Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito das Obrigações Larissa Azi Aula 1: 7 de fevereiro de 2018 Parte Introdutória 1. Noções Gerais: Para que serve o direito? O direito tem a função de traçar regras e limites para evitar conflitos e, caso esses conflitos ocorreram, saber como sanar-los. Quando tratamos de direito das obrigações, falamos em relações jurídicas entre duas ou mais pessoas de natureza patrimonial. Dessa forma, nem toda obrigação está incluída nessa matéria, por exemplo: Os pais tem a obrigação de cuidar e zelar pelo filho, mas não está dentro dos direito das obrigações, pois não é uma obrigação patrimonial. Além disso, os direitos da personalidade e direitos de família não estão abrangidos no direito das obrigações, pois não estão necessariamente vinculados aos elementos econômicos da sociedade. 2. Conceito: Ramo do direito civil que visa regulamentar as relações jurídicas de caráter patrimonial estabelecidas entre as pessoas que se posicionam como credora e devedora, podendo uma exigir e a outra ser compelida a cumprir a prestação assumida. 3. Âmbito do Direito Obrigacional: O direito obrigacional trata de relações jurídicas de natureza patrimonial, não regulando, portanto, relações judicias que, embora, criem direitos e deveres, que não tenham natureza patrimonial (Direitos da personalidade e direito de família). 4. Terminologia: • Obrigação (Debitum): Corresponde a prestação que foi estabelecida entre as partes e, consequentemente, pode ser exigida pelo credor. Ex: Vicente firmou um contrato com Gabriel de 200 reais e quis cobrar de Isadora, mas ele não pode cobrar dela, pois a relação jurídica estabelecida foi entre Vicente e Gabriel. • Responsabilidade (Obligatio): Corresponde a responsabilidade de alguém ser chamado para cumprir a prestação. Em regra geral, quem constitui a obrigação, também tem a responsabilidade. a) Não tem a obrigação, mas sim a responsabilidade: Valdemar é o fiador do contrato firmado entre Vicente e Gabriel. Nesse caso Valdemar pode ser cobrado. Assim, Gabriel tem a obrigação de dar o valor para Vicente mas, se ele não pagar, ele e Valdemar podem ser cobrados por isso. Se Valdemar pagar os 200 reais ele vai cobrar a divida de Gabriel, pois ele não tem a obrigação de pagar, mas sim a responsabilidade. Com isso, Valdemar passa a ser Credor de Gabriel. Larissa Azi - Direito das Obrigações !1 b) Tem a obrigação, mas não tem a responsabilidade: Se um advogado prestar serviço ao cliente X, que deveria pagado a quantia de R$10.00,00 e a divida foi prescrita, acabando a pretensão (Poder assegurado ao titular de um direito violado ou ameaçado de ter a colaboração do Estado na busca do seu direito - O cara não pagou espontaneamente e posso ingressar com um processo) e não o direito. Com isso, o advogado ainda pode ingressar com uma ação, mas a sentença será dada como improcedente. Dessa forma, quando o prazo prescreve, a pessoa tem a obrigação de pagar, mas não tem responsabilidade. OBS: A dívida de aposta já nasce como uma obrigação natural e não cível, sem exigibilidade e sem o direito de cobrar por ela judicialmente. • Direito de Regresso: Quando alguém paga uma divida que não é sua. Ex: Se Paula e Lais foram na Doce Sonhos comer e a conta deu 60 reais, mas Paula não tinha levado a carteira, por conta disso, Lais para a conta. Quando Lais for cobrar o valor pra Paula, ela não pode cobrar os 60 reais, pois ambas tinham uma obrigação. Com isso, Lais pode cobrar a parte do valor que Paula devia. • Estado de Sujeição: Está o direito potestativo (É aquele em que seu titular pode exercer uma influência na esfera jurídica alheia e o afetado, pelo exercício do direito potestativo, nada poderá fazer para impedir o exercício do direito alheio, exceto se sujeitar a ele). Ex: Divórcio - Não há nada que se possa fazer do que se sujeitar ao direito da outra pessoa de se divorciar. OBS: Isso não que dizer que o direito potestativo não gere consequências. Ou seja, eu não posso impedir que meu marido se divorcie, mas se ele optar pelo divórcio, tem todo um processo que deve ser cumprido para poder divorciar. OBS: O estado de sujeição, com o direito potestativo, não é um direito subjetivo, pois no direito subjetivo temos a possibilidade de exercer uma conduta que possa impedir o direito de alguém, e no direito potestativo não há nada que se possa fazer para impedir o exercício desse direito (Não se pode impedir o divórcio ou impedir que um cliente decida trocar de advogado). • Ônus Jurídico: O plano da eficácia possui uma idéia de exigibilidade. Após passarmos pelo plano da existência e validade, devemos analizar se o negocio jurídico pode ser exigido, pois existem os elementos acidentais no negócio jurídico que fazem com que ele não possa ser exigido. Com isso, o ônus jurídico corresponde a uma conduta que deve ser exercida para que alguém goze de determinado direito ou benefício. Ex: Se eu faço a promessa de venda do o meu computador com a condição de que estou esperando meu irmão me devolver ele e a outra pessoa paga pelo valor do computador, ela não pode exigir pelo computador na hora que pagou, pois o contrato foi firmado com a condição de que teria que esperar o computador se devolvido antes de entregar ele. Nesse caso, a outra pessoa não tem a obrigação de pagar o valor adiantado, pois o contrato é incerto (Possa ser que o irmão nunca devolva o computador), mas se ela pagar, ela pode pedir a devolução do valor. Larissa Azi - Direito das Obrigações !2 OBS: Negocio jurídico puro é quando não tem nenhum elemento acidental no plano da eficácia. • Distinção Entre Direitos Pessoais e Reais: a) Direitos pessoais: São os direitos obrigacionais. No direito pessoal temos o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito passivo) e essa relação tem natureza patrimonial. Com isso A pode exigir uma obrigação de B (obrigação de dar, obrigação de fazer e obrigação de não fazer). Essa ideia de credor (quem se satisfaz com a ideia da obrigação - quem compra entrega a quantia mas tem o direito de cobrar pelo bem comprado) e devedor (quem vende o bem recebe a quantia mas tem o dever de entregar o bem vendido), vincula-se com a ideia de quem está sendo satisfeito por conta daquele contrato. Ou seja, numa relação jurídica, o objeto indireto/mediato é o bem que eu quero e o objeto direto/ imediato é o vinculo (o que irei fazer para conseguir