Buscar

Artigo 01 A Natureza das Atitudes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

A NATUREZA DAS ATITUDES 
 
Eagly, A. H. e Chaiken, S. 
 
 
Algumas pessoas apoiam políticas sociais como a legalização do aborto ou assistência de saúde 
aos pobres, e outros se opõem a estas políticas. Algumas pessoas endossam ideologias como o 
feminismo ou o conservadorismo político, enquanto outros as desaprovam. Algumas pessoas 
estão satisfeitas com seus empregos, e outras não. Entender diferenças individuais como estas 
tem sido a muito tempo um interesse de psicólogos sociais, que usam o conceito de atitude para 
descrevê-las. Na linguagem da psicologia social, uma pessoa que é a favor da legalização do 
aborto é vista como possuidora de uma atitude positiva em relação a esta política, enquanto uma 
pessoa que não é favorável em relação à legalização do aborto é vista como possuidora de uma 
atitude negativa em relação a esta política. 
 
Psicólogos sociais têm tradicionalmente suposto que as avaliações das pessoas a respeito de 
políticas sociais e outras entidades em seu ambiente social têm grandes conseqüências. Têm-se 
postulado que as atitudes motivam o comportamento e exercem efeitos seletivos em vários 
estágios do processamento de informações (ex., atenção, percepção, evocação). Acredita-se que 
as atitudes discrepantes que freqüentemente caracterizam diferentes subgrupos de uma 
sociedade estão por trás do conflito social que questões políticas e sociais às vezes engendram. 
Por causa da importância atribuída às atitudes como causa de fenômenos individuais tais como 
comportamento atitude-consistente e percepção seletiva, assim como de fenômenos societários 
tais como discriminação e conflitos sociais, o conceito de atitude tornou-se um constructo 
fundamental para a maioria dos cientista sociais. 
 
Embora a pesquisa sobre atitudes seja popular em todas as ciências sociais, o constructo tem 
sido mais central para a psicologia social do que para qualquer outra disciplina acadêmica. A 
afirmação de Allport (1935) de que “o conceito de atitude é provavelmente o mais distinto e 
indispensável conceito na psicologia social americana contemporânea” (p.198) é válida hoje do 
mesmo modo que era a cinqüenta anos atrás. Apesar de algumas flutuações na popularidade da 
pesquisa sobre atitude (ver McGuire, 1986b), o conceito de atitude permanece de amplo uso na 
psicologia social e tem sido foco de extensivo desenvolvimento empírico e teórico desde os anos 
20. É esta literatura sobre psicologia social a respeito de atitudes que é o assunto principal de 
nosso livro. 
 
DEFINIÇÃO DE ATITUDE 
 
A definição conceitual de atitude que nós utilizamos neste livro é a seguinte: Atitude é uma 
tendência psicológica que é expressa pela avaliação de uma entidade particular com algum 
grau de favorabilidade ou desfavorabilidade. Como nós iremos explicar em mais detalhes, 
tendência psicológica refere-se a um estado que é interno à pessoa, e avaliação refere-se a todas 
as classes de respostas avaliativas, evidentes ou ocultas, cognitivas, afetivas, ou 
comportamentais. Esta tendência psicológica pode ser considerada como um tipo de influência 
que predispõe o indivíduo a respostas avaliativas que são positivas ou negativas. 
 
Um atitude se desenvolve com base em uma resposta avaliativa: Um indivíduo não tem uma 
atitude até que ele ou ela responda avaliativamente a uma entidade em uma base afetiva, 
cognitiva ou comportamental. Resposta avaliativa, sendo evidente ou oculta, pode produzir uma 
 2 
tendência psicológica a responder com um grau particular de avaliação ao encontrar 
subseqüentemente o objeto atitudinal. Se esta tendência para resposta é estabelecida, a pessoa 
formou uma atitude em relação ao objeto. Além do mais, uma representação mental da atitude 
pode ser armazenada na memória e pode, portanto, ser ativada pela presença do objeto atitudinal 
ou indícios relacionados a ele. 
 
Em termos desta definição, atitude é um de vários constructos hipotéticos utilizados por 
psicólogos (MacCorquodale & Meehl, 1948). Assim como outros constructos hipotéticos, 
atitudes não são diretamente observáveis mas podem ser inferidas a partir de respostas 
observáveis. As observações relevantes são respostas que são eliciadas por (ou ocorrem em 
conjunção próxima com um certo estímulo. Como uma estratégia geral em psicologia social, 
quando certos tipos de respostas são eliciados por uma certa classe de estímulos, os psicólogos 
inferem que algum estado mental (ex., humor, emoção, atitude) ou disposição mental (ex., 
característica de personalidade) estava comprometido. Diz-se que é este estado ou disposição 
que explica a co-variação entre estímulos e respostas. Atitude é um de vários disposições ou 
estados implícitos que os psicólogos construíram para explicar por que as pessoas reagem de 
certos modos na presença de certos estímulos. Se os psicólogos usam o termo atitude ou algum 
outro constructo para explicar uma co-variação observada entre estímulos e respostas, isto 
depende das convenções que ele estabeleceu para definir estes estados internos que estão 
implicados na definição da atitude como uma tendência avaliativa. 
 
 
ATITUDES COMO TENDÊNCIAS 
 
Um aspecto deste estado interno é inerente a nossa definição de atitude como tendências. 
Referindo-nos a uma atitude como uma tendência, nós intecionamos implicar que a atitude é um 
estado interno que dura ao menos um curto período. Assim como o termo tendência, o termo 
disposição tem sido usado por psicólogos para referirem-se a tais estados internos, e, também, 
alguns psicólogos sociais têm usado o termo disposição (ou predisposição) em suas definições 
de atitude (ex., Ajzen, 1984; Chein, 1948; D. Davis & Ostrom, 1984). Por exemplo, Donald 
Campbell (1963), em sua discussão amplamente lida sobre o constructo atitude tratou a atitude 
como uma disposição comportamental adquirida, isto é, um estado aprendido que cria uma 
inclinação para responder de maneira peculiar. Além da atitude, Campbell refletiu a respeito de 
conceito, hábito, ‘schema’, e vários outros constructos como exemplos de disposições 
comportamentais adquiridas. No entanto, porque o termo disposição é freqüentemente usado por 
psicólogos e leigos para descrever a personalidade, o termo tende a conotar estados que 
perduram por um período relativamente longo. Ainda algumas atitudes são relativamente 
temporárias e mutáveis, especialmente se elas não são importantes para as pessoas que as 
possuem (ver Capítulo 12). Porque o termo tendência não implica necessariamente uma estado 
de longa duração, nós preferimos usar este termo em nossa definição do constructo atitude, 
embora várias atitudes, é claro,são bem duradouras. 
 
Apesar da definição de Campbell (1963) de atitude como adquirida e da suposição de vários 
outros teóricos que atitudes são aprendidas (ex., Allport, 1935; Doob, 1947), é melhor que não 
seja incluída a idéia que atitudes são aprendidas na definição do constructo atitude. Ao invés 
disto, a definição de atitude deve permitir a possibilidade de que algumas atitudes não sejam 
totalmente aprendidas, que elas originem-se, ao menos parcialmente, a partir de alguma base 
biológica. Por exemplo, McGuire (1985) sugeriu que algumas atitudes podem surgir de fontes 
genéticas, e esta sugestão tem recebido algum apoio da pesquisa sociobiológica (ex., Lumsden & 
Wilson, 1081) e estudos sobre atitudes de geneticistas comportamentais baseados em gêmeos 
 3 
criados juntos e separados (ex., Lykken, 1982; Waller, Kojetin, Bouchard, Lykken, & Tellegen, 
1990). Além do mais, a argumentação de Zajonc (1980b, 1984; Zajonc, Murphy, & Inglehart, 
1989) de que o afeto pode ser disparado por ‘input’ puramente sensorial sem a mediação de 
processos mentais superiorestambém apoia a visão de que algumas atitudes podem ter um 
componente não aprendido. Embora as atitudes mais amplamente estudadas por psicólogos 
sociais são provavelmente aprendidas, não é prudente que os teóricos excluam por mandato 
definicional atitudes que não são adquiridas a partir da experiência. 
 
Deve ser evidente agora que nossa definição de atitude em termos de uma tendência que é 
expressada avaliando uma entidade com alguma grau de favorabilidade ou desfavorabilidade 
possua vantagens em termos de suas generalidade. Esta definição prontamente inclui atitudes 
que são aprendidas e não aprendidas, duráveis e mutáveis, e importantes e não importantes. 
 
ATITUDES COMO AVALIATIVAS 
 
Nossa definição de atitude como uma tendência avaliativa presume que a atitude é um estado 
avaliativo que intervém entre certas classes de estímulos e certas classes de respostas (ver Figura 
1.1). Além do mais, presume-se que este estado avaliativo explique a co-variação entre estes 
estímulos e estas respostas. Explicar o importante papel da avaliação nesta definição requer uma 
discussão sobre as classes de estímulos e respostas cuja co-variação é habitualmente atribuída às 
atitudes. 
 
