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ARTIGO DE REVISÃO Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC Claudia Eunice Neves de Oliveira* Maria Elisabete Salina** Nelson Francisco Annunciato*** * Fisioterapeuta graduada pela Universidade do Grande ABC, pós-graduanda em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Endereço para correspondência: Rua Ataulfo Alves, 352, Jd. Panorama – São Paulo, SP – CEP 03251-190 Tels.: (0XX11) 9706-7868, 6702-6284, 6702-1188. E-mail: claudia.eunice@ig.com.br ** Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade do Grande ABC, Universidade da Cidade de São Paulo, pós-graduanda do Departamento de Morfologia da UNIFESP – EPM. *** Professor do Curso de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Prof. Dr. em Neurociências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP e pela Universidade Médica de Lübeck (Alemanha), pós-doutorado em “Programas de Reabilitação Neurológica” pelo “Kinderzentrum” de Munique (Alemanha). Instituição responsável: Universidade do Grande ABC Av. Industrial, 3330 – Santo André – SP Data de recebimento do artigo: 6/11/00 – Data de aprovação: 27/12/00 RESUMO O SNC possui uma rede neural complexa, com células altamente especializadas, que fazem milhares de conexões a todo momento e determinam a sensibilidade e as ações motoras, traduzindo-as em comportamento. Na presença de lesões, há um desarranjo nesta rede neural e o SNC inicia seus processos de reorganização e regeneração. A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SN possui em alterar algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às alterações do ambiente. A análise dos aspectos plásticos do SNC permite-nos relacioná-los a vários fatores, como a influência do meio ambiente, o estado emocional, o nível cognitivo, entre outros, que interferem direta ou indiretamente na plasticidade do SNC e, conseqüentemente, na reabilitação do paciente neurológico. Assim, por meio da revisão da literatura, procuramos uma fundamentação teórica, a qual trará bases para a prática clínica, buscando uma nova visão sobre as perspectivas de reabilitação do paciente neurológico adulto. UNITERMOS Plasticidade neural. Lesão no SNC. Ambiente terapêutico. Reabilitação física. Adulto. SUMMARY The central nervous system (CNS) possesses a complex neural net, with highly specialized cells, making thousands of connection at every moment; these cells determine sensitivity and motor activity, translated into behavior. Following lesion, a derangement of this neural net occurs, and the CNS begins processes of reorganization and regeneration. Neural plasticity refers to the NS’s capacity to alter some of its morphological and functional properties in response to environmental changes. Analysis of the plastic aspects of the CNS, allows us to relate them to factors like among others, environmental influences, emotional condition, and cognitive level interfering direct or indirectly with CNS plasticity and the rehabilitation of the neurological patient. By searching for theoretical support, we now expect to bring basic knowledge to clinical practice and new views on the perspectives for rehabilitation of this patient. KEYWORDS Neural plasticity. CNS lesions. Therapeutic environment. Phisycs rehabilitation. Adults. 7OLIVEIRA, C. E. N. e cols. – Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC Acta Fisiátrica 8(1): 6-13, 2001 Introdução Durante muito tempo, acreditou-se que o sistema nervoso central (SNC), após seu desen- volvimento, tornava-se uma estrutura rígida, que não poderia ser modificada, e que lesões nele se- riam permanentes, pois suas células não poderiam ser reconstituídas ou reorganizadas. Hoje, sabe- se que o SNC tem grande adaptabilidade e que, mesmo no cérebro adulto, há evidências de plasticidade na tentativa de regeneração1. A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SNC possui em modificar algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em res- posta às alterações do ambiente. Na presença de lesões, o SNC utiliza-se desta capacidade na tentativa de recuperar funções perdidas1,2 e/ou, principalmente, fortalecer funções similares rela- cionadas às originais. A reabilitação física faz parte do meio am- biente em que o paciente neurológico encontra-se inserido, dessa forma, faz-se necessário que o terapeuta seja conhecedor de alguns fatores que interferem direta ou