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TEORIA GERAL DO PROCESSO PARTE 1

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TTEEOORRIIAA GGEERRAALL DDOO PPRROOCCEESSSSOO –– 22001188//11ºº SSEEMM 
PPRROOFF.. EESSPP.. AANNDDRRÉÉ LLUUIISS CCAAMMAARRGGOO MMEELLLLOO 
MMAATTÉÉRRIIAA NNºº 11 
1 
CONCEITOS BÁSICOS 
 
Necessidade: “relação de dependência do homem para com algum elemento. Tendência para a combinação de 
um ente vivo (homem) com um ente complementar (bem) constitui uma necessidade, a qual é satisfeita com a 
combinação” (Francesco Carnelutti); 
 
Bem (bem da vida): “é tudo o que é apto para satisfazer ou que satisfaz a uma necessidade” (Ugo Rocco); 
 
Utilidade: “capacidade ou aptidão de um bem para satisfazer a uma necessidade” (Carnelutti); 
 
Interesse: “a razão entre homem e bens, ora maior, ora menor, é que se chama de interesse. Assim aquilata-se 
o interesse da posição do homem, em relação a um bem, variável conforme suas necessidades. Donde consistir 
o interesse na posição favorável à satisfação de uma necessidade. Sujeito do interesse é o homem: o bem é o 
seu objeto” (Moacyr Amaral Santos); 
 
Conflito de interesses: “Ocorre conflito entre dois interesses quando a situação favorável à satisfação de uma 
necessidade exclui, ou limita, a situação favorável para à satisfação de outra necessidade” (Carnelutti). Quando 
duas ou mais pessoas tem interesse pelo mesmo bem, que a uma só possa satisfazer, dar-se-á um conflito 
intersubjetivo de interesses ou simplesmente conflito de interesse. 
 
Pretensão: “a exigência da subordinação do interesse alheio ao interesse próprio” (Carnelutti). 
 
Resistência: “não-adaptação à (situação de) subordinação do interesse próprio ao alheio”, ou sinteticamente, 
“oposição a uma pretensão” (Carnelutti) 
 
Lide: “conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do outro”, ou, 
resumidamente, “o conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida (discutida ou insatisfeita)” 
(Carnelutti) 
 
Relação jurídica: é o conflito de interesses regulado pelo direito. Nela se compreendem duas situações 
jurídicas: Uma subordinante ou protegida, também dita ativa, e outra subordinada, também dita passiva. 
 
Direito Material: Direito Objetivo, regra de direito, regra imposta ao proceder humano, a norma de 
comportamento a que o indivíduo deve se submeter, o preceito que deve inspirar sua atuação. À respectiva 
observância pode ser compelido mediante coação. Designa o direito enquanto regra (jus est norma agendi). Diz-
se também Direito Substantivo, porque é o princípio criador de toda relação concreta de direito. Corpo de normas 
que disciplinam as relações jurídicas referentes a bens e utilidades da vida (direito civil, penal, administrativo, 
empresarial, tributário, trabalhista, consumerista, ambiental etc.). 
 
A TEORIA GERAL DO PROCESSO 
 
Teoria geral do processo é um sistema de conceitos e princípios elevados ao grau máximo de generalização útil e 
condensados indutivamente a partir do confronto dos diversos ramos do direito processual. E também, por outro aspecto, a 
condensação metodológica dos princípios, conceitos e estruturas desenvolvidos setorialmente com vista a cada um desses 
ramos, considerados aqueles em seus respectivos núcleos essenciais e comuns a todos eles, sem descer às 
peculiaridades de cada um. O estudo da teoria geral do processo enfoca preponderantemente o plano puramente abstrato 
das construções sistemáticas, com referências ao direito positivo mas sem postular uma imaginária, utópica e por certo 
inconveniente uniformização legislativa. (Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel 
Dinamarco) 
 
 
TTEEOORRIIAA GGEERRAALL DDOO PPRROOCCEESSSSOO –– 22001188//11ºº SSEEMM 
PPRROOFF.. EESSPP.. AANNDDRRÉÉ LLUUIISS CCAAMMAARRGGOO MMEELLLLOO 
MMAATTÉÉRRIIAA NNºº 11 
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São duas as premissas de maior abrangência e vigor metodológico inerentes à teoria geral do processo. A primeira 
delas colhe-se no plano político-constitucional regente de todas as instituições do país, inclusive aquelas contidas no plano 
do processo, e é representada pelo direito processual constitucional. A segunda dessas premissas metodológicas consiste 
na instrumentalidade de todo o sistema processual a certos objetivos que devem comandá-la. 
 
