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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS Lei n.º 9.009/95, Lei n.º10.259/01, EC-22/99, Art. 98 da CF Os Juizados Especiais Criminais trouxeram ao sistema judicial brasileiro um modelo de justiça consensual em matéria penal. Criaram o conceito de infração de menor potencial ofensivo, a saber: todas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não exceda a 02 anos. Observar que não é aplicável a Lei n.º 9.099/95 aos crimes praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher, por expressa previsão da Lei n.º 11.340/06 – Lei Maria da Penha. A lei tem como finalidade precípua evitar pena de prisão do autor do fato tipificado como infração penal, bem como buscar compor os eventuais danos sofridos pela vítima. As medidas despenalizadoras adotadas pela Lei n.º 9099/95 são as seguintes: - Transação penal; - Extinção de punibilidade quando há composição civil na ação privada ou pública condicionada à representação do ofendido; - Suspensão condicional do processo; - Exigência de representação da vitima nas lesões corporais leves e culposas. Os princípios informadores do JECRIM são: - Oralidade; - Informalidade; - Simplicidade; - Economia processual. O Foro competente para processo e julgamento das infrações abrangidas na competência do JECRIM é a do lugar da infração. Não existe no âmbito do JECRIM a modalidade de citação através de edital, caso o autor do fato não seja localizado o processo deverá ser encaminhado à Vara comum para a realização da citação por edital. O Procedimento aplicado no âmbito do JECRIM, após a fase preliminar, é o SUMARÍSSIMO. Na fase preliminar temos a incidência do princípio da discricionariedade regrada. Nesta trilha: FASE PRELIMINAR - O MP desde que preenchidos os requisitos legais tem de oferecer a proposta de acordo, o ato do MP, assim, é vinculado; - Não existe inquérito policial, mas sim Termo Circunstanciado (TC); - Não existe prisão em flagrante. Salvo se o autor do fato se recusar a comparecer ao JECRIM. Nada obsta que lhe seja aplicado os institutos da fiança, por exemplo. AUDIÊNCIA PRELIMINAR - Presentes: autor do fato, vítima, advogados, MP, responsável civil, conciliador ou juiz. - o objetivo desta audiência é formatar um acordo tanto no âmbito civil quando no âmbito penal. Feita a composição civil extingue-se a punibilidade nos casos de ação penal privada e na ação penal pública condicionada ao ato de representação do ofendido. A composição civil não tem o condão de extinguir a punibilidade na ação penal pública incondicionada. TRANSAÇÃO PENAL Quem possui legitimidade para propor é o Ministério Público e o querelante. Caso a proposta seja recusada, temos diferentes consequências, a saber: - Recusa do MP: caso devidamente fundamentada, dá-se início ao rito sumaríssimo; ausente de justificativa o juiz deve aplicar o art. 28 do CPP. - Recusa do querelante: cabe ao interessado pedir a transação, podendo o juiz concedê-la. Mesmo que a transação tenha natureza de pena, importante mencionar que a mesma não gera reincidência, nem maus antecedentes, nem tem efeitos no âmbito civil. Tão somente impede nova transação no prazo de cinco anos, o que para o usuário de droga apresenta-se como possível. São causas impeditivas a efetivação da transação penal: a existência de condenação anterior por crime, a existência de transação anterior no lapso de cinco anos, os antecedentes, personalidade, motivos e circunstâncias do crime. O juiz homologa a transação somente quando presentes os requisitos legais. A sentença homologatória da transação penal é impugnada mediante o recurso de apelação. O descumprimento da sentença homologatória, segundo o atual entendimento da jurisprudência nacional, indica que poderá haver o oferecimento de denúncia por parte do Ministério Público. Não ocorrendo a transação penal ou qualquer causa de extinção da punibilidade segue o procedimento na modalidade do rito sumaríssimo. RITO SUMARÍSSIMO Tem previsão nos artigos 77 e seguintes da Lei n.