indiretamente nos processos plásticos do SNC, para a otimização da terapia. Estágios da plasticidade do SNC A plasticidade do SNC ocorre, classicamente, em três estágios: desenvolvimento, aprendizagem e após processos lesionais. Desenvolvimento Na embriogênese, tem-se a diferenciação celular, em que células indiferenciadas, por ex- pressão genética, passam a ser neurônios. Após a proliferação, migram para os locais adequados e fazem conexões entre si3. Os neurônios dispõem de uma capacidade intrínseca sobre sua posição em relação a outros neurônios, e seus axônios alcançam seus destinos graças aos marcadores de natureza molecular e à quimiotaxia. A secreção de substâncias neurotróficas, neste caso, os fatores de crescimento ajudam o axônio na busca de seu alvo4. A maturação do SNC inicia-se no período embrionário e só termina na vida extra-uterina. Portanto, sofre influências dos fatores genéticos, do microambiente fetal e, também, do ambiente externo, sendo este último de grande relevância para seu adequado desenvolvimento. Aprendizagem Este processo pode ocorrer a qualquer mo- mento da vida de um indivíduo, seja criança, adulto ou idoso, propiciando o aprendizado de algo novo e modificando o comportamento de acordo com o que foi aprendido. A aprendizagem requer a aquisição de conhecimentos, a capacidade de guardar e integrar esta aquisição5, para pos- teriormente ser recrutada quando necessário. A reabilitação física, entre outros fatores, tem por objetivo favorecer o aprendizado ou reapren- dizado motor, que é um processo neurobiológico pelo qual os organismos modificam temporária ou definitivamente suas respostas motoras, me- lhorando seu desempenho, como resultado da prática6. Durante o processo de aprendizagem, há mo- dificações nas estruturas e funcionamento das células neurais e de suas conexões, ou seja, o aprendizado promove modificações plásticas, como crescimento de novas terminações e botões sinápticos, crescimento de espículas dendríticas, aumento das áreas sinápticas funcionais7, estrei- tamento da fenda sináptica, mudanças de confor- mação de proteínas receptoras, incremento de neurotransmissores8. A prática ou a experiência promovem, também, modificações na representação do mapa cortical9-11. Pascual-Leone et al.12 demonstraram que a aqui- sição de uma nova habilidade motora, neste caso, tocar piano, reorganizava o mapa cortical, au- mentando a área relacionada aos músculos flexores e extensores dos dedos. Em um estudo com leitores de Braille, verificaram que o dedo indicador utilizado para a leitura tem maior representação cortical que o dedo contralateral13. Jueptner et al.14 e Grafton et al.15, por sua vez, encarregaram-se de mapear as áreas do SNC que são ativadas durante o processo de aprendizagem motora, em que eram realizados movimentos com as mãos, e verificaram que várias regiões agem em conjunto, como o córtex motor primário, o córtex pré-motor, a área motora suplementar, a área somatossensorial, os núcleos da base, entre outras. Após lesão neural A lesão promove no SNC vários eventos que ocorrem, simultaneamente, no local da lesão e distante dele. Em um primeiro momento, as célu- las traumatizadas liberam seus aminoácidos e seus neurotransmissores, os quais, em alta concen- tração, tornam os neurônios mais excitados e mais vulneráveis à lesão. Neurônios muito excitados podem liberar o neurotransmissor glutamato, o qualalterará o equilíbrio do íon cálcio e induzirá seu influxo para o interior das células nervosas, ativando várias enzimas que são tóxicas e levam os neurônios à morte. Esse processo é chamado 8 Acta Fisiátrica 8(1): 6-13, 2001 OLIVEIRA, C. E. N. e cols. – Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC de excitotoxicidade16. Ocorre, também, a ruptura de vasos sanguíneos e/ou isquemia cerebral, di- minuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a sobrevivência de todas as células. A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu gradiente transmem- brânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da célula, ocorrendo um efeito cascata17. De acordo com o grau do dano cerebral, o estímulo nocivo pode levar as células nervosas à necrose, havendo ruptura da membrana celular, fazendo com que as células liberem seu material intracitoplasmático e, então, lesem o tecido vi- zinho; ou pode ativar um processo genético denominado apoptose, em que a célula nervosa mantém sua