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Paulo Teixeira de Sousa Custos Logísticos Sumário 03 CAPÍTULO 4 – Sistema de Custeio ...................................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 4.1 Sistema de custeio para os custos logísticos ................................................................05 4.2 Métodos para apuração de custos logísticos ...............................................................08 4.3 Consolidação dos custos logísticos.............................................................................14 4.4 O método ABC (Activity-Based-Costing) ......................................................................15 Síntese ..........................................................................................................................20 Referências Bibliográficas ................................................................................................21 05 Capítulo 4Sistema de Custeio Introdução Qual método de custeio devemos aplicar? Esta talvez seja a primeira decisão de um gestor de custos logísticos. Vamos conhecer os principais métodos de custeio que podem ser aplicados nas operações de logística. Custeio variável, direto, por missão e por absorção. Vamos saber quais são as vantagens e desvantagens de cada um desses métodos que vão permitir que você faça a escolha adequada para apropriar os custos logísticos. Identificar os custos logísticos nos sistemas de custeio vai exigir do profissional uma percepção total de todo o processo logístico e muito mais ainda, de uma capacidade de interação com todas as demais áreas da organização. Para que as informações sejam precisas e corretas, vai precisar também aprender a coletar e anali- sar os resultados apresentados nos relatórios contábeis para que assim consiga reduzir o overhead. Consolidar esses dados faz parte também deste capítulo e para isso vai aprender a analisar a rentabilidade (Direct-profitability product) da organização e dos custos para servir um cliente (Costto serve – CTS), definindo corretamente o valor econômico agregado (EVA da logística). Neste capítulo, você verá diversos métodos de custeio e a sua evolução ao longo do tempo, destaque será dado ao Custeio ABC (Activity-based Costing), observando como ele fornece in- formações para o processo de tomada de decisões gerenciais. 4.1 Sistema de custeio para os custos logísticos Nos controles de estoque, a nossa preocupação está com os itens físicos adquiridos pela empre- sa, e sob a nossa responsabilidade, precisamos definir os parâmetros de ressuprimento, a curva ABC, as classificações e políticas. Os métodos de custeio por outro lado estão voltados para que possa identificar e atribuir um valor para todas as variáveis que interferem no processo logístico. De posse dessas informações poderá reduzir problemas ligados ao custo das operações logísticas, tanto relacionados aos clientes, como também em função das regiões e dos canais de distribuição. Por que nem tudo que planejamos dá certo? Na maioria das vezes, o planejamento serve para evitar situações futuras de problemas, mas por mais que ele seja realizado dentro das técnicas e com todos os critérios, sempre haverá situações que não foram previstas e ou até novas situações provocadas por alterações nas variáveis ambientais que não são dominadas pela organização. Os principais métodos para a contabilização dos custos adotados por diversas organizações são os custeio por absorção; custeio variável; custeio direto, e o que hoje é mais aplicado na logís- tica, o método do custeio baseado em atividades – ABC. 06 Laureate- International Universities Custos Logísticos Você quer saber mais sobre os principais métodos de custeio? Então leia este ma- terial e se aprofunda mais sobre o conteúdo. Neste estudo de caso, publicado pela Revista Eletrônica Gestão e Sociedade, você poderá observar a aplicação prática de uma análise dos principais métodos de custeio. Disponível em: <http://webcache. googleusercontent.com/search?q=cache:zivIdK6BFEkJ:www.spell.org.br/documentos/ download/10282+&cd=9&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. VOCÊ QUER LER? O primeiro método que iremos estudar é o Custeio variável igual na concepção do custeio direto. Neste método, os custos fixos e variáveis serão separados. Tal separação vai permitir e atribuir os custos na hora de levantar o valor do estoque existente. De acordo com Faria e Costa, 2005, p. 239. O custeio variável não é aceito para fins fiscais, mas é um instrumento relevante à gestão, no que tange a identificar os produtos ou serviços mais rentáveis para a empresa, com base no conceito de margem de contribuição, que representa a diferença entre as vendas líquidas e os custos e despesas variáveis. Para o autor, o seu objetivo é conhecer a margem de contribuição de cada produto ou serviço e também em identificar o quanto cada um contribui para cobrir os custos e despesas fixas do período e gerar um resultado econômico positivo (lucro). Como todo método, ele possui vantagens e desvantagens e devem ser considerados para a esco- lha que, mesmo não sendo o aplicado, serve, se bem trabalhado, para a tomada de algumas de- cisões gerenciais. Como vantagens, este método, sua mensuração é objetiva e não por um rateio o que permite que a empresa consiga de forma rápida a margem de contribuição (diferença do preço de venda e o custo do produto). Este método ainda auxilia a tomada de decisão sobre pre- ços, descontos e promoção. Sua principal desvantagem é justamente a exclusão dos custos fixos que podem alterar os resultados ao final de um período, ou seja, serve para decisões de curto pra- zo, mas quando tratamos de longo prazo, os resultados financeiros podem ficar comprometidos. É importante notar que o processo decisório na logística segue diversos caminhos. Cada empresa é uma realidade em função de seu mercado e tipo de produto, conforme imagem a seguir. Figura 1 - Processo decisório na logística. Fonte: Shutterstock, 2015. 