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CURRÍCULO E MULTICULTURALISMO

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CURRÍCULO E MULTICULTURALISMO: perspectivas para respeito e valorização das diferenças no contexto escolar
INTRODUÇÃO
Preliminarmente, compete mencionar que quando pensamos nas desigualdades sociais de nosso país é mais do que certo que definamos a educação como a solução ou a menos a redução de tal situação. A Educação brasileira procura se ajustar às novas tendências educacionais no sentido de diminuir e erradicar o enorme abismo social que nossa população enfrenta. Os desafios são muitos e as escolhas das estratégias farão a diferença nas tomada de decisões.
O conceito de educação ao longo da vida é a chave que abre as portas do século XXI; ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação permanente. Além disso, converge em direção a outro conceito, proposto com frequência: “o da sociedade educativa” em termos de Delors (2003, p.24) na qual tudo pode ser uma oportunidade para aprender e desenvolver os talentos. 
Frisa-se que perante os desafios suscitados pelo futuro, a educação emerge como um trunfo indispensável para que a humanidade tenha a possibilidade de progredir na consolidação dos ideais de paz, de liberdade e da justiça social. A educação tem um papel essencial para o desenvolvimento contínuo das pessoas e das sociedades a serviço de um desenvolvimento humano mais harmonioso e autêntico, de modo a contribuir para a diminuição da pobreza, da exclusão social, das incompreensões, das opressões, das guerras.
Compete ainda esclarecer que a educação não pode, por si só resolver os problemas desencadeados pela ruptura (quando se verifica tal ocorrência) do vínculo social, no entanto existe a expectativa de que ela contribua para o desenvolvimento do desejo de conviver, coesão identidade nacional. Essa tarefa só pode ser bem-sucedida se a escola vier a fornecer sua contribuição para a promoção e integração dos grupos minoritários, mobilizando os próprios interessados em relação ao respeito por sua personalidade.
É de responsabilidade da educação garantir às crianças e aos adultos as bases culturais que lhes permitam decifrar, na medida do possível, as mudanças em curso; tal postura supõe a elaboração de uma triagem no volume de informações, a fim de fortalecer as habilidades de compreensão e discernimento. E por sua vez os sistemas educacionais devem fornecer respostas para os múltiplos desafios da sociedade da informação, na perspectiva de um enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício de uma cidadania adaptada às exigências do nosso tempo (DELORS, 2003).
Considere-se ainda a importância do governo nas ações econômicas, visando à justiça social. Porém, quando se discursa sobre a realidade brasileira atual, nota-se que o texto legal não é plenamente respeitado, porquanto que alguns poucos, que detém o comando político, subjugam a grande massa da população através de medidas que desmoralizam e comprometem a democracia nacional:
A realidade brasileira, como produto de uma brutal herança histórica, tem sido marcada nestes últimos séculos pelo autoritarismo, pela exclusão e pelo elitismo, como base de manutenção de privilégios de elites que buscam se perpetuar em suas posições de mando e riqueza através da expropriação e da exploração de uma ampla maioria de seres humanos (DORNELLES, 2006, p.50). 
Romper esse círculo vicioso é fundamental. Entretanto, realizar esta ação implica em melhorar – e muito – as escolas públicas, o que exige recursos financeiros muito maiores do que os atuais, e acabar com subsídios que favorecem a educação dos mais ricos na mesma proporção que prejudica a dos mais desfavorecidos. 
Dado o exposto, é fundamental a proposta de discussões reflexivas relacionadas às questões sociais e culturais, conduzindo para o cerne do problema todos que compõem a sociedade, delineando diretrizes que possam ser profícuas aos cidadãos como um todo ou, que pelo menos, que não beneficiem uma pequena minoria em desvantagem da maioria. Nessa perspectiva questiona-se qual o papel da escola para redução das desigualdades sociais, onde as questões relacionadas a gênero, cultura, religiosidade, nacionalidade, raça sejam contempladas de modo a garantir a promoção de uma educação de qualidade voltada para a aprendizagem significativa para todos os estudantes privilegiando a multiculturalidade?
