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ATOS ABUSIVOS PRATICADOS NA GREVE LEGAL

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ATOS ABUSIVOS PRATICADOS NA GREVE LEGAL
Antes de ser lei, a greve é uma realidade social, na qual consiste em uma forma autônoma de solucionar um conflito. Além disso, greve é, sobretudo, um instrumento de pressão dos trabalhadores sobre os empregadores, sejam as empresas ou o Estado, para que suas reivindicações sejam atendidas. E definida por Durand como:
“toda interrupção do trabalho, de caráter temporário, motivada por reivindicações suscetíveis de beneficiar a totalidade ou uma parte do pessoal e que encontram adesão num grupo suficientemente representativo da opinião dos trabalhadores.” (Traité de droit Du travail, v.3, p.739).
As greves podem ser classificadas:
Quanto à legalidade
a) lícitas, porque atendem as determinações legais impostas;
b) ilícitas, posto que não observe as prescrições legais;
c) abusivas, em que se cometem abusos, indo além da previsão legal;
d) não abusivas, ou seja, exercidas dentro das previsões da legislação e sem excessos.
Quanto à extensão
a) globais quando atingem várias empresas ou toda a categoria;
b) parciais ao atingirem poucas empresas ou certos setores destas;
c) de empresa quando só ocorrem neste núcleo.
Ressalta-se ainda que, esse movimento de caráter coletivo possui as seguintes características: 
Omissão coletiva quanto ao cumprimento das respectivas obrigações contratuais pelos trabalhadores;
Tem o caráter de exercício coercitivo coletivo e direto, o que não autoriza atos de violência contra o empregador, seu patrimônio e contra os colegas empregados; 
Deve possuir objetivos bem definidos, que, em geral, são de natureza econômico-profissional ou contratual trabalhista;
É enquadrada, regra geral, como um período de suspensão do contrato de trabalho.
O art. 165, XX, da Constituição Federal assegura o direito de greve, porém há restrições quanto aos serviços públicos e atividades essenciais. Igualmente, é que a greve só pode ser deflagrada depois de frustrada a negociação coletiva e verificada a impossibilidade da submissão do conflito coletivo à arbitragem.
Em 1989, no governo José Sarney, foi sancionado a Lei nº 7.783 que dispõe sobre o exercício do direito à greve: 
art. 2º “considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador” 
art. 6º, § 2º “É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento”
art. 7º, parágrafo único, “É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como contração de trabalhadores substitutos (...)”.
É importante entender que a greve é um direito do trabalhador, porém não é absoluto. Devendo responder a alguns pré-requisitos da lei que a define. É exigido o respeito ao direito de liberdade, a propriedade, a segurança, a livre expressão de pensamento, direito a vida privada, à locomoção, respeito à imagem das pessoas. A violação destes requisitos será considerada atos abusivos praticados na greve legal.
Para uma greve ser considerada legal é preciso que sejam cumpridos o seguinte:
Tentativa de negociação; caso este passo seja frustrado, seja por meio de negociação coletiva ou por acordo judicial, a greve será considerada oportuna no seu exercício, constituindo última alternativa para a defesa dos interesses dos trabalhadores.
É necessária a aprovação da greve em assembleia geral dos trabalhadores.
Depois devera ser informada, com no mínimo 48 horas de antecedência, a parte contrária, e o sindicado da categoria.
A referida lei sancionada no governo de Sarney faz restrições à greve nos serviços públicos e atividades essenciais. Por este último define-se: o tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; assistência médica e hospitalar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; serviços funerários; transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto; coleta de lixo; telecomunicações; serviços de segurança; controle de tráfego aéreo; e compensação bancária.
Por esta lei, então, deve-se reservar um funcionamento mínimo, de acordo com decisão judicial.
Decretado o fim da greve, quando aprovado em acordo ou convenção coletiva, bem como após decisão da judicial, é igualmente dever dos empregados encerrar imediatamente o movimento grevista e o retorno imediato ao trabalho. Condutas que violarem os deveres supracitados darão margem à configuração do abuso do direito de greve, podendo o infrator ser responsabilizado nas esferas trabalhistas, civis e até criminais.
É fato que algumas categorias têm suas reivindicações atendidas mais facilmente que outras, por conta dos transtornos que a paralisação de certa categoria pode acarretar. Nada mais oportuno do que trazer à tona a paralisação dos policias no estado de Pernambuco, em Recife foram registrados assaltos coletivos, arrombamentos e saques; a Força Nacional de Segurança foi chamada, em caráter emergencial, para o Estado. 
“Acordo: após três dias de pânico, bombeiros e policiais militares de Pernambuco decidiram encerrar a greve na noite desta quinta-feira, 15(maio 2014). Em assembleia, a categoria aceitou a proposta do governo de incorporar a gratificação por risco de vida ao salário. A remuneração passa de R$1,9 mil para R$2,8 mil por mês - os militares pediam até 50% de aumento. A Força Nacional de Segurança teve de agir no Grande Recife em meio à onda de saques, arrastões, assaltos e homicídios (...)”.
 (O Estado de S. Paulo).
<www.estadao.com.br> acessado em 18 de maio de 2014).
Em contrapartida, se tratar de uma paralisação dos professores, as providências não são tomadas tão imediatamente como no caso anterior, pois os efeitos desta só serão percebidos muito posteriormente e, ainda assim, se alguém resolver observá-los, como podemos perceber o desfecho da greve dos professores municipais, neste mês, em Caruaru:
“Aos 82 dias de greve, os professores municipais decidiram encerrar o movimento em Caruaru, no Agreste pernambucano, em assembleia realizada nesta sexta-feira (16). No entanto, segundo eles, nenhuma solicitação foi atendida pelo governo municipal. "Ponto atendido, até o momento nenhum", afirma Eduardo Mendonça, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caruaru e Região Agreste Central (Sismuc Regional). Para Mendonça, "o que mais pesou nos professores para a volta à sala de aula foi a sentença judicial". Nesta semana, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou pela segunda vez a volta imediata dos docentes ao trabalho, sob pena de multa diária de R$ 4 mil para o Sismuc.	“ <g1.globo.com⁄pe> acessado em 18 de maio de 2014.
Diante do apresentado, é possível entender que a greve não representa um direito absoluto do trabalhador. E a Constituição Federal de 1988 limita esse direito ao que se entende por atividades essenciais, ou seja, inadiáveis para a população. Igualmente, para que este direito seja pleno é preciso atender a pré-requisitos que, por exigências legais temos, a título de exemplo, necessidade de prévia frustração da negociação coletiva e do recurso arbitral, bem como a convocação de assembleia sindical específica para definição da pauta de reivindicações além da efetiva paralisação coletiva dos serviços. 
REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. Editora: LTr,São Paulo, 2008,pág.1291.
ANDRADE, Everaldo Gaspar Lopes de, 1948-A566c. Curso de direito do trabalho – São Paulo: Saraiva. 1986.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
Administração de Empresas
Legislação Social
JUR1715
RECIFE 2014

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