07 De acordo com Faria e Costa, 2005, p. 239, Uma variante do método de custeio variável é a teoria das restrições (TOC) desenvolvida pelo físico Eliyahu M. Goldratt, visando ao melhoramento contínuo das operações industriais. Seu objetivo é maximizar os ganhos das empresas, os quais considera que estão limitados por restrições. Toda e qualquer empresa vive em função do lucro, seja ele de capital ou social. Para aumentar os seus lucros, as organizações querem lucrar tanto agora como no futuro. A empresa busca aumentar seus ganhos pela redução das despesas, de seus custos e investimentos. Maximizar os ganhos tomando decisões de curto prazo. Aquilo que impede uma empresa de maximizar os seus custos é uma restrição ou um gargalo. Eles existem em todas as operações realizadas na logística e podem comprometer o ganho da empresa. Para alguns autores é o elo mais fraco da corrente que limite o bom funcionamento de todo o sistema. Os gargalos podem ocorrer numa organização de três maneiras, de acordo com Faria e Costa (2005, p. 240): “os recursos gargalos, recursos não gargalos e recursos limitantes de capacida- de (RLC). Este último caracteriza-se por seu um recurso não gargalo no presente, mas, caso não seja gerenciado da melhor maneira possível, poderá tornar-se um gargalo.” Como se comportar frente aos gargalos e as restrições? Você deve identificar todos os gargalos e destacar quais são os seus impactos nas operações da empresa, e fazer as recomendações necessárias aos seus superiores para as decisões. No quadro abaixo observamos três aspectos que diferenciam os conceitos para ganho, inventário e custos. Ganho Equivalente à margem de contribuição, sendo apurada pela diferença entre as receitas das vendas menosos custos dos materiais diretos. Inventário Investimento realizado na compra dos materiais diretos, que serão utilizados na produção. Custos ou despe- sas operacionais Referem aos desembolsos efetuados pela empresa na conversão dos inventários em ganhos. Quadro 1 - Divisão conceitual da Teoria da Restrição. Fonte: Faria e Costa, 2005. Os passos necessários para monitorar as restrições podem ser divididos em: (1) identificar cada uma das restrições; (2) explorá-las; (3) subordinar a utilização dos recursos às restrições existentes; (4) elevar – desenvolver programas de melhoria contínua; (5) repetir o processo cada vez que um gargalo é eliminado (FARIA; COSTA, 2005, p. 241). O sistema da teoria das restrições é todo voltado para o lucro rápido e isso significa que qual- quer ação que tomar em cima dos custos ligados aos materiais utilizados diretamente aos pro- cessos logísticos estará contribuindo com o aumento dos lucros da empresa. No Custeio por absorção, vamos entender como obter informações sobre a contabilidade tra- dicional, pois este é o método obrigatório fiscalmente, no Brasil, para fins de valorização de estoques. Não é um dos melhores métodos para decisões gerenciais e estratégicas. De acordo com Faria e Costa (2005, p. 247), existem duas formas de apurar os custos por meio do Custeio por absorção: “1. Custeio por absorção sem departamentalização (diretamente aos pro- dutos por meio de um critério único de apropriação); 2. Custeio por absorção com departamenta- lização (alocando os custos, primeiramente aos departamentos e, posteriormente, aos produtos)”. 08 Laureate- International Universities Custos Logísticos Uma determinada empresa apurou os custos de matérias primas, mão de obra, gastos com pro- dução e chegou ao total de custo de produção no mês. Ela simplesmente irá pegar este valor total dos custos. Imagine um valor R$ 50 mil reais e dividir pela quantidade de unidades produ- zidas, se tivesse produzido 10 mil unidades seu custo seria de R$ 5,00 reais, este é a ideia do método por absorção. Neste método, todos os custos são envolvidos, fixos, variáveis, diretos e ou indiretos. O rateio é realizado quando a empresa tiver mais de um produto. Os custos de produção englobam o custo de aquisição de matéria prima, de pessoal, de manutenção e depreciação, os encargos. Os bens de consumo eventual tais como a prestação de algum serviço dentro de um limite estabelecido por lei, bem como os custos de perdas, quebras e obsolescência devem ser cobertos por um seguro. Veja neste documento as regras para as operações de contabilidade para uma coope- rativa e responda as questões abaixo: • O que é receita? • O Registro contábil é obrigatório e como fazer com as perdas e sobras? • As demonstrações contábeis apresentam quais nomenclaturas? Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/NBC_ TE_Entidade-Cooperativa.pdf VOCÊ SABIA? 4.2 Métodos para apuração de custos logísticos Os métodos de custeio devem propiciar ao gestor de estoque condições de interpretar os dados para a tomada de decisão. Identificar primeiro os métodos de apuração de custo tradicional da contabilidade é um dos primeiros passos para que os custos com o overhead sejam reduzidos. Dentre as várias formas de a se analisar esses custos, vamos conhecer o método de análise de rentabilidade multidimensional que vai nos permitir destacar a importância do método dos custos para servir (cost to serve). De acordo com Faria e Costa (2005, p. 328), “o conceito da Logística Integrada exige que em- presas busquem atender ao máximo o nível de serviço ao menor custo total possível”. São várias as estratégias que podem ser adotadas para melhorar um nível de serviço, a segmenta- ção, a especialização e ou foco. Cada empresa precisa ter condições de disponibilizar os produtos e serviços aos clientes, com a frequência adequada, mantendo a confiabilidade dos clientes sem manter estoque e tudo ocorrendo dentro do tempo estabelecido e negociado com o cliente. De que forma mensurar os custos logísticos em função dos canais de distribuição? De acordo com Faria e Costa (2005, p. 329), [...] mediante a rentabilidade destacamos que, em função dos seguimentos de atuação da empresa, ela poderá definir estratégias tais como: linhas de produtos devem, ou não, ser abandonadas; quais os preços que devem ser aumentados ou reduzidos. 