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Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Face) Departamento de Economia Trabalho original da professora digitado por Rodrigo Sollberger Economia do Setor Público Profª Maria da Conceição Sampaio de Sousa Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 1 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Sumário Economia do Setor Público ..................................................................................................................... 0 Eficiência dos Mercados Competitivos ................................................................................................... 3 1. Quais as condições sob as quais os mercados competitivos são eficientes? ................................. 3 2. Eficiência nas Trocas: ...................................................................................................................... 3 3. Eficiência na Produção .................................................................................................................... 4 4. Eficiência na Composição do Produto............................................................................................. 5 A Eficiência dos Mercados Competitivos ................................................................................................ 7 1º Teorema Fundamental da Teoria do Bem-Estar: ........................................................................... 7 2º Teorema Fundamental da Teoria do Bem-Estar: ........................................................................... 9 Falhas de Competição ..................................................................................................................... 9 Bens Públicos .................................................................................................................................... 11 Externalidades ................................................................................................................................... 11 Mercados Incompletos ..................................................................................................................... 11 Falhas de Informação ........................................................................................................................ 12 Desemprego, inflação e desequilíbrio .............................................................................................. 12 Redistribuição ................................................................................................................................... 12 Bens Meritórios ................................................................................................................................. 13 Análise Positiva versus Análise Normativa ........................................................................................ 13 Falhas do Governo ............................................................................................................................ 13 Retornos Crescentes de Escala ......................................................................................................... 15 Políticas de preços dos monopólios e perdas em termos de bem-estar. ......................................... 15 Regra Utilitarista ................................................................................................................................... 16 Economia do Setor Publico (2ª Nota de Aula) ...................................................................................... 17 Teorias Normativas de Redistribuição .............................................................................................. 17 Utilitaristas: ................................................................................................................................... 17 Economia do Bem-Estar: Eficiência versus Equidade ........................................................................... 21 Eficiência de Pareto versus Melhorias de Pareto .............................................................................. 22 Funções de bem-estar social e curvas de indiferença sociais ........................................................... 23 Eficiência de Pareto e Princípio de Compensação ............................................................................ 23 Escolha Social .................................................................................................................................... 25 Atitudes da sociedade em relação à desigualdade: Utilitarismo versus Rawlsianismo. ................... 25 Bens Públicos e Bens Privados ofertados pelo Setor Público ............................................................... 31 Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 2 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Derivação da Demanda de Bens Públicos ............................................................................................. 46 Provisão eficiente de bens privados ofertados pelo setor público ....................................................... 49 Provisão uniforme: ............................................................................................................................ 49 Indivíduos idênticos ...................................................................................................................... 49 Externalidades na Produção ................................................................................................................. 53 O problema dos Recursos Comunitários .......................................................................................... 55 Solução para as externalidades ........................................................................................................ 57 Soluções privadas .......................................................................................................................... 57 Soluções públicas para as externalidades ......................................................................................... 64 Impostos e Subsídios ..................................................................................................................... 64 Multas versus Regulação: .............................................................................................................. 66 Regulação ...................................................................................................................................... 66 Equilíbrio de Lindahl ............................................................................................................................. 69 Mecanismo de Lindahl ...................................................................................................................... 69 Mecanismo de Revelação de Preferências ....................................................................................... 70 Regra do Voto Majoritário .................................................................................................................... 73 Exemplos de preferências caracterizadas por single peakness .................................................... 76 Equilíbrio de voto majoritário e redistribuição ................................................................................. 77 O Teorema do Eleitor Mediano ............................................................................................................ 78 Custo do bem público ................................................................................................................... 80 Redistribuição com a provisão pública de um bem privado– provisão uniforme ....................... 81 Provas Anteriores .................................................................................................................................. 