Nós primeiro consideramos o problema das respostas. As respostas que são consideradas como 
atitudinais são avaliativas por natureza, onde avaliação é definida como a atribuição de algum 
grau de bondade ou maldade a uma entidade. Porque a avaliação é a característica crítica das 
atitudes, as respostas observáveis relevantes para a inferência da presença de uma atitude são,. 
portanto, aquelas que são consideradas como revelando ou expressando avaliação. Deste modo, 
respostas avaliativas são aquelas que expressam aprovação ou reprovação, favorabilidade ou 
desfavorabilidade, gostar ou não gostar, aproximação ou evitação, atração ou aversão, ou reações 
similares. 
 
Considera-se que as respostas avaliativas e as tendências que supostamente estão por detrás 
delas diferem em valência e direção, porque elas podem ser bifurcadas em avaliações positivas e 
negativas. Além do mais, avaliações de uma dada valência difere em intensidade e extremidade, 
quando , por exemplo, avaliações muito positivas são distinguidas de avaliações 
moderadamente positivas, as quais são, por sua vez, distinguidas de avaliações ligeiramente 
positivas. Portanto, os cientistas sociais freqüentemente representam o estado hipotético que eles 
supõem que está por trás do ato de responder avaliativamente como uma posição num contínuo 
bipolar ou dimensão que varia de extremamente positiva a extremamente negativa e isto inclui 
 4 
um ponto de referência de neutralidade. A tarefa de medir atitudes, a qual nós examinamos no 
Capítulo 2, é a de ordenar pessoas em termos desta variável quantitativa latente.
1
 
 
Avaliação, a atribuição de algum grau de bondade ou maldade a uma entidade, pode ser 
considerada como um aspecto da atribuição de significado a entidades do ambiente. Embora 
pesquisadores de atitude tenham sido ocasionalmente criticados por sua ênfase na avaliação 
(McGuire, 1985), esta tradição tem permanecido muito forte ao longo dos anos. Em um sentido 
mais amplo, a utilidade de enfocar a avaliação, em contraste com outros tipos de propósitos, 
pode ser julgada pelo corpo de pesquisas sobre atitude, que é revisado neste livro. Por exemplo, 
a medida em que a pesquisa tem mostrado o comportamento das pessoas pode ser predita a 
partir do conhecimento do significado avaliativo que elas atribuem a entidades (ver capítulo 4), 
o estudo das atitudes é importante e propriamente um dos principais enfoques da psicologia 
social. 
 
Outro testemunho da importância da avaliação é encontrado na pesquisa de Charles Osgood 
sobre significado (ex., Osgood, Suci & Tannenbaum, 1957). Em numerosos estudos, Osgood e 
seus colegas solicitaram que os respondentes escalonassem um amplo número de conceitos em 
escalas de adjetivos, cada uma definida por uma par de palavras com significados opostos (ex., 
duro-mole, fraco-forte, excitável-calmo, bom-mal, ativo-passivo, barulhento-quieto, valoroso-
imprestável). Quando o escalonamento dos conceitos feito pelas pessoas era submetido ao 
procedimento estatístico de análise fatorial, três dimensões de componentes de significado 
usualmente emergiam e explicavam a maior parte da variabilidade destes escalonamentos (ver 
discussão sobre diferencial semântico no Capítulo 2). A dimensão que normalmente explicavam 
a maior proporção do total de variância foi rotulada de avaliação porque ela estava intimamente 
relacionada ao escalonamento em escalas do tipo bom-mal e valoroso-imprestável. As duas 
outras dimensões que habitualmente emergiam, mas explicavam proporções menores de 
variância nos escalonamentos dos respondentes, foram rotuladas de potência (relacionada a 
escalonamentos em escalas do tipo forte-fraco e duro-mole) e atividade (relacionada a 
escalonamentos em escalas do tipo ativo-passivo e rápido-devagar). Esta pesquisa, portanto, 
sugeriu que uma grande proporção do significado que as pessoas atribuem a entidades em seu 
mundo são avaliativas por natureza. De fato, Osgood e seus associados equipararam a 
localização de um conceito na dimensão avaliativa com atitude em relação ao conceito (ex., 
Osgood et al., 1957) 
 
OBJETOS ATITUDINAIS 
 
Uma avaliação é sempre feita a respeito de alguma entidade ou coisa que é o objeto da 
avaliação. Esta entidade produz o estímulo que elicia as respostas avaliativas que são 
consideradas como conseqüentes da atitude. Na linguagem da psicologia social, entidades que 
são avaliadas são conhecidas como objetos atitudinais. Virtualmente qualquer coisa que é 
discriminável pode ser avaliada e, desta forma, pode funcionar como um objeto atitudinal. 
Alguns objetos atitudinais são abstratos (ex., liberalismo, humanismo secular), e outros são 
concretos (ex., uma cadeira, um sapato). Entidades particulares (ex., minha caneta verde) podem 
funcionar como objetos atitudinais, assim como classes de entidades (ex., canetas 
esferográficas). Comportamentos (ex., jogar voleybal) e classes de comportamentos (ex., 
participar em atividades atléticas) também podem funcionar como objetos atitudinais. Em geral, 
 
1
 Se as pessoas representam suas próprias atitudes como um ponto num contínuo é uma questão consideravelmente 
mais sutil sobre a qual nós discurssamos no Capítulo 3. Aqui nós nos referimos apenasa prática comum de cientistas 
sociais de definir operacionalmente atitudes como pontos ao longo de umj contínuo avaliativo (ver Capítulo 2). 
 5 
qualquer coisa que seja discriminada ou que torne-se de algum modo um objeto do pensamento 
pode servir como um objeto atitudinal. 
 
Embora os objetos atitudinais que podem ser estudados sejam ilimitados, certos tipos de objetos 
atitudinais têm recebido uma larga quota de atenção da pesquisa. Cientistas sociais têm 
examinado mais freqüentemente atitudes em relação a políticas sociais (ex., perfuração marítima 
de petróleo, preparar as crianças em idade escolar para atingir integração racial), ideologias (ex., 
liberalismo político e conservantismo), e grupos sociais, especialmente minorias (ex., negros, 
hispânicos). Os termos atitudes sociais e atitudes políticas são de certa forma livremente 
aplicados a tais atitudes, que geralmente têm implicações para relações entre grupos sociais e 
são relevantes para a política governamental também. Além disso, atitudes em relação a grupos 
minoritários são freqüentemente chamadas de preconceito, especialmente se estas atitudes 
tendem a ser negativas. Atitudes em relação a indivíduos, freqüentemente chamadas de vínculo 
ou atraçãointerpessoal, também têm sido bastante estudadas. Atitude em relação a si próprio é 
freqüentemente chamada de auto-estima (M. Rosenberg, 1965). Atitudes em relação a estados da 
existência humana ou metas abstratas (ex., igualdade, liberdade e salvação) também têm sido de 
interesse. Estas atitudes usualmente recebem a terminologia de valores
2
. Embora nós não 
façamos distinções conceituais entre valores e atitudes que alguns teóricos têm feito (ex., 
Rokeach, 1968, 1980; M. J. Rosenberg, 1960a), nós endossamos a importância de entender que 
as relações existentes entre avaliações de objetos atitudinais mais abstratos e mais concretos (ver 
Capítulo 3). 
 
Um objeto atitudinal, mesmo que seja uma única entidade, é codificado a partir de uma 
variedade de estímulos. Por exemplo, o objeto atitudinal meu irmão é de fato percebido através 
de uma variedade de estímulos (seu nome, uma fotografia sua, uma carta sua, etc.). Quando a 
classe de estímulos que denotam meu irmão é observada eliciando respostas que expressem um 
certo grau de avaliação, é inferido que eu possuo uma atitude em relação a ele descrita por 
algum grau de favorabilidade ou desfavorabilidade. Em geral, quando as observações de um 
indivíduo mostram que a classe de estímulos (aqueles que denotam um dado objeto atitudinal) e 
a classe de respostas deste indivíduo (aquelas que expressam um certo grau de avaliação) co-
varia, cientistas sociais inferem que este indivíduo possui uma atitude em relação a esta 
entidade. 
 
Atitude é distinguível de outros conceitos que também se referem a disposições ou tendências 
implícitas das pessoas porque uma atitude é inferida apenas quando o estímulo que denota um 
objeto atitudinal é observado eliciando respostas que expressam um certo grau de avaliação. 
Alguns outros conceitos, como características de personalidade, são consideravelmente mais 
amplos do que atitude porque a classe de estímulos que permite ao observador inferir a 
disposição em questão envolve estímulos bem mais variados do que aqueles que denotam uma 
única entidade. Por exemplo, porque pessoas caracterizadas como possuindo alto nível da 
característica de personalidade auto-monitoramento são particularmente sensíveis a indícios que 
relacionam-se a adequação de seu comportamento, elas iriam responder a outras pessoas e uma 
ampla variedade de eventos interpessoais de modos distintos (ver M. Snyder, 1974, 1987). Além 
disso, para conceitos do tipo características, a classe de respostas que é relevante para inferir a 
disposição é geralmente mais extensa do que a das respostas avaliativas. Por exemplo, 
comportamentos relevantes para o auto-monitoramento incluem auto-apresentação, escolha de 
 
2
 Por exemplo, Rokeach (1968, p. 160) definiu valor como “uma crença duradoura que um modo específico de 
conduta ou estado final de existência é pessoalmente e socialmente preferível a modos de conduta ou estados finais 
de existência alternativos.” Avaliação é a característica central desta afirmação, que é, portanto, consistente com 
nossa definição de atitude. 
 6 
amizades, comportamento sexual, e sensibilidade a comunicações persuasivas. Outros conceitos 
tais como humor, são mais extensos no lado dos estímulos, mas são primariamente avaliativos 
no lado das respostas. Por exemplo, um humor deprimido pode ser atribuído a pessoas que 
reagem desfavoravelmente (e talvez um pouco passivamente também) a uma variedade de 
entidades pessoais e impessoais. Especificando que a atitude deve ser inferida apenas com base 
em evidência de respostas avaliativas a uma entidade circunscrita, cientistas sociais oferecem 
precisão e significado distintivo ao conceito. 
 
