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MANDADO DE INJUNÇÃO

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MANDADO DE INJUNÇÃO
PARTE PROCESSUAL
Cabimento
	O mandado de injunção (MI) é cabível quando faltar norma regulamentadora de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
	 E de acordo com a Lei n°. 13.300/2016 no seu art. 2°, prevê essa falta será sempre decorrente de omissão total (quando não houver norma alguma tratando sobre a matéria) ou parcial (quando existir norma regulamentando, mas esta é insuficiente, não se tornando viável o seu exercício pleno).
Art. 2º. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.”
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente.
	O MI somente cabe quando houver falta de norma regulamentadora como citada anteriormente, de um ato normativo de caráter geral e abstrato. E esse ato que esta faltando pode ser de duas espécies: a) administrativo: quando o responsável pela sua edição é um órgão, entidade ou autoridade administrativa. Exemplo: um decreto, uma resolução administrativa. Mas se for um ato administrativo material, não será caso de mandado de injunção. b) legislativo: quando o direito constitucional está inviabilizado pela falta de uma lei. 
	Também aplicará o mandado de injunção subsidiariamente às normas do mandado de segurança, como traz o art. 14º da Lei n°. 13.300/16. 
Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de injunção as normas do mandado de segurança, disciplinado pela Lei no 12.016, de 7 de agosto de 2009, e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, e pela Lei no 13.105, de 16 de março de 2015, observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046.
Do não cabimento
	Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não caberá o mandado de injunção, quando:
Já existe norma regulamentadora do direito previsto na Constituição ainda que defeituosa, mas sua validade poderá ser discutida em outras ações, mas não em via do mandado de injunção;
Diante da falta de norma regulamentadora de direito previsto em normas infraconstitucionais;
Na falta regulamentação dos efeitos de medida provisória não convertida em lei pelo Congresso Nacional.
 Se a constituição Federal outorga mera faculdade ao legislador para regulamentar direito previsto em algum de seus dispositivos.
	E entende-se que não terá cabimento nas hipóteses de normas constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida, pois ele visa justamente à regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada (do principio institutivo e de norma pragmática), que de regra, exigem legislação posterior para sai aplicação.
	Ainda, não caberá quando a norma se encontra em fase final do processo legislativo, aguardando para logo sua promulgação e sanção, quando a norma está em iminência de ser editada pelo órgão competente. 
Legitimados 
	De acordo com o art. 3° da lei n°. 13.300/16, a legitimidade ativa pode ser intentada por qualquer pessoa, física ou jurídica. 
Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2o e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.
	Já no polo passivo do mando de injunção são os órgãos ou autoridades públicas que têm a obrigação de legislar, mas estejam omissos quanto à elaboração da norma regulamentadora. Exemplo: se a omissão for legislativa federal, o MI deverá ser impetrado em face do Congresso Nacional. Salvo se a iniciativa da lei for privativa de outro órgão ou autoridade, hipótese em que o MI deverá ser ajuizado em face do detentor da iniciativa privativa (ex.: art. 61, §1° da CF).
	O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento que os particulares não se revestem de legitimidade passiva ad causam para o processo do MI, pois somente ao Poder Público é imputável o dever constitucional de produção legislativa. 
	Dessa forma, o STF não admite a formação de litisconsórcio passivo necessário ou facultativo, entre autoridades publicas e pessoas privadas.
	