83 Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 3 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Eficiência dos Mercados Competitivos 1. Quais as condições sob as quais os mercados competitivos são eficientes? - Definição de Eficiência de Pareto (1849 – 1923) - Condição de existência de um ótimo de Pareto: a) Eficiência nas Trocas b) Eficiência na Produção c) Eficiência na Composição do Produto 2. Eficiência nas Trocas: Em F: pode-se melhorar a situação do agente B sem piorar a do agente A. A passagem do ponto F para C constitui uma melhoria de Pareto. A eficiência de Pareto exige que para um dado nível de utilidade do agente A, a utilidade do agente B seja maximizada. Isto ocorre quando as Curvas de Indiferença são tangentes. Portanto, o ótimo de Pareto requer que as taxas marginais de substituição entre os bens 1 e 2 (inclinação da Curva de Indiferença) sejam iguais para os diferentes agentes: Simplificando, o ótimo de Pareto nas trocas requer: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 4 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Formalmente, esse resultado pode ser obtido da seguinte maneira: 3. Eficiência na Produção Isoquantas: combinações possíveis de insumos para produzir uma determinada quantidade de produto. Inclinação da isoquanta = . Ponto F: Ineficiente, na passagem de F para B, pode-se produzir mais do bem 2 sem reduzir a produção do bem 1. A Eficiência de Pareto requer que as isoquantas sejam tangentes. Formalmente, este problema pode-se escrever como: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 5 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia O resultado deste problema implica que: 4. Eficiência na Composição do Produto Aqui deve-se considerar simultaneamente a eficiência técnica na produção e as preferências individuais. Para tanto, vamos introduzir uma maneira alternativa de representar o lócus dos pontos eficientes na produção que é a curva de possibilidades de produção. Para tal, vamos transpor AA curva no espaço dos bens: Os pontos eficientes encontram-se sob a fronteira. Pontos interiores, como o ponto F, são ineficientes. A inclinação da Curva de Possibilidades de Produção é chamada de Taxa Marginal de Transformação: A questão fundamental aqui é saber se o “mix” de bens produzidos é aquele desejado pelo consumidor. Precisamos então colocar juntos o problema do consumidor e da produção. Graficamente o problema é: Caixa de Edgeworth Curva de Possibilidade de Produção Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 6 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia O equilíbrio ocorre em E – dadas as possibilidades de produção da economia, o consumidor típiico maximiza sua utilidade já que alcançou a curva de indiferença mais elevada possível. F e E’ são pontos de eficiência na produção, porém, não no consumo. Em E, observamos mais uma vez a condição de tangência: Formalmente, o problema escreve-se como: O resultado deste problema é: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 7 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia A Eficiência dos Mercados Competitivos A questão é saber se o equilíbrio competitivo é eficiente no sentido de Pareto. 1º Teorema Fundamental da Teoria do Bem-Estar: Sob determinadas condições, o equilíbrio competitivo de mercado constitui um ótimo de Pareto. Então a questão é saber se o equilíbrio de mercado garante as 3 condições. Vejamos: 1) O equilíbrio competitivo é eficiente nas trocas, isto é, ele garante que: Prova: a condição de otimalidade exigida para o equlibrio de mercado em uma economia de trocas é: Como os preços são dados para todos os consumidores, temos que: Segue, portanto que: que é a condição de eficiência de Pareto nas trocas. O equilíbrio competitivo é eficiente na produção, isto é, ele garante que: No equilíbrio de mercado, a condição de otimalidade requer que: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 8 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Como nos mercados competitivos os preços dos fatores são os mesmos para todas as indústrias, tem-se que: Segue-se, portanto, que: que é a condição de eficiência na produção. Eficiência na Composição do Produto: O equilíbrio competitivo é eficiente na composição do produto (product mix efficiency) porque ele garante que: Ora, no equilíbrio competitivo tem-se que: e para os consumidores, o equilíbrio competitivo garante que: Tem-se então que: Portanto, o equilíbrio competitivo garante condições de eficiência nas trocas, na produção e na composição do produto e é, portanto, eficiente. Temos então que o equilíbrio competitivo situa-se sobre a curva de contratos (e, portanto, sobre a curva de possibilidades de produção): Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 9 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia 2º Teorema Fundamental da Teoria do Bem-Estar: Qualquer ponto sobre a curva de possibilidade de utilidade pode ser atingido por uma economia competitiva desde que se garanta a distribuição de recursos inicial necessária para que o ponto desejado seja atingido. Importante: o conceito de eficiência de Pareto não informa nada a respeito da distribuição de renda. Porém, o segundo teorema afirma que se não se deseja manter a alocação/distribuição gerada pelo equilíbrio competitivo é possível, sem abandonar o mecanismo de mercado, redistribuir os recursos e deixar que o mercado encontre outro equilíbrio (E’ e.g.) que pareça mais justo. Portanto, o 2º teorema implica que qualquer alocação Pareto-eficiente pode ser atingida através do mecanismo descentralizado de mercado. Conclusão: se as condições supostas para garantir o 1º e o 2 º teoremas do bem-estar fossem preenchidas, o estudo da economia do setor público resumir-se-ia à análise dos mecanismos governamentais apropriados para redistribuir os recursos. Porém, as condições exigidas para garantir esses dois teoremas nem sempre são verificadas. Existem o que chamamos de falhas de mercado. Daí a necessidade da intervenção governamental. Falhas de Mercado: uma rationale para a atividade do governo.Falhas de Competição Os resultados obtidos anteriormente não se aplicam em presença de concorrência imperfeita. Por concorrência imperfeita entende-se que todas as situações nas quais os agentes econômicos exercem pressões sobre os preços. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 10 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Em concorrência imperfeita . A maximização de lucros requer apenas que . A receita marginal, ao invés dos preços, é a variável relevante para a tomada de decisões. Os preços de mercado não contêm a informação necessária para se atingir o ótimo de Pareto. Prova gráfica: Monopólio Natural: Se a produção competitiva será ou não implementada depende de como as perdas serão financiadas. Existe portanto espaço para a intervenção do governo através de diferenças políticas de regulamentação do monopólio. Em geral, a produção será fixa entre e . Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 11 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Bens Públicos Outra falha de mercado é constituída pela existência de bens públicos. O mercado não ofertará tais bens ou ofertará uma quantidade muito pequena porque para tais bens: a) O custo marginal de provisão para um individuo adicional é nulo b) O custo de exclusão é elevado ou a exclusão é impossível. Exemplos: Farol; (provisão insuficiente); defesa pública (não existe oferta); estradas em regiões pouco freqüentadas. Rationale para intervenção do governo. Externalidades Ocorre quando ações de indivíduos afetam outros indivíduos ou firmas e esses impactos não estãao refletidos nos preços de mercado. A presença dessas interações compromete a capacidade do sistema de preços para alocar eficientemente os recursos. Externalidades: i) Positivas: jardim, parque, pomar, criador de abelhas ii) Negativas: poluição, barulho excessivo, etc Como os indivíduos não desfrutam os benefícios completos das externalidades positivas nem tampouco pagam os custos completos das externalidades negativas que eles provocam, ocorrerá uma produção inferior à desejada no caso de externalidades positivas e um excesso de produção de externalidades negativas. O sistema de preços, de vido à existência