Nossa definição de atitude como uma tendência avaliativa representa um uso consensual dentro 
da psicologia social moderna. Ainda, como mostrado pela longa e interessante história do 
conceito de atitude, este significado desenvolveu-se gradualmente ao longo de um número de 
décadas (ver Allport, 1935; D. T. Campbell, 1963; D. Fleming, 1967; McGuire, 1969). A 
afirmação de Gordon Allport (1935), sem dúvida a mais conhecida das primeiras definições 
fornecidas por psicólogos, ilustra a natureza mais global das primeiras definições: “Uma atitude 
é um estado neural e mental de prontidão, organizado através da experiência, que exerce uma 
influência diretiva ou dinâmica sobre as reposta do indivíduo a todos os objetos e situações aos 
quais ela está relacionada” (p. 810). Embora historicamente importante, esta definição não 
distingue satisfatoriamente uma atitude de característica, humor, hábito ou outras tendências ou 
disposições do indivíduo porque a noção chave de avaliação está faltando. Ainda, nossa 
definição compartilha uma importante característica com a de Allport - a saber, a idéia de que 
uma atitude é um estado interno que intervém entre o estímulo e as respostas e que afeta estas 
respostas. Além do mais, a ênfase de Allport em um estado interno (ou, como nós nomearíamos, 
uma tendência psicológica) era consistente com as primeiras concepções de atitude (ex., 
Spencer, 1862/1895; Titchener, 1910). 
 
 
ATITUDE E PROCESSOS LATENTES 
 
O tratamento da atitude como um constructo hipotético ou variável latente que não é 
diretamente observável faz surgir a questão de se a atitude é meramente uma conveniência 
conceitual - um constructo inventado pelos cientistas sociais porque ela é uma ferramenta 
acessível para descrever um certo tipo de co-variância entre estímulos e respostas. Por outro 
lado, atitude pode ser descrita como implicando em algum tipo de mecanismo oculto ou 
processos latentes que verdadeiramente existem nas mentes das pessoas mas que não podem ser 
observados diretamente, dada a tecnologia atual. Embora o conceito de atitude tenha sido usado 
de ambas as maneiras (ver DeFleur & Westie, 1963), o uso moderno favorece a idéia de 
processo latente. 
 
A conceitualização processual latente pressupõe que eventos psicológicos e fisiológicos estão 
por trás das atitudes, embora a descrição exata destes eventos seja um assunto ainda em debate 
científico. Um sentido mínimo no qual as atitudes presumem um processo latente segue a idéia 
de que a formação das atitudes está vinculada a atividade cognitiva de atribuição de significado 
avaliativo. Zanna e Rempel (1984, 1988) consideraram esta atividade cognitiva como um tipo de 
categorização por meio da qual é atribuído algum grau de significado avaliativo a uma entidade; 
ele definiram atitude como a categorização de uma entidade ao longo da dimensão avaliativa. 
No entanto, do nosso ponto de vista, atitude não deve ser definida como um sinônimo deste 
processo de categorização. Ao contrário, atitude é mais adequadamente considerada como um 
produto deste processo de categorização (ou outros processos. Como uma conseqüência de ter 
avaliado uma entidade com algum grau de favorabilidade ou desfavorabilidade, o indivíduo pode 
atribuir significado avaliativo a entidade. O indivíduo possuiria uma atitude, que é um estado 
 7 
interno que dura ao menos um período de tempo e presumivelmente energiza e direciona o 
comportamento. 
 
O fenômeno cognitivo que abrange este estado interno pode incluir uma representação mental da 
tendência que é proveniente de repostas avaliativas a uma entidade. Esta representação mental é 
armazenada na memória e pode ser subseqüentemente ativada. Estes processos mnêmicos estão 
sendo considerados por psicólogos sociais contemporâneos, cujos interesses centram-se na 
acessibilidade desta representação mental (ex., Fazio, Sanbonmatsu, Powell & Kardes, 1986). 
Outro tipo de pesquisa cognitiva diz respeito aos detalhes estruturais dasrepresentações mentais 
das atitudes. Por exemplo, uma questão estrutural de interesse atual é em que extensão as 
representações de atitudes são unipolares e deste modo representam apenas uma posição própria 
ou são bipolares, representando posições opostas em relação às questões (ver Capítulo 3). 
Amplificando adicionalmente os processos latentes que estão por trás das atitudes situa-se a 
pesquisa psicofisiológica sobre as conexões entre atitudes e substratos fisiológicos (ex., 
Cacioppo, Petty & Geen, 1989; ver capítulo 2). 
 
Considerações sobre os processos latentes levanta a questão de se a definição abstrata de atitude 
deve ser enquadrada em termos de um ou mais destes processos latentes. Por exemplo, Doob 
(1947) definiu atitude como uma resposta antecipatória implícita aprendida e analisou atitudes 
por meio dos constructos da teoria de aprendizagem de Hullian tais como gradientes de 
generalização e discriminação. Zanna e Rempel (1988) definiram atitude em termos do processo 
cognitivo de categorização. A definição atualmente popular é a de Fazio (1986, 1989), de atitude 
como uma associação na memória entre um objeto atitudinal e uma avaliação. 
 
A partir da nossa perspectiva, tais definições são excessivamente limitadas porque elas 
presumem um modelo particular dos processos que estão por trás das atitudes. Deste modo, a 
definição de Doob (1947) reflete a perspectiva da teoria da aprendizagem de Hullian, popular 
nos anos 40. Esta definição não somente resulta de um entendimento particular da natureza do 
aprendizado (ver Chein, 1948), como também esta definição imprudentemente exclui a 
possibilidade de que algumas atitudes não sejam aprendidas. A definição de Zanna e Rempel 
(1988) ilustra a perspectiva geral da psicologia cognitiva com sua ênfase na categorização. A 
definição de atitude de Fazio (1986) reflete um modelo de aprendizagem associativa que foi 
popular em vários momentos da história da psicologia (ver J. R. Anderson & Bower, 1973), e 
mais recentemente os modelos de memória associativos de rede contemporâneos (ex., J.R. 
Anderson, 1983; Bower, 1981; ver Capítulo 3). Esta e outras definições de atitude que invocam 
modelos particulares de processos psicológicos correm o risco de sair de moda à medida que o 
enfoque das teorias psicológicas evoluem ao longo das décadas. Somente uma definição mais 
geral e abstrata pode persistir entre pesquisadores e acadêmicos, apesar das mudanças 
inevitáveis na opinião consensual a respeito de que processos chaves estão por trás das atitudes. 
 
Definições de atitude em termos de processos particulares são às vezes difíceis de se tornaram 
mais objetivas do que as definições mais abstratas como a que defendemos. Acredita-se que esta 
objetividade deriva de uma atitude alinhada com um processo específico que pode ser avaliado 
usando métodos aceitos em laboratórios psicológicos. Nós ainda vemos as definições mais 
abstratas de atitude , tais como nossa definição de tendência avaliativa, como igualmente 
objetiva porque elas também podem ser avaliadas usando indicadores objetivos. Por não 
equiparar a atitude com um processo particular, no entanto, definições mais abstratas 
possibilitam que as atitudes sejam avaliadas por meio de uma variedade de indicadores. Estas 
questões de mensuração são examinadas no Capítulo 2. 
 
 8 
Apesar de nossa preferência por uma definição de atitude mais geral e abstrata, definições mais 
restritas são sensatas dentro de certas tradições teóricas e certamente podem fornecer um roteiro 
útil para pensar a respeito de certos problemas. Por exemplo, em termos da definição de Fazio 
(1986) de atitude como uma associação de objeto-avaliação, a força desta associação torna-se 
importante, e a força é avaliada pela latência da pesquisa sobre respostas avaliativas dos sujeitos 
a representações do objeto atitudinal (ver Capítulo 4). A perspectiva de Fazio sugere uma teoria 
de como as atitudes guiam o comportamento - isto é, que atitudes mais fortes são mais propensas 
a induzir comportamento atitude-consistente. No entanto, várias outras considerações são 
relevantes para o entendimento da relação atitude-comportamento, e a maioria destes fatores não 
podem ser prontamente coordenados à concepção associacionista de atitude (ex., conhecimento 
anterior, ver Capítulo 4). Também em outros domínios da pesquisa sobre atitude, a definição 
associacionista produziria certos insights mas fracassaria para abranger outros. 
 
