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Giardíase em animais e humanos

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A giardíase é uma doença causada pelo protozoário Giardia spp. que acomete animais domésticos, silvestres e o homem. Tem uma frequência alta na rotina clínica veterinária em todo o país e é uma zoonose de importância mundial. O protozoário acomete com maior frequência animais jovens, sem resistência imunológica ou que convivem em grupos. Nos animais jovens a doença pode ocasionar síndrome da má absorção retardando o crescimento. Alguns animais tem quadros assintomáticos.. Giardia spp. não apresenta especificidade quanto ao hospedeiro e pode parasitar seres humanos assim como uma variedade de outros animais. 
transmissão
A transmissão pode ser tanto pela ingestão de água contaminada quanto pelo contato com fezes ou animal contaminados.
Água: Na grande maioria das vezes, os humanos se infectam pela ingestão de água contaminada. Como o cloro não é a forma de se descontaminar cistos de Giardia, as cidades que utilizam apenas o cloro e não fazem um filtro com a água do abastecimento, acabam “distribuindo” água contaminada. Lembrar que a água contaminada pode por conseqüência contaminar alimentos (ato de lavar alimentos).
Fecal-Oral: A infecção ocorre tanto pelo contato de fezes com cistos, quanto pelo contato com o próprio animal, que pode ter cistos aderidos no pelo. Assim, a higiene, principalmente em crianças é importante p/ evitar transmissão. Em casos de alta população, a contaminação é mais provável pela grande quantidade de cistos eliminados no mesmo local (canis, creches, parques).
Lembrar que o simples fato de um cão cheirar a região anal de outro (para cumprimentar) pode acontecer a transmissão.
É resistente a ambientes úmidos e frios, podendo ser transmitida pela água, alimentos, fecal-oral e sexual.
PATOGENIA
Os mecanismos pelos quais a Giardia causa diarreia e má absorção intestinal não são bem conhecidos. Quando se examinam biópsias intestinais de indivíduos infectados, observa-se que podem ocorrer mudanças na arquitetura da mucosa. Ela pode se apresentar normal ou com atrofia parcial ou total das vilosidades.. Normalmente a morfologia do intestino permanece sem alterações, mas em alguns casos crônicos podem-se evidenciar achados histopatológicos, com achatamento das microvilosidades. Observa-se que os trofozoítos de Giardia aderidos ao epitélio intestinal podem romper ou distorcer as microvilosidades do lado que o disco adesivo entra em contato com a membrana da célula. Além disso, o parasita contém várias proteases que agem sobre as glicoproteínas da superfície das células epiteliais rompendo a integridade da membrana, levando lesões à mucosa, desencadeando também uma resposta inflamatória, tal processo inflamatório leva a um aumento da motilidade do intestino. O parasito entra em contato com macrófagos que ativam os linfócitos T que, por sua vez, ativam os linfócitos B que produzem IgA e IgE. A IgE se liga aos mastócitos, presentes na superfície da mucosa intestinal, provocando a degranulação dessas células e a liberação de várias  substâncias, entre elas a histamina. Desta forma, é desencadeada uma reação de hipersensibilidade, que provoca edema da mucosa e contração de seus músculos lisos, levando a um aumento da motilidade do intestino, o que poderia explicar o aumento da renovação dos enterócitos. As vilosidades ficam assim repletas de células imaturas (deficientes em enzimas) levando a problemas de má absorção e, consequentemente, à diarreia. Por outro lado, os mastócitos também liberam fatores ativadores de eosinófilos e neutrófilos, que agem mais tardiamente, provocando um aumento dessas células no local da reação, dando origem a uma reação inflamatória local, que pode ocasionar a lesão das células epiteliais.
Outros fatores também parecem estar associados como o atapetamento da mucosa por um grande numero de trofozoítos impedindo a absorção de alimentos, e a produção de prostaglandinas pelos mastócitos, que agem diretamente sobre a motilidade intestinal, desencadeando a diarreia.
Não há uma única explicação para a diarréia e a má absorção características nas infecções por Giardia. Na verdade, todo o processo parece ser multifatorial, envolvendo fatores associados às alterações da mucosa, bem como fatores do próprio ambiente  intestinal.
diagnóstico
Giardíase em cães é difícil de diagnosticar desde os protozoários são muito pequenos e não são passados ​​com cada banco. Portanto, uma série de amostras de fezes (uma amostra de fezes de cada durante três dias consecutivos) são normalmente necessários para a detecção do microrganismo. Inspecção microscópica directa de fezes ou  teste de flutuação fecal é feito para detectar a presença de cistos e trofozoítos ativos nelas. Cistos são comumente encontrados em fezes firmes, portanto, soluções especiais são utilizadas para separar e examiná-las ao microscópio. Hoje em dia, um teste avançado de diagnóstico usando tecnologia de ELISA, é o diagnóstico ideal pois mede uma proteína presente no trofozoíto, isto é não precisa estar eliminando cisto e/ou trofozoíto para o teste dar positivo Não faz parte da rotina no Brasil, por ser caro.
Tratamento
O medicamento mais utilizado para o tratamento da giardíase em cães é o metronidazol É relativamente seguro, eficaz, porém não deve ser administrado em gestantes, pois atravessa a barreira placentária.
Quinacrina: é eficaz, porém causa distúrbios comportamentais, letargia, vômitos, e é teratogênicos (não usar em prenhes).
Febendazol: Resultados satisfatórios (mas não tão eficaz quanto o metronidazol), sem efeitos colaterais. Dose de 50 mg/kg ao dia por três dias. Usa-se mais em filhotes e em casos de prenhes.
. Medidas de higiene no local de acesso dos animais fazem parte do tratamento e são fundamentais e indispensáveis, a fim de evitar reinfecções.
Frequentemente, a terapia de suporte deve ser instituída, que inclui a fluidoterapia, modificação alimentar, antieméticos e agentes protetores gástricos, a fim de acabar com os sinais clínicos secundários à infecção intestinal. No entanto, nos casos mais graves, a descompensação aguda pode ocorrer secundária à depleção de volume, perda de fluído e distúrbio ácido básico que ocorrem devido ao trato gastrointestinal ser incapaz de desempenhar suas funções hemostáticas normais. Nesses casos deve ser instituída terapia agressiva, com internamento e intensivismo até a resolução da doença e das consequências geradas por ela.
Conclusão
Diante dos riscos da doença, o que se recomenda por primeiro é a prevenção (vacinação). Manter a higiene pessoal, saneamento básico e cuidado com o manuseio dos alimentos ou água, é fundamental. Havendo contaminação, o tratamento dos animais parasitados torna-se indispensável. Uma forma de precaução importante é realizar a vermifugação periódica e o acompanhamento veterinário, visando diagnóstico precoce, assim como o tratamento de animais infectados e a realização de exames regulares são fatores que podem contribuir para o controle da doença.

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