do problema do “carona”, não aloca eficientemente os recursos. Portanto, existem espaços para a intervenção governamental, através de regulamentações, imposição de penalidades (multas) Mercados Incompletos Ocorrem quando os mercados privados não ofertam um bem/serviço, embora o custo de provisão de tal bem/serviço seja inferior ao que os indivíduos estão dispostos a pagar. Mercado de seguro: em geral, decorre da dificuldade de calcular adequadamente os riscos. Existência de risco/incerteza. Os resultados obtidos implicitamente supunham que a certeza perfeita existe, ou seja, risco nulo. Ainda assim, é possível mostrar (Arrow) que o equilíbrio competitivo é eficiente em condições de incerteza, desde que exista um conjunto completo de mercados Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 12 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia contingentes (Mercados Futuros/mercados de reivindicações (claims) para cada tipo de bem em cada estado futuro possível). Exemplo de mercados contingentes: seguro de carro (se bater, recebe x%; se não bater 0%) O problema é que esse conjunto complexo de mercados contingentes não existe por diferentes razões: Perigo Moral (Moral Hazard): fato de que o indivíduo que compra o seguro poder influenciar a probabilidade do evento ocorrer. Se eu fizer um seguro desemprego, para contribuir para minha perda de emprego e então receber o seguro. Portanto, dada a não existência de mercados contingentes perfeitos, a otimalidade de Pareto não existe no mundo real e isso leva à necessidade de intervenção do governo. Principais mercados incompletos: a) Capitais: educação, casa própria b) Seguros: desemprego/agricultores c) Mercados complementares: falhas de coordenação. O governo intervêm através da produção direta, agências de fomento ao desenvolvimento. Isto é particularmente necessário nos países em desenvolvimento Falhas de Informação Exemplo: falta de informação ao consumidor Intervenção do governo = PROCON Além disso, a rationale aqui é que informação pode ser considerada um bem público. Desemprego, inflação e desequilíbrio: considerados sintomas de que o mercado não está funcionando adequadamente – Controvérsias. Redistribuição: mesmo se a economia de mercado for Pareto-eficiente isso ainda não nos diria nada sobre a distribuição de renda → atividade distributiva do governo é extremamente importante. Os limites de distribuição dependem da atitude da sociedade em relação à desigualdade. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 13 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Bens Meritórios: outro argumento para a intervenção do governo é que mesmo em uma economia Pareto-eficiente o indivíduo pode não ser capaz de agir em seu próprio interesse. Portanto, existem bens que o governo pode obrigar o indivíduo a consumir (bens meritórios). Ex: educação, cinto de segurança, etc. Os bens meritórios evocam uma visão paternalista do Estado. O argumento paternalista para a intervenção do governo deve ser distinguido do argumento de externalidades. Análise Positiva versus Análise Normativa Análise Normativa: centra-se na determinação do que o governo deveria fazer. Análise Positiva: centra-se na análise e descrição das ações do governo apontando entre as possíveis conseqüências. Análise Normativa: interessa-se pelas questões que concernem a avaliação das conseqüências das modificações tributárias, por exemplo, com o intuito de estabelecer um julgamento a respeito da desejabilidade das conseqüências dessas variações de impostos. A análise normativa tentaria responder a esses tipos de questões: a) Se estamos interessados em reduzir os custos dos serviços médicos qual imposto é preferível. Sobre as bebidas alcoólicas ou sobre o cigarro? b) Existem impostos melhores que esses para atingir um objetivo particular do governo? c) Se estamos interessados em melhorar a distribuição de renda, qual imposto é preferido? Análise positiva: preocupa-se com a análise das conseqüências de determinadas políticas governamentais e com a descrição das atividades do setor público e com a compreensão das forças econômicas e políticas que motivaram as ações governamentais. Com respeito ao tributo, as questões colocadas pelos positivistas seriam: a) Qual será o aumento do preço do cigarro/bebida devido ao imposto? b) Qual será o impacto sobre a demanda desses bens? c) Qual será a repercussão do tributo sobre a renda dos agricultores/distililarios? Falhas do Governo: Para avaliar os programas governamentais deve-se levar em conta não somente os objetivos, mas a forma de implementá-los → existência de efeitos perversos. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 14 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Enquanto as falhas de mercado conduziriam à ação governamental, as deficiências encontradas nos programas governamentais levaram os economistas a investigar as causas das falhas de governo. Eles apontaram quatro maiores razões para a existência de falhas de governo: i) Informação limitada (sobre as principais conseqüências de seus programas) ii)Controle limitado do governo sobre as respostas do mercado (ex: política de controle de aluguéis) iii) Controle limitado da burocracia. Importante auditar os incentivos apropriados que devem ser dados à burocracia. iv) Limites impostos pelo quadro político. Dificuldade de aprovação das reformas atuais no Brasil, em particular, as reformas administrativa, previdenciária e tributária. Portanto, mesmo que se continue acreditando na importância do papel do Estado, é fundamental ter em mente estas quatro limitações de ações governamentais. Em presença de competição imperfeita o equilíbrio não ocorre em E, mas sim em um ponto como F. : não competitivo : competitivo A contribuição ótima que maximiza lucros é: Portanto, A produção ocorrerá no ponto , em que a é inferior a , violando portanto a condição de eficiência. Em conseqüência, a produção do Bem 1 será inferior à produção competitiva e implicará em perda de utilidade para os consumidores que terão de se contentar com o nível de utilidade ao invés do nível , possível em condições competitivas. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 15 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Retornos Crescentes de Escala Outro problema que provoca concorrência imperfeita. A ausência de convexidades viola o 2º teorema fundamental da teoria do bem-estar. A existência de Retornos Crescentes de Escala constitui uma barreira à entrada no mercado e, portanto, elimina a competição. Os custos de produção por unidade (custos médios) declinam com o aumento na produção. Os custos marginais também declinam. Forma-se então o que é denominado monopólio natural, cujos custos podem ser graficamente representados como: A existência de monopólios naturais depende da tecnologia – Indivisibilidades. Ilustração: discutir a questão da privatização: telefonia e setor elétrico. Políticas de preços dos monopólios e perdas em termos de bem-estar. Monopólios são considerados nocivos porque produzem menos e cobram mais caro. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 16 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Regra Utilitarista O Lagrangeano associado a esse problema é: As CPO’s são De (2) e (3), temos que: Ou ainda: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 17 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia E finalmente Note-se que se: Então a renda disponível é igualizada: Economia do Setor Publico (2ª Nota de Aula) Teorias Normativas de Redistribuição Utilitaristas: Pobres: classe 1; p = nº de pobres Ricos: classe 2; r = nº de ricos T = impostos; B = subsídios O indivíduo, incerto sobre sua renda futura, escolherá T e B de modo a maximizar a função objetivo: Supondo-se que os custos de redistribuição são nulos: e são as probabilidades de que um indivíduo seja rico ou pobre: Substituindo , e (2) em (1), temos: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 18 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Definindo a renda disponível como: Podemos maximizar (1a) em relação a B: Porém: Então: Por fim: O utilitarista imparcial escolherá a distribuição de renda de forma a igualar a utilidade marginal da renda entre os indivíduos. Supondo-se, ainda, que todos os indivíduos possuem a mesma função de utilidade, os utilitaristas escolheram T e B de modo a igualar a renda entre os indivíduos. Então nesse sentido, os utilitaristas podem também ser igualitários. Redistribuição Ótima de Renda no Sentido de Pareto: Hochman and Rodgus (1969) “Pareto Optimal Redistribution”. American Economic Review, pp. 542- 547. (ex: ONG, transferências de renda por motivos altruístas, transferências voluntárias). Utilizando o instrumental anterior vamos supor que os ganhos de classe de renda mais elevada derivam dos ganhos de utilidade das classes mais pobres. Supondo que existem três classes de renda , então, cada membro do grupo 3 (ricos) maximizará a seguinte função objetivo: Onde: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 19 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia = número de indivíduos da classe 3; = numero de indivíduos da classe 2; = número de indivíduos da classe 1; e são os subsídios auferidos pelas classes 2 e 3. A restrição orçamentária é: Ou ainda: Substituindo (5a) em (4): Maximizando em relação à e : Porém: Podemos então reescrever (7) como: E finalmente: Se os ricos atribuem o mesmo peso à utilidade das classes 1 e 2 ( ) e supõem que ambas as classes derivam a mesma utilidade da renda, então eles escolherão os subsídios e de forma a igualar as utilidades marginais da renda: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 20 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Como e a utilidade marginal da renda é decrescente, então a renda da classe 1 deve ser igualada à da classe 2, antes que seja feita qualquer transferência no grupo 2. Altruísta Santo: caso particular em que . Nesse caso, obtém-se o resultado utilitarista. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 21 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Economia do Bem-Estar: Eficiência versus Equidade Importante: o objetivo deste capítulo é a análise NORMATIVA. Mesmo se a economia for Pareto-eficiente, ainda assim o governo pode intervir caso a distribuição de renda seja considerada inaceitável pela sociedade. Porem, o custo para se atingir uma maior igualdade de distribuiçãode renda deve ser levado em conta. Daí a importância em se analisar o trade-off entre eficiência e equidade, que pode ser graficamente representado como: Exemplo do trade-off: Robson Crusoe/Sexta-feira Questões Importantes: a) Natureza/quantificação do trade-off b) Valor relativo entre eficiência/igualdade -atitudes da sociedade em relação ao trade-off i) Eficiência: maior produção ii) Igualdade: transferência de recursos Um programa publico introduz ineficiência se ele reduz a renda nacional e promove igualdade se ele transfere recursos dos ricos para os pobres. Aqui é central a definição/mensuração apropriada do conceito de pobreza. Por vezes tal identificação não é clara (por exemplo, se a classe média for importante). Indicadores de Pobreza: Indicadores em geral, implicitamente, expressam julgamentos de valor. muitos programas governamentais são avaliados em função do impacto sobre o nível de pobreza. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 22 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Eficiência de Pareto versus Melhorias de Pareto Embora a maioria dos impactos de programas públicos impliquem ganhos para indivíduos e perdas para outros, existem casos em que pode-se melhorar a situação de um indivíduo sem, necessariamente, piorar a de outro → Melhorias de Pareto Princípio de Pareto: Além disso, um pacote de medidas pode contribuir para uma melhoria de Pareto mesmo que cada medida, tomada individualmente, não o seja. Exemplo: indústria do aço Eficiência de Pareto e individualismo: o critério de Pareto é individualista porque concerne unicamente o bem-estar do indivíduo sem considerar a questão da desigualdade. Além disso, para cada indivíduo, somente conta a própria percepção do indivíduo sobre o seu próprio bem-estar. Portanto, é consistente com o princípio geral da soberania do consumidor. Soberania do consumidor versus paternalismo: discutir os limites da soberania do consumidor e relacioná-lo com o conceito e a prática do paternalismo. *Paternalismo: bens meritórios (leis de segurança no transito; leis anti-drogas; escolaridade obrigatória) não oferece um guia seguro no que diz respeito à questões distributivas. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 23 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Funções de bem-estar social e curvas de indiferença sociais Como dito anteriormente, o critério de Pareto não permite ordenar os diferentes pontos – correspondentes aqui a diferentes programas públicos. Não sabemos se ou . Embora seja ineficiente e seja eficiente, o critério de Pareto não permite afirmar que . Tudo que pode-se afirmar é que a passagem de implica uma melhoria de eficiência. Existem inúmeros exemplos em que melhorias em termos de eficiência não constituem melhorias de Pareto porque existem perdedores: - Common land, na Inglaterra - Fim da distribuição gratuita de água para consumidores pobres Em ambos os casos, o aumento da eficiência (da produtividade da terra na Inglaterra e redução do desperdício de água em Pernambuco) não constitui uma melhoria de Pareto, pois alguns grupos ficam em pior situação quando da mudança (agricultores ingleses e pobres de Pernambuco). Eficiência de Pareto e Princípio de Compensação Se os ganhos daqueles que são beneficiados com a introdução do projeto/programa, mensurados em unidades monetárias, forem superiores às perdas daqueles prejudicados, os ganhadores podem compensar (indenizar) os perdedores. Aqui, admite-se implicitamente, que um real ganho ppor um indivíduo vale tanto quanto um real perdido por outro. Críticas ao princípio de compensação: dificuldade de avaliar ganhos e perdas. Além disso, a sociedade pode valorar diferentemente os ganhos/perdas dos diferentes grupos. Portanto, para escolher entre programas/projetos alternativos é necessário buscar critérios de comparação que Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 24 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia não aqueles discutidos anteriormente (critério de Pareto, princípio de compensação). É preciso explicitar os julgamentos de valores referentes às diferentes escolhas. Daí a necessidade de usar funções de bem-estar social. Estas funções fornecem uma base para ordenar qualquer alocação de recursos. Matematicamente, tal função pode ser escrita como: Da mesma forma que para toda relação entre as funções de utilidade e curvas de indiferença, existe uma relação entre função de bem-estar social e curvas de indiferença sociais. Tais curvas – C.I. Sociais – são definidas como sendo o conjunto das combinações de utilidade dos diferentes indivíduos/grupos de indivíduos que garantem níveis iguais de bem-estar social. Finalmente, a equação da curva de indiferença social é dada pela expressão: E graficamente: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 25 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Escolha Social Podemos agora descrever como as escolhas sociais são feitas. No painel (A), depois de se eliminar os pontos Pareto-ineficientes – D e E, percebe-se que o ponto B é o melhor. No movimento de B para C, a sociedade entende que as perdas do grupo 2 excedem os ganhos do grupo 1, portanto, o movimento não é desejável. Por outro lado, no movimento de A para B, os ganhos do grupo 1 são mais valorizados pela sociedade que as perdas do grupo 2. Portanto, B é preferido a A e a C. Obviamente, com curvas de indiferença sociais diferentes, uma opção diferente pode ser preferida. No painel (B) C é a melhor opção, a sociedade tem uma forte preferência pela igualdade. Na prática, os tomadores de decisão – gestores – não calculam curvas de indiferença sociais, porém fazem algo equivalente: procuram identificar os efeitos de programas governamentais sobre os diferentes grupos da população. Tais efeitos são sumariados em termos de eficiência e equidade. i) O conjunto de oportunidades é identificado ii) Os trade-offs entre eficiência e igualdade são analisados iii) A análise dos trade-offs é feita. A combinação equidade/eficiência escolhida reflete a escolha de um determinado tipo de função de bem-estar social. Atitudes da sociedade em relação à desigualdade: Utilitarismo versus Rawlsianismo. 