membrana plasmática, portanto, não liberando seu material intracelular, não havendo liberação de substâncias com atividade pró- inflamatória e, assim, não agredindo outras cé- lulas18,19. A apoptose é desencadeada na presença de certos estímulos nocivos, principalmente pela toxicidade do glutamato, por estresse oxidativo e alteração na homeostase do cálcio20. A lesão promove, então, três situações dis- tintas: (a) uma em que o corpo celular do neurônio foi atingido e ocorre a morte do neurônio, sendo, neste caso, o processo irreversível1; (b) o corpo celular está íntegro e seu axônio está lesado ou (c) o neurônio se encontra em um estágio de excitação diminuído16. Os mecanismos de reparação e reor- ganização do SNC começam a surgir imediata- mente após a lesão e podem perdurar por meses e até anos21,22. São eles: a) Recuperação da eficácia sináptica Este processo consiste em fornecer ao tecido nervoso um ambiente mais favorável à recupera- ção23. Assim, nesta fase, a recuperação é feita por drogas neuroprotetoras17, que visam a uma melhor oferta do nível de oxigenação e glicose, à redução sanguínea local e do edema24; b) Potencialização sináptica Este processo consiste em manter as sinapses mais efetivas, por meio do desvio dos neurotrans- missores para outros pontos de contatos que não foram lesados24; c) Supersensibilidade de denervação Em caso de denervação, a célula pós-sináptica deixa de receber o controle químico da célula pré- sináptica25; para manter seu adequado funciona- mento, então, a célula promove o surgimento de novos receptores de membrana pós-sináptica26,27; d) Recrutamento de sinapses silentes No nosso organismo, em situações fisioló- gicas, existem algumas sinapses que, morfologi- camente, estão presentes, mas que, funcional- mente, estão inativas. Essas sinapses são ativadas ou recrutadas quando um estímulo importante às células nervosas é prejudicado. No caso de lesão das fibras principais de uma determinada função, outras fibras que estavam dormentes poderão ser ativadas28,29,30; e) Brotamentos Este fenômeno consiste na formação de novos brotos de axônio, oriundos de neurônios lesados ou não-lesados31, • brotamento regenerativo: ocorre em axô- nios lesados e constitui a formação de novos brotos provenientes do segmento proximal, pois o coto distal, geralmente, é rapidamente degene- rado. O crescimento desses brotos e a formação de uma nova sinapse constituem sinaptogênese regenerativa24, • brotamento colateral: ocorre em axônios não lesionados, em resposta a um estímulo que não faz parte do processo normal de desenvolvi- mento. Este brotamento promove uma sinapto- gênese reativa28,31. Fatores responsáveis pelo crescimento axonal A capacidade de formação de novos brotos e crescimento dos axônios pode ser programada geneticamente ou pode depender do meio. Existe uma classe de proteínas regenerativas, as quais promovem esse evento e são denominadas fatores tróficos. São eles: fator de crescimento do nervo (NGF – nerve growth factor), fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF – brain derived neu- rotrophic factor), neurotrofina 3 (NT-3 – neuro- trophin-3), neurotrofinas 4, 5 e 6, fator neurotrófico ciliar (CTNF – ciliary neurotrophic factor)32,33, fator neurotrófico derivado da glia (GDNF – glial de- rived neurotrophic factor)34,35, fator de crescimento fibroblástico ácido (aFGF – acidic fibroblast growth factor), fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF – basic fibroblast growth factor), fator de crescimento epidérmico (EGF – epidermal growth factor)36, entre outros. Esses fatores são produzidos pelas células- alvo, ou seja, por outros neurônios, glândulas e tecido muscular, e cada fator trófico parece sus- tentar uma determinada classe de neurônios32. Contudo, para que esses fatores atuem sobre um neurônio, é necessária a presença de um receptor nos terminais axônicos. Assim, os fatores tróficos ligam-se a esses receptores e este complexo é inter- nalizado pelo mecanismo de endocitose e trans- portado retrogradamente até o corpo celular. No soma, o DNA é ativado e promove o aumento de organelas citoplasmáticas, o que favorece o cres- cimento de dendritos e axônio36. 