o que eu quero). Ex: Eu quero o computador, de que forma vou conseguir o que quero? Posso receber por doação, contrato de compra e venda ou por permuta. OBS: Prestação é uma obrigação que se desvinculou. Ex: Direitos Pessoais - Quando A firma o contrato com B, B espera que o contrato seja cumprido, no momento em que a obrigação é cumprida, ele se extingue. - "O contrato é vocacionado a desaparecer.” - Além disso, quando o direito é violado, nasce a pretensão, em que eu tenho um prazo para exercer esse direito, se eu não exercer, o prazo irá prescrever. b) Direitos Reais: Trata-se do poder/domínio que o titular tem sobre o seu bem/ coisa. O maior direito real é a propriedade e todos os outros direitos reais se desdobram dela. O proprietário tem 4 faculdades: Uso; Gozo (fruição) - Direito de adquirir os frutos do bem; Disposição; Reivindicação. O proprietário pode transferir essas faculdades para alguém. Nesse caso, não estamos falando de uma relação interpessoal, mas sim de um poder que ela tem sobre determinada coisa. - Enquanto os direitos pessoas são uma relação interpessoal, os direitos reais são um poder sobre determinado bem. - Enquanto os direitos pessoais são eminentemente transitórios, se esgotando, inclusive, com seu não exercício, os direitos reais, em contrapartida, tendem a serem perpétuos. OBS: O não exercício do direito real não implica no fim desse direito. - A eficácia dos direitospessoais é relativa. Ou seja, eu só posso exigir o cumprimento do contrato de quem que firmou o contrato comigo. Com isso, a relação contratual encontra limites de exigibilidade e de eficácia que, por sua vez, é inter partes. Já nos direitos reais, a eficácia é absoluta ou erga omnes. Com isso, não é preciso fazer um contrato com alguém para ela não pegar seu bem, pois o próprio direito estabelece a obrigação de que não podemos adquirir as coisas que não nossas. Larissa Azi - Direito das Obrigações !3 - Enquanto os direitos pessoais podem ser criados, tanto pela manifestação de vontade, quanto por outras formas, inclusive a lei. Os direitos reais só podem ser criados por lei. Aula 2: 21 de fevereiro de 2018 5. Figuras Híbridas: Não se encaixa na ideia de obrigação, nem nos direitos reais. • Ônus Reais: São obrigações que limitam o uso e o gozo (fruição) da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes. Ex: Renda construída sobre imóveis - A entrega o imóvel a B, e B passa 50% da colheita mensal como forma de pagamento. • Obrigações Propter Rem: (“Em virtude da coisa”) São obrigações que não derivam da vontade, mas sim em virtude da constituição de um direito real. Ou seja, a partir do momento em que alguém se torna titular de um direito real, ele passará a ter uma determinada obrigação, independentemente de sua vontade. - Essa obrigação é muito usual na nossa vida. Ex: Se A compra um apartamento, ela terá que pagar o IPTU e taxas condominiais. Pelo simples fato de A ter se tornado proprietária, ela automaticamente se passa a ser devedora do município e do condomínio, sem qualquer manifestação de vontade. - A obrigação surge da decorrência do que a lei estabelece para essas situações. OBS: Não só estabelecem obrigações positivas, mas obrigações negativas também, como não alterar a fachada do imóvel, por exemplo. OBS: Essa obrigação é um figura híbrida porque eu criei uma obrigação que A se torna devedor da obrigação pelo simples fato de ter se tornado titular do direito real. - Diferenças entre Ônus Reias e Obrigações Propter Rem: I. Na doutrina, quando eu tenho um ônus real, se o imóvel tiver um debito passado, eu assumo esse debito. Já nas obrigações propter rem, você só assume a responsabilidade no momento em que adquire o bem, em diante. - Contudo, temos jurisprudências que entendem que a obrigação propter rem também retroage. Ex: A compra o terreno e esse terreno teve um processo em que foi decidido que teria que fazer reflorestamento no terreno. Com isso, ele terá a obrigação de obedecer a decisão processual, mesmo tendo comprado o terreno depois desse processo. • Obrigações com Eficácia Real: São obrigações em que a exigibilidade do conteúdo de um contrato obriga terceiros a partir do momento em que for devidamente registrado no cartório de registo de imóveis (CRI). Ex: A firma contrato de locação com B que tem a duração de 3 anos, no curso desse período A pode vender o imóvel, mas terá que oferecer B o direito de preferência na compra. Contudo, B se prejudica, pois ainda não tem dinheiro para comprar. Dessa forma, B poderia criar uma cláusula com A dizendo que o eventual adquirente terá que Larissa Azi - Direito das Obrigações !4 respeitar o contrato com B até o final dele. Assim, C pode exigir o bem nesse período, pois é ineficaz em relação a ele, alegando desconhecimento da cláusula mencionada. Para evitar essa questão, B deveria colocar no contrato essa previsão e levar no CRI para mostrar existência dessa cláusula no contrato, pois o registro dará idéia de publicidade e exigibilidade, assim C não poderá alegar desconhecimento. Fontes das Obrigações Tenta-se analisar quais são os atos/fatos jurídicos que tem um poder de ensejar em uma obrigação 1. Contratos: Todo contrato é um negocio jurídico, mas nem todo negocio jurídico é um contrato. Por conta isso, o contrato é a maior fonte das obrigações, pois dos contratos eu tenho um conteúdo que é, basicamente, pleno das obrigações. Ex: Compra e venda, Locação - Agentes, prestação, formas de vinculação, entre outros. OBS: Precisa da concordância de ambas as partes para gerar uma obrigação. 2. Manifestações Unilaterais de Vontade: Em regra, se não houver manifestação de vontade de ambas as partes contratantes, o contrato não existirá. Contudo, temos situações em que a manifestação de vontade de uma só pessoa é suficiente para criação de uma obrigação. Ex: Cartaz de recompensa para encontrar o animal. Se A encontrar o animal, o dono do animal terá que pagar o valor. - O devedor é determinado, mas o credor não, pois pode ser qualquer pessoa que encontrar o animal. OBS: A exigibilidade decorre a partir do momento em que há a exteriorização dessa obrigação (Criação e divulgação da promessa de recompensa). Ex: Gestão de negócio (Situação onde alguém atua em nome de terceiro, sem a autorização dele, mas agindo tentando proteger presumidamente o que esse terceiro gostaria de proteger). - O vizinho vê a cerca do outro arrebentada, e compra os materiais e contrata pessoas para arrumar a cerca, presumindo que o proprietário iria querer concertar. Se o proprietário chegar e concordar com o que o vizinho fez, ele irá assumir a responsabilidade. 