1) Formas/tipos de funções de Bem-Estar Social 1.1) Utilitarista (Jeremy Bentham): Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 26 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia A função de bem-estar utilitarista pode ser representada como: A equação da curva de indiferença correspondente é dada por: Graficamente, trata-se de linhas retas, com inclinação igual a -1, pois . Esse critério implica que a sociedade está disposta a renunciar a um pouco da utilidade do grupo mais pobre para conseguir um ganho igual para o grupo mais rico. Importante: o trade-off que a sociedade faz entre os dois grupos independe do nível de utilidade dos dois grupos. De fato, é constante e igual a (-1). Note-se que os utilitaristas não são indiferentes entre a variação de 1 real na renda do grupo 1 em função da variação de 1 real da renda do grupo 2. Se o grupo 1 tiver uma renda inferior àquela do grupo 2, então o aumentode 1 real na renda do grupo 1 será superior à redução na renda do grupo 2 (considerando que estamos falando da utilidade destes dois grupos). Os utilitaristas acreditam apenas que variações na utilidade de qualquer indivíduo devem ser ponderadas igualmente. 1.2) Função de bem-estar social onde o trade-off é decrescente Nesse caso, a forma genérica da função de bem-estar social é: As curvas de indiferença correspondentes são: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 27 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia 1.3) Rawlsianismo (John Rawls, “A Theory of Justice”): argumentava que o bem-estar da sociedade como um todo depende unicamente do bem-estar dos mais pobres. Para todo trade-off entre ricos e pobres. A forma da função de bem-estar social rawlsiana é dada por: Ou até: As curvas de indiferença correspondentes são em forma de “L”: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 28 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia 1.4) Comparação entre as funções de bem-estar Utilitarista e Rawlsiana: a questão da distribuição. 1.4.1) Os utilitaristas desejam igualar a utilidade marginal da renda entre os indivíduos já que, segundo eles, os recursos podem ser transferidos de um indivíduo para outro a custos constantes, então se a sociedade ganhará transferindo recursos do indivíduo/grupo 2 para o grupo 1 (isto é fácil de perceber quando imaginamos o grupo 2 como os ricos e o grupo 1 como pobres. É fácil perceber então que para os ricos 1 real a mais em suas rendas tem um aumento baixo, ou até insignificante, em sua utilidade quando, por outro lado, um aumento de 1 real na renda dos mais pobres fornece um aumento substancial em sua utilidade. Resumindo o raciocínio, temos que ). Na ausência de custos de transferência, este processo continuará até que: 1.4.2) os rawlsianos continuariam transferindo recursos dos ricos para os pobres até quando houvesse ganho para os pobres, independente dos custos impostos aos ricos Exemplo: suponha que exista a escolha a) Doar R$ 1 para alguém, que já possui R$ 10.000 b) Doar R$ 1,05 para alguém que já possui R$ 20.000 Resposta: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 29 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Utilitarista: “A” porque (R$ 1 para quem tem R$ 10.000 vale mais que R$ 1 para quem tem R$ 20.000). Rawlsiana: “A” porque é mais pobre. Porém se mudarmos os valores: A: R$ 1 – R$ 10.000 B: R$ 1.000.000 – R$ 20.000 A escolha rawlsiana não muda, porém o critério utilitarista é alterado (agora a resposta seria a alternativa B). em outras palavras, o critério rawlsiano não permite trade-offs enquanto que o critério utilitarista permite. 1.5) Rawls e o Igualitarismo A posição de Rawls não é a mais igualitária. De fato, ele não considera problemas de distribuição de renda, mas somente preocupa-se com a pobreza absoluta (nível de pobreza). Considere as situações abaixo: Imaginemos agora uma situação em que haja o aumento da desigualdade, porém com redução da pobreza. Nesse caso, tem-se, por exemplo, que: Apesar da piora na distribuição de renda, esta situação é desejável sob o ponto de vista rawlsiano, dado que o nível de pobreza (pobreza absoluta) diminuiu. Podemos ainda citar o caso de três distribuições de renda distintas, porém que produzem o mesmo nível de bem-estar de acordo com a teoria rawlsiana: i) ii) iii) 1.6) Críticas à abordagem das curvas de indiferença sociais 1.6.1) problemas associados à somar preferências. Transformar curvas de indiferença individuais em sociais. Qual a forma mais apropriada para a função de bem-estar social. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 30 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia 1.6.2) dificuldades de estabelecer comparações interindividuais. Entretanto, somente poucos programas constituem melhorias de Pareto. Sem comparar utilidades, muito pouco pode ser dito a respeito dos programas/projetos públicos. As funções de bem-estar social, apesar das limitações, constituem um elemento/quadro analítico útil para avaliar, de maneira sistemática, variações na renda de diferentes grupos de indivíduos. 1.7) Mensurando a Ineficiencia - Imposto lump-sum versus impostos distorcivos. A ineficiência está associada ao financiamento dos gastos públicos através da tributação. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 31 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Bens Públicos e Bens Privados ofertados pelo Setor Público Questões básicas: i) Como se pode determinar o nível eficiente de oferta de bens públicos? ii) Em que medida, o nível eficiente de produção de bens públicos depende de considerações distributivas? 1) Definição de Bens Públicos Bens públicos puros apresentam duas características essenciais: a. Não é possível racionar o seu uso (impossibilidade de exclusão). b. Não é desejável proceder com tal racionamento. 2) Bens para os quais a exclusão é impossível - defesa nacional; serviço de bombeiros. A inviabilidade do racionamento através do sistema de preços implica que os mercados competitivos não poderão engendrar quantidades Pareto-eficientes de bens públicos. Uma firma privada não poderia substituir o governo na provisão de defesa nacional, pois as pessoas não pagariam, voluntariamente, por tal serviço. - a relutância que os indivíduos têm para contribuir voluntariamente para a provisão de bens públicos é chamada de problema do “carona” (free rider). Dois exemplos podem contribuir para entender o problema do carona: a) Campanhas de vacinação: custos privados excedem os benefícios privados, porém, os benefícios sociais excedem os custos privados/públicos. Por essa razão (free rider problem), os governos tornam determinados tipos de vacinas compulsórias. b) Serviços de Bombeiros: aqui também os custos privados excedem os benefícios privados, porém, os benefícios sociais excedem os custos. *Explicar diferentes serviços de bombeiros em diferentes países. Aqui também, a exclusão é parcialmente possível (prédio isolado), porém não é desejável (criticas severas quando bombeiros americanos recusaram-se a extinguir incêndios em áreas isoladas pertencentes a não-contribuintes). Assim, pode-se ver que, em alguns casos, poderá haver provisão privada de bens públicos, entretanto, em virtude da existência do problema do carona, tal provisão será insuficiente. Conclui-se então que no caso dos bens públicos, o pagamento compulsório dos impostos para financiar a produção de tais bens é do interesse de todos, conforme pode ser verificado no gráfico abaixo: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 32 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia A fronteira de possibilidades de utilidade fornece a utilidade máxima que pode ser alcançada por um indivíduo/grupo, dada a utilidade de outro indivíduo/grupo. Sem a presença do governo, o equilíbrioocorrerá no ponto E. com a participação do governo, pode-se atingir o ponto A, onde os dois grupos saem ganhando. Porém, o poder de coerção do governo também pode ser usado por um dos grupos para auferir ganhos sobre o outro (E → B, grupo 2 às custas do grupo 1). - o problema do carona aparece também em outros contextos: família 2.2) Bens para os quais o racionamento/exclusão é indesejável Essa segunda característica implica que não é desejável excluir indivíduos do uso dos bens públicos. O consumo individual não reduz a quantidade à disposição dos outros. - o custo marginal de ofertar um bem para um indivíduo adicional é nulo: contraste com bens privados Distinção importante: CMg de produzir o bem é diferente do CMg de utilização. 