Competência
	A competência para impetrar o mandado de injunção é disciplinada na própria Constituição Federal e varia de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma regulamentadora.
	Assim compete ao Supremo Tribunal Federal, processar e julgar originalmente o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal. (art. 102, I, “q”, da CF)
	Também compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal. (art. 105, I, “h”, da CF)
	Em relação ao Tribunal Superior Eleitoral, a Constituição Federal ainda prevê expressamente sua competência para julgar o recurso interposto pelo autor contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral que denegar mandado de injunção (art. 121, parágrafo 4º, V).
Seguindo o raciocínio ditado pelo legislador constituinte, competirá à juízes e Tribunais de Justiça Militar, Eleitoral e do Trabalho o julgamento de mandado de injunção quando o responsável pela edição da norma for órgão, entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua competência.
E no caso dos Tribunais de Justiça Estadual, a competência se restringirá à apreciação relativa à órgão, entidade ou autoridade estadual, na forma estabelecida na Constituição Estadual (art. 125, parágrafo 1º, da Constituição Federal).
Procedimento
Petição inicial 
	 O procedimento do MI é atualmente disciplinado pela Lei nº 13.300/2016. Caso ela não preveja solução para alguma situação, o intérprete deverá aplicar, subsidiariamente, as regras contidas na Lei do Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009) e no novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015).
	Portanto, assim a petição inicial do mandado de injunção deverá preencher os requisitos previstos nos arts. 319 e 320 do CPC/2015. 
	Assim a petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado (art. 4° da Lei n°. 13.300/2016). Exemplo: se o mandado de injunção é proposto em razão da demora do Presidente da República em encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional, a ação deverá indicar o Presidente (órgão impetrado) e também a União (pessoa jurídica que ele integra).
	E quando não for transmitida por meio eletrônico, a petição inicial e os documentos que a instruem serão acompanhados de tantas vias quantos forem os impetrados. E esse documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou estabelecimento público, em poder de autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por certidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido do impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 (dez) dias, devendo, nesse caso, ser juntada cópia à segunda via da petição. Se a recusa em fornecer o documento for do impetrado, a ordem será feita no próprio instrumento da notificação. (art. 4°,§1,§2,§3 da Lei n°. 13.300/2016)
	Recebida a petição inicial, será ordenada a notificação do impetrado sobre o seu conteúdo, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações. (Art. 5º, I)Deverá ser dado ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada deverá ter ciência do ajuizamento da ação para ingressar no feito, caso queira. (Art. 5º, II)
 Indeferimento da petição 
	Se a inicial não cumprir os requisitos legais ou apresentar defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o juiz ou Relator deverá determinar que o impetrante, no prazo de 15 (quinze) dias, emende-a ou complete-a, devendo o magistrado indicar com precisão o que deve ser corrigido ou completado (art. 321 do CPC/2015). Se o autor não cumprir a diligência, a petição inicial será indeferida.
	A petição inicial do mandado de injunção será indeferida quando a impetração for: manifestamente incabível (falta algum pressuposto); ou manifestamente improcedente (o mérito do pedido claramente improcedente).
	Entretanto, o indeferimento da petição inicial for feito pelo JUIZ (em 1ª instância): será realizado por meio de sentença, que desafia apelação, admitindo-se até que o magistrado faça juízo de retratação, se assim entender (art. 331 do CPC/2015).
	 Se o indeferimento ocorrer por decisão monocrática do RELATOR (em processos de competência originária do Tribunal): o recurso cabível é o agravo interno.
	Então caberá agravo, em 05 (cinco) dias, da decisão que indeferir a petição inicial. A competência para o seu julgamento é do órgão colegiado competente para o julgamento da impetração, nos moldes do que preconiza o parágrafo único do art. 6º da Lei n°. 13.300/16.
	Deverá ainda ser ouvido o Ministério Público, que disporá de 10 (dez) dias para opinar. Nas hipóteses em que o M.P verificar a existência de interesses unicamente de cunho individual na demanda, a sua manifestação pode ser dispensada. Concluído o prazo para manifestação do parquet, os autos serão conclusos para decisão.
	
Medida liminar
	E a Lei nº 13.300/2016 não prevê a possibilidade de concessão de medida liminar. E segundo o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal é incabível a concessão de medida liminar em mandado de injunção.
Decisão
	Na sentença, o magistrado se pronunciará apenas e tão-somente sobre o reconhecimento (ou não) de mora legislativa. Caso se convença do atraso, concede-se a injunção, fixando-se prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora (Art. 8º, I, da Lei n°. 13.300/16).
	Mas o legislador deixou ao arbítrio dos julgadores a estipulação do período de tempo que entender necessário para a elaboração da norma. Levar-se-á em conta a natureza da demanda abordada (se os interesses discutidos forem polêmicos e alvo de controvérsias, notadamente será necessária a fixação de tempo maior). Não se deve olvidar também que, dentro desse prazo, o julgador deverá considerar a natureza da norma a ser elaborada que, dependendo da espécie, despenderá de maior esforço e dedicação, variando conforme o processo legislativo exigido para sua edição.
	O legislador ainda previu a hipótese de dispensa da estipulação de prazo, se demonstrado que o impetrado já deixou de suprir, em outros casos, a omissão reconhecida em outras demandas (art. 8º, parágrafo único, da Lei n°. 13.300/2016).
	Caso não suprida a omissão, o juiz ou Tribunal deverá estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados, ou se o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los. (art. 8º, II, da Lei de Mandado de injunção)
	Quanto à eficácia da decisão será subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. Também poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. (art. 9°, §1°, Lei n°. 13.300/2016)
	Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator. (art. 9°, §2, Lei n°. 13.300/2016)
	E sobre o indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios. (art. 9°, §3, Lei n°. 13.300/2016)
	A decisão poderá ser revista, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato ou de direito. E nessa ação de revisão deverá observar o procedimento estabelecido nesta lei. (art. 10°, p.ú, da Lei n°. 13.300/2016)
	A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável. E estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito. (art. 11°, p.ú, da Lei n°. 13.300/2016)
Bibliografia
Site:http://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-lei.html 
Autor: Márcio André Lopes Cavalcante. Professor. Juiz Federal. Foi Defensor Público, Promotor de Justiça e Procurador do Estado.
Apostila : MULLER, Caroline Bittencourt. Direito Constitucional. OAB 1° fase, CEISC, 2017.
Site: https://jus.com.br/artigos/50916/analise-da-lei-n-13-300-2016-lei-do-mandado-de-injuncao
 Autor: Rafael Cícero Cyrillo dos Santos. Especialista em Direito Processual Civil pela UNIMESP/FIG e especialista em Direito Penal pela Escola Paulista da Magistratura de São Paulo (EPM).

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