Resumindo, embora nós não defendamos a definição de atitude em termos de processos 
psicológicos particulares, há evidência crescente da realidade da atitudes ao nível de processos 
fisiológicos e cognitivos latentes. Esta realidade sugere que o conceito de atitude é mais do que 
uma mera conveniência conceitual postulada para descrever ampla correlação estímulo-resposta. 
Na verdade, evidência científica demonstrando que processo latentes estão por trás das atitudes 
empresta considerável plausibilidade a reivindicação de Allport (1935) de que uma atitude é 
“um estado neural e mental de prontidão”(p.810). 
 
O JUÍZO DO CONCEITO DE ATITUDE 
 
No dia-a-dia, os leigos usam o conceito de atitude aproximadamente da mesma maneira que os 
cientistas sociais. Como nós explicamos, os cientistas sociais inferem uma atitude a partir da 
observação de que respostas avaliativas são eliciadas por um estímulo que denota um objeto 
atitudinal particular. Leigos também podem inferir atitudes com base em tais observações. Por 
exemplo, ao notar que um indivíduo envia dinheiro a uma organização tal como o Sierra Club, 
escreve cartas para representantes legislativos que apoiam a regulamentação da poluição 
industrial, e circula petições contra usinas de energia nuclear e extração de petróleo na costa 
marítima, os observadores são levados a rotular esta pessoa como um ambientalista. Neste 
exemplo, o objeto atitudinal pode ser considerado como sendo a preservação ambiental, um 
objeto que abrange um número de objetivos sociais específicos assim como organizações que 
apoiam estes objetivos. Do mesmo modo, ao notar que um indivíduo doa dinheiro a políticos de 
direita, endossa um código de impostos de limitada progressividade, e se opõe a legalização do 
aborto marítima os observadores podem ser levados a rotular esta pessoa como conservadora. 
Neste exemplo, o objeto atitudinal pode ser considerado como sendo o conservadorismo 
político, que abrange várias políticas sociais. Desta modo, em domínios tais como estes, os 
leigos freqüentemente inferem que as atitudes sociais de um indivíduo explicam o padrão de seu 
comportamento avaliativo. Embora os leigos possam espontaneamente invocar o termo atitude 
apenas ocasionalmente (ex., “ela tem um atitude racista”), a prática muito comum de usar um 
rótulo que implica em um aposição atitudinal (ex., ela é racista”) certamente qualifica-se como 
um exemplo de inferência atitudinal. 
 
Ocasionalmente o termo atitude é usado na linguagem natural em um sentido mais amplo que é 
usado na literatura científica social. Por exemplo, na gíria contemporânea americana, uma 
pessoa é às vezes descrita como “tendo atitude”, quando um traço de “combatividade”, 
divergência mal-humorada, e autoconfiança que sugere arrogância”(Safire, 1990, p.18) está 
implícita. Do mesmo modo, quando uma pessoa não-cooperativa é descrita como tendo uma 
“má atitude” ou um “problema de atitude”, atitude é tomada com um sentido de característica de 
 9 
personalidade, e nenhum objeto atitudinal específico é indicado. Além disso, quando atletas e 
seus treinadores enfatizam uma “atitude mental” que explica o sucesso numa competição, não há 
objeto atitudinal no sentido que nós o definimos. Apesar de taisexceções, a definição formal de 
atitude apresentada neste livro é consistente com a maioria dos usos do termo atitude assim 
como com o uso de rótulos que implicam posições atitudinais (ex., “ambientalista”). Este 
vínculo próximo com a linguagem natural é sem dúvida uma fonte de popularidade e aparência 
duradoura da pesquisa atitudinal nas ciências sociais. Mesmo assim, os cientistas sociais 
restringiram o termo atitude a um significado particular e forneceram uma definição formal e 
precisa. Significado claro deste tipo é uma grande vantagem porque ele favorece o 
desenvolvimento de instrumentos de mensuração e facilita a pesquisa. 
 
PESQUISA SOBRE INFERÊNCIAS A RESPEITO DE ATITUDES 
 
Na psicologia social uma literatura de pesquisa de bom tamanho tem sido acumulada a respeito 
das inferências das pessoas sobre as atitudes dos outros (ver E.E. Jones , 1979; M. Ross & 
Fletcher, 1985). Em experimentos típicos deste gênero, são apresentados aos sujeitos afirmações 
sobre crenças a respeito de um objeto atitudinal que supostamente foram feitas por uma pessoa 
alvo (ex., um ensaio de um estudante contendo a afirmação “Castro pode e tenta tomar conta de 
nossos vizinhos e convertê-los a satélites comunistas [sic] usando métodos de sabotagem 
infiltrada e subversão [sic]” Jones & Harris, 1967, p.5. Os sujeitos são então solicitados a inferir 
a atitude desta pessoa alvo. (i.e., em relação a Castro). Em tais pesquisas, os sujeitos geralmente 
inferem que as pessoas alvo possuem atitudes que são avaliativamente consistentes com as 
afirmações das crenças. Ainda, estas inferências são também influenciadas de certo modo pela 
informação a respeito das condições sob as quais as afirmações do alvo forma feitas. Por 
exemplo, se é dito que a pessoa alvo foi solicitada a assumir um ponto de vista nas afirmações 
expressas, os sujeitos inferem uma atitude menos extrema do que eles inferem se é dito que o 
alvo fez essas afirmações de sua própria vontade. Em geral, se indícios situacionais sugerem 
que o alvo foi coagido a assumir um ponto de vista particular, os observadores são menos 
propensos a acreditar que a atitude do alvo corresponde ao seu ponto de vista expresso, 
especialmente se o fato de ter que defender esta posição parecer ter sido uma conseqüência 
imprevista ou, de um outro modo, um comportamento não planejado (H.J. Fleming & Darley, 
1989).
3
 Em pesquisas relacionadas sobre as inferências dos sujeitos em relação a suas próprias 
atitudes (ex., Bem, 1989), revelou-se que as pessoas usam a implicações avaliativas de seus 
próprios comportamentos como um roteiro para inferir suas atitudes (ver capítulo 11). Esta 
pesquisa tem produzido também importantes insights em relação aos indícios que as pessoas 
levam em consideração para fazer inferências atitudinais. 
 
Questões em relação aos processos que estão por trás das inferências atitudinais são bastante 
importantes em psicologia social, afinal elas são parte de um interesse mais geral em relação ao 
entendimento das atribuições causais das pessoas assim como suas inferências sobre disposições 
e tendências pessoais (E.E. Jones & Davis, 1965; H.H. Kelley, 1967; L. Ross, 1977). Neste livro, 
inferências atitudinais são exploradas em algum detalhe como aspectos da persuasão e influência 
social (ser Capítulo 8, 11 e 13). Estas formas de mudança atitudinal requerem que as pessoas 
interpretem e reajam a afirmações que expressam atitudes de outras pessoas. 
 
 
3
 Ainda a maior questão nesta tradição de pesquisa é se observadores levam em consideração suficientemente as 
restrições situacionais que podem induzir as pessoas a tomar posições atitudinais. De acordo com o conceito 
amplamente citado de erro de atribuição fundamental (L. Ross, 1977), observadores pesam insuficientemente 
restrições situacionais nas suas interpretações do comportamento dos outros e superestimam a importância de 
disposições e tendências pessoais, que incluem características de personalidade e habilidades assim como atitudes. 
 10 
Em experimentos sobre inferências sobre consenso atitudinal, os sujeitos são solicitados a 
responder inquéritos sobre atitudes. Deste modo, suas inferências espontâneas não são 
examinadas
4
. Apesar desta limitação, esta pesquisa é geralmente consistente com a 
reivindicação de que as pessoas geralmente inferem as atitudes que estão por trás de seu próprio 
comportamento e do comportamento dos outros. As pessoas podem freqüentemente pensar sobre 
elas mesma e sobre os outros em termos das atitudes que suas afirmações públicas e 
comportamento evidente expressam. 
 
 
A ANÁLISE COGNITIVA, AFETIVA E COMPORTAMENTAL DAS 
ATITUDES 
 
Classes de Respostas Avaliativas 
 
Como representado na Figura 1.2, os cientistas sociais têm freqüentemente pressuposto que 
respostas que expressam avaliação e, portanto, revelam atitudes das pessoas podem ser ou 
devem ser divididas em três classes - cognição, afeto e comportamento (ex., D. Katz & Stotland, 
1959; M. J. Rosenberg & Hovland, 1960). A categoria cognitiva contém pensamentos que as 
pessoas têm sobre o objeto atitudinal. A categoria afetiva consiste em sentimentos ou emoções 
que as pessoas têm em relação ao objeto atitudinal. A categoria comportamental abrange as 
ações das pessoas em relação ao objeto atitudinal. 
 