3) Bens Públicos Impuros São bens para os quais: a) A exclusão é possível, porém indesejável b) Exclusão possível, porém custosa Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 33 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia 4) Ineficiências associadas à provisão privada de bens públicos É possível cobrar por muitos bens para os quais o custo marginal de provisão para um indivíduo adicional é muito baixo. Portanto, esses bens podem ser produzidos pelo setor privado. O argumento para a provisão publica de tais bens é que é mais eficiente ofertá-los através do setor publico, pois quando bens públicos são ofertados pelo setor privado, haverá uma subutilização de tais bens. Isso pode ser ilustrado na figura abaixo: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 34 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Entre e , o custo adicional de provisão é nulo. Então o uso eficiente (ótimo) requer que que é a regra competitiva. Caso o setor privado oferte esse serviço e fixar o pedágio em , a quantidade de travessias será igual a , inferior a , quantidade que seria escolhida de acordo com a regra da eficiência. A perda em termos de bem-estar é dada pela área do triangulo em destaque: Esse argumento sugere que os bens para os quais o custo marginal de provisão é zero deve ser ofertado gratuitamente, independentemente de se poder ou não excluir os indivíduos do seu uso. Para tais bens, as perdas em termos de bem-estar associadas à redução do consumo são maiores que os custos associados à geração de receita (de outra forma que através do sistema de preços) para financiar sua produção. 5) Bens para os quais a exclusão é viável, porém custosa Enquanto para o setor privado os custos de exclusão são relativamente pequenos, eles podem ser considerados para o caso de bens ofertados pelo setor publico. Mesmo que exista um custo marginal associado ao uso individual do bem, se o custo de exclusão for elevado, pode ser mais eficiente ofertar gratuitamente o bem e financiá-lo através da tributação. Isso pode ser melhor ilustrado na figura abaixo: Se o governo ofertar gratuitamente o bem, não haverá custos de transação. A área é poupada. Existe um ganho no consumo de . Já que a avaliação marginal dos indivíduos excede o custo marginal de produção. Este ganho é representado pela área . Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 35 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Por outro lado, se os indivíduos decidirem consumir o bem até o ponto em que o valor marginal é zero (para os consumidores), expandindo assim o consumo de , a disposição marginal a pagar é inferior ao custo de produção isso implica ineficiência. Para decidir se o bem deve ou não ser ofertado publicamente deve-se comparar: a) A área que representa os ganhos associados à provisão pública diferente da área (custos de transacioná-los). b) A área que representa as perdas associadas à provisão pública que devem ser financiadas por impostos distorcivos (essa perda também deve ser computada). Exemplo: mercado de seguros: custos administrativos mais elevados no setor privado. 6) Bens Privados ofertados pelo Setor Público Bens para os quais existem altos custos marginais de provisão para um indivíduo suplementar. Exemplos: educação; provisão de água; seguro previdenciário A rationale para a produção pública desses bens privados pode advir de considerações distributivas. Se um bem privado é gratuitamente ofertado, haverá, provavelmente, um consumo excessivo desse bem. As figuras abaixo mostram esse tipo de distorção: No caso (A) trata-se de um bem cujo ponto de saciedade é rapidamente atingido (como a água), as perdas em termos de bem-estar são relativamente pequenas. No caso (B), onde o ponto de saciedade é relativamente alto (como determinados serviços médicos) a perda pode ser grande. 7) Esquemas de racionamento para a provisão pública de bens privados Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 36 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Torna-se claro que deve-se encontrar algum método de controle do consumo dos bens privados postos à disposição da população, gratuitamente pelo governo. Este controle visa diminuir o excesso de consumo. - Daí a necessidade de esquemas de racionamento. Um esquema típico de racionamento do setor público é a provisão uniforme do bem. Exemplo: educação Restrição a esse esquema de racionamento: não leva em consideração as diferenças individuais (preferências) como faz o mercado. Isso implica distorções que podem melhor serem vistas no gráfico abaixo: Se o governo decidir ofertar , o consumidor H do que ele desejaria, ocorrendo o contrário para o consumidor L. Isso conduz à ineficiência antes mencionada. Exemplo: Para determinados tipos de seguros (saúde, aposentadoria, pensões), o governo fornece um nível básico e uniforme. Aqueles que querem comprar mais podem fazê-lo (através do mercado privado). Porém, aqueles que querem consumir menos são impedidos. A distorção depende então, do nível mínimo estabelecido. Quanto maior, maior a distorção. 7.2) Filas como mecanismo de racionamento Nesse esquema, o custo de provisão exigido pelo governo se mede em termos de tempo. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 37 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Comparar com o setor privado, que utiliza o preço como esquema de racionamento para serviços de saúde, enquanto o governo usa o tempo disponível. 8) Equilíbrio entre a provisão pública e a provisão privada O equilíbrio depende de fatores tais que: a) Tecnologia (telefone, energia elétrica, ...) b) Mudanças de gastos c) Melhoria dos métodos de mensuração 9) Condições de eficiência para a produção de bens públicos Questão central: qual deveria ser o nível ótimo/tamanho ideal da oferta de bens públicos? Em outras palavras, qual deveria ser o tamanho do governo? Para responder à essa questão, vamos considerar uma economia com dois bens: i) C = consumo de bens privados ii) G = consumo de bens públicos Existem também dois consumidores, 1 e 2. O bem privado C é alocado entre os consumidores 1 e 2 de tal forma que: Já o bem público caracteriza-se pelo fato de poder ser consumido simultaneamente pelos dois consumidores: Note que isso não implica que os consumidores derivam igual satisfação do consumo do bem público. Do ponto de vista da produção, não existe diferença entre os bens públicos e privados. Aquitambém, como no caso em que só existiam bens privados, a taxa marginal de substituição técnica entre dois fatores tem de ser igual nas duas indústrias (setor privado e governo). O bem em questão tanto pode ser produzido pelo setor público quanto pelo setor privado. A existência da provisão pública de bens privados não implica, necessariamente, a produção pública de tais bens. Claro que se houverem economias de escala (retornos crescentes de escala) o mercado competitivo não ofertará o bem e o governo poderá/deverá produzi-lo. Nesse contexto, a condição de eficiência para a produção de bens públicos é: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 38 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Essa condição é conhecida como Condição de Samuelson. Graficamente, essa condição pode ser representada como se segue: No ponto F o consumidor 1 consome toda a produção de bens privados e nada sobra para o consumidor 2 (a C.I. de 1 corta a curva de possibilidades de produção no ponto F). Ocorre o mesmo no ponto C. Se o governo decide fixar o nível de bens públicos em G e o indivíduo deve permanecer no nível de utilidade , então sobram AB unidades do bem privado para serem consumidas pelo consumidor 2 (AB sendo a distância vertical entre a curva de possibilidades de produção (PP’) e a curva de indiferença do consumidor 1). Portanto, a diferença vertical entre a curva de possibilidades de produção e a C.I. do consumidor 1 nos dá a curva de demanda residual do consumidor 2 (leftover curve). Superpondo as C.I.’s do consumidor 2 no gráfico ( ), podemos encontrar o nível mais alto de utilidade possível para o consumidor 2 supondo que a utilidade do consumidor 1 é dada pela C.I. ( ). Esse ponto é dado pelo ponto de tangencia entre a C.I. do consumidor 2 e a curva de demanda residual do consumidor 2 (leftover curve – ponto E). Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 39 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Existe uma maneira simples de representar essa condição de tangencia: como a curva de demanda residual representa a diferença entre a curva de possibilidades de produção e a curva de indiferença do consumidor 1, a inclinação da curva de demanda residual é a diferença entre a inclinação da curva de possibilidades de produção e a inclinação da C.I. do consumidor. Como estas inclinações podem ser representadas pelas taxas marginais de transformação e pela taxa marginal de substituição entre C e G pelo consumidor 2, tem-se que: Rearrumando os termos, tem-se que: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 40 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Intuitivamente, no ponto ótimo, o custo marginal de ofertar uma unidade adicional do bem público G, em termos do bem privado C, é exatamente igual à soma dos benefícios marginais que todos os consumidores obtêm. Intuição dessa condição: exemplo de Crusoe/Sexta-feira. Escolha entre canhões (bem público) e alimento (bem privado). Somando-se as disponibilidades a pagar pelo bem público (canhão/defesa nacional) pode-se efetivamente adquirir o bem público: Se a soma das , significa que os indivíduos estão dispostos a pagar mais que o necessário pelo bem público. Uma outra forma de calcular o nível eficiente de despesa pública é através do equilíbrio entre oferta e demanda (exatamente o mesmo procedimento adotado quando desejamos calcular o nível eficiente dos bens privados). Para tanto, precisamos de: a) Curva de demanda dos bens públicos b) Curva de oferta dos bens públicos 9.1) Curva de demanda de bens públicos Podemos derivar a curva de demanda individual por bens públicos da mesma forma que derivaamos a curva de demanda por bens privados. A restrição orçamentária do consumidor: , o “tax price”, é o preço relativo do bem público, dado por: A reta orçamentária mostra as combinações de C e G que o indivíduo pode comprar dado os preços ( ) e a renda. Graficamente podemos representar a restrição orçamentária como: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 41 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Uma vez derivada as curvas de demandas individuais, podemos chegar à demanda total pelos bens públicos. De fato, somando-se verticalmente as curvas dos consumidores 1 e 2 obtém-se a curva agregada de demanda por bens públicos: A soma vertical justifica-se pelo fato de o bem público estar disponível na mesma quantidade para todos os consumidores. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 42 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Esta curva de demanda pode ser interpretada como a “curva de disponibilidade a pagar”. Note-se que em cada ponto das curvas de demanda individuais, o preço ( , tax price) é igual à taxa marginal de substituição. Portanto, na curva de demanda agregada , respeita-se a condição de eficiência: 9.2) Curva de oferta agregada por bens públicos Pode-se derivar uma curva de oferta agregada por bens públicos de maneira análoga às curvas de oferta por bens privados. De fato, para cada nível de produção, o preço representa quanto do outro bem tem de deixar de ser produzido para que se possa produzir uma unidade a mais do bem público. Trata-se, portanto, do nosso conceito de Taxa Marginal de Transformação, , que pode também ser vista como: A curva de oferta é, portanto uma curva ascendente. Como , a : 9.3) Eficiência na produção de bens públicos O equilíbrio na produção de bens públicos é dado pela interseção das curvas de demanda e oferta de bens públicos: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 43 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Note-se que no ponto E a condição de eficiência dos bens publicos, vista anteriormente, é respeitada. De fato, na curva de oferta, o custo marginal de produção ( ) é igual ao preço . Já na curva de demanda, . Temos então que no ponto E, a condição abaixo se verifica: Portanto, o nível de produção de bens públicos é Pareto-eficiente. Vale agora ressaltar as diferenças entre demandas por bens públicos e bens privados: i) Enquanto nos mercados privados, o equilíbrio ocorre quando a oferta é igual à demanda, nós não demos nenhuma explicação porque o equilíbrio para os bens públicos ocorre no ponto em que a demanda é igual à oferta. Estabelecemos somente que se isto ocorrer o equilíbrio será Pareto-eficiente. Isto porque as decisões sobre o nível apropriado de bens públicos a serem ofertados depende de decisões políticas e não das decisões individuais como no mercado privado. ii) Supõe-se que apesar da quantidade de bens públicos estar disponível para todos, o tax price seria diferente para cada indivíduo. Aqui, ao contrário dos bens privados, onde os indivíduos demandam quantidades diferentes, porém confrontam o mesmo nível de preços, os indivíduos usam a mesma quantidadede bem público, mas “pagam” diferentes preços. iii) Toda a construção do nível eficiente de despesa pública refere-se (como todo ótimo de Pareto) a uma dada distribuição de renda. 9.4) Eficiência de Pareto e distribuição de renda Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 44 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia A exemplo dos bens privados, não existe uma oferta única de bens públicos que seja Pareto-ótima, mas sim inúmeros níveis eficientes atrelados às diferentes distribuições de renda. Relembrando a caixa de Edgeworth: Para se ver como o nível eficiente de bens públicos depende da distribuição de renda, imagine a transferência de recursos de um grupo de consumidores para outro (grupo 2 → grupo 1). Haverá redução de demanda do grupo 2 e aumento de demanda do grupo 1, mas, em geral, tais variações não se compensarão completamente. → O nível de demanda agregada, inclusive por bens públicos, irá variar. Com esta nova distribuição de renda o nível de eficiência dos bens públicos será ótimo. Em outras palavras, pode-se passar para outro ponto na curva de possibilidades de utilidade, porem este novo ponto, a condição de eficiência também prevalecerá: →Implicações: O fato de o nível eficiente de despesa pública depender da distribuição de renda implica que não se pode separar considerações de eficiência de considerações distributivas quando da análise da oferta de bens públicos. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 45 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia 9.5) Limites à distribuição e à oferta de bens públicos Redistribuição através do sistema tributário têm custos elevados além dos efeitos indiretos sobre a poupança e o esforço de trabalho. 