9OLIVEIRA, C. E. N. e cols. – Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC Acta Fisiátrica 8(1): 6-13, 2001 Com o avanço tecnológico, principalmente da engenharia genética, muitos desses e outros fatores neurotróficos podem ser produzidos em labora- tório, na tentativa de ofertar ao SNC maiores condições de regeneração. Essas moléculas têm grande potencial terapêutico, principalmente no tratamento de doenças degenerativas, como Alzheimer, Parkinson, esclerose lateral amiotrófi- ca, entre outras4,16. Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC Para a adequada reabilitação física, é neces- sário que o terapeuta seja conhecedor de vários fatores que interferem direta ou indiretamente nos processos plásticos, de aprendizagem e, conse- qüentemente, na reabilitação do paciente neu- rológico adulto. Assim, segue-se alguns itens que auxiliarão o terapeuta em suas intervenções, com o intuito de otimizar o processo terapêutico. Características da lesão Tempo em que ocorreu a lesão Lesões que ocorrem lentamente deixam me- nos seqüelas que lesões súbitas. Por exemplo, um tumor cerebral cresce vagarosamente, demorando mais para danificar o tecido vizinho, oferecendo maior oportunidade para este tecido reagir e ten- tar se acomodar ao tecido estranho, promovendo o crescimento de seus ramos dendríticos e/ou axo- nais, para, assim, manter suas conexões funcionais. Já as lesões súbitas, como acidente vascular cere- bral ou traumatismo cranioencefálico, não forne- cem às células que estão ao redor da lesão um tem- po hábil para se reestruturarem1. Extensão da lesão Quanto menor a extensão da lesão, mais fácil é o crescimento axonal e melhor será o prognóstico terapêutico37 e, de acordo com a morfologia do axônio, existe também uma maior ou menor con- tribuição para a neuroplasticidade. Assim, neu- rônios com axônios mais longos e que possuem um número maior de dendritos são menos vulneráveis à degeneração que neurônios com axônios curtos e com pouca ramificação dendrítica1. Local da lesão Microscopicamente, danos que afetam o axô- nio em sua região mais distal do corpo celular es- tão mais propensos à regeneração que lesões que atingem o axônio em sua porção mais proximal ao soma1. Macroscopicamente, alguns danos, em de- terminados locais, deixam alguns indivíduos mais debilitados que outros. Por exemplo, um atleta que sofre uma lesão em qualquer área do córtex motor e um indivíduo sedentário que sofre a mesma le- são, no mesmo local, na mesma proporção, certa- mente mostrar-se-á o atleta, aparentemente, mais debilitado que o indivíduosedentário, porém, terá maior facilidade em recuperar suas funções devi- do às suas experiências anteriores37. Biografia do paciente Neste caso, compreende tudo o que aconte- ce com um indivíduo desde a sua fecundação, quando o indivíduo herda um programa genéti- co básico que poderá lhe facilitar o desenvolvi- mento adequado ou poderá dificultá-lo, se hou- ver alguma mutação genética. Compreende, as- sim, o desenvolvimento pré, peri e pós-natal, a infância, a adolescência, a fase adulta e a velhice. Colher a maior quantidade de dados sobre a bi- ografia do paciente favorece o tratamento, pois, assim, o terapeuta poderá se beneficiar desses dados para, durante a terapia, utilizar materiais e linguagens que sejam apreciados e entendidos pelo paciente. Por exemplo, se o paciente for um marceneiro, a terapia poderá utilizar-se de alguns materiais em madeira para estimulá-lo37. Idade Apesar das afirmações de que a capacidade neuroplástica decresce com o envelhecimento e possui seu ápice no início da ontogênese38, já se verificou que os processos neuroplásticos ocorrem tanto em crianças quanto em adultos ou idosos. Em geral, a maioria dos trabalhos sugere que os danos precoces no SNC debilitam menos do que quando ocorrem no sistema mais maduro. Outros, porém, informam que quando os danos cerebrais ocorrem em adultos, afetam menos o comporta- mento do que quando o mesmo tipo de dano ocorre em crianças. Stein et al.1 relatam que não há regras rígidas e que o SNC age diferentemente à lesão em diferentes estágios do seu desenvolvimento. Entretanto, o que parece realmente impor- tante é saber que o SNC se reorganiza após o dano e este pode ser o fator determinante para que haja a recuperação, ainda que parcial. 