09 Uma metodologia recomendada e citada por Faria e Costa (2005, p. 329) para mensurar esses custos segue quatro passos: “1o Separar os custos; 2o Identificar o comportamento dos custos; 3o Rastrear esses custos para o produto; canal de distribuição ou cliente individual; 3o Converter os elementos de custos do produto”. A proposta desta metodologia é permitir ao gestor conhecer cada um dos custos que possui em função do serviço logístico que está levando aos seus clientes. Veja por exemplo. Se uma empre- sa optar por realizar uma entrega fora da hora normal de trabalho, ela terá custos extras como hora extra do funcionário, riscos de movimentação, procedimentos de carga e descarga readap- tados ao cliente. É este o raciocínio básico da metodologia do custo para servir. Custo Total Custo Operacional Total Custo Operacional Executivo Custos com operações Custos com insumos Custo Administrativo Custo com Arrendamento Custos com máquinas, equipamentos e implementos Custo com mão de obra nas operações e encargos sociais Sementes, fertilizantes, herbicidas, corretivos, etc Setor administrativo, �nanceiro, contador, água, luz, impostos, etc Caso você realmente arrende para produzir Depreciação com máquinas e implementos Depreciação com benfeitorias e instalações Custos de Oportunidade Remunerar terra Remunerar capital Remunerar empresário Custos com Depreciação Figura 2 - Modelo de apuração dos custos. Fonte: Faria, 2015. Observamos, portanto, que todo o levantamento de custo vai levar a empresa a conhecer melhor os seus custos para oferecer melhor serviço aos seus clientes. Uma ferramenta que auxiliar neste trabalho é a Rentabilidade Direta por produto (Direct Profitability Product – DPP). Esta ferramenta permite identificar os gastos ocorridos em cada produto em função de seu canal de distribuição e ou localização do cliente. Segundo Faria e Costa (2005, p. 332), “o maior benefício para o fornecedor, está relacionado ao fato de valorizar a estratégia de serviço ao cliente, como fator preponderante para reduzir os custos de propriedade do produto”. A rentabilidade de um produto normalmente é apurada levantando-se os custos de materiais/ produtos vendidos, os custos logísticos de transporte e armazenagem, os custos de manutenção de inventários e as despesas comerciais de vendas. 10 Laureate- International Universities Custos Logísticos No quadro abaixo observamos algumas estratégias que podem ser implementadas pelos gestores para apurar a efetiva rentabilidade me diante a apuração correta e total dos custos logísticos. Buscar reduzir os custos de produtos que tem alto giro de estoque, mas com mar- gem baixa. Quanto mais baixo o custo deste produto, maior a lucratividade da empresa. Manter a disponibilidade de produtos que tenham alto giro e que sejam mais rentáveis. Um produto que traz um grande lucro não pode faltar no estoque. Para produtos com baixo giro de estoque e margens altas. Buscar novas alternativas para o gerenciamento dos estoques, tal como just in time. Produtos com baixo giro de estoque e margens baixas. Devem ser avaliados para verificar a viabilidade de sua descontinuidade e evitar sua obsolescência. Quadro 2 - Estratégias para aumentar a rentabilidade dos produtos estocados. Fonte: Faria e Costa, 2005. Um dos custos mais alto nas operações da logísticaestá ligado a entrega dos produtos, o chama- do Custo Total da Entrega. Este tipo de custo envolve os custos totais da cadeia de valor, desde o fornecedor até cliente final e abrange as entregas e o valor gerados aos clientes. A relação entre o que pode ocorrer na relação entre o custo de entrega na cadeia de abastecimento é apresentada como: “Os gestores, negociando com fornecedores e clientes diversas configura- ções alternativas da cadeia de valor, criam valor e otimizam seu resultado econômico” (FARIA; COSTA, 2005, p. 335). Uma coisa é certa e garantida, não dá para montar um processo logístico padrão e igual para todos os clientes, como também não dá para aplicar um mesmo projeto logístico de sucesso numa empresa em outra. Identificamos a obviedade nesta relação pelo método do custo para servir ao cliente (cost to serve – CTS). Cliente Faturar @@ Fornecedor Produzir Monitorar ProduçãoProgramar ProduçãoAjustar Produção Env iar/ Rec ebe r Comunicação Comunicação Internet Enviar/Receber E-mail Documento E-mail Documento Figura 3 - Impactos da TI na logística. Fonte: Bento, Tambosi, Prus, 2013. Qual a grande aliada do gestor de logística para operacionalizar toda esta estrutura flexível aos clientes? Se pensou na tecnologia, você acertou. Cada vez mais está sendo possível buscar infor- 11 mações segmentadas dos clientes mediante a transmissão eletrônica de dados, conforme demos- trado na figura acima. A adoção do CRM (customer relationship management) nas organizações tem permitido isto. Qual é a proporcionalidade de cada cliente? Para esta resposta, você pode aplicar o princípio de Pareto, 80 x 20. Faria e Costa (2005, p. 336) apresentam que [...] atualmente, a rentabilidade do relacionamento não se refere apenas aos grandes clientes, mas, também, devem ser considerados os pequenos clientes, dada a queda no custo da informação. É preciso atentar, também, para o potencial futuro, ciclo de vida e desenvolvimento do cliente. Segundo