3. Atos Ilícitos: A partir do momento que pratico uma conduta voluntária (culpa) e cometo um ato ilícito, sou obrigado a ressarcir o dano causado. Dessa forma, o ofensor será o sujeito passivo de uma relação obrigacional (devedor) e o que foi prejudicado é o credor, tendo, por sua vez, direito de ser indenizado por tudo que teve prejuízo (danos morais e materiais). 4. Lei: Impostos, por exemplo, são obrigações que derivam da lei. Dessa forma, a lei tem efeito erga omnes. Larissa Azi - Direito das Obrigações !5 Estrutura das Obrigações 1. Elementos Subjetivos: Dentro dos elementos subjetivos temos duas figuras: Sujeito ativo (Credor) e sujeito passivo (Devedor). Se tenho uma obrigação que deriva de um contrato, ou de uma manifestação unilateral de vontade, eu terei que analisar os elementos de validade desse relação obrigacional. - Capacidade do agente - O Negócio jurídico firmado por uma pessoa absolutamente incapaz é nulo e relativamente incapaz é anulável. OBS: Quando a obrigação deriva de ato ilícito, o absolutamente incapaz não poderá ser responsabilizado pelo ato, mas seus pais, nesse caso, irão assumir a responsabilidade (O incapaz poderá gerar uma obrigação, mesmo quer será respondido por seus representantes legais). OBS: Nem todos os atos serão os nulos (Ato social típico). Aquele ato que não gere prejuízo para nenhuma das partes não será nulo. Ex: Incapaz quer compra uma figurinha da copa do mundo na baca de revista (Compra e venda). 2. Elementos Objetivos - A prestação: Art. 104, II - A validade do negócio jurídico requer: Agente capaz; Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; Forma prescrita ou não defesa em lei. • Patrimonialidade: Os direitos obrigacionais tratam, necessariamente, sobre matérias de natureza patrimonial. Com isso, a patrimonialidade é o ponto essencial da relação obrigacional. Isso não quer dizer que apenas seja envolvido na relação dinheiro (espécie), mas também permutas, que represente algo economicamente. Ou seja, Patrimônio quer dizer situação jurídica econômica. OBS: A doutrina majoritária entende que não podemos inserir os direitos da personalidade como patrimônio. • Iicitude: Não podemos ter uma obrigação cujo conteúdo do objeto é ilícito. Seria contrassenso do ordenamento dar validade em algo que é juridicamente ilícito. A prestação deve versar sobre coisa lícita para ser considerada válida e exigível. • Possibilidade: Para que uma obrigação seja considerada como valida, é necessário que ela seja possível. A possibilidade vai reverberarem dois aspectos distintos: a) Possibilidade Jurídica de Realização da Prestação: É a ideia de que determinada obrigação existe e pode ser exigida perante o ordenamento. OBS: Impossibilidade Jurídica X Ato Ilícito: No ato ilícito tenho uma conduta contrária ao ordenamento, mas é produtora de efeitos reconhecidos por ele. Ex: Eu quebro o celular de alguém, isso gera o efeito jurídico de indenizar essa pessoa (Obrigação). - Já o ato juridicamente impossível ocorre quando um ato não é reconhecido pelo direito, não se aplicando nenhum efeito a ele. Ex: O filho, sabendo que os pais são idosos e doentes, ele já quer adiantar a herança. Mas, requerer herança antes da morte dos pais é algo que não existe. Ex: Pessoa querer se divorciar antes de ser previsto o divórcio na lei brasileira. Larissa Azi - Direito das Obrigações !6 b) Possibilidade Material de Realização da Prestação: Só posso entender como válida uma obrigação que, materialmente, seja possível de ser cumprida. OBS: Se tenho a idéia de que o contrato deve ser cumprido e estabeleço uma relação que seja impossível de ser cumprida no plano material, eu estou agindo, no mínimo, de má-fé. Com isso, se, eventualmente, o devedor não cumprir essa obrigação, ele vai dizer que não se pode falar em possibilidade material de cumprimento da prestação, liberando o devedor do cumprimento da obrigação. Essa impossibilidade ocorre na gênese da relação. OBS: Ocorre casos em que a impossibilidade pode ocorrer durante a relação. • Determinabilidade: A obrigação pode se referir a uma coisa certa (Casa registrada no cartório de imóveis), ou se referir a uma coisa que não tem a perfeita identificação dela (Comprar 10kg de arroz - Não se sabe a qualidade do bem - Se é integral ou normal, por exemplo). Contudo, nos casos em que o objeto é indeterminável, a obrigação será nula. 3. Elemento Ideal: É o vínculo jurídico estabelecido entre credor e o devedor que gera a possiblidade de exigência da prestação. É preciso que a obrigação tenha uma respaldo suficiente para que ela seja cumprida, tanto pela parte do credor, como do devedor. OBS: A relação jurídica obrigacional deve ser preenchida pela idéia de boa-fé objetiva para que ambas as partes da relação busquem cumpri-lá (Idéia de colaboração a contratual). Dessa forma, o credor não é o agente principal, tanto o credor e devedor irão se beneficiar com a relação obrigacional (idéia de satisfação de interesses próprios) - Os atos ilícitos não entram nessa regra geral. Essa regra geral está nos casos em que a relação é espontânea, entre ambas as partes. Aula 3: 28 de fevereiro de 2018 Classificação Básica das Obrigações 1. Obrigação de Dar: O objeto relacionado à essa obrigação é um bem, não vai mover diretamente uma conduta. OBS: Não se confundir com obrigação de fazer. • Dar - Transferência de Domínio: Quando o devedor se compromete/obriga a transferir o domínio de determinado bem para outrem. Ex: Contrato de compra e venda. • Entregar - Posse: Ao invés de efetuar a transferência da propriedade, temos a situação em que somente é transferida a posse do bem, sem transferir a propriedade. Ex: Contrato de locação. - Exige-se a entrega do bem por parte do devedor para que o credor possa utiliza-lo. • Restituir - Devolução da Posse: Se não há a entrega do bem, mas sim da posse, haverá um momento em que a posse será restituída para seu proprietário. Ex: Contrato de comodato - Eu vou viajar e peço para B ficar na minha casa durante o período da Larissa Azi - Direito das Obrigações !7 viagem. Mesmo que seja gratuito, B terá a posse do bem, mas haverá o momento em que eu vou voltar de viagem