10 Acta Fisiátrica 8(1): 6-13, 2001 OLIVEIRA, C. E. N. e cols. – Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC Diagnóstico O correto diagnóstico, baseado em uma óti- ma anamnese, exame físico, testes neurológicos, exames de imagens e exames laboratoriais, favo- rece um adequado programa terapêutico. Quan- to antes for diagnosticado o distúrbio, mais pre- coce se inicia a intervenção terapêutica e maiores as chances de reabilitação37. Início e duração da terapia Os processos de reparação e reorganização do SNC começam a acontecer logo após a lesão21. Não se sabe qual processo começa primeiro ou qual acontece em maior quantidade, mas isso é o suficiente para saber que a reabilitação deve começar precocemente, evitando maiores falhas, procurando resgatar padrões de comportamen- tos mais próximos da normalidade e, para este fim, recomenda-se também a intensificação da terapia na fase inicial em que a plasticidade é efe- tivamente mais intensa, embora se saiba que ela pode durar anos39. Determinar a duração da terapia não é racio- nal, uma vez que cada paciente responde de forma diferente à terapia e, certamente, não há um cálcu- lo matemático em que se possa chegar a um nú- mero determinado de terapias. Esperar mudan- ças rápidas, na presença de danos extensos, não parece lógico. Bach-y-Rita28 verificou que a recupe- ração da função em pacientes com AVC continua a ocorrer mais de cinco anos após a lesão. Assim, programas terapêuticos intensivos, por longo período de tempo, podem favorecer a recuperação da função. Freqüência e intensidade da terapia É importante que o trabalho de reabilitação seja intensivo e contínuo para que possa surtir melhor efeito, isto é, deve ocorrer diariamente, durante algumas horas, quando possível. E esta prática, distribuída por vários dias, produz taxas mais altas de aprendizagem do que quando concentrada em um único dia40. O aprendizado motor utiliza a memória de procedimento, que é um tipo de memória que está a mercê do treina- mento5. Assim, para aprender um ato motor, é necessário repetir inúmeras vezes a mesma ação para ela se fixar. Determinar quantas vezes se deve repetir cada ato motor para que ocorra a fixação não parece ser possível, pois há muitas variações, principalmente de acordo com o grau de complexi- dade da tarefa. Freqüência e intensidade signi- ficante permitem uma melhor qualidade dos feedbacks sensoriais, favorecendo a fixação do ato motor6. Essas freqüência e intensidade da tarefa motora são importantes, pois a restituição aprendida pode perder-se novamente, caso não seja utilizada a longo prazo24, sendo adequado manter uma ativação contínua ou periódica do sistema neural envolvido38. Nos programas terapêuticos em que não é possível um atendimento intensivo e contínuo, as orientações familiares são de enorme importância. Ensinar à família do paciente e orientá-la para determinadas condutas, que auxiliam a terapia, trarão grandes benefícios. Estado emocional O estado emocional interfere diretamente no tratamento terapêutico e nos vários estados emo- cionais que o paciente pode apresentar. Dois são muito relevantes: motivação e depressão. Motivação É o processo que mobiliza o indivíduo para a ação; compreende desejo, vontade, interesse ou pré-disposição para agir. O paciente precisa estar ou ser motivado para a terapia. As tarefas devem ter um grau adequado de complexidade. Não po- dem ser muito difíceis, pois o paciente não con- seguirá realizá-las, gerando frustração, e não podem ser muito fáceis porque não motivarão. Quando o paciente obtém sucesso com a tarefa, este sucesso é um modo de reter a motivação37. Mas não é somente o paciente que precisa estar motivado, a família do paciente e os profis- sionais da saúde também precisam desfrutar essa mesma condição emocional. Os profissio- nais da saúde precisam se precaver ao informar o diagnóstico ao paciente e/ou à sua família, para não desmotivá-los, pois, se isso acontecer, neste momento quebrar-se-á o vínculo terapeu- ta-paciente. Depressão A depressão é um estado facilmente encon- trado nos pacientes neurológicos adultos, princi- palmente nos portadores de doença de Parkinson e AVC. A depressão pode ser vista como conse- qüência das alterações físicas e psicossociais que suas patologias podem trazer ou pode fazer parte integrante do quadro clínico. Independentemente de sua etiologia, a depressão deve ser adequada- 11 mente tratada, pois dificulta a reabilitação mo- tora, visto que é comum o paciente apresentar sentimentos de desesperança e pessimismo, sensação de desânimo e dificuldade para se con- centrar41. Robinson-Smith et al.42 informam que estimular a autoconfiança nos pacientes por- tadores de AVC melhora o autocuidado, com is- so, diminui