9.6) Tributação distorciva e a oferta eficiente de bens públicos A forma de financiamento de bens públicos – seja através de imposto lump-sum 1ou de tributação distorciva – tem efeitos importantes para a determinação da oferta eficiente de bens públicos. Isto pode ser visto através do gráfico acima. A quantidade de recursos a que se deve renunciar para obter bens públicos é maior em presença de tributação distorciva. A curva de viabilidade provê o nível máximo da combinação bem privado – bem público para um dado sistema tributário. Como a tributação é distorciva, a curva de viabilidade situa-se no interior da curva de possibilidade de produção. A inclinação da curva de viabilidade nos dá a quantidade de bens privados a que se deve renunciar para obter uma unidade adicional de bem público levando em conta estes custos suplementares (custos associados à tributação distorciva), e será referido como: Diferença entre e : a depende unicamente da tecnologia, enquanto que a leva em conta os custos associados à tributação distorciva. Dentro da curva de viabilidade a nova condição de eficiência é: E note-se que o nível eficiente de bens públicos será inferior àquele de bens privados. 1 Imposto lump-sum: tipo de imposto que não gera distorção. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 46 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Derivação da Demanda de Bens Públicos A alocação eficiente no sentido de Pareto requer que: O lagrangeano associado a esse problema é: As CPO’s são: Rearrumando a expressão acima e lembrando que: Em virtude de (3) temos que Ou ainda: Substituindo (7a) em (5) temos que: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 47 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Ou então: Substituindo (8) e (7a) em (4) temos que: Rearrumando (9) e dividindo ambos os membros por , temos que: Ou ainda: Essa expressão pode ser escrita como: → comparação com a provisão privada de bens públicos puros: Solução Privada: Solução Pareto-eficiente (Regra de Samuelson): Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 48 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Como o bem público é um bem normal, em (12) temos que: Portanto, o custo do bem público para o indivíduo (a) em (13) é inferior ao custo do bem privado, pois . Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 49 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Provisão eficiente de bens privados ofertados pelo setor público Provisão uniforme: Indivíduos idênticos A função de bem-estar é dada por: O lagrangeano associado a esse problema é: De (17) e (18) temos que: Ou ainda: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 50 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia FALTA UMA PÁGINA, NA APOSTILA ORIGINAL, PRA A SEÇÃO ABAIXO (...) porém, como o consumo do bem E produz externalidades. Ele altera a utilidade do consumidor B, mesmo que B não transacione o bem E, para esse consumidor, o problema, para o consumidor A deve ser modificado para: Essa modificação garante que agora o novo resultado obtido levará em conta o imposto da externalidade sobre o consumo do indivíduo B. O lagrangeano associado a esse problema é: Porém:Então teremos que: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 51 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Dividindo (6a) por (4a): Utilizando (5a): E finalmente: Ou ainda: A equação (7a) nos da a condição de Pareto. A equação (2) da a determinação do nível de E, já que somente o consumidor A decide a quantidade de E que ele deseja consumir. Se uma atividade produz uma externalidade positiva: E, nesse caso: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 52 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia E, portanto, , obtido no caso individual, é superior àquele que seria obtido no caso Pareto- ótimo, indicando que o consumidor valoriza mais o bem E do que a valoração de mercado: E o resultado será um consumo menor do que aquele que seria o consumo ótimo do bem E. Por outro lado, se essa atividade produz externalidades negativas, então: E, por raciocínio análogo, agora o consumidor A consome uma quantidade excessiva do bem E. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 53 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Externalidades na Produção 2 firmas: A e B 2 produtos: aço (a) e peixe (f) A produção de aço produz a externalidade (p = poluição) Nesse caso, a firma A maximiza seu lucro sem levar em conta o impacto sobre a produção da indústria pesqueira: A maximização de lucros da firma A requer que: As condições de primeira ordem para a maximização de lucros da firma A são: Rearrumando os termos, temos que: Portanto, para a firma A, o custo de poluir ( ) é nulo. Já para a firma pesqueira (F) o problema é: Note-se que a firma F toma o nível de poluição escolhido pela firma A como dado ( ) já que ela não controla o nível de poluição produzido pela firma A. nesse caso, a condição de primeira ordem é: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 54 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Ou ainda: Nessa solução independente, haverá um excesso de produção de poluição (a produção de aço que gera essa poluição será superior àquela Pareto-ótima), pois a firma A não tem custo para poluir ( ): Esse fato também pode ser visualizado no mercado de aço: (produção de poluição associada à produção de aço). A presença de externalidade negativa implica que o custo privado é inferior ao custo marginal social (que inclui a deseconomia externa causada à firma pesqueira). O equilíbrio de mercado implicará produção de aço ( ) superior àquela socialmente eficiente ( ), onde todos os custos são cotabilizados). Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 55 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Se os custos da externalidade – poluição – forem não constantes, o diagrama ainda deve ser modificado. Esse mesmo porblema pode ainda ser visto sob a ótica dos benefícios. Um bom exemplo é o problema dos recursos comunitários. Esse problema é conhecido na literatura como a “tragedy of commons” e inspira-se no ocorrido na Inglaterra, quando parte das terras eram comunitárias. O problema dos Recursos Comunitários Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 56 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Custo do animal . A questão é saber quantos litros de leite a vaca produzirá, o que depende do numero de vacas que estão no pasto comunitário. Se existe propriedade privada, o proprietário fixará o numero de animais de acordo com o seguinte problema: A solução desse problema é: Porém, se o pasto é comunitário, para cada pessoa será vantajoso possui um animal até o ponto em que o retorno médio é inferior ou igual ao seu custo médio: Ao final, valerá a pena comprar vacas até o ponto em que o lucro derivado da compra de uma vaca adicional é nulo: Como ele ignora o custo que ele impõe sobre os demais indivíduos: i) Problema da indivisibilidade ii) Disputas internacionais sobre as águas nacionais iii) Problema da água em Pernambuco iv) Poços de petróleo Em presença de externalidades positivas, pode-se aplicar um raciocínio análogo. Porém nesse caso, os custos privados são superiores aos custos sociais. Ex: pomar/colméia. Graficamente: Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 57 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Podemos ainda ver essa questão sob a ótica dos benefícios: Solução para as externalidades Soluções privadas i) Internalização das externalidades (fusões) ii) Teorema de Coase iii) Criação de um mercado para as externalidades iv) Sanções sociais Vamos examinar cada um desses casos. Apostila de Economia do Setor Público Professora Maria da Conceição Sampaio de Sousa 58 UnB Universidade de Brasília Departamento de Economia Internalização das externalidades (fusões) A fusão das firmas A e F pode resolver o problema das externalidades. Nesse caso, o problema da nova firma (A+F) será: As condições de primeira ordem para a existência de lucros máximos são: Rearrumando os termos tem-se que: Note-se que agora o custo de oportunidade de poluir não é mais nulo. De fato, ele é igual ao prejuízo causado à produção pesqueira. Isto pode ser melhor visto ao rearrumar (12a): Agora a firma irá produzir em um ponto onde o CMg de poluir é positivo. Graficamente teremos
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