º 9.099/95. A sistemática dos atos é a seguinte: - oferecimento de denúncia (ORAL OU ESCRITA); - citação; - apresentação de defesa preliminar ORAL OU ESCRITA; - recebimento da denúncia ou queixa; - testemunhas arroladas pela defesa e acusação; - interrogatório; - debates orais; - sentença. A sentença do juiz produzirá todos os efeitos penais. O Recurso cabível é a apelação (art. 82) que será julgada por Turmas Recursais, compostas por três juízes de primeira instância. Importante anotar que: - cabe apelação contra sentença homologatória de transação penal; - cabe apelação contra sentença final; - cabe apelação contra decisão de rejeição da denuncia; Cabe opor embargos de declaração (art. 83) no prazo de 05 dias. Não cabem embargos infringentes contra as decisões das Turmas Recursais. Não cabe Recurso Especial, pois esse só cabe contra decisão de tribunais e a turma recursal não é um tribunal. Eventual Habeas Corpus contra ato do juiz do JECRIM deverá ser impetrado perante as Turmas Recursais. Contra ato das Turmas Recursais será competente o Tribunal de Justiça. A Suspensão Condicional do Processo (art. 89) é um instituto despenalizador previsto na Lei n.º 9.099/95 que depende da anuência do réu. Os crimes cuja pena mínima não ultrapasse 1 ano, abrangidos ou não pela Lei n.º 9.099/95, poderão ser objeto deste benefício. Com sua aceitação, o processo fica suspenso de 2 a 4 anos. Tal suspensão dependerá de o réu cumprir algumas condições, tais como: - reparação de danos; - proibição de frequentar lugares; - proibição de ausentar-se da comarca; - comparecimento mensal em juízo. São causas impeditivas do oferecimento da suspensão condicional do processo a existência de ações penais em andamento, de condenação anterior por crime, maus antecedentes, personalidade e conduta do agente. QUESTÕES PARA ESTUDO José, policial militar responsável pelo controle do trânsito, abordou Gonçalo, pedindo-lhe que retirasse o veículo da via por este estar mal estacionado, oportunidade em que Gonçalo retrucou-lhe: “Quero ver o militarzinho borra- botas que é homem para me fazer tirar o carro!”. José conduziu Gonçalo até a delegacia mais próxima, onde a autoridade efetuou os procedimentos cabíveis e encaminhou as partes para o juízo criminal competente. Na audiência preliminar, Gonçalo confirmou as ofensas proferidas e pediu desculpas a José, que as aceitou, ocorrendo a conciliação nos termos previstos em lei. Em face da situação hipotética apresentada e considerando que Gonçalo não tenha antecedentes criminais, responda, de forma fundamentada. Que crime Gonçalo praticou? Em face do crime praticado, qual o procedimento adotado para sua apuração e, ainda, se o representante do Ministério Público tem legitimidade para tomar alguma providência legal? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________. Se a infração, embora de menor potencial ofensivo, deva processar-se perante o Juízo Comum, em virtude da impossibilidade de citação pessoal do acusado (art. 66, parágrafo único, da Lei n.º 9.099/95), o rito procedimental será o: a) ordinário; b) sumário; c) especial; d) sumaríssimo. O Promotor de Justiça ofereceu denúncia contra Joel pela prática de dois crimes de estelionato sob a forma do crime continuado tendo por vítimas, dois médicos. Na mesma ação penal, Félix foi denunciado por um só crime de estelionato, praticado contra a Santa Casa Beneficente de Misericórdia. I. O Promotor de Justiça, corretamente, não ofertou a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) ao réu Joel; II. O Promotor de Justiça equivocou-se ao deixar de oferecer suspensão condicional do processo para o denunciado Félix; III. O magistrado agiu com acerto ao propor, de ofício, a suspensão condicional do processo para o denunciado Félix; Considerando as assertivas acima se afirma que: a) Apenas a assertiva I é correta; b) Apenas a assertiva II é correta; c) Apenas a assertiva III é correta; d) Apenas as assertivas I e III são corretas. GABARITO JECRIM O crime praticado por Gonçalo foi o de Desacato previsto no artigo 331 do Código Penal. O procedimento adotado para sua apuração é o previsto na Lei n.º 9.099/95 – Fase Preliminar e Rito Sumaríssimo. Deve o Promotor de Justiça ofertar o benefício da transação penal (art. 76 da Lei n.º 9.099/95) a Gonçalo, eis que, mesmo ocorrendo a conciliação na audiência preliminar, o crime em tela apura-se mediante ação penal pública incondicionada (art. 24, §2º, do CPP e art. 76 da Lei n.º 9.099/95). LETRA B LETRA A
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