A SOCIEDADE E O DIREITO 
 
Ubi societas ibi jus/ubi jus ibi societas: Sem a existência de regras sociais, normas mínimas de 
conviência, seria impossível a manutenção de qualquer sociedade. A liberdade em seu estado puro, é 
incompatível com a convivência harmoniosa entre pessoas necessariamente diferentes (Horácio Wanderlei 
Rodrigues e Eduardo Lamy). Correlação entre sociedade e direito: 
 
✓ Função ordenadora do direito: coordenação dos interesses manifestados na vida social. Organização e 
cooperação entre pessoas. Composição de conflitos; 
 
✓ Tarefa da ordem jurídica: harmonizar as relações sociais intersubjetivas; 
✓ Critérios orientadores: justo e equitativo; 
 
✓ Aspecto sociológico: controle social. À medida que as sociedades evoluíram e se tornaram complexas, 
houve também a necessidade de regrar a forma de exercício do poder em seu interior. Foi necessário 
institucionalizar o poder e as formas de acesso a ele. Com o surgimento das regras sociais passaram a 
ser institucionalizadas, dando origem ao Direito. Deixaram de ser apenas de convivência para se 
tornarem normas de controle: controle o Estado pela sociedade e controle dos indivíduos e grupos 
sociais pelo próprio Estado (Horácio Wanderlei Rodrigues e Eduardo Lamy). 
 
CONFLITOS, INSATISFAÇÕES E FORMAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 
 
Existência do direito regulador da cooperação entre pessoas e apto à atribuição de bens a elas - 
insuficiência para evitar ou eliminar conflitos. 
 
Não satisfação voluntária ou vedação do direito a esta. 
 
Insatisfação: fator antissocial, de angústia social. 
 
O Estado-Juiz no Direito Moderno. 
 
Formas primitivas de solução de conflitos. 
 
Fases distintas: autotutela, arbitragem facultativa, arbitragem obrigatória (processo) → autocomposição 
anterior à autotutela.; 
 
Eliminação de conflitos: por obra de um ou de ambos os sujeitos dos interesses conflitantes 
(autocomposição/autocompositivas) ou por ato de terceiro (heterocomposição/heterocompositivas). 
Autocomposição (na qual estão incluídas a mediação e a conciliação) e autodefesa (autotutela), 
arbitragem e processo. 
 
AUTOTUTELA OU AUTODEFESA: defesa por si mesmo. Ausência de árbitro (terceiro) 
distinto das partes litigantes; Imposição da vontade por uma das partes à outra. Exceções à 
autotutela: legítima defesa e estado de necessidade (penal), desforço imediato ou 
incontinente para recuperação ou manutenção da posse – art. 1.210, § 1º, CC (civil) e 
direito de greve (trabalhista); 
 
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AUTOCOMPOSIÇÃO: eliminação do conflito por obra dos próprios litigantes, sem que haja a 
imposição de vontade de um terceiro ou de uma das partes à outra. 
 
✓ Admissibilidade nos chamados direitos disponíveis. Inadmissibilidade no que tange 
aos direitos da personalidade ou indisponíveis (indisponibilidade objetiva). 
Indisponibilidade subjetiva: especial condição da pessoa. 
 
Trata-se dos chamados direitos da personalidade (vida, incolumidade física, liberdade, honra, 
propriedade intelectual, intimidade, estado etc.). Quando a causa versar sobre interesses 
essa ordem diz-se que. As partes não têm disponibilidade de seus próprios interesses 
(matéria penal, direito de família etc.). Além dessas hipóteses de indisponibilidade objetiva, 
encontramos aqueles casos em que uma especial condição da pessoa impede a disposição 
de seus direitos e interesses (indisponibilidade subjetiva); é o que se dá com os incapazes e,em alguma medida, com as pessoas jurídicas de direito público. (Antônio Carlos de Araújo 
Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco) 
 
✓ Formas clássicas de autocomposição: 
 
o Unilateral: origina-se de quem deduz a pretensão ou de quem se opõe a ela 
– renúncia ou desistência (autor) submissão ou reconhecimento (réu); 
 
o Bilateral: mediante concessões recíprocas – transação ou autocomposição 
(em sentido estrito) 
 
Mediação e conciliação: instâncias intermediárias entre a negociação e a arbitragem. 
Formas autocompositivas de solução de conflitos. São os próprios interessados que 
decidem, mas auxiliados por terceiros. 
 
o Podem ser extraprocessuais ou endoprocessuais. 
 
ARBITRAGEM. Partes submetem a um árbitro a solução do conflito. Lei 9.307/96. 
convenção de arbitragem (cláusula compromissória). 
 