 
Respostas avalitivas do tipo cognitivo são pensamentos ou idéias sobre o objeto atitudinal. Estes 
pensamento são freqüentemente conceitualizados como crenças, onde crenças são entendidas 
como sendo associações ou vínculos que as pessoas estabelecem entre o objeto atitudinal e 
vários atributos (Fishbein & Ajzen, 1975). Estas respostas avaliativas cognitivas incluem as 
respostas veladas que ocorrem quando essas associações são inferidas ou percebidas assim como 
as respostas evidentes de afirmar verbalmente uma crença. Os atributos que são associados com 
o objeto atitudinal expressam avaliação positiva ou negativa e, portanto, podem ser situados por 
psicólogos em um contínuo avaliativo em qualquer posição de extremamente positiva a 
extremamente negativa, incluindo o ponto neutro. Por exemplo, algumas pessoas acreditam que 
usinas de energia nuclear causam contaminações nucleares perigosas. Esta crença vincula o 
objeto atitudinal com um atributo negativo. Outras pessoas podem acreditar que usinas de 
energia nuclear fornecem eletricidade abundante e barata. Esta crença vincula o objeto atitudinal 
 
4
 Embra as pesquisas de Winter e Uleman (1984) e de Winter, Uleman e Cunniff (1985) tenham examinado a 
espontaneidade das inferências das pessoas sobre características de personalidade, pesquisas análogas sobre 
inferências atitudinais ainda não foram conduzidas. 
 11 
com um atributo positivo. Embora nós usemos o termo crença para descrever todos os 
pensamentos que as pessoas têm a respeito de objetos atitudinais, respostas avaliativas que são 
cognitivas por natureza têm recebido freqüentemente uma variedade de outros nomes, incluindo 
cognições, conhecimento, opiniões, informação, e inferências. Estes termos são úteis em alguns 
contextos mas se sobrepõem consideravelmente com o conceito de crença que nós enfatizamos. 
 
Uma questão que estudantes levantam de tempos em tempos é se crenças que estão situadas no 
ponto neutro de uma dimensão avaliativa devem ser consideradas como avaliativas. Embora uma 
crença situada no ponto neutro ou zero do contínuo avaliativo possa ser considerada não-
avaliativa por alguns psicólogos, nós preferimos considerá-la como expressando um grau de 
avaliação que caiu entre os valores positivos e negativos. Embora em teoria crençaspossam ser 
verdadeiramente não-avaliativas no sentido que elas expressam apenas outros aspectos do 
significado (ex., potência ou atividade), virtualmente todas as crenças, incluindo aquelas que são 
fortemente consideradas como tendo significado não-avaliativo, expressam avaliações em algum 
grau. Por exemplo, a crença de que os trabalhadores de caldeiras são fortes expressa 
primariamente potência, mas, além disso, expressa avaliação positiva de um certo modo. 
 
Em geral, as pessoas que avaliam um objeto atitudinal favoravelmente tendem a associá-lo com 
atributos positivos e tendem a não associá-lo com atributos negativos, enquanto pessoas que 
avaliam um objeto atitudinal desfavoravelmente tendem a associá-lo com atributos negativos e 
tendem a não associá-lo com atributos positivos. Formular modelos mais exatos desta suposta 
relação entre avaliação das pessoas sobre objetos atitudinais e suas crenças sobre estes objetos 
tem sido o enfoque de pesquisas sobre atitude por vários anos. Nós examinamos este material 
em detalhe no Capítulos 3 e 5. 
 
Respostas avaliativas do tipo afetivo que consistem em atividade do sistema nervoso simpático, 
sentimentos, humores, emoções e que as pessoas experienciam em relação a objetos atitudinais. 
Estas respostas afetivas podem ser escalonadas de extremamente positivas a extremamente 
negativas e, portanto, podem ser situadas em uma dimensão avaliativa de significado. Por 
exemplo, ao considerar o conceito de usinas de energia nuclear, alguns indivíduos podem 
experienciar uma emoção ou sentimento de raiva, e outros podem experienciar uma emoção ou 
sentimento de esperança e otimismo. Em geral, pessoas que avaliam um objeto atitudinal 
favoravelmente tendem a experienciar reações afetivas positivas em conjunto com ele e tendem 
a não experienciar reações afetivas negativas; pessoas que avaliam um objeto atitudinal 
desfavoravelmente tendem a experienciar reações afetivas negativas em conjunto com ele e 
tendem a não experienciar reações afetivas positivas. Nós analisamos a importância de respostas 
afetivas em várias partes deste livro (ver Capítulos 3, 9, e 10). 
 
Psicólogos sociais têm às vezes considerado afeto como isomórfico de avaliação e 
intercambiando o uso dos termos (ex., Fishbein & Ajzen, 1975; M. J. Rosenberg, 1060a; Zajonc 
& Markus, 1982). Em concordância com alguns tratamentos mais recentes de atitude (ex., Millar 
& Tesser, 1986a; Zanna & Rempel, 1984, 1988) e em reconhecimento ao crescente corpo de 
pesquisa sobre afeto e emoção, nós preferimos considerar avaliação e afeto como 
conceitualmente distintos. Deste modo, nós tratamos avaliação como um estado interveniente 
que explica a co-variação entre classes de estímulos e as respostas avaliativas eliciadas pelos 
estímulos, e nós tratamos afeto como um tipo de reposta através das quais as pessoas podem 
expressar suas avaliações. 
 
Respostas avaliativas do tipo comportamental (ou conativo) consistem nas ações evidentes que 
as pessoas exibem em relação ao objeto atitudinal. Porque estas respostas também escalonam-se 
 12 
de extremamente positivas a extremamente negativas, elas também podem ser situadas em uma 
dimensão avaliativa de significado. Por exemplo, em relação a usinas de energia nuclear, alguns 
indivíduos podem circular petições contra sua construção, e outros podem escrever cartas a seus 
representantes legislativos solicitando apoio governamental para sua construção. Em geral, 
pessoas que avaliam um objeto atitudinal favoravelmente tendem a se engajar em 
comportamentos que o promovem ou apoiam, e pessoas que avaliam um objeto atitudinal 
desfavoravelmente tendem a se engajar em comportamentos que opõem-se a ele ou o impedem. 
 
Respostas comportamentais também podem ser consideradas como intenções circundantes para 
agir que não são necessariamente expressas em comportamento evidente. Por exemplo, um 
indivíduo pode ou não realmente realizar esta intenção. Não surpreendentemente, avaliações 
positivas estão relacionadas a manutenção de intenções de apoio em relação a objetos 
atitudinais, e avaliações negativas a manutenção de intenções de não-apoio. Modelos mais 
exatos do modo que as avaliações se relacionam com comportamentos e intenções 
comportamentais são examinados em detalhe no Capítulo 4. 
 
 A divisão de respostas avaliativas em três categorias tem uma longa história que, como 
McGuire (1969, 1985) argumentou, se estende no passado desde os filósofos clássicos da Grécia 
e Hindus. Certamente a tradição tem uma longa história nas discussões sobre atitude na 
psicologia social, onde as três classes de respostas são às vezes referidas como os três 
componentes da atitude (ver D. Katz & Stotland, 1959; Krench & Crutchfield, 1948; M. J. 
Rosenberg & Hovland, 1960; M.B. Smith, 1947; Triandis, 1971). Dada a tendência, tanto dos 
psicólogos como dos filósofos, para pensar em termos desta trindade de cognição, afeto e 
comportamento, a distinção deve criar um acordo de certo valor heurístico. No entanto, para 
valer a pena ser preservada na teoria moderna da atitude, a distinção deve ter mais do que um 
valor heurístico. A divisão de respostas avaliativas em três componentes deve ser alguma 
validade diferenciada. (D. T. Campbell & Fiske, 1959). Deste modo, apesar das correlações 
positivas entre cognição, afeto e comportamento que seguem-se ao fato de que respostas de 
todos os três tipos podem ser situadas na dimensão de avaliação comum subjacente, respostas 
dentro de cada uma das três categorias deveriam relacionar-se mais fortemente com outras 
respostas dentro daquela categoria do que com respostas das outras duas categorias. Isto é, como 
Ajzen (1988) também argumentou, cada um dos três componentes deve possuir uma variância 
única não compartilhada com os outros dois. Felizmente, vários estudos empíricos têm 
examinado estas questões. 
 