a depressão e consegue-se uma me- lhor qualidade de vida. Ambiente terapêutico O ambiente terapêutico deve fornecer con- dições adequadas para o aprendizado ou rea- prendizado motor do paciente, propiciando a maior qualidade de estímulos possíveis, pois a in- tegração do paciente neurológico com o meio pos- sibilita o surgimento de caminhos, tanto do ponto de vista do substrato morfológico quanto funcio- nal, que viabilizam a superação de obstáculos ge- rados pela lesão cerebral37. Entre os ambientes terapêuticos menos en- riquecedores, podemos citar o ambiente hospita- lar, visto que os hospitais são projetados para ofe- recer tecnologia médica eficaz e, geralmente, não estão preocupados com os aspectos psicológicos do ambiente. Possuem um ambiente estéril e im- pessoal, que pode limitar a capacidade de reor- ganização funcional dos pacientes. Contudo, am- bientes terapêuticos muito poluídos também di- ficultam a reabilitação. Oferecer diferentes e inú- meros estímulos sensoriais simultaneamente não viabiliza a terapia, pois durante o processo de ha- bilitação ou reabilitação o SNC precisa receber a mesma informação, repetidas vezes, com certa or- dem para poder integrar essas informações e tor- ná-las funcionais28. O ambiente terapêutico está além dos hospi- tais e clínicas, incluindo também o lardo paciente, onde o mesmo poderá realizar um auto-apren- dizado. Nesse contexto, constata-se mais uma vez a importância da participação dos familiares e/ou cuidadores, que devem trabalhar a terapêutica desse indivíduo, desde a utilização de um correto posicionamento até a preocupação com sua in- teração psicossocial. O paciente deve receber es- tímulos sensoriais proprioceptivos e exteroceptivos adequadamente, em todos os ambientes. Comunicação A comunicação na área da saúde é funda- mental para o bom entendimento entre paciente e terapeuta, família e terapeuta, paciente e família, bem como dentro de toda a equipe multidisciplinar ou interdisciplinar. A comunicação não se consti- tui apenas na palavra verbalizada, mesmo porque muitos dos pacientes neurológicos não conseguem pronunciar fonemas. Portanto, a comunicação não- verbal, que compreende toda a informação obti- da por meio de gestos, posturas, expressões faciais, orientações do corpo, singularidade somática, organização dos objetos no espaço e até pela relação de distância mantida entre os indiví- duos43 será um recurso muito apropriado para o terapeuta interpretar com maior precisão os sen- timentos do paciente, suas dúvidas, seus medos e anseios, criando assim maior vínculo terapêutico e, desse modo, potencializando a fisioterapia. Condições físicas O estado nutricional e o bom condicionamen- to musculoesquelético propiciam maiores con- dições físicas ao paciente neurológico, permitindo- lhe uma melhor reabilitação37. Cognição O nível cognitivo do paciente neurológico é importante no processo terapêutico e este pode ou não estar afetado pela lesão. Certamente, os indivíduos com menor déficit cognitivo, respon- dem de maneira mais adequada à terapia, por manterem sua esfera de funcionamento intelectual preservada. A cognição também pode ser usada como técnica terapêutica. Por exemplo, a prática mental de uma habilidade física tem sido utilizada para facilitar o desempenho de uma rotina já aprendida e para a aquisição de uma habilidade motora. Decety et al.44 utilizaram a tomografia de emissão de pósitrons (PET) em um experimento com su- jeitos normais para comprovar que durante a prá- tica mental há a ativação dos caminhos neurais relacionados com as áreas de controle motor; as- sim, verificaram que a área 6 de Brodmann, o nú- cleo caudado e o cerebelo bilateralmente foram ativados. Saber quão eficaz é a prática mental para as habilidades motoras ainda é um desafio. A prática mental é melhor do que nenhuma prática, apesar de não ser tão eficaz quanto a prática real; porém, a combinação da prática mental com a física, na proporção adequada, pode levar a resultados tão bons quanto uma quantidade igual de prática apenas física. Essa mentalização parece facilitar a armazenagem do movimento na memória12. OLIVEIRA, C. E. N. e cols. – Fatores ambientais que influenciam a plasticidade do SNC Acta Fisiátrica 8(1): 6-13, 2001 12 Programa terapêutico O programa terapêutico do paciente neuro- lógico adulto, geralmente, envolve muitas áreas, como especialidades