✓ Convenção Arbitral: partes estabelecem a escolha pelo juízo arbitral (singular ou 
colegiado). 
 
o Cláusula arbitral: disposta nos contratos que as partes firmam antes mesmo 
dos conflitos surgirem (a priori); 
 
o Compromisso arbitral: firmado após o surgimento dos litígios (a posteriori), 
mediante termo escrito específico 
 
✓ Exclusão da competência do Poder Judiciário; 
 
✓ Somente no que tange aos chamados direitos disponíveis; 
 
✓ Na Lei dos Juizados Especiais (9.099/95) a arbitragem recebe tratamento especial, 
com bastante simplificação e especial recomendação ao juiz para 
que só passe à fase de instrução e julgamento se não tiver obtido das partes nem a 
conciliação nem o compromisso (art. 27). Este independe de 
 
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termo (art. 24, § 1º) e o árbitro considera-se sempre autorizado a julgar 
por equidade, independentemente da autorização das partes (art. 25). Os 
árbitros nos juizados especiais serão escolhidos entre os juízes leigos, 
instituídos nessa lei (art. 24, § 2º) 
 
A FUNÇÃO ESTATAL PACIFICADORA 
 
Jurisdição: função pacificadora do Estado. Diversa da legislação e administração. 
 
O Estado moderno exerce seu poder para a solução de conflitos interindividuais. O poder 
estatal, hoje, abrange a capacidade de dirimir os conflitos que envolvem as pessoas (inclusive o próprio 
Estado), decidindo sobre as pretensões apresentadas e impondo as decisões. No estudo da jurisdição 
será explicado que esta é uma das expressões do poder estatal, caracterizando-se este como a 
capacidade, que o Estado tem, de decidir imperativamente e impor decisões (Antônio Carlos de Araújo 
Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco) 
 
Ordens dos escopos visados pelo Estado no exercício da jurisdição: sociais, políticos e jurídico; 
 
Pacificação: escopo magno da jurisdição e de todo o sistema processual; 
 
Objetivo síntese do Estado contemporâneo no exercício da Jurisdição: bem comum, pacificando com 
justiça. 
 
MEIOS ALTERNATIVOS DE PACIFICAÇÃO SOCIAL 
 
A Função pacificadora essencial do Estado: quase exclusividade; 
 
Irrelevância quanto à pacificação do Estado ou outro meio; 
 
A morosidade e custos no Processo Civil; 
 
Os meios alternativos de pacificação social: pela conciliação e arbitramento; 
 
Características: ruptura com o formalismo processual, gratuidade, delegalização; 
 
 Ex: Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9.099/95 e Lei 10.259/01) 
 
CONTROLE JURISDICIONAL INDISPENSÁVEL 
 
Pretensões que necessariamente estão sujeitas a exame judicial para que possam ser satisfeitas. São 
aquelas que se referem a direitos e interesses regidos por normas de extrema indisponibilidade, como as penais 
e aquelas não penais trazidas como exemplo (esp., direito de família). E a indisponibilidade desses direitos, 
sobretudo o de liberdade, que conduz a ordem jurídica a ditar, quanto a eles, a regra do indispensável controle 
jurisdicional. 
 
Não admissão de autotutela, autocomposição e juízo arbitral; 
 
Normas de extrema indisponibilidade; 
 
Nulla poena sine judicio: Estado titular do direito de punir 
 
 
TTEEOORRIIAA GGEERRAALL DDOO PPRROOCCEESSSSOO –– 22001188//11ºº SSEEMM 
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Proibição da autotutela do Estado e autocomposição; 
 
Lei 9.099/95: medidas despenalizadoras; 
 
ACESSO À JUSTIÇA 
 
Acesso à justiça não se identifica, pois, com a mera admissão ao processo ou possibilidade de ingresso em juízo. 
Para que haja a efetiva institucionalização do acesso à justiça é indispensável que o maior número possível de pessoas 
seja admitido a demandar e a defender-se adequadamente (inclusive em processo criminal), sendo também condenáveis 
as restrições quanto a determinadas causas (pequeno valor, interesses difusos); mas para a integralidade do acesso à 
justiça é preciso isso e muito mais. (Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco) 
 
Acesso à ordem jurídica justa; 
 
Ordem Jurídico Positiva (CF e Leis Ordinárias): princípios e garantias; 
 
Efetividade do processo: consciência dos escopos motivadores do sistema; 
 
No entendimento do Professor José Carlos Barbosa Moreira, premente a necessidade de superação de 
óbices relacionados à: admissão ao processo; modo de ser do processo; justiça das decisões; efetividade das 
decisões.

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