a autora já foi constatado que nem sempre altos volumes de vendas geram altos lucros e rentabilidade e é por isso que cada vez mais as empresas estão tentando implementar o modelo do Custo para Servir, ou seja, mensurar o custo de atender aos pedido de diferentes clientes. Uma empresa, ao conseguir realizar uma análise mais personalizada de seus clientes, vai conse- guir vislumbrar novas estratégias para este cliente elevando assim as possibilidades de maiores lucros com este cliente, mantendo-o fidelizado a organização. O ato da empresa identificar a relação de 80 x 20 sempre vai apontar itens e clientes que merecem uma atenção destacada por parte da empresa. Para Faria e Costa (2005, p. 339), uma empresa pode maximizar seus lucros e aumentar suas oportunidades se conseguir: • Atender melhor aos clientes existentes que são altamente rentáveis; Conhecer o custo do serviço ao cliente e então poder cobrar pelo nível se serviço proporcionado; • Oferecer descontos, se necessário, nas operações com clientes aos quais é possível servir com custos reduzidos; • Negociar relações ganha-ganha entre fornecedores e compradores; • Atrair os clientes que proporcionam grandes lucros para os concorrentes. Neste processo de conhecimento do meu cliente, que vai levar a empresa a definir suas políticas de atuação, podemos encontrar diversos grupos de clientes com características semelhantes, tanto no perfil socioeconômico como em necessidades especificas. Alguns exemplos sobre estas políticas di- ferenciadas por grupos de clientes poderiam ser em relação ao preço que poderia ser aplicado para um determinado grupo ou até quanto investir em campanhas ou promoções para outros grupos. De acordo com Faria e Costa (2005, p. 345), [...] vamos conhecer mais sobre o método do custo ao servir? Como foi visto, os custos podem ser divididos em: análise de custos logísticos por região; análise de custos logísticos por canal de substituição; análise dos custos logísticos pela dimensão do pedido do cliente e análise multidimensional dos custos logísticos. Na análise de custos logísticos por região, os clientes são agrupados dentro de uma área ge- ográfica que fica sob a responsabilidade de um gestor, eles são avaliados pelas informações geradas que podem dar suporte para as decisões. Os custos de uma região incluem os custos diretos, tais como: os de ocupação do escritório da filial, incluindo salários da administração e dos vendedores, custos promocionais e custos de apoio aos vendedores. Além dos custos diretos, são também alocados os custos de apoio corporativos designados a uma região de vendas, tal como, por exemplo, o faturamento de clientes ou os custos de recrutamento de pessoal. Em relação a análise de custos logísticos por canal de distribuição, o levantamento leva em con- sideração os meios pelo qual o produtos são encaminhados aos clientes. Os modelos mais tradi- cionais são os atacadistas e os varejistas, onde a equipe de vendas poderá realizar atendimentos de diversas configurações, tais como, por exemplo, um atendimento frequente mediante o canal de distribuição estabelecido ou até aos clientes diferentes de outros canais de distribuição. 12 Laureate- International Universities Custos Logísticos Um pedido pode fazer toda a diferença nos custos logísticos. Vamos observar que na análise dos custos logísticos, pela dimensão do pedido do cliente, sofre influencias de muitas atividades de marketing e logística. Muito bom seria se todos os pedidos fossem “gordos” e “cheios”, mas nos dias de hoje, a tendência é cada vez mais pedidos pequenos, somente com a quantidade necessária as demandas dos clientes. A empresa que consegue fazer um levantamento desses custos pode identificar: (a) preços diferenciais; (b) o tamanho mínimo do pedido requerido; (c) a oportunidade de redução de custos; (d) as características de pedidos de clientes não rentáveis. O que é um planejamento tributário? De que forma ele interfere nos custos logísticos? Nessa apresentação você irá observar os impactos nos custos logísticos provocados pela legislação brasileira que envolve desde a burocracia para a coleta dos impostos até normas e procedimentos que encarecem os custos de movimentação e acondicio- namento da carga no caminhão. Disponível em: http://www.abmbrasil.com.br/cim/ download/16h10%20mesa%20redonda%201%20milton.pdf. VOCÊ SABIA? Todos os custos relacionados com a forma estabelecida de lidar com um canal de distribuição devem ser contabilizados e classificados. Os custos de transporte, movimentação de carga, ma- nutenção dos estoques e de contas a receber devem ser contabilizados como custos diretos. Até o gasto com a propaganda pode ser incluída como custo direto, já que se a empresa mantiver uma política constante de propaganda, ela poderá levantar um conjunto de atividades voltadas para atender o cliente e que foram beneficiadas com o resultado da propaganda, e depois pode atribuir um peso a cada uma delas de participação da propaganda. A empresa deve criar uma estrutura para gerenciamento desses custos, tal como é demostrado na figura 4. Recursos Administráveis na Operação (salários, insumos, manutenção, etc...). CENTRO DE ATIVIDADES OPERAÇÃO A CENTRO DE ATIVIDADES OPERAÇÃO B CONTROLE DE CUSTOS RESULTADOS OPERACIONAIS CENTRO DE ATIVIDADES OPERAÇÃO B Recursos NãoAdministráveis na Operação (salários, insumos, manutenção, etc...). Figura 4 - Estrutura da Gestão de Custos Operacionais com base no Sistema ABC. Fonte: Peche Filho, 2015. 