidor utilize uma cesta de bens qualquer, esta com dois produtos, como o conceito de utilidade para este consumidor iria variar ao saber que seria acrescida uma unidade para o bem um, ou seja, ele teria uma unidade a mais do bem um em relação ao bem dois? Essa variação para o consumidor é chamada de utilidade marginal para o bem um em relação ao bem dois. O bem um sofre uma alteração em sua quantidade, enquanto o bem dois se mantém constante, pois neste momento a taxa de variação que está sendo analisada é do bem um em relação ao bem dois. Se o estudo fosse do bem dois, o processo seria inverso a este. Um ponto importante que deve ser observado é que a grandeza da utilidade marginal depende diretamente da grandeza da utilidade que o produto possui. As funções de utilidade são basicamente meios possíveis de descrever comportamentos de escolha do consumidor. Por exemplo: estão disponíveis duas cestas de consumo, cesta um e cesta dois. Se for escolhido a cesta um, logo essa terá mais utilidade pra o consumidor do que a cesta dois. Se for escolhido a cesta dois, logo essa terá maior utilidade do que a cesta um. A análise das escolhas dos consumidores permite que se avaliem os diferentes comportamentos e, por conseguinte se tenha uma função de utilidade que possa explicar cada um destes comportamentos estudados. Essa função de utilidade pode, também, ser usada para medir o nível de TMS (Taxa Marginal de Substituição), que é o quanto um consumidor esta disposto a substituir uma pequena quantidade de um bem pelo outro disponível e ainda assim se manter “satisfeito”. Estimativas de funções utilidade são de bastante influência para se determinar se vale a pena e o quanto vale a pena optar por uma cesta de consumo em relação à outra qualquer (levando para o cotidiano, entre correr ou pular corda, por exemplo). Esses cálculos e essas análises nos permitem descrever diversos comportamentos em massa e assim traçar níveis e padrões entre os consumidores.
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