Nos estudos inicias que examinavam o modelo tripartite de respostas atitudinais, os sujeitos 
completavam um número de instrumentos designados para fornecer medidas de questionário de 
repostas cognitivas, afetivas e comportamentais eliciadas por um objeto atitudinal, e correlações 
entre e dentro de tipos de medidas foram examinadas (ver revisões de Breckler, 1984a. 1984b). 
Estudos deste tipo por Kothandapani (1971) e Ostrom (1969) produziram três dimensões. No 
entanto, técnicas de análise de dados mais sofisticadas envolvendo análise de equação estrutural 
(ver Bentler, 1980; Kenny, 1979, 1985) tem sido aplicadas subseqüentemente a estes conjuntos 
de dados por Bagozzi (1978) e Breckler (1984b), que concluíram ambos que os dados de Ostrom 
(1969) sustentavam fragilmente o modelo tridimensional, enquanto os dados de Kothandapani 
(1971) não conseguiram sustentá-lo. Além disso, com base na análise de medidas de atitude por 
questionário (excluindo as medidas de intenções comportamentais e comportamentos auto-
relatados) relatados por Fishbein e Azjen (1974), Bagozzi e Burnkrant (1979, 1985) 
reivindicaram um modelo bidimensional para representar afeto e cognição, enquanto Dillon e 
Kumar (1985) argumentaram que modelos alternativos conceitualmente consistentes com o 
modelo de um componente se encaixam aos mesmos dados. 
 13 
 
Breckler (1984a) adotou a visão de que estes testes do modelo tripartite eram insuficientes 
porque eles baseavam-se em medidas verbais de respostas das três classes e apresentavam aos 
sujeitos apenas representações simbólicas dos objetos atitudinais (i.e., um rótulo verbal). Para 
corrigir estas deficiências Breckler fez com que sujeitos respondessem a um objeto atitudinal 
(uma cobra) que estava fisicamente presente e avaliou suas respostas cognitivas, afetivas e 
comportamentais usando medidastanto verbais quanto não-verbais. A análise dos dados 
resultantes revelou um modelo tridimensional, mas não unidimensional, estatisticamente 
aceitável. Em um segundo estudo, Breckler fez com que sujeitos respondessem ao rótulo verbal 
de “cobra” e obteve apenas auto-relatos verbais das três classes de respostas. Embora neste 
estudo o modelo tripartite tenha sido rejeitado porque ele não explicou suficientemente a 
variabilidade sistemática nos dados, ele se encaixou aos dados de certa forma melhor do que o 
modelo unidimensional. 
 
Dados estes vários achados, parece que uma determinação empírica definitiva da 
dimensionalidade das respostas avaliativas não é provável num futuro próximo. Atualmente, os 
resultados de análise estatísticas da dimensionalidade parecem ser afetados por métodos de 
análise de dados (incluindo a versão particular de LISREL ou outros programas de computador 
que os investigadores utilizam para desempenhar analises estruturais) e os detalhes dos modelos 
particulares que os investigadores propõem (ver Bagozzi & Burnkrant, 1979, 1985; Dillon & 
Kumar, 1985). Mais importante, a pesquisa de Breckler (1984a) sugere que a dimensionalidade 
pode variar em função do modo direto ou indireto de apresentação do objeto atitudinal e da 
natureza verbal ou não-verbal das medidas das respostas. Além disso, diferentes tipo de objetos 
atitudinais podem produzir diferentes tipos de reações, e , a respeito disso, a escolha de Breckler 
por um objeto atitudinal (uma cobra), a qual se sabe que provocou fortes reações de medo em 
algumas pessoas, pode ter sido importante para assegurar um resultado multidimensional nesta 
pesquisa. Estas questões têm ainda que ser exploradas em profundidade. É suficiente dizer que, 
no momento, evidências apoiam a separação empírica de três classes de respostas avaliativas sob 
algumas, mas certamente não todas, circunstâncias. 
 
Porque respostas cognitivas, afetivas e comportamentais são freqüentemente não empiricamente 
distinguíveis em três classes, a terminologia de três componentes é excessivamente forte e é 
inapropriada nas suas implicações de que os três tipos de respostas 
sejam geralmente distintas, isto é, distinguíveis na maioria das pessoas a maioria das vezes (ver 
Fishbein, 1967c; Fishbein & Ajzen, 1974). Um modelo formal de três componentes será 
provavelmente rejeitado para várias, talvez a maioria das, atitudes. No entanto, a distinção 
tripartite fornece um importante enquadramento conceitual, que permite aos psicólogos 
expressar o fato de que uma avaliação pode ser manifestada através de respostas de todos os três 
tipos, independentemente de se os tipos comprovam ser separáveis em análises estatísticas 
apropriadas. O uso dos termos cognitivo, afetivo e comportamental deve ajudar os pesquisadores 
a expandir um entendimento das condições sob as quais as atitudes verdadeiramente têm um 
variável número de componentes. Em resumo, a terminologia tripartite continua sendo uma 
linguagem conveniente para pensar a respeito de respostas atitudinais. Portanto, neste livro nos 
referimos a três classes de respostas avaliativas, mas evitamos a formalidade de um modelo de 
atitude de três componentes. 
 
Por causa de nosso limitado suporte para a linguagem tripartite, nós não concordamos com os 
detalhes da aprovação não qualificada de Fishbein (1967c) do modelo de um componente e 
rejeição do modelo de três componentes. Fishbein argumentou que apenas um modelo 
unidimensional de atitude é aceitável porque todas as medidas de atitude, se baseadas em 
 14 
respostas cognitivas, afetivas ou comportamentais, ordenam indivíduos ao longo de um contínuo 
avaliativo. O ponto de Fishbein de que todas as medidas de atitude avaliam avaliação é 
realmente válido é um fato não-controverso: teóricos de atitude têm usualmente considerado 
respostas avaliativas dos três tipos como expressando um grau de avaliação. Os componentes 
cognitivo e comportamental das atitudes têm ordinariamente sido pensados de forma a refletir 
uma localização em uma dimensão avaliativa comum, assim como o componente afetivo. 
Contudo, a suposição de que estas respostas podem ser divididas em três classes implica, como 
nós mencionamos, na hipótese testável de que correlações entre respostas da mesma classe são 
maiores do que correlações entre respostas de diferentes classes. Mesmo em circunstâncias nas 
quais esta hipótese se sustenta, correlações entre respostas de diferentes classes são positivas 
porque estas respostas são manifestações de uma posição em um contínuo avaliativo comum 
subjacente. A dimensionalidade de respostas atitudinais, portanto, permanece como uma 
importante questão para desenvolvimento empírico e teórico. 
 
CLASSES DE ANTECEDENTES ATITUDINAIS 
 
Consoante com idéia de que respostas atitudinais podem ser divididas em três classes está a 
suposição de que atitudes têm três tipos diferentes de antecedentes (ver Figura 1.3). Na verdade, 
a idéia de que as atitudes são formadas através de processos cognitivos, afetivos e 
comportamentais tem sido proposta em numerosas discussões sobre atitudes (ex., Breckler, 
1984a; A. G. Greenwald, 1968; Insko & Schopler, 1967; Triandis, 1971; Zanna & Rempel, 
1988). 
 
 
A suposição de que as atitudes derivam de um processo de aprendizado cognitivo está implícita 
em muitas das pesquisas que nós revisamos neste livro e explícita em algumas perspectivas 
teóricas. Supõe-se que um processo de aprendizado cognitivo ocorra quando as pessoas recebem 
informação sobre um objeto atitudinal e, deste modo, formem crenças. Informação é obtida 
através de experiência direta com objetos atitudinais e experiência indireta com eles. Por 
exemplo, alguém pode aprender diretamente sobre os atributos de uma nova marca de 
refrigerante bebendo-o. De outra maneira, alguém pode aprender indiretamente assistindo um 
comercial de televisão que descreve o sabor da bebida e outras de suas qualidades ou observando 
a reação de um amigo ao provar a bebida. Supõe-se que a atitude de uma pessoa deriva da 
favorabilidade das crenças que são adquiridas diretamente ou indiretamente. Se as crenças são 
adquiridas por experiência direta ou indireta com o objeto atitudinal é um determinante da 
extensão até a qual as atitudes da pessoas predizem seu comportamento (ver Capítulo 4). Além 
disso, a idéia geral de que as atitudes derivam da informação que as pessoas recebem sobre 
objetos atitudinais, especialmente a partir de experiência indireta com eles, é particularmente 
importante em pesquisas sobre persuasão (ver Capítulos 6,7 e 8). Em tais pesquisas, recipientes 
 15 
de mensagens são apresentados com informação sobre um objeto atitudinal. Na medida que os 
recipientes concordam com esta informação, é esperado que eles formem novas crenças a partir 
das quais uma atitude nova ou alterada é derivada. Desenvolvimento mais formal da idéia de que 
atitudes se formam a partir de crenças sobre objetos atitudinais tem sido fornecido pela teoria da 
expectância-valor e outros modelos algébricos sobre a natureza das atitudes (ver Capítulos 3 e 
5). 
 
A reivindicação de que as atitudes são formadas com base em experiências afetivas ou 
emocionais tem aparecido de diferentes formas na literatura sobre atitudes (ver Capítulo 9). Por 
exemplo, em uma de suas primeiras manifestações, a suposição de que a formação da atitude é 
um processo afetivo apareceu no modelo clássico de condicionamento de mudança de atitude 
(ex., A. W. Staats & Staats, 1958). A partir desta perspectiva, atitude é um produto do 
pareamento de um objeto atitudinal (estímulo condicionado) com um estímulo que elicia uma 
resposta afetiva (estímulo incondicionado). Como resultado de associaçõesrepetidas, o objeto 
atitudinal passa a eliciar a resposta afetiva, e atitude é, desta forma, formada. Por exemplo, 
estímulos repetidamente associados com a aplicação de choque elétrico iriam adquirir uma 
avaliação negativa por este processo afetivo, e estímulos pareados com a retirada do choque 
elétrico iriam adquirir uma avaliação positiva (ex., Zanna, Kiesler & Pilkonis, 1970). Em uma 
manifestação diferente e mais recente da idéia de que respostas afetivas são subjacentes às 
atitudes, Zajonc (1980b, 1984) argumentou que “preferências” (i.e., avaliações) são baseadas 
primariamente em respostas afetivas, as quais freqüentemente são totalmente imediatas e não 
são mediadas pelo pensamento sobre os atributos dos objetos atitudinais. 
 