Sabe-se que as instituições de ensino recebem um currículo pré-estabelecido de seus órgãos diretores, mas em muitos casos deixam de lado a possibilidade de adequá-lo às suas realidades de forma a atender às necessidades emergenciais do alunado.
	Baseado nessa visão de que a discussão em torno do currículo, o qual é alvo de pesquisas suscitadas por diversos estudiosos, mostrou que este é realmente um campo de disputas, de relações e de interesses diversos, às vezes antagônicos enquadrados perfeitamente numa única teoria e implementado, rigorosamente como concebido, numa perspectiva científica e racional.
As políticas curriculares, termos de Lopes (1997), que são estabelecidas para delimitarem as indicações necessárias para orientar os processos educativos sobre as competências a serem asseguradas. Os conteúdos a serem ministrados, os métodos e a organização da vida escolar desejáveis, propõem muitas vezes orientações inadequadas e ainda insuficientemente desenvolvidas a dois níveis estreitamente ligados: o processo de elaboração do currículo oficial e a sua concepção através de textos de formação de professores e de toda a política de desenvolvimento da educação. Em contradição a esta concepção, salienta-se que para a concretização de uma educação de qualidade para todos, os currículos devem ter maior legitimidade e permitir o aumento de equidade entre os educandos, contemplando todos os aspectos mencionados anteriormente.
Este ensaio tem como objetivo geral: compreender qual o papel da escola para redução das desigualdades sociais, onde as questões relacionadas a gênero, cultura, religiosidade, nacionalidade, raça sejam contempladas de modo a garantir a promoção de uma educação de qualidade voltada para a aprendizagem significativa para todos os estudantes privilegiando a multiculturalidade. Posteriormente este objetivo foi fragmentado dando origem aos seguintes objetivos específicos: contextualizar currículo escolar a partir da abordagem de alguns estudiosos; conceituar o currículo multicultural; descrever a importância do currículo multicultural e suas implicações na prática docente.
Este trabalho se alicerça na certeza de que o processo educacional é voltado para o conhecimento e que a educação tem caráter emancipador, através da possibilidade de inserção de uma proposta curricular que favoreça a redução das desigualdades sociais voltada para o respeito e valorização das diversidades, oportunizando assim, a oferta de uma educação de qualidade para todos e todas. 
1..CONTEXTUALIZANDO O CURRÍCULO ESCOLAR
Entende-se por currículo escolar como sendo a distribuição dos conteúdos a serem estudados e das atividades a serem empreendidas pelos estudantes em todo o seu percurso pelo ensino básico. Moreira (1997) revela que o currículo pode conservar, transformar e renovar o conhecimento, objetivando estabelecer os valores desejados pela sociedade, defende a ideia de um currículo baseado em experiências. 
Segundo Pacheco (2007, p. 48), o termo currículo vem do latim curriculum que significa lugar onde se corre ou corrida, derivado do verbo currere que significa percurso a ser seguido ou carreira. Neste sentido, o significado de currículo refere-se “a um curso a ser seguido, a um conteúdo a ser estudado”. Reflete, assim, “uma sequência de conteúdos definidos socialmente, com base em sequencias definidas para o processo de aprendizagem” (ibidem).
Considerando a concepção de que currículo é tudo aquilo que uma sociedade considera fundamental que os alunos aprendam ao longo de sua escolaridade, cumpre dizer que este documento ao ser concebido esteja em consonância com a realidade do público ao qual se destina, como forma de não apenas garantir o acesso de todose todas à educação básica, mas sobretudo, a sua permanência referenciada nos sujeitos sociais. 
Importante destacar que o currículo apresenta algumas dimensões sendo elas: currículo formal: é tudo aquilo que é imposto pelo sistema de ensino, como as LDB, PCN, propostas pedagógicas e diretrizes curriculares; currículo real: é toda atividade estruturada ou não estruturada que faz parte do cotidiano dos alunos dentro do espaço escolar para fins das atividades letivas e currículo oculto: são métodos e práticas educativas que trazem resultados de aprendizagens não explícitos de acordo com os planos educativos. Tais como socialização, formação de moral, aquisição de valores e outras atitudes (PEREIRA, 2014).