e vou solicitar que B devolva a posse do bem para mim. I. Obrigação de Dar Coisa Certa: Dar coisa determinada (perfeitamente identificada). • Noções Gerais: ✓Art. 233. "A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso”. - Vai dizer que o bem acessório segue o bem principal. Quando compro coisa certa e determinada, o que tiver de benfeitoria/acessório, ele será transferido com a coisa principal, ao menos que seja mencionado no contrato a ressalva da não transferência. OBS: A pertença não segue a mesma lógica do acessório. Ex: Ar condicionado pode ser retirado. - Se não tiver expresso no contrato que tudo presente no imóvel será parte componente da relação, as pertenças não serão entregues. • Regras do Caso de Perda (Perecimento) do Objeto: Eu negociei a venda do meu celular, mas antes de se efetuar a entrega (tradição do bem), o celular se perdeu. Se não teve culpa do devedor, a obrigação se desfaz, se resolve e resolver significa extinguir. OBS: O credor só será dono do bem quando acontece a tradição do bem por parte do devedor. a) Sem Culpa do Devedor - Art. 234, 1ª Parte: A obrigação se resolve e as partes voltam ao estado anterior, como se não tivesse ocorrido o contrato. OBS: Se houver tendência de condição suspensiva - Nesse caso, o direito está esperando a eventual ocorrência da condição, enquanto não houver a condição, a pessoa não poderá gozar do direito, não podendo exigir, por exemplo, que o bem será entregue, pois o evento é futuro e incerto. b) Com Culpa do Devedor - Art. 234, 2ª Parte: Se houver culpa por parte do devedor, o credor tem direito de receber o valor de volta. Além disso, se houver cláusula penal de multa, o credor poderá cobrar por essa multa e, se não houver clausula penal, o credor pode cobrar por perdas e danos, mas tem que provar qual o prejuízo se teve com a não realização do contrato. OBS: A cláusula penal já prevê as perdas e danos. ✓Art. 234. "Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos”. - Aplica-se correção monetária que, por sua vez, não é o mesmo que juros. Essa correção é a reposição do valor para que o credor volte ao seu estado inicial. • Regras do Caso de Deterioração do Objeto: A coisa não se perdeu mas está avariada. Larissa Azi - Direito das Obrigações !8 a) Sem Culpa do Devedor: A obrigação se resolve e as partes voltam ao estado anterior, como se não tivesse ocorrido o contrato. Nesse caso, o devedor devolve o valor pago pelo credor, não havendo perdas e danos. Ex: Eu vou vender o carro pra B, B paga o valor, eu vou entregar o carro pra B todo amassado, mas eu não sabia que o carro estava amassado. B nesse caso pode pedir o dinheiro de volta. OBS: O credor pode escolher receber de volta o valor ou abater o valor pago para que o devedor concerte o carro, continuando com o contrato (Direito potestativo). ✓Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. b) Com Culpa do Devedor: Nesse caso, o devedor pode requerer perdas e danos. Ex: Eu vou vender o carro pra B, B paga o valor, eu vou entregar o carro pra B todo amassado, pelo fato de eu ter batido o carro. Idéia de combater o enriquecimento ilícito, já que o devedor vai estar ganhando uma quantia acima do que o imóvel estaria valendo. Ex: O carro não poderá ser utilizado pelo período de estar na oficina e o credor trabalha com transporte escolar, nesse caso ele poderá cobrar pelas perdas e danos que ele sofreu em função do prejuízo que o devedor causou. ✓Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. OBS: Possibilidade de escolha por parte do credor (Direitopotestativo). OBS: A perdas e danos podem ser exigidas nos dois casos, mas ele terá que comprovar essas perdas e danos. • Perda e Deterioração nas Obrigações de Restituir: a) Sem Culpa do Devedor: Se não há culpa, afastamos perdas e danos. Em relação ao bem, não houve culpa da perda do bem, não há indenização sobre o preço do bem. Além disso, o contrato se resolve, é restituído, mas como eu havia previsto uma remuneração sobre o valor do faturamento, eu pago a locação e o faturamento até o ultimo dia de funcionamento do bem. ✓Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição (momento de devolução da coisa), sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. b) Com Culpa do Devedor: Caso o bem se perca por conta da culpa do devedor. O contrato se resolve, o devedor paga a locação e o faturamento até o ultimo dia de funcionamento do bem e paga perdas e danos. ✓Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Larissa Azi - Direito das Obrigações !9 OBS: Se a coisa se deteriorou a regra é a mesma. ✓Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. Aula 4: 7 de março de 2018 • Acréscimo nas Obrigações de Restituir: Aqui, a situação é quanto você melhora a coisa da qual você tem posse. a) Benfeitoria Necessária: É aquela que é indispensável a manutenção do bem principal. Preciso fazer a melhoria para que eu preserve a coisa principal. b) Benfeitoria Útil: O melhoramento não é indispensável, mas é útil ao fim pretendido. OBS: Em função da importância dessas especias, o código vai entender que, quem possui algo de boa fé, as benfeitorias necessárias ou uteis efetuadas seriam indenizadas, em tese. - Idéia de vedação do enriquecimento ilícito. c) Benfeitoria Voluptuária: São aquelas que não vão se tornar indispensáveis nem úteis, são mais para deleite e estética. OBS: Em relação as benfeitorias voluptuárias, a pessoa que detenta a posse tem apenas o direito de retira-la, caso não prejudique a estrutura do bem. OBS: Na prática, nos contratos de locação, a lei 8245/1991 que regulamenta a locação prevê que as benfeitorias são indenizáveis. Contudo, em 99% da vezes que é efetuado o contrato, o locador coloca uma cláusula no contrato dispondo que as eventuais benfeitorias serão incorporadas ao bem, sem qualquer indenização. - O STF diz que essa clausula está dentro do limite de autonomia privada/particular entre as partes. OBS: Em caso de possuidor de má-fé, o melhoramento efetuado depois da data estipulada para entrega do bem, o possuidor também tem direito à indenização apenas no caso da benfeitora necessária, pois é essencial para a preservação da estrutura do bem, vedando o enriquecimento ilícito. Caso o contrato tenha a clausula mencionada no contrato, a pessoa não será indenizada. OBS: O possuidor de má-fé só sairá do bem quando ele for