A idéia de que avaliações são baseadas em respostas comportamentais era central na pesquisa de 
Bem (ex., 1972), que argumentava que as atitudes derivam de comportamentos passados (ver 
Capítulo 11). Por esta explicação de auto-percepção sobre a formação das atitudes, que nós já 
nos referimos em nossa discussão sobre inferências atitudinais, as pessoas tendem a inferir 
atitudes que são consistentes com seu comportamento prévio. No entanto, Bem também 
argumentou que as pessoas levam em consideração as condições sob as quais elas desempenham 
seus comportamentos , com o resultado de que elas formam atitudes mais prontamente com base 
em comportamentos quando elas não pensam que forças externas compelem-nas a engajar-se no 
comportamento. Além disso, teóricos da aprendizagem têm descrito atitudes como derivadas de 
respostas comportamentais. Na tradição da teoria comportamental de estímulo-resposta, quando 
comportamentos observáveis (ou respostas cognitivas implícitas) eliciados por objetos 
atitudinais são reforçados ou punidos, respostas avaliativas implícitas ocorrem (ex., Doob, 1947; 
Hovland, Janis & Kelley, 1953). Como nós observamos em nossa discussão sobre a definição de 
atitude de Doob, são estas respostas avaliativas implícitas que os teórico da aprendizagem 
consideram como atitudes. 
 
IMPLICAÇÕES DA ANÁLISE COGNITIVA, AFETIVA E COMPORTAMENTAL 
 
Nós afirmamos que atitudes se manifestam através de respostas cognitivas, afetivas e 
comportamentais e são formadas com base em processos cognitivos, afetivos e 
comportamentais. Esta visão tripartite da formação da atitude e resposta atiudinal e levanta um 
número de importantes questões. 
 
Uma questão é se as atitudes devem ter todos os três aspectos, seja do ponto de vista da 
formação da atitude ou do ponto de vista da resposta atitudinal. Embora a definição de três 
componentes da atitude mais antiga possa ter implicado que estes três aspectos têm que estar 
situados para que uma verdadeira tendência avaliativa emerja, nossa resposta a esta questão é 
 16 
um decidido não. Atitudes podem ser formadas primariamente ou exclusivamente com base em 
qualquer um dos três tipos de processo. Indivíduos podem , por exemplo, aprender sobre certos 
objetos atitudinais inteiramente com base em leituras. Sob tais circunstâncias de experiência 
indireta com um objeto atitudinal, eles podem não se engajar em comportamentos relevantes 
para a atitude (exceto pelo comportamento de leitura) quando a atitude está sendo formada, a 
natureza remota do contato com o objeto atitudinal provavelmente diminui a propensão de 
respostas emocionais serem eliciadas a partir do estímulo que representa o objeto atitudinal. Em 
tais circunstâncias a atitude seria formada com base em crenças que estão sendo adquiridas 
sobre um objeto atidudinal. Outras atitudes podem ser formadas primariamente por processos 
afetivos ou comportamentais ou por uma miscelânea de processos, especialmente quando as 
pessoas encontram objetos atitudinais diretamente, a formação da atitude ocorre por uma 
variedade de processos (ver Zanna & Rempel, 1988). 
 
Também não é universal o fato das pessoas responderem a objetos atitudinais com repostas 
cognitivas, afetivas e comportamentais. As pessoas podem ter crenças sobre objeto atitudinais, 
mas não se engajarem em comportamentos evidentes relacionados aos mesmos ou terem reações 
emocionais. Outras atitudes podem ser carregadas de emoções ou indutoras de ações no sentido 
que elas induzem primariamente respostas afetivas ou comportamentais. 
 
Outra questão relacionada a limitada idéia tripartite que nós abraçamos é a extensão até a qual as 
três classes de respostas avaliativas são consistentes entre si. Neste contexto, consistência 
significa que as pessoas tendem a expressar mais ou menos o mesmo grau de avaliação de um 
objeto atitudinal através de respostas de cada uma das três classes. Como nós expomos em nossa 
discussão sobre a dimensionalidade das atitudes, consistência muito alta entre classes de 
respostas avaliativas implica que uma análise estatística adequada do domínio atitudinal 
resultaria em uma solução unidimensional. Na medida que as classes de respostas exibem 
alguma inconsistência, uma solução multidimensional seria obtida. Como nós indicamos, 
análises estatísticas de atitudes têm produzido soluções de dimensionalidade variada. Portanto, 
respostas associadas com algumas atitudes são bastante consistentes ao longo das classes de 
respostas, e respostas associadas com outras atitudes são de certo modo menos consistentes. 
Eiser (1987) sugeriu que respostas cognitivas , afetivas e comportamentais serão avaliativamente 
consistentes na medida que todas as três classes de respostas contribuem para a formação inicial 
da atitude. Breckler e Wiggins (1989a) apresentaram achados que sugerem que as facetas 
cognitiva e afetiva das atitudes são mais consistentes na medida em que os domínios da atitude 
são familiares e propensos a serem discutido freqüentemente (ex., aborto, armas nucleares). 
Embora outras pesquisas tenham examinando tais questões de consistência, a maioria das 
pesquisas está de certo modo limitada em termos modernos por causa de sua tendência inicial a 
ver avaliação e afeto como sinônimos, tendo como conseqüência o fato de que apenas 
consistência entre afeto (i.e., avaliação geral) e cognição foi investigada (ver Capítulos 3,5 e 10). 
 
Uma questão amplamente inexplorada é a extensão até a qual os processos afetivos, cognitivos e 
comportamentais pelos quais é adquirida uma atitude relacionam-se com as respostas 
cognitivas, afetivas e comportamentais que o objeto atitudinal subseqüentemente elicia. É 
possível que algum tipo de cruzamento tenda a ocorrer (Millar & Tesser, 1986a; ver Capítulo 4). 
Por exemplo, uma atitude adquirida por via cognitiva pode tender a eliciar primariamente 
respostas cognitivas, e uma adquirida por via afetiva pode tender a eliciar primariamente 
respostas afetivas, e uma adquirida por via comportamental pode tender a eliciar primariamente 
respostas comportamentais. no entanto, qualquer relação biunívoca forte deste tipo é muito 
improvável. Como sugerido particularmente pela pesquisa sobre a interface cognitiva-afetiva 
que nós discutimos no Capítulo 9, diferentes classes de respostas avaliativas impingem-se e 
 17 
existem no que pode ser descrito como uma relação cooperativa sinergística. Alguém pode, por 
exemplo, adquirir crenças sobre um objeto atitudinal, pensar a respeito deste conhecimento, e 
consequentemente decidir por um curso de ação ou gerar uma resposta emocional. Uma atitude 
cognitivamente embasada, portanto, retroalimenta outros processos psicológicos e dá às atitudes 
bases afetiva e comportamental. Do mesmo modo, a resposta inicial de alguém a outra pessoa 
pode ser emocional (ex., atração sexual). Além disso, a atitude positiva produzida nesta base 
pode levar ao curso de uma ação (ex., convidar o indivíduo para jantar)ou influenciar a 
percepção dos atributos da pessoa (ex., formação de crenças de que o indivíduo é caloroso e 
amigável). Entender como os modos de formação de atitudes relacionam-se a respostas 
avalitivas subsequentes é claramente muito desafiador, e aspectos desta questão são 
considerados em vários pontos deste livro. 
 
 
 
ATITUDES COMO ‘SCHEMAS’ 
 
Uma perspectiva útil para pensar a respeito de atitudes é considerá-las como um tipo de schema, 
que é a mais ampla classificação de estruturas cognitivas que tem sido investigada muito 
extensivamente por psicólogos cognitivos e psicólogos sociais cognitivos. Embora o exato 
significado deste conceito popular tenha de certo modo variado (ver Landman & Manis, 1983; 
Markus & Zajonc, 1985), diz-se geralmente que schemas são “estruturas cognitivas de 
conhecimento anterior organizado, abstraídos da experiência com instâncias específicas” (Fiske 
& Linville, 1980, p.543). Exploração da atitude como um tipo de schema destaca as implicações 
das atitudes para o processamento de informações. Aplicando o constructo schema ao mundo 
social, psicólogos sociais têm construído a partir das teorias e métodos que os psicólogos 
cognitivos desenvolveram para explicar a representação e processamento de um estímulo não-
social. O corpo de conhecimento resultante sobre cognição social é proximamente relacionado a 
alguns dos trabalhos que têm sido tradicionalmente desenvolvidos por investigadores de 
atitudes. Além do mais, tratar a atitude como um tipo de schema tem muito em comum com 
uma tradição consideravelmente mais antiga de considerar atitude com um tipo de 
enquadramento de referência (A.L. Edwards, 1941; J.M. Levine & Murphy, 1943; M. Sherif, 
1936; W.S. Watson & Hartmann, 1939). Esta tradição também foi aliada à psicologia cognitiva - 
em particular, com a demonstração de F.C. Bartlett (1932) da influência de fatores culturais e 
individuais n a evocação. 
 