13 Assim sendo, é possível que a empresa aproprie corretamente os custos, de tal forma que quem tiver uma carga pequena para uma distância curta não pague o mesmo que alguém que vai ter uma carga pesada para uma grande distância, e por isto são diretos para cada cliente. O número real de remessasdistancia tamanho da remessa, peso e cubagem da carga que estão implícitos nos custos de transporte real. Desse modo, remessas de quantidades pequenas para clientes distantes não são subsidiadas por remessas de quantidades maiores para clientes próximos (FARIA; COSTA, 2005, p. 350). Por último vamos entender os procedimentos que podem ser adotados pelo gestor em relação a análise multidimensional dos custos logísticos. Neste método é possível mesclar e combinar todos os métodos anteriores. O gestor, ao determinar a rentabilidade em função de seus seguimentos de negócio, poderá se preparar para as ameaças bem como aproveitar as oportunidades do mercado. Neste modelo, ambos os gestores, produção, marketing poderão direcionar suas ações e seus esforços em função dos canais, regiões e perfil dos clientes, fazendo com que as ações sejam mais otimizadas e ao menor custo. Para Faria e Costa (2005, p. 357), O relatório multidimensional pode ser de extrema utilidade, para os macroprocessos de Vendas e logística, visando a agregar valor a seus clientes e acionistas e identificando quais clientes são mais rentáveis e que exigem maiores esforços logísticos. Veja abaixo um exemplo sobre o sistema análise multidimensional dos custos logísticos apresen- tado por Faria e Costa (2005, p. 359): CASO! Braithwaite e Samakh conSultoreS Segundo estes consultores, o método não é rígido e pode ser aplicado variando seus níveis de sofisticação, desde simples planilhas eletrônicas até avançadas bases de dados relacionais, de modo a atender a circunstâncias particulares. Neste exemplo, de uma hipotética empresa denominada HiTech, do ramo de produtos eletrô- nicos, estão sendo analisadas as famílias de produtos e os canais de distribuição. A empresa comercializa produtos no mercado que podem ser agregados em quatro famílias: acessórios, periféricos, monitores e processadores, distribuídos por meio de, também, quatro canais: distri- buidores, grandes redes, varejistas e produtos de revenda. Com o objetivo de entender os custos e seus direcionadores, é necessário coletar dados e re- alizar análises para entender, quantitativamente, as características da cadeia de suprimentos, que alimentam o modelo. Segundo Braitchwaite e Samakh (1998), essas análises incluem: fluxo total e variedade de produtos por família de produtos/canal; perfil dos pedidos e do inventário; sazonalidade; fornecimento; desempenho da distribuição; da armazenagem e do transporte. A complexidade do modelo dependerá do número de produtos e canais existentes. Para realizar o estudo e apurar os custos aplicaram a seguinte metodologia: - Verificar qual será objeto de análise, antes de “mapear” os processos existentes, ou seja, verificar seus fluxos físicos e de informações, tanto na área de Vendas/Marketing quanto na área de logística. Resumindo, a empresa, de forma global ou de forma específica, deve gerar informações rele- vantes para saber quais os produtos que continuarão a ser comercializados, em que região, por meio de qual canal e para qual cliente. 14 Laureate- International Universities Custos Logísticos Na metodologia apresentada observamos que a contabilidade tradicional não fornece as infor- mações separadas e tratadas para passar as informações necessárias para a tomada de decisão adequada. Normalmente na contabilidade de Custos tradicional terão o custo do produto ven- dido (CPV) individual por produto. Uma sugestão para propiciar o levantamento dos custos adequadamente os Centros de Respon- sabilidade (custos, resultados ou investimentos). Sugere-se ainda que sejam criados códigos para os clientes, e que na entrada dos dados, ou seja, na contabilização dos gastos que forem iden- tificáveis diretamente aos referidos clientes (FARIA; COSTA, 2005, p. 368). Um overhead pode ser reduzido de diversas formas, sempre voltado aos custos fixos e indiretos. A empresa pode, por exemplo, rever a execução das atividades para diminuir etapas que não agreguem valor ao processo, pode integrar atividades entre os elos da cadeia para reduzir custos e as etapas do processo de transporte, armazenamento e outras. 4.3 Consolidação dos custos logísticos Diversos aspectos estão envolvidos quando a empresa tenta definir suas estratégias na cadeia e abastecimento, e um dos principais é a análise de custos e das receitas. “A realização da integração logística exige o estabelecimento de uma estrutura de análise de custos e receitas. As práticas contábeis tradicionais tornam esse tipo de estrutura difícil para exe- cutivos logísticos” (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007, p. 424). Basicamente, as empresas utilizam de dois relatórios para levantamento dos custos e receitas, mas será que eles são suficientes para uma definição de estratégia voltada para a cadeia de abastecimento? Tanto o balanço patrimonial como a demonstração de resultados estão voltados para determinar o sucesso financeiro das operações realizadas pela organização. Saber conferir esses resultados vai facilitar o processo de tomada de decisão sobre as estraté- gias organizacionais. No método da abordagem da margem de contribuição exige que todos os custos sejam identificados como fixos ou variáveis de acordo com o comportamento do custo. Para a análise da margem de contribuição, vamos precisar separar os custos que são diretos dos que são indiretos. Os custos diretos são aqueles que ocorrem especificamente devido à existência do produto, cliente ou outro segmento em consideração. Os custos indiretos existem por conta de mais de um segmento da empresa e continuariam a existir mesmo que um segmento específico fosse eliminado. No sistema de Margem de lucro líquido, Bowersox, Closs e Cooper (2007, p. 425), [...] apresenta que ela é expressa como sendo em percentual. A margem de lucro líquido representa o lucro líquido dividido pelas vendas líquidas. Indo além dessa expressão simples, porém, a margem de lucro líquido mede a proporção de cada dólar vendido que é retido pela empresa como lucro líquido. VOCÊ QUER VER? O Ponto de Equilíbrio é o momento que a empresa consegue obter lucro, ou seja, as receitas de suas operações são suficientes para cobrir as despesas. Neste vídeo verá o resultado de aplicação de decisões estratégicas tomadas em relação aos resultados de análise dos custos no seguimento hoteleiro, um exemplo dentro de uma pousada. Aproveite!!! Disponível em: <http://tv.sebrae.com.br/media/6BuV4/>. 