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Família Enterobacteriaceae Introdução: Enterobactérias são a maior e mais heterogênea família de bactérias Gram negativas de importância médica. São considerados atualmente: 27 gêneros/ 102 espécies/ 08 grupos indefinidos. Independente da complexidade, mais de 95% das amostras implicadas em caso clínicos são colocadas em 25 espécies, sendo possível o isolamento de enterobactérias de qualquer amostra clínica. São divididos através de diferentes provas em 11 principais gêneros, tendo sido descritos nos últimos anos outros 16 gêneros e algumas espécies, mas ainda consideradas de pouca ou nenhuma importância clínica. Características gerais: -Bacilos Gram negativos; -Não esporulados; -Motilidade variável; -Oxidase negativos; -Crescem em meios básicos (caldo peptona), meios ricos (ágar sangue, ágar chocolate e CLED), meios seletivos (Mac Conkey, EMB); -São anaeróbios facultativos (crescem em aerobiose e anaerobiose); -Fermentam a glicose com ou sem produção de gás; -São catalase positivos; -Reduzem nitrato a nitrito; -Sensíveis à luz solar, dessecação, pasteurização e desinfectantes Habitat: São ubiquitários (solo, água, vegetação, microbiota do trato intestinal de animais e homem). São coliformes termotolerantes. Alguns também são considerados enteropatógenos por causarem preferencialmente infecções gastrointestinais como a Salmonella typhi, outras salmonellas, Shigella spp., Yersinia enterocolitica e vários sorotipos de Escherichia coli, embora possam também causar infecção em outros locais. As enterobactérias representam 80% ou mais de todos os Gram negativos de importância clínica isolados na rotina microbiológica São responsáveis por de cerca de 70% das infecções urinárias e 50% das septicemias. Infecções Hospitalares e na Comunidade Nas infecções hospitalares, as enterobactérias que atualmente predominam são: -Escherichia coli; -Klebsiella spp.; -Enterobacter spp.; Os principais gêneros das enterobactérias (cerca de 99% dos isolamentos de enterobactérias de importância clínica) são: Família Enterobacteriaceae -Escherichia coli; -Klebsiella spp.; -Enterobacter spp.; -Proteus spp.; -Providencia spp.; -Morganella spp.; -Citrobacter spp.; -Salmonella spp.; -Shigella spp.; -Serratia sp Fatores de virulência: Existem diversos fatores de virulência associados a membros dessa família, algum deles são comuns à todos os gêneros, como endotoxina, outros são particulares a determinadas cepas. O lipopolissacarídeo (LPS) é o principal antígeno dessa família. As enterobactérias podem ser classificadas sorologicamente de acordo com os componentes do seu LPS: polissacarídeo somático O, antígeno capsulares K e proteínas flagelares H : -Antígeno Somático (O); -Antígeno Capsular (K); -Antígeno Flagelar (H) Outros fatores de virulência: -Endotoxina (sua atividade é dependente do lipídio A do LPS); -Cápsula; -Sistema de secreção do tipo III (Alguns gêneros, como Yersinia, Salmonella e Shigella possuem esse fator de virulência. Esse sistema permite introduzir fatores de virulência dentro da célula eucariota); -Variação de Fase antigênica (O antígeno capsular K e flagelar H pode estar, alternadamente, expressado ou não, protegendo as mesmas de reação com anticorpos); -Resistência ao poder bactericida do soro (outros fatores além da cápsula impedem a reação da cepa com o sistema complemento); -Resistência antimicrobiana; -Sequestro de fatores de crescimento (esse fator de virulência permite às bactérias atuarem sobre as ligações do ferro com a proteína heme ou proteína de ferro quelante e, consequentemente, liberar o ferro). Escherichia coli Escherichia coli, é uma bactéria bacilar Gram-negativa que se encontra normalmente no trato gastrointestinal inferior dos organismos de sangue quente (endotérmicos). A maioria das estirpes de E. coli são inofensivas, mas alguns sorotipos podem causar graves intoxicações alimentares nos seres humanos, e são ocasionalmente responsáveis pela recolha de produtos alimentícios devido à sua contaminação. As estirpes inofensivas constituem parte da flora intestinal humana normal, e podem ser benéficas para os seus hospedeiros ao produzirem vitamina K2, e impedirem que ali se estabeleçam bactérias patogénicas. E. coli e as bactérias relacionadas constituem cerca de 0,1% da flora intestinal, e a transmissão fecal-oral é a principal via utilizada pelas cepas patogénicas que causam doenças. As células desta bactéria podem sobreviver fora do corpo por um tempo bastante limitado, o que faz com que seja um organismo indicador ideal para comprovação da contaminação fecal em amostras quando extraídas para o meio ambiente. Entretanto, existe um crescente número de investigações que identificaram a E. coli persistentes no meio ambiente, capazes de sobreviver por um longo período de tempo fora de um hospedeiro. A bactéria também pode crescer e ser cultivada facilmente e a baixo custo em laboratório, e tem sido intensamente investigada há mais de 60 anos. Assim, pode-se dizer que a E. coli é o organismo modelo procariota mais estudado, e uma importante espécie no campo da biotecnologia e microbiologia, onde serviu como organismo hóspede para a maioria dos trabalhos sobre o ADN recombinante. Em condições favoráveis, leva apenas 20 minutos para se reproduzir. Juntamente com o Staphylococcus aureus é a mais comum e uma das mais antigas bactérias simbiontes da humanidade. A E. coli assume a forma de um bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. São aeróbias e anaeróbias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente. Possui múltiplos flagelos dispostos em volta da célula. Algumas espécies são tão similares ao Shigella e tão diferentes entre si que alguns biólogos recomendam que ambos sejam reclassificados. A E. coli é um dos poucos seres vivos capazes de produzir todos os componentes de que são feitos, a partir de compostos básicos e fontes de energia suficientes. Ela é lactase positiva, uma enzima fermentadora de açúcares que é grandemente responsável pela flatulência de cada pessoa, especialmente após o consumo de leite e seus derivados. Possuem fímbrias ou adesinas que permitem a sua fixação, impedindo o arrastamento pela urina ou diarreia. Muitas produzem exotoxinas. São susceptíveis aos ambientes secos, aos quais não resistem. Possuem lipopolissacarídeo (LPS), como todas as bactérias Gram-negativas. Esta molécula externa ativa o sistema imunitário de forma desproporcionada e a vasodilatação excessiva provocada pelas citocinas produzidas, que pode levar ao choque séptico e morte em casos de septicemia. Categorias E. coli que causam diarreia: 1-Enterotoxigênica (ETEC)- Diarréia do viajante Aderem a enterócitos do intestino delgado e induzir diarréia aquosa pela secreção das enterotoxinas termo-lábeis LTI e LtII,imunogênicas e relacionadas com a toxina colérica e termo-estáveis, STa e STb, não imunogênicas. 2-Enteropatogênica (EPEC)- Lactentes e crianças; surtos em berçários de hospitais e creches; fezes com muco mais sem sangue. Aderem aos enterócitos do intestino delgado e destroem a arquitetura das microvilosidades, induzindo a formação de lesões do tipo attaching/effacing (desarranjos do citoesqueleto),são acompanhados por uma resposta inflamatória e diarréia. 3-Enteroagregativa (EAEC)- Adere ao epitélio do intestino delgado e grosso em um biofilme espesso e