Com nós observamos, existe um consenso de que schemas são estruturas cognitivas que 
representam experiências passadas em um domínio de um estímulo por uma ordem mais elevada 
ou abstrata de estrutura cognitiva. No que diz respeito a isso, o constructo schema assemelha-se 
ao aspecto cognitivo das atitudes. Portanto, supõem-se que experiência com objetos atitudinais 
leva as pessoas a associá-los com atributos ou mais geralmente a pensar a respeito de objetos 
atitudinais. Estes pensamentos são armazenados e, como nós explicamos em maior profundidade 
no Capítulo 3, podem ser considerados com estruturas cognitivas que organizam conhecimento 
anterior. 
 
A suposição de que atitudes têm aspectos afetivos e comportamentais, além de cognitivos, é 
central para o enquadramento teórico que nós introduzimos. Paralelamente às suposições de 
teóricos das atitudes sobre afeto, teóricos do schema (ex., Fiske & Linville, 1980) afirmaram que 
schemas “eliciam afeto assim como inferências” (p.522). No entanto, outros teóricos do schema 
(ex., S.E. Taylor & Crocker, 1981) preferiram limitar os schemas aos seus aspectos cognitivos. 
Paralelamente a atenção dos teóricos de atitudes às manifestações comportamentais das atitudes 
 18 
estão as suposições dos teóricos do esquema de que os schemas têm conseqüências 
comportamentais. No entanto, apesar da universalidade desta suposição, o impacto dos schemas 
no comportamento têm sido relativamente pouco explorado. Em contraste, a relação entre 
atitudes e comportamento tem sido estudada extensivamente (ver capítulo 4). 
 
Dado que os aspectos cognitivos das atitudes assemelham-se muito àqueles dos schemas e que as 
suposições feitas sobre as manifestações afetivas e comportamentais das atitudes parcialmente 
sobrepõem-se às suposições feitas sobre schemas, é importante enfatizar o sentido em que os 
dois conceitos são distinguíveis. Os conceitos diferem porque o termo atitude refere-se a 
avaliação , enquanto o termo schema tem sido usado mais amplamente. Porque a atitude diz 
respeito a avaliação e não a todos os aspectos das representações mentais, é possível considerar a 
atitude como um subtipo do conceito mais geral de schema, todavia, o foco dos pesquisadores 
de atitude nas avaliações tenderá a manter alguma separação entre a cognição social e a pesquisa 
sobre atitude. Porque as estruturas avaliativas são muito propensas a serem impregnadas com 
afeto e enegizar e dirigir o comportamento, esta concentração dos pesquisadores de atitude nas 
avaliações pode ser vantajosa no que diz respeito a alguns tipos de predição, especialmente 
aqueles relacionados ao comportamento. Cognições não carregadas de significados bom-versus-
mal são provavelmente menos propensas a eliciar emoções ou energizar comportamentos. 
Portanto, é com razão que vários teóricos do schema têm sido cautelosos no que diz respeito a 
fazer reivindicações específicas concernentes as manifestações afetiva e comportamental dos 
schemas. 
 
O ganho de pensar as atitudes como um tipo de schema vem do vínculo que é forjado com o 
conhecimento existente sobre o impacto dos schemas no processamento cognitivo. Tem-se 
sustentado que schemas influenciam todos os aspectos do processamento de informações (ver 
revisão de Markus e Zajonc, 1985). Na entrada ou lado de codificação, tem-se mostrado que os 
schemas afetam a atenção dada à informação assim como a codificação e julgamento desta 
informação. Evidência deste impacto na atenção e codificação vem de uma variedade de estudos 
que mostram que a compreensão e a memória para estímulos é melhorada se algum rótulo, 
categoria ou conceito é também apresentado para capacitar a pessoa organizar o estímulo de 
alguma maneira (ex., Bransford & Johnson, 1972). Presumivelmente o rótulo, categoria ou 
conceito ativa um schema, que permite as pessoas compreenderem e organizarem o estímulo em 
seus termos. 
 
Na saída ou lado da decodificação do processamento de informações, sustenta-se que os 
schemas têm um efeito seletivo na retenção, evocação e organização da memória. Sob algumas 
circunstâncias, as pessoas têm melhor memória para estímulos que se encaixam, e sob outras 
circunstâncias, informação inconsistente com o schema é particularmente memorizável (ver 
Higgins & Bargh, 1987; Stangor & McMillan, 1992). Portanto, os efeito dos schemas no 
processos mnêmicos parecem ser de certo modo complexos. Varias questões similares sobre 
seletividade no processamento de informações têm sido por muito tempo um interesse de 
pesquisadores de atitudes, que reivindicam que as atitudes influenciam a atenção e interpretação 
de informação atitude-relevante assim como a memória para esta informação. Estas questões são 
consideradas primariamente no Capítulo 12. 
 
ATITUDES E QUESTÕES MOTIVACIONAIS 
 
A visão de que schemas são úteis porque eles permitem às pessoas representar e organizar a 
informação que elas encontram repercutem um dos importantes temas das análises dos teóricos 
de atitudes sobre as funções ou necessidades que as atitudes servem aos indivíduos. Por 
 19 
exemplo, em sua taxinomia de quatro tipos de funções relevantes paras as atitudes, Daniel Katz 
(1960; Katz & Stotland, 1959) afirmou que uma das funções que as atitudes servem é organizar e 
simplificar as experiências das pessoas. O pensamento de Katz sobre este aspecto das atitude 
assemelha-se a visão de que necessita-se de schemas para que as pessoas sejam capazes de 
compreender suas experiências. 
 
Katz (1960; Katz & Stotland, 1959) propôs três funções adicionais que as atitudes podem servir. 
Sua função de ajustamento ou utilitária presumia que as atitudes possibilitam às pessoas 
maximizar recompensas em seus ambientes e minimizar punições. Com seria de se esperar desta 
herançada função da teoria da aprendizagem, as atitudes satisfazem esta função por meio de um 
presumida tendência das pessoas formarem atitudes favoráveis em relação a estímulos 
associados com a satisfação de necessidades e atitudes desfavoráveis em relação a estímulos 
associados punições. De acordo com a função ego-defensiva de Katz, atitudes também 
possibilitam as pessoas se protegerem de realidades desagradáveis. A teorização a respeito desta 
função deriva das idéias psicanalíticas sobre mecanismos de defesa. Finalmente, de acordo com 
a função valor-expressiva de Katz, as atitudes permitem as pessoas expressarem sues valores 
pessoais e seu auto-conceito. A teorização a respeito desta função deriva da psicologia do ego e 
outras variedades de teoria da personalidade. 
 
Estas funções propostas por Katz (e por outros teóricos; ver M.B. Smith, Bruner & White, 1956) 
presumem que certas necessidades gerais ou motivos energizam e dirigem o funcionamento 
atitudinal. As necessidades particulares e motivos que são considerados pelos pesquisadores de 
atitudes em qualquer período no tempo tendem a derivar de um tipo de teoria que é popular na 
psicologia social e na psicologia mais geral. Por exemplo, a função utilitária de Katz refletiu a 
importância da teoria da aprendizagem, e sua função ego-defensiva refletiu o impacto da teoria 
psicanalítica. Ambas teorias eram muito mais populares nos anos 50, quando Katz desenvolveu 
sua topologia, do que elas são agora. Porque a teorização cognitiva tem sido dominante na 
psicologia social e na psicologia mais geral durante os últimos anos, a maior parte do 
pensamento sobre questões motivacionais do pesquisadores de atitudes tem o sabor cognitivo da 
função de conhecimento de Katz. As explicações cognitivas da motivação têm incluído, além da 
idéia de que as pessoas são motivadas as simplificar e organizar estímulos, a idéia de que as 
pessoas desejam reduzir inconsistências entre cognições correlatas. Além disso, as teorias sobre 
auto-conceito e auto-apresentação tem se tornado gradativamente mais importantes na psicologia 
social (ex., A.G. Greewlad, 1980; Schlenker, 1980; Steele, 1988), princípios de certo modo 
parecidos com aqueles que Katz incluiu em sua função valor-expressiva têm ganho adeptos em 
alguns tipos de pesquisa sobre atitudes. Explicações sobre motivação que enfatizam que as 
atitudes facilitam a formação e manutenção de relações sociais também têm sido importantes na 
pesquisa sobre atitudes (ex., Kelman, 1958; Smith, Bruner & White, 1956). Além disso, como 
observado em nossa discussão sobre o constructo atitude, supõe-se que as próprias atitudes 
energizam e dirigem o comportamento, e , portanto, têm implicações motivacionais delas e nelas 
mesmas, bem distante de motivos mais amplos que elas podem servir. Considerações a respeito 
destes temas motivacionais são feitas no Capítulo 10 e em vários outros pontos deste livro. 
Certamente motivação é um componente crescentemente importante da pesquisa sobre atitudes 
contemporânea. 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
 
 
 
 
____________ 
In: EAGLY, A. H. e CHAIKEN, S. (1993) The Psychology of attitudes. Orlando, FL: Harcourt 
Brace Jovanovich, Inc. Cap. 1 (p. 1-22). Texto traduzido para uso exclusivo nas disciplinas 
Comportamento Organizacional e Indivíduo e Organizações (PPGA / UFBa.).

Outros materiais