15 Uma outra forma do gestor também acompanhar os resultados organizacionais para o estabe- lecimento de suas estratégias de atuação é mediante a análise sobre o Giro de ativos. Neste processo, o volume de vendas é dividido pelo total de ativos utilizados pela empresa e assim será possível avaliar se os gestores estão sendo eficientes na condução da empresa. Bowersox, Closs e Cooper (2007) apresentam um exemplo prático de aplicação das questões envolvidas na análise de resultado de uma empresa e sua consequência para a sociedade, quan- do os indicadores de desempenho da logística são bem realizados. Aplicação da lei nos Estados Unidos em 2002. Esta lei recebeu o nome de Lei Sarbanes-oxley (SOX) e seu objetivo era evitar que ocorressem erros nos relatórios administrativos e financeiros das organizações. Apesar de o foco ser os relatórios financeiros de corporações para seus acionistas, ficou eviden- te, logo depois de sua aprovação, que ela também apresentava implicações importantes para a gestão logística e da cadeia de suprimentos, especialmente em relação a como o desempenho é medido e registrado. Como a SOX abrange qualquer informação que afeta o que a empresa deve relatar para a Securities and exchange commission (SEC), as empresas devem ter controles adequados para calcular e registrar, de modo padronizado, todas as despesas e receitas. Neste exemplo, observamos que os requisitos permitiram umconhecimento mais detalhado de onde estão produtos acabados e materiais o tempo todo, do ponto de origem até a chegada ao destino final, e isso vai exigir que as empresas disponibilizem maiores recursos para fornecer maior visibilidade da cadeia de suprimentos para os gerentes. 4.4 O método ABC (Activity-Based-Costing) De que forma o Custeio baseado em atividades (activity Based costing – ABC) pode contribuir para a apuração mais detalhada dos custos logísticos? O sistema de custeio baseado em ativi- dades (ABC) foi desenvolvido pelos professores Robin Cooper e Robert S. Kaplan e logo passou ser a adotado inicialmente por empresas. A proposta do método surgiu para suprir as empresas de informações que os métodos tradicio- nais não conseguiam. A aplicação dos métodos tradicionais acaba distanciando os custos de produção da realidade. Com o avanço das tecnologias de produção com sua automação, os custos indiretos (overhead) estão aumentando e a adoção do critério único de rateio com base na hora de mão de obra não é suficiente mais para a apropriação dos custos de produção. De acordo com Faria e Costa (2005, p. 257), As transformações ocorridas no ambiente produtivo em que os ciclos de vida dos produtos passaram a ser cada vez mais curtos e o consumidor passou a exigir uma maior variedade de produtos em menores quantidades, levaram a que o montante de overhead resultasse em uma parcela significativa nos custos totais das empresas. O objetivo principal deste método é reduzir principalmente as distorções sem critérios dos custos indiretos. Os custos dos produtos e serviços são obtidos nos processos, pelas suas atividades e tarefas. Este método é considerado de alta relevância pela Contabilidade por Atividades e da Gestão Baseada em Atividades (ABM). Serão adotados direcionadores de custos (cots drivers) para a apropriação dos custos nos processos. Diferentemente dos demais métodos que possuem, o objetivo de chegar no demonstrativo de resultado, o custeio ABC procura identificar os gastos para a tomada de decisão gerencial. Con- forme apontado por Faria e Costa (2005, p. 259): O ABC não é mais um sistema de acumulação de custos para fins contábeis, ou seja, não apura os custos dos produtos e serviços para a elaboração de balanças e demonstrações de resultado 16 Laureate- International Universities Custos Logísticos e, sim um novo método de análise de custos, que busca “rastrear os gastos” de uma empresa para analisar e monitorar as diversas rotas de consumo dos recursos. Ao final, a empresa não deverá desprezar um método em função de outro, mas sim ter mais opções para o processo decisório. Precisamos conhecer alguns conceitos preliminares para o desenvolvimento do método. O que são atividades no custeio ABC? Quais são os direcionadores mais importantes? como iniciar o aBc Veja no texto Custeio Baseado em Atividades (ECRBRASIL, 2015) os passos para que você possa fazer implantação do ABC. Observamos que devemos necessitar somente do apoio contábil, mas também do conhecimento técnico da ope- ração a ser custeada para o desenvolvimento de um projeto em ABC. Disponível em: <http://www.ecrbrasil.com.br/ecrbrasil/page/custeio_atividades.asp>. VOCÊ QUER LER? Atividade é como uma empresa alcança seus objetivos e metas pelo tempo e os recursos utiliza- dos. Cada processo organizacional possui um conjunto de atividades para serem desenvolvidas e é mediante a realização dessas atividades que a empresa consegue agregar valor aos clientes mediante a realização de um produto e serviço que atenda às suas necessidades. Os direcionadores de custos são os requisitos que a empresa estabelece para apropriar os custos de duas atividades e em seguida aos seus produtos e serviços. Para Faria e Costa (2005, p. 262), os direcionadores podem ser divididos em identificação direta, rastreamento e rateio, vejamos cada um deles: 1. Identificação Direta (ID): ocorre quando conseguimos identificar diretamente os custos a uma atividade ou objeto, sem necessitar haver nenhum outro tipo de análise. 