indenizado. ✓Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. ✓Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos Larissa Azi - Direito das Obrigações !10 frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. a) Frutos Naturais: Vem da natureza, não tem intervenção humana. b) Frutos Industriais: Vem com produção do homem. c) Frutos Civis: Rendimentos obtidos com o uso de coisa alheia. OBS: Frutos são bens acessórios que são produzidos ciclicamente sem prejuízo do bem principal. Ex: Colheita; Animais que nascem de uma vaca. II. Obrigação de Dar Coisa Incerta (Genérica): É aquela que as partes não identificam de plano a qualidade do objeto. Contudo, estabelecem elementos capazes de possibilitar essa futura identificação, a exemplo do gênero e da quantidade. Ex: Eu vou comprar 10 cachorros mas ainda não determino a raça. • Concentração do Débito: É o processo de determinação a qualidade do bem. Nesse momento, identificaremos a qualidade do bem e a obrigação deixa de ser genética, para ser obrigação de dar coisa certa. - É um rito de passagem para chegar à obrigação de dar coisa certa. ★Procedimento: O devedor deverá escolher a qualidade do bem, dar ciência ao credor e, se o credor concordar, a obrigação se torna obrigação de dar coisa certa. ✓Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. ✓Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação (Contrato); mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. ✓Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. OBS: O contrato pode determinar quem irá efetuar a escolha da qualidade, podendo dizer que seja o credor. Contudo, caso o contrato não diga, a regra é que o devedor irá escolher a qualidade do bem. OBS: O credor não pode exigir a coisa melhor, mas o devedor também não pode dar a coisa pior. ✓Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. OBS: O gênero não perece. Enquanto não houver a determinação da qualidade, essa obrigação continua como incerta e não poderei alegar caso infortuno ou coisa maior para desfazer a obrigação. OBS: Quando o bem tem um grau de indeterminabilidade tão grande, haverá nulidade do negócio Jurídico Larissa Azi - Direito das Obrigações !11 2. Obrigação de Fazer: A partir desse momento, o objeto da obrigação passa a ser uma conduta. Com isso, o credor tem como objeto a prestação de uma determinada conduta por parte do devedor. Mesmo que o produto final seja algo material, o que vai importar será a condução do processo. Ex: A desenha roupas e solicita que a costureira efetue o desenvolvimento da roupa que A desenhou. - Mesmo que no final a costureira entregue a roupa para A, o que importou foi o ato de fazer a roupa que A desenhou. • Obrigação Fungível: Essa obrigação pode envolver uma conduta que pode ser efetuada pelo devedor, ou até por um terceiro. Ex: Empresa terceirizada. • Obrigação Personalíssima ou Obrigação Intuito Persona: Existiram situações onde a prestação de serviço é contratada em função de determinada pessoa, seja em função da qualidade técnica, experiencia, fama, entre outros. - Estou contratando por força de uma qualidade específica. Ex: Chamar um determinado cantor para cantar em um casamento. - Nesse caso, a obrigação só poderá ser feita pelo devedor. ✓Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. OBS: Caso o devedor se recusar a cumprir a obrigação, ele responderá por perdas e danos. OBS: Possibilidade do estabelecimento do pagamento de uma multa diária definida judicialmente, por conta do não cumprimento da obrigação. - Técnica coercitiva (Astreints). ✓Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. ✓Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. OBS: Se eventualmente o serviço oriundo da obrigação possa ser realizado por terceiro (obrigação fungível), é possível requerer judicialmente que o terceiro preste o serviço e o devedor arque com os custos. 3. Obrigação de Não Fazer (Negativa): É a idéia de que eu posso deixar de praticar um ato que é licito por conta de um ajuste obrigacional, ou posso tolerar uma conduta por conta de um ajuste contratual. - É o campo da liberdade. • Limita-se a liberdade quando você deixa de praticar algo que você poderia praticar. Ex: Prestar um serviço com pacto de exclusividade. ✓Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. ✓Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o Larissa Azi - Direito das Obrigações !12 culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. OBS: Por conta da singularidade da obrigado de não fazer, muitas vezes a situação da pessoa não cumprir o ato de não fazer vai apenas se resolver com perdas e danos. Essas perdas e danos não necessariamente precisam estar previstas no contrato, mas é recomendado que esteja. Classificação Especial das Obrigações 1. Classificação quanto ao Sujeito: Partimos da premissa de que sempre haverá mais de um credor ou mais de um devedor. Essas classificações quanto ao sujeito buscam identificar o que compete a cada um dos envolvidos (Sujeitos ativos e passivos). Analisando que o que se pode cobrar e ser cobrado de cada um deles. a) Fracionárias (Parciais): Nas obrigações fracionárias, existe uma pluralidade de credores ou de devedores, sendo que, cada um deles, respectivamente, tem direito a apenas uma parte do crédito ou assume uma parte da dívida. - Quanto tenho A e B como credores e C como devedor ou quando tenho A como credor e B e C como devedores. OBS: Teremos a presunção de que cada um desses credores ou devedores tenham uma parte igual de crédito ou dívida . Contudo, nada impede que essa parcela seja diferente (Crédito ou débito fracionário). Caso a parcela seja fracionária para cada credor, cada um responde ou recebe pela sua parte. Ex: Larissa emprestou a Júnior e a Jéssica 200 reais no total, Júnior não pode ser cobrado pelos 200 reais, pois ele paga a parte dele, que é de 100 reais. Se Júnior não pagar os 100 reais, Larissa não pode transferir essa dívida para Jéssica pagar, ela apenas paga pela parte dela. • Cada credor não exigir mais do que a parte que lhe corresponde e cada devedor não está obrigado, senão a fração que lhe cumpre pagar. • Para os efeitos de prescrição, pagamento de juros moratórios, anulação ou nulidade de obrigação e cumprimento da cláusula penal, as obrigações são consideradas autônomas, não influindo, em princípio, a conduta de um dos sujeitos sobre o direito ou dever dos outros. Ex: Se Jéssica deixa de