médicas, fisioterapia, fo- noaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, tra- tamento medicamentoso, cirúrgico e quaisquer outros planos de tratamento que visam à recu- peração funcional do paciente. A reabilitação motora, nesses pacientes, tem como função promover o mais alto nível de funcio- namento do aparelho neuromusculoesquelético e a aprendizagem ou reaprendizagem e automatização de habilidades motoras a serem realizadas pelo paciente em seu dia-a-dia ou, ainda, promover a adaptação do paciente a uma nova realidade. Sempre que se planeja uma intervenção, é pre- ciso saber por que fazê-la e quais objetivos de- vem ser atingidos. Além disso, as intervenções devem ser significativas para o paciente, e este deve saber por que está realizando aquela tare- fa, não bastando apenas executá-la. Assim, a ta- refa requer uma estratégia funcional e comportamental. O tratamento de seqüelas motoras dos pacientes com lesões neurológicas deve sempre ser fundamentado em mecanismos fisiológicos. O potencial de reabilitação dependerá do ade- quado restabelecimento dos diversos estímulos sensoriais, tais como visuais, auditivos, proprio- ceptivos e exteroceptivos, os quais são captados e conduzidos ao SNC para serem identificados, analisados, programados e, assim, fixarem cir- cuitos neurais que permitam a adequada emis- são de comportamento. A plasticidade no processo de aprendizagem ou reaprendizagem do controle motor depende- rá da otimização da informação sensorial. Nelles et al.21 demonstraram a importância do estímulo proprioceptivo, por meio da manipulação passiva em pacientes com AVC isquêmico, com seqüelas de hemiplegia. Esse tipo de manipulação provo- cou um aumento do fluxo sanguíneo cerebral re- gional (rCBF) no córtex sensoriomotor e iden- tificou a ativação cerebral, que pode ser crítica para o retorno do controle motor voluntário. Mayville et al.45 demonstraram a importância do estímulo auditivo para a coordenação senso- riomotora. Por meio da emissão de sons, era so- licitado aos sujeitos que realizassem um movi- mento com os dedos, verificando-se uma melho- ra da coordenação rítmica. Da mesma forma, o terapeuta, por meio do comando verbal, pode potencializar o movimento, preparando o paciente para a ação, informando-o como realizar o movi- mento e oferecendo as orientações de correção do movimento, quando necessário. Wickelgren46 e Dobkin47 enfatizam a impor- tância dos estímulos sensoriais periféricos exa- tos para a reabilitação. Assim, afirmam que para ensinar pacientes com lesões medulares a andar, é necessário, além de colocá-los na posição ortos- tática, fornecer-lhes um meio para que movam seus membros inferiores (MMII) como se estives- sem andando. Dessa forma, utilizam uma estei- ra sobre o solo, que possibilita a descarga do peso do corpo sobre os MMII, oferecendo pro- priocepção de seus segmentos. Este fato é rele- vante, porém, esse tipo de treinamento ainda está em fase de estudos. Por fim, o programa terapêutico do paciente neurológico adulto precisa considerar todos es- ses fatores citados, entre outros, e precisa, princi- palmente, fazer com que o próprio paciente e sua família participem ativamente do programa, to- dos com a finalidade de restabelecer o bem-es- tar biopsicossocial do paciente. Conclusão A plasticidade do SNC viabiliza a re- cuperação do paciente neurológico adulto, ain- da que parcialmente. A interação com o meio ambiente é capaz de provocar transformações estruturais e funcionais no SNC. E, como a rea- bilitação física manipula os fatores intrínsecos e extrínsecos, permitindo uma adaptação cada vez melhor das respostas motoras emitidas, isso sig- nifica dizer que este método de tratamento, adequadamente aplicado, contribui efetivamente para a neuroplasticidade. Referências bibliográficas 1. STEIN, D.G.; BRAILOWSKY, S. & WILL, B. – Brain Repair. 1. ed. New York, Oxford University Press, 1955. 156p. 2. KEMPERMANN, G.; KUHN, H.G. & GAGE, F. – Experience – induced neurogenesis in the senescent dentate gyrus. J Neurosc 18 (9): 3206-12, 1988. 3. ANNUNCIATO, N.F. & SILVA, C.F. – Desenvolvimento do siste- ma nervoso. Temas Desenvolvim 4 (24): 35-46, 1995. 4. LINDEN, R. – Fatores neurotróficos: moléculas de vida para células nervosas. Ciência Hoje 16 (94): 12-8, 1993. 5. MANSUR, L. & RADONOVIC, M. – Diferentes estágios da plasticidade neural: visão da prática clínica. 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