Compreender a cultura interligada na educação é evidenciar, a partir dos conhecimentos e, por conseguinte, dos conteúdos escolares que educação e cultura são ao mesmo tempo o retrato de passado, a imagem do presente e as chances de futuro, ou seja, é o que precede, ultrapassa e institui enquanto sujeitos humanos (FORQUIN, 1993). Logo, a seleção dos conteúdos escolares constitui um momento de reclamar o direito pelo conhecimento contextualizado e significativo, alimentando, sobretudo, alternativas para a superação de formas homogeneizantes de escolarização.
Vale destacar que o currículo é um importante elemento dentro do contexto escolar, sendo um documento que orienta o trabalho do professor, desta feita seria importante que este fosse readaptado/reformulado/readequado coletivamente pelos membros da escola de forma a contemplar a realidade da mesma e dos alunos propiciando a diversidade de conteúdos, inclusão de alunos com necessidades especiais e atividades desenvolvidas extraclasse. Também deve estar de acordo com o Projeto Político Pedagógico, as Diretrizes Curriculares Nacionais e os Parâmetros Curriculares Nacionais, pois estes outros documentos são sugestivos e definem alguns objetivos e metas a serem alcançado a nível escolar e nacional.
Ao se conceber um currículo deve se considerar que este oportunize a abertura de espaços para ensinar-se a tolerância e o respeito, mas, sobretudo, para provocar análises “[...] dos processos pelos quais as diferenças são produzidas através das relações de assimetria e desigualdade” (SILVA, 2003, p. 89). Nessa perspectiva, a intenção é que o currículo se converta em possibilidade de emancipação pelo conhecimento e, por conseguinte, favoreça a mudança da realidade vivenciada pelos educandos.
Dado o exposto é imperioso voltar um olhar crítico para o currículo escolar a ser adotado no processo de ensino e aprendizagem. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (MEC, 2016):
Em um país como o Brasil, com autonomia dos entes federados, acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades sociais, a busca por equidade na educação demanda currículos diferenciados e adequados a cada sistema, rede e instituição escolar. Por isso, nesse contexto, não cabe à proposição de um currículo nacional. A equidade reconhece, aprecia e os padrões de sociabilidade das várias culturas que são parte da identidade brasileira. Decorre disso a necessidade de definir, mediante pactuação interfederativa, direitos e objetivos de aprendizagem essenciais a ser alcançados por todos os alunos da educação básica. Se a igualdade é pactuada em nível nacional, a equidade é efetivada nas decisões curriculares e didático-pedagógicas das Secretarias de Educação, no planejamento do trabalho anual das instituições escolares, nas rotinas e nos eventos do cotidiano escolar, levando em conta as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas, culturais e de gênero. Daí a importância da articulação entre a BNCC e os currículos e de um intenso regime de colaboração entre todos os atores educacionais, nas mais diversas esferas da federação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2016, p.10-11).
Este documento foi elaborado por 116 especialistas de 35 universidades e 2 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, sob coordenação do MEC. Alguns pesquisadores defendem que o mesmo pode trazer mudanças consideráveis para o contexto educacional, outros apontam fatores negativos.
Mortatti (2015, p.195) define a base como sendo uma peça política que “[...] busca estabelecer certos protocolos de leitura à revelia de evidências”, que segundo ela deve ser lida, analisada e criticada. A autora adverte para falhas relacionadas à ausência de definições e conceitos básicos; a apresentação de temas integradores, sem que se expliquem critérios de escolha e ausência de autores e textos citados, de referências bibliográficas; de fundamentação teórica, de vertentes teórico-conceituais.