pagar a parte dela, a multa pelo pagamento não vai afetar Júnior. Aula 5: 14 de março de 2018 b) Conjuntas (Unitárias): As obrigações conjuntas são aquelas que não são divisíveis, ou seja, não podem ser partilhadas entre credores ou devedores. Todos se obrigam por toda a obrigação. Nesse caso, há uma pluralidade de credores ou Larissa Azi - Direito das Obrigações !13 devedores, impondo-se a todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não sendo possível, por tanto, que um dos devedores possa cumprir isoladamente a obrigação, nem que o credor exija o pagamento individualmente. Ex: Se marido e mulher se comprometem através de um contrato de compra e venda a entregar um apartamento a Rafael (comprador), a obrigação somente será satisfeita quando houver a entrega. Não poderá o marido entregar sua quota parte ao credor. Em suma, aqui estamos falando do “tudo ou nada” c) Solidárias: Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva). Com isso, essas obrigações criam a garantia para o credor de que se, eventualmente, a dívida não for paga por um deles, ele poderá alcançar a prestação que lhe é devida através dos outros devedores. Situação em que se pode exigir mais do que se tem direito e pode ser cobrado mais do que o devido. • A Solidariedade - Noções Gerais: É aquela onde há uma pluralidade de credores e/ou devedores, sendo que cada um deles pode, respectivamente, agir como se fosse o único credor ou ser cobrado individualmente pela integralidade da dívida. OBS: A solidariedade não é presumida (Aquela que resulta da lei ou da vontade das partes). Quando a obrigação deriva da lei, ela pode surgir de um fato posterior a sua deflagração. Além disso, pode-se ter uma solidariedade em obrigação de dar, fazer e restituir, o que importa é sua exigibilidade. ‣ Características: i. Pluralidade de credores e/ou devedores. ii. Multiplicidade de vínculos: O vinculo que une o credor aos devedores solidários e vice-versa é distinto, ou seja, é independente. iii.Unidade da prestação: Cada devedor responde pela integralidade da dívida e cada credor pode exigi-lá por inteiro. Além disso, a unidade da prestação impede que a obrigação se efetue mais de uma vez. iv. Co-responsabilidade dos interessados: O pagamento efetuado por um dos co-devedores extingue a dívida dos demais, assegurando-se a quem pagou, o direito de cobrar dos demais suas cotas partes (Direito de regresso). OBS: Não existe a co-solidariedade entre os co-credores e os co-devedores, esse vinculo interno não diz respeito a outra parte, só se pode exigir o que lhe é devido. O vinculo interno é fracionário e não solidário. ‣ Solidariedade Ativa: ✓Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. Larissa Azi - Direito das Obrigações !14 OBS: Cada credor será considerado como único. O credor que receber o valor inteiro do pagamento, deverá distribuir o que diz respeito a cada um dos outros credores. OBS: Se o prazo do pagamento passar, enquanto não houver processo movido pelos credores, o devedor poderá escolher o credor e pagar um eles ou qualquer um dos credores pode cobrar do devedor a quantia. Entretanto, se um dos credores ingressar com uma ação de cobrança, os demais não poderão receber o pagamento, mas deverão esperar até que a ação se encerre para receber o que lhes é de direito e, aquele que receber a quantia deverá dividir igualmente a cota, sendo proporcional ao que ele recebeu. ✓Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. ✓Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. ✓Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. OBS: A solidariedade não se transmite para os herdeiros, somente terão o direito a quota parte referente ao seu quinhão hereditário. ✓Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. ✓Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. OBS: Um credor solidário apenas pode perdoar o total da dívida caso ele sejadetentor do direito de crédito integral em relação aos outros credores. ✓Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. OBS: Exceção comum - Argumento de defesa que, em virtude do seu fundamento, pode ser apresentado para todos os respectivos contratantes. Exceção pessoal - O seu fundamento deriva de algum fato específico, impossibilitando a oposição de forma genérica, visto que só poderá ser suscitada ante um específico contratante. ✓Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. OBS: As causas suspensivas da prescrição, por terem natureza personalíssima, não se comunicam com os co-credores, exceto se o objeto da obrigação for indivisível. Entretanto, se as causas forem interruptivas, a postura adotada por Larissa Azi - Direito das Obrigações !15 um dos co-credores beneficiará os demais, fazendo com que o prazo seja interrompido em favor de todos. Aula 6: 21 de março de 2018 ‣ Solidariedade Passiva: ✓Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. OBS: Cada co-devedor poderá ser cobrado individualmente por toda a dívida, como se fosse o único devedor. Pouco importa para o credor qual o real débito desses co-devedores, uma vez que a responsabilidade de cada um deles é integral. Isso não significa que o credor deverá cobrar a um ou a uma parte a totalidade da dívida, ele apenas goza dessa possibilidade. Ainda, pode cobrar partes fracionadas diferentes de cada devedor. OBS: Na solidariedade, não se aplica a relação interna entre os co-devedores. Neles, é mantida a relação fracionária, podendo ser estabelecidas cotas diferenciadas entre eles e por eles mesmos. Ex: Na relação em que A é credor e B, C e D são co-devedores, mesmo que B e C tenham quitados a dívida sozinhos, eles podem dividir a dívida com D de maneira que B ou C recebam a parte que pagaram a mais, no caso de cotas diferenciadas não tenham sido estabelecidas. ✓Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. OBS: A solidariedade, com o falecimento, não se transmite. Os herdeiros poderão ser cobrados apenas no limite a sua cota parte da herança. Se a obrigação for indivisível, o herdeiro entrega e depois se ressarce com os outros devedores ✓Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. OBS: A partir do momento que um devedor efetua o pagamento, obviamente esse montante diminui a dívida total. Ainda, o devedor que efetuou o pagamento pode ser ainda cobrado integralmente, mesmo já tendo pagado essa parte. Larissa Azi - Direito das Obrigações !16 ‣ Remissão (Perdão) da Dívida e Renúncia à Solidariedade: ✓Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. OBS: Quando um co-devedor efetua o pagamento, só se pode cobrar dos demais o valor abatido daquela parcela que ele perdoou. ✓Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. OBS: Cada devedor só poderá ser cobrado pelo que, efetivamente, se comprometeu, salvo disposição legal. Ex: Um dos co-devedores fez ajuste a parte com cobrador, em relação a juros extras. Essa obrigação de juros extras não pode ser exigida para os outros co- devedores. ✓Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. OBS: No caso da perda do bem ou pela não ocorrência do cumprimento da obrigação por um dos co-devedores, a obrigação solidária não é excluída mesmo com perecimento do objeto. O culpado responde por perdas e danos. ✓Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. OBS: Todos podem responder por juros de mora (juros por atraso do cumprimento da obrigação), e o culpado responde depois eventualmente pela obrigação acrescida. ✓Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. OBS: O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. OBS: Quando o credor abre mão do crédito, ele pode perdoar o devedor, sendo que concordando o devedor com o perdão, o perdão concretiza a extinção da obrigação. ✓Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Larissa Azi - Direito das Obrigações !17 OBS: Na renúncia a solidariedade, o credor apenas torna a obrigação de um co- devedor fracionária. ✓Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. OBS: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. ✓Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. OBS: Na situação em que ocorreu a insolvência de um dos co-devedores, os exonerados da solidariedade devem contribuir pela parte que incumbia ao insolvente. ✓Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. ✓Enunciado 348 da IV Jornada de Direito Civil – Arts. 275/282. O pagamento parcial não implica, por si só, renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos da quitação ou, inequivocadamente, das circunstâncias do recebimento da prestação pelo credor. ✓Enunciado 349 da IV Jornada de Direito Civil – Art. 282. Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade quanto aos demais devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia. ✓Enunciado 350 da IV Jornada de Direito Civil – Art. 284. A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual co-devedor insolvente, nos termos do art. 284. ‣ Subsidiariedade: É a responsabilidade daquele que não tem o débito. Pode decorrer de decisãojudicial ou por convenção entre as partes. A dívida em regra deve ser cobrada primeiramente contra devedor, e só após recorre-se ao subsidiário, a não ser que contrato traga clausula que permita a cobrança direta para com o subsidiário. Ex: A é o credor, B o devedor e C o garantidor (Fiador). Se o devedor não honrar o compromisso com A, originado pela obrigação, A pode chamar o garantidor para que a obrigação seja feita. Larissa Azi - Direito das Obrigações !18 OBS: A obrigação deve ser cobrada primeiro do devedor principal e depois, caso ele não cumpra a obrigação, o credor poderá cobrar do garantidor (Benefício de Ordem e Direito de Excussão). Além disso, há a possibilidade do garantidor renunciar o benefício de ordem, isso vai fazer com que o credor possa cobrar diretamente do fiador, não precisando cobrar primeiro do devedor principal. ✓Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. 2. Classificação quanto ao elemento objetivo: a) Obrigações Cumulativas: São obrigados onde há uma pluralidade de prestações as quais devem ser todas cumpridas sob pena de não ser considerada resolvida ou extinta a obrigação. Ex: Lei de Locação - A lei cria uma serie de obrigações que as partes deverão cumprir. (Uma soma de obrigações que deverão ser cumpridas). b) Obrigações Alternativas: São aquelas obrigações em que o devedor se libera da obrigação cumprida através da integra ou escolha de alguma das opções possíveis estabelecidas pelas partes. ★ Regras: (1) Regra da escolha: Na regra geral, o devedor escolhe a opção ou a integra. O credor poderá escolher se essa clausula estiver contida no contrato. Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. (2) Regra da independência: Faz com que o devedor não possa obrigar o devedor a receber em partes a obrigação. § 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (3)Regra da prestações periódicas: Em obrigações de trato sucessivo, o devedor tem o direito de exercer sua opção em cada momento possível. § 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. (4)Regra da pluralidade de optantes: No caso de houver vários optantes, sem acordo unânime, decisão cabe ao juiz. § 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. Larissa Azi - Direito das Obrigações !19 (5)Regra da escolha a terceiro: § 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. ★ Hipóteses de impossibilidade absoluta: • Sem Culpa do Devedor: Resolve-se a obrigação, sem que seja necessário o pagamento de perdas e danos. Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. • Com Culpa do Devedor: - Escolha do devedor: Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. - Escolha do credor: Art. 255, Parte 2. Se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. ★ Hipóteses de impossibilidade parcial: • Sem Culpa do Devedor: Se eu tenho um carro e destruo o carro sem culpa da minha parte, eu posso entregar a moto para o devedor. Sem perdas e danos. Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. • Com Culpa do Devedor: Se eu tenho um carro e perco o carro com culpa da minha parte, eu posso entregar a moto para o devedor. - Escolha do devedor: Se sobrou a moto, o devedor poderá entregar a moto. Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. - Escolha do credor: Ou o credor aceita a moto e não tem perdas e danos, pois está satisfeita com a obrigação. Ou o credor opta pelo valor do carro perdido e entra com perdas e danos. Art. 255, Parte 1. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; Larissa Azi - Direito das Obrigações !20 Aula 7: 28 de março de 2018 Obrigações Divisíveis e Indivisíveis 1. Noções Gerais: Essas obrigações só fazem sentido e só serão aplicadas caso haja uma pluralidade de credores e devedores, pois no caso de ser um único credor ou devedor, não importara se ela será divisível ou não, pois será cobrada na sua integralidade. • Obrigações divisíveis: São aquelas que admitem o fracionamento do objeto da prestação. Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. OBS: Ainda que o objeto da obrigação seja divisível, o credor não está obrigado a recebe-lo de forma fracionária. • Obrigações indivisíveis: Não é admitido o fracionamento da obrigação. Além disso, essa impossibilidade pode derivar de varias situações: Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. OBS: As obrigações de dar coisa certa e de fazer podem ser divisíveis e indivisíveis. Contudo, as obrigações de não fazer, em regra, são indivisíveis (A pequena parte da doutrina divergente a esse posicionamento acaba sendo equivocada). Ex: Obrigação de não revelar informação acerca de uma negociação entre empresas. (Não é possível fracionar tal obrigação). 2. Formas de Indivisibilidade: a) Material Inatural: Ex: Impossibilidade de fracionar bens como celular na sua venda. b) Disposição Legal: Ex: Governo impede que o módulo rural, a área mínima para subsistência, seja fracionado. c) Disposição Contratual: Ex: Estabelecimento que um bem divisível, como cereais, seja indivisível, pois o credor não está obrigado a recebe-la de forma fracionada. d) Questão Econômica: Impossibilidade de divisão da prestação naqueles casos onde haveria redução substancial do valor da coisa objeto na prestação, inviabilizando a obrigação. Ex: Não é interessante fracionar venda de grampos, por ser economicamente inviável. Larissa Azi - Direito das Obrigações !21 3. Distinções entre indivisibilidade e solidariedade: OBS: Há um ponto em comum entre a solidariedade e indivisibilidade. Na solidariedade passiva, podemos exigir a dividida toda de um dos co-devedores. Já na indivisibilidade, como a coisa não pode ser dividida, ela será, também, exigida por completo. OBS: Quando a coisa se perde em obrigação solidária, continua-se a obrigação solidária. Contudo, no caso da obrigação indivisível, sem estabelecimento da solidariedade, se o bem for perdido haverá o fracionamento do equivalente, com cada um respondendo por sua cota parte. OBS: Enquanto a solidariedade se estabelece por uma razão subjetiva ou legal, a indivisibilidade ocorre por uma questão objetiva, pois é o objeto que impede o fracionamento. 4. Regramento: Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor emobrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros co-obrigados. Sub-rogar-se: Troca de posição entre os co-devedores. OBS: O co-devedor passa a estar em posição de credor e passa a ter os direitos que o credor possui. Se B paga a dívida de C e D pra A, esse passa estar na posição de A, para cobrar a dívida, já que ele pagou mais do que deveria ter pagado. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - A todos conjuntamente: Chamo todos para pagar de vez. II - A um, dando este caução de ratificação dos outros credores: A caução de ratificação é uma garantia pessoal (Documento autorizando que um dos credores receberá a prestação por inteiro) ou real (O credor pode dar um bem como garantia). OBS: Como ele recebeu o bem por completo, ele irá repassar a cota parte de cada um dos outros credores. Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. Larissa Azi - Direito das Obrigações !22 Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. e) Obrigações liquidas: São aquelas plenamente determinadas em sua extensão, se sabe exatamente qual o valor da dívida (Conceito de Maria Helena Diniz). f) Obrigações ilíquidas: São aquelas que embora existentes, não existe uma quantificação exata do seu valor. g) Obrigações quanto a eficácia: • Puras: Aquelas que não estão atreladas a termo, condição ou encargo. Consequentemente, a exigibilidade é imediata. Ex: Manuela vende notebook sem qualquer vinculação. • A termo: Aquela cuja eficácia está subordinada/vinculada a evento futuro e certo. Ex: Manuela vende notebook, mas estabelece um termo, que é o de entregar o notebook apenas após o período de provas. • Condicionais: Aquelas cuja eficácia está atrelada a evento futuro e incerto. Só se pode exigir cumprimento da obrigação, se condição se realizar dentro de um lapso temporal razoável. Condição é inexigível. Ex: Manuela vende, mas estabelece que entregará apenas se ganhar um novo. Manuela também não pode exigir a retenção do valor pago. • Modais (Com encargo): Aquelas cuja eficácia se estabelece em situação de liberalidade, doação. Sujeito se compromete a agir de um determinado modo para receber liberalidade. Sujeito que se comprometeu, ao agir, pode exigir a liberalidade, assim como o sujeito que prometeu a liberalidade pode revogar a mesma ou exigir o comportamento no caso de já tê-la realizado. h) Obrigações quanto ao conteúdo: • De meio: Aquelas em que o devedor se compromete a realizar esforços com o objetivo de alcançar a finalidade pretendida pelo credor, porém não se torna inadimplente caso não o alcance. O foco é o grau de esforço realizado pelo devedor, analisando-se se ele praticou os atos necessários para atingir o resultado. Ex: Advogados em causa e médicos em cirurgia plástica reparatória Larissa Azi - Direito das Obrigações !23 não estão obrigados a alcançar o resultado pretendido pelo credor, pois não dependem só deles o resultado. É analisado o esforço de ambos. • De resultado: Aquelas onde o devedor só se libera da obrigação se ele alcança o resultado pretendido pelo credor, exceto nas situações de caso fortuito ou força maior que impactem na entrega do resultado. • De garantia: Aquelas onde o devedor se compromete a atenuar um risco existente numa outra relação jurídica. Ex: Fiador atenua risco de o credor no caso do devedor não pagar. i) Obrigações quanto ao momento da execução: • Instantâneas: Aquelas que se esgotam em um só ato no presente. Ex: venda de celular em um único ato, entrega-se e paga-se o celular no mesmo instante. • Diferidas: Aquelas que se realiza em um só momento no futuro. Ex: Venda de celular, com entrega do mesmo no futuro. • Contínuas (Trato sucessivo): Aquelas cujas prestações são realizadas em vários atos. Ex: prestação de serviços, locação, financiamento. OBS: Apenas nas obrigações contínuas pode se aplicar a teoria da imprevisão. Ex: Durante lapso temporal, algo desequilibra a base econômica do contrato. Larissa Azi - Direito das Obrigações !24
Compartilhar