2. Rastreamento (RAS): é utilizada para identificar as ações necessárias à sobrevivência e competição da empresa, no cenário em que está inserida. É uma forma bastante racional para apropriar os custos. 3. Rateio (RAT): deve ser evitado, mas é usado quando não é possível apropriar custos comuns às atividades e que de preferencia não sejam representativos nos custos totais. Objetos de custeio: Custos e despesas indiretos: • Energia elétrica • Internet Objetos de custos: Produtos ou serviços • Serviços tributários • Servicos de pessoal Atividades • Serviços tributários • Serviços de pessoal Direcionador de recursos • Horas de utilização Alocação dos recusos (1º estágio) Alocação dos gastos das ativdades (1º estágio) Direcionador de atividades • Nº de lançamentos • Nº de pág. impressas Figura 5 - Critério ABC: uma visão global Fonte: Mauss e Costi, 2015. 17 Ao relacionarmos as atividades com os seus objetos podemos identificar e apropriar aos produtos e serviços sua parcela adequada de custos. Os direcionadores de atividades permitem conhecer como cada atividade contribui para a formação dos custos de um produto quando identificamos a forma que eles conseguem os recursos organizacionais. De acordo com Faria e Costa (2005, p. 263), apresentamos alguns direcionadores voltados para os processos logísticos e que podem ser aplicados nas organizações como o “volume movimen- tado ou acondicionado; dimensão e peso; área utilizada (espaço); quantidade de funcionários envolvidos; quantidade de pedidos; quantidades de lotes; densidade; grau de fragilidade; con- dições de temperatura e pressão”. O foco da logística é atender ao pedido perfeito, um pedido ao cliente que contemple a quan- tidade solicitada, o momento acordado, a qualidade combinada ao menor custo possível. Ao atendermos um pedido ao cliente podemos identificar todas as atividades que estão ligadas bem como todos os custos ligados a essas atividades. Para Faria e Costa (2005, p. 265), as empresas demonstraram interesse em aplicar o sistema ABC nas operações logísticas, pelas seguintes razões: • Determinar os fatores que direcionam os custos logísticos, os chamamos agentes causadores dos custos; • Atribuir os custos logísticos aos grupos de produtos; • Obter dados de custos mais precisos; • Determinar como a logística contribui para a rentabilidade da empresa; • Mensurar os clientes mais rentáveis; • Focalizar esforços da reengenharia nos processos e os benefícios e custos resultantes. Outros benefícios ainda obtidos pela análise dos processos e da apropriação dos custos por atividade ainda são apontados por Faria e Costa (2005, p. 266): Essas técnicas podem resultar em: (1) melhoria das atividades; (2) redução do tempo de ciclo que cada atividade deveria desenvolver; (3) eliminação das atividades desnecessárias; (4) seleção da alternativa de menor custo; ou (5) uso de uma única atividade para integrar múltiplas funções. Uma dessas desvantagens do ABC na Logística é que por mais que os custos sejam apropriados, a atividade pode não gerar uma situação real de alocação dos custos aos produtos, em função da existência dos custos de desperdícios e de capacidade que são custos difíceis de serem apro- priados corretamente. Marco Antônio Oliveira Neves é pesquisador e autor de livros envolvendo logística. Dois de seus livros foram lançados pela A MAG Editora (editora da Revista Mundo Logística), compostos de coletâneas de artigos sobre Logística em seus mais variados assuntos. Os dois livros possuem mais de 170 artigos no total (LOGÍSTICA VIRTUAL, 2010). VOCÊ O CONHECE? 18 Laureate- International Universities Custos Logísticos Filho e Martins (2001, p. 159) apresentam um modelo simples que pode apresentara dimensão de apropriação dos custos pelos métodos de custeio, do tradicional para o ABC e nele é possível observar que às vezes a forma adotada de apropriação dos custos pode distorcer determinadas decisões gerenciais provocando prejuízos para a organização. Uma ferrovia A que transporta um total de 3,5 bilhões de toneladas-quilômetro por ano, numa extensão de 500 km. Por outro lado, ela transporta 7 milhões de toneladas de carga anualmente. A ferrovia A opera de uma forma semelhante à Estrada de Ferro Carajás, da Cia. Vale do Rio Doce, transportando um único tipo de produto, entre uma única origem e um único destino, com fluxo constante e homogêneo, e atendendo a um único cliente (FILHO; MARTINS, 2001, p. 159). Para qualquer caso de apuração dos custos é necessário criar um direcionador, neste caso foi criado toneladas-quilometro. A forma tradicional de calcular custos envolve, de início, a escolha de uma variável básica, de natureza física operacional, que permita à empresa a aplicação dos resultados a situações múltiplas. Essa variável básica, no caso das ferrovias, é tradicionalmente a toneladas-quilometro. Então, seria mais correto adotar a seguinte fórmula para expressar o custo anual da ferrovia A: Equação 1. Custo total = Custo fixo + u1 x Q + u2 x Q x d Onde: Q: quantidade total de carga transportada (tonelagem) d: é a distância percorrida u1: custo unitário pra movimentar uma tonelada de carga nos terminais u2: custo unitário para deslocar uma tonelada-quilometro. O custo médio, por tonelada de carga transportada, já que a ferrovia A desloca apenas um tipo de produto, é dado pela divisão: Equação 2. Custo médio (R$/t) = Custo fixo + u1 x Q + u2 x Q x d / Q = custo fixo/Q + u1 x Q +u2 x d Uma vez determinados os custos unitários, podemos aplicar a equação 2 para estimar o custo na nova situação. Relembramos que, na nova situação, a ferrovia vai transportar Q= 9 milhões de toneladas por ano, com um total de 4,95 bilhões de TKM. Aplicando a equação 2, obtemos um custo médio de: Custo médio (R$/t) = 32.000.000,00 / 9.000.000 + 7,00 + 0,0269 x 550 = 25,35 Observe que neste exemplo apresentado foi possível observar as distorções que podem ocorrer quando adotamos uma forma simples de cálculo para apurar os custos. Aquele custo de trans- porte inicial previsto para incrementar de R$ 25,00/t mostrou uma realidade de apenas 1,4% e não de 10% como anteriormente calculado. Filho e Martins (2001, p. 161) continuam a apresentação de seu exemplo incluindo agora novas variáveis de demanda dos clientes para os mesmos dados apresentados no caso anterior. Vejamos. Considerar agora o caso de uma ferrovia B, com igual extensão de 500 km, que também transporta 7 milhões de toneladas, num total de 3,5 bilhões de toneladas-quilometro por ano. No entanto a ferrovia B atende a um número grande de clientes, com carga variada e lotes bastante diversos, e distâncias que vão desde 100 km até o limite de 500 km. Quando maior a variedade de serviços prestados maiores serão os custos de operação de uma empresa. 19 Lembrando que esta exigência é de mercado e a empresa necessita se adaptar para sobreviver. A ferrovia A, por seu turno, tem um tipo único de vagão, o que diminui os custos de aquisição e de manutenção. Finalmente, é de se esperar que a ferrovia B apresente um custo de administração maior, já que terá maior trabalho nos setores de marketing e vendas, finanças, contabilidade etc. (FILHO; MARTINS, 2001, p. 161). Você deve ter observado que diversos serviços foram agregados para levar um serviço diferencia- do ao cliente na empresa B do exemplo, e se a empresa não tiver uma série de itens de avaliação dos custos poderia estar trabalhando preços distorcidos para um e ou outro cliente em função dos custos para prestar este serviço e as distâncias alternadas. Alguns exemplos detalhados desta distorção são apresentados ainda por Filho e Martins (2001, p. 162). Os autores comentam, por exemplo, sobre [...] as despesas fixas que não estão diretamente relacionadas a um determinado tipo de produto ou cliente, mas à operação da empresa toda. São custos fixos, pois não variam diretamente com a quantidade produzida. Todavia, a empresa precisa estimar de alguma forma esses custos, individualizando-os para cada tipo de produto. Eles citam ainda outros itens que ficaram distorcidos com a aplicação de um único sistema de apuração dos custos: Gastos com energia, vigilância, informática, aluguel. Finalizam deixando a seguinte reflexão: Se os fretes cobrados dos diversos clientes forem estabelecidos com base nesses custos assim estimados, poderão ocorrer distorções sérias. Em geral, os serviços mais elaborados terão seus custos subestimados, enquanto os de menor dificuldade de execução serão superestimados (FILHO; MARTINS, 2001, p. 162). Devido a tudo isso é importante a empresa aplicar o método ABC, conciliado com o seu método tradicional para poder efetivamente conhecer corretamente a apropriação de seus custos para reduzir aquelas atividades que adicionam pouco valor ao serviço oferecido aos clientes. Também para poder aumentar aquelas que adicionam valor, eliminar os erros nos seus processos onde se localizam a base dos seus problemas que vão gerar custos no futuro e assim realizar um planeja- mento correto de seu pacote de serviços para aumentar sua vantagem competitiva no mercado. 20 Laureate- International Universities SínteseSíntese Aqui observamos, portanto, que saber escolher o método de custeio pode fazer a diferença no resultado da organização. Sempre analise os métodos tradicionais, eles podem alterar de uma em- presa para outra. Não podemos deixar de ter uma visão no todo das operações realizadas pela or- ganização e que parte de seus custos podem ser reduzidos pelas operações de overhead e por isso aplicar o custeio ABC é fundamental para o aumento da vantagem competitiva da organização. • Os principais métodos para a contabilização dos custos adotados por diversas organizações são os custeio por absorção; custeio variável; custeio direto, e o que hoje é mais aplicado na logística, o método do custeio baseado em atividades – ABC. • Quais são os gargalos na logística? Pode-se encontrar vários na logística, dentre esses podemos destacar o fluxo de materiais/produtos na cadeia de suprimentos, onde envolve os modos de transporte, tempos de ciclo, quantidade de navios disponíveis, datas de embarque. • Produtos com baixo giro de estoque e margens baixas devem ser avaliados para verificar a viabilidade de sua descontinuidade e evitar sua obsolescência. Este tipo de produto deve ser estratégico, algo que chama o cliente para comprar outros produtos. Se não for melhor, será preciso trabalhar a eliminação dos mesmos no estoque. • Todos os custos relacionados com a forma estabelecida de lidar com um canal de distribuição devem ser contabilizados e classificados. Os custos de transporte, movimentação de carga, manutenção dos estoques e de contas a receber devem ser contabilizados como custos diretos. 21 ReferênciasBibliográficas ABM. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE METALURGIA, MATERIAIS E MINERAÇÃO. Planejamen- to Tributário: O desafio da Logística. s/d. Disponível em: http://www.abmbrasil.com.br/cim/ download/16h10%20mesa%20redonda%201%20milton.pdf. Acesso: 24 nov. 2015. BENTO, A. R.; TAMBOSI, S. L; PRUS, E. M. A. Tecnologia EDI aplicada como ferramenta para controle logístico da produção na indústria automotiva. In: CONGRESSO ANUAL DA ABM, 68, 2013, Belo Horizonte. Anais do 68o Congresso Anual da ABM. 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