Enquanto Burgos (2015) posiciona-se favorável a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Justifica sua defesa a partir de críticas sobre o que temos em vigência em relação à produção dos currículos, pois, de acordo com ele, o modo como produzem os currículos possibilita a autonomia local para produção e com isso acaba impedindo que todos os estudantes tenham acesso ao mesmo conteúdo. Burgos (2015, p. 25) conclui:
(...) a flexibilidade em relação ao que deve fazer parte do mínimo obrigatório do direito a aprendizagem impede que todos os jovens compartilhem um conjunto de saberes comuns, e o resultado, como se sabe, é a reprodução da desigualdade, que se constata, por exemplo, quando se considera que entre os estudantes de 15 a 17 anos que fazem parte dos 20% mais pobres da população, não mais do que 25% estão no ensino médio (BURGOS, 2015. p.25).
O autor ainda assegura que a BNCC tem a real intenção de proporcionar a todos os estudantes o acesso aos conteúdos mínimos necessários como direitos de aprendizagem e desenvolvimento, justificando sua defesa a partir da seguinte fala:
Daí que a melhor defesa da Base seja justamente a preocupação com a equidade escolar, que pressupõe que a igualdade e acesso à aprendizagem devem partir de uma definição clara daquilo que todos devem ter o direito de aprender na escola, independentemente de sua classe social, de seu maior ou menor suporte familiar, e de seu local de moradia (BURGOS, 2015, p.25).
Saviani (2016) alerta para o fato de que a função desse documento seria tão e somente a de ajustar o funcionamento da educação brasileira aos parâmetros das avaliações em larga escala padronizadas para ranquear resultados do ensino brasileiro. Diante das diferentes opiniões de estudiosos respeitados nacionalmente e internacionalmente questiona-se sobre a efetividade desse documento para nortear a elaboração de um currículo que privilegie as especificidades dos educandos.
A implantação de um currículo voltado para a realidade da sociedade e voltado para a multiculturalidade, prioriza o fortalecimento de uma escola pública e da construção de uma qualidade referenciada nos sujeitos sociais, que “[...] possibilita o encontro dos sujeitos históricos e o que faz da escola arena de aprendizado político e pedagógico” (ARAÚJO, 2012, p. 231). Nesta perspectiva, no sentido político, a escola proporciona visibilidades, vez e voz a seus sujeitos para que interfiram no destino da educação. No sentido pedagógico, as aprendizagens acontecem num processo contínuo por meio das múltiplas relações sociais estabelecidas e considerando estes fatores, a aprendizagem:
[...] transcende o ambiente da sala de aula e faz da escola uma arena de saberes e de reflexão permanente para que todos os sujeitos possam se apropriar da cultura, dialogar, interagir com os diferentes, enfim, ganhar visibilidade e se fazer valer como cidadãos na esfera pública (ARAÚJO, 2012, 231).
Outro fator a ser destacado refere-se ao Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas, documento norteador do ensino, o qual deve estar fundamentado nas necessidades do contexto escolar, oferecendo a possibilidade de contribuição com a formação cidadã para uma sociedade justa e fraterna. Nesse sentido o papel da escola ganha efetividade nas demandas sociais presentes e futuras.
O currículo idealapresenta entraves, principalmente por parte da própria escola, que historicamente tem se preocupado em formar os jovens para o mercado de trabalho, garantir o progresso, sendo um instrumento de superação da pobreza. Contudo isso torna-se contraditório, pois o currículo praticado, acaba sendo algo distante da realidade sem a compreensão da própria condição social. 
Saviani (2008) esclarece que não se podem apresentar elaborações curriculares comuns, porque deve existir um currículo para cada contexto, desta forma o currículo deve ser elaborado de acordo com o projeto político pedagógico da instituição e ter como objetivo o aprendizado do aluno. A seguir conceituar o currículo multicultural; descrever a importância do currículo multicultural e suas implicações na prática docente.
2..CURRÍCULO MULTICULTURAL: CONCEPÇÕES, POSSIBILIDADES E IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DOS EDUCADORES NO CONTEXTO ATUAL
	Tendo como alicerce os aspectos mencionados no capítulo anterior, é imprescindível que na concepção de um currículo escolar devem ser considerados os pressupostos teóricos que sustentam as perspectivas multiculturais do currículo e ainda, os docentes devem compreender o currículo escolar como um campo de luta política para a transformação da realidade e elemento organizativo de práticas pedagógicas inclusivas.
Partimos, assim, da hipótese de que a escola é território onde circulam e se mesclam distintas identidades culturais. Comungando com essa suposição, torna-se fundamental reconhecer a diversidade como concernente ao cotidiano de práticas escolares e condição essencial nas decisões para elaboração do currículo escolar, do mesmo modo para a se determinarem alternativas e estratégias metodológicas para a abordagem das questões culturais que estão entremeadas no âmbito escolar.
	Conforme esclarece Silva (2005, p. 85):
A escola e o currículo multicultural consistem em um estudo das questões culturais que perpassam a escola e no reconhecimento da diversidade cultural como parte integrante do contexto escolar de saberes e práticas docentes. Sua importância político-social se evidencia no estabelecimento de uma cultura emancipatória e inclusiva na escola, possibilitando o entendimento dos processos de construção da cultura, seus conflitos e contradições. As questões multiculturais como campo teórico, de forma mais ampla, se constitui numa tentativa de compreender o processo de construção das diferenças dentro da diversidade cultural que se apresenta em sociedades plurais, na tentativa de superar preconceitos e reducionismos culturais. Percebemos, assim, que tornou-se lugar-comum destacar a diversidade das formas culturais do mundo contemporâneo.
As questões culturais são contempladas nos PCN através do tema transversal denominado Pluralidade cultural. Constitui, assim, a proposta curricular dos parâmetros quanto ao tratamento da diversidade cultural no país. Esta é, portanto, uma iniciativa fundamentada em uma perspectiva multicultural do ensino. 
	No Brasil, a perspectiva multicultural como eixo organizativo do currículo escolar se configura nos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1997). As temáticas transversais remetem à situação social atual do país, as necessidades de convivência e transformação, têm como objetivo proporcionar relações sociais e interpessoais pautadas em princípios éticos e democráticos. Para isso perpassam as disciplinas, transitando entre os conteúdos escolares, contextualizando-os, ou seja, situando-os em realidades particulares. Considerando estes aspectos, na formulação de um currículo escolar é imprescindível que este transmita as diversas formas culturais externadas dentro de uma sociedade, possibilitando ao educando compreender e identificar se dentro do espaço escolar o universo no qual ela esteja ou estará inserida dentro de uma sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que o currículo deve estar associado intrinsecamente com o contexto social da comunidade escolar e a educação desenvolvida. Como as escolas públicas do nosso país recebem estudantes provenientes de diversos contextos e culturas, estas precisam retratar essas vivências, valorizando as experiências. 
Desta forma, esses corpos anseiam e merecem um currículo que considere suas fragilidades para a aproximação dos mesmos com sua realidade. Essa tentativa de articulação requer indagações, levantamentos de pesquisas por parte das escolas e seus membros e aferição das dimensões da pobreza que atingem esses corpos. A partir de então, a reflexão sobres os resultados se faz necessária para a tomada de decisão e possivelmente possam ser detectado quais conhecimentos precisam estar presentes no currículo escolar. 
O currículo a que nos referimos deve estar baseado na perspectiva de propor aos professores o desafio de buscar estratégias e recursos didáticos para que os conteúdos advindos de variadas culturas sejam utilizados como veículo para: introduzir ou exemplificar conceitos relativos a uma ou outra disciplina; auxiliar os alunos a compreenderem e investigarem como os referenciais teóricos de sua disciplina implicam na construção de determinados conhecimentos; facilitar o aproveitamento dos alunos pertencentes a diferentes grupos sociais; estimular a autoestima de grupos sociais minoritários ou excluídos; educar para o respeito ao plural, ao diferente, para o exercício da democracia, enfatizando ações e discursos que problematizem e enfraqueçam manifestações racistas, discriminatórias, opressoras e autoritárias, existentes em nossa nossas práticas sociais cotidianas 
Destarte, deve-se ampliar o papel e o significado da educação escolar, levando-se em consideração a necessidade de interação com as vivências e a formação das pessoas da comunidade. Para isso, será necessária à construção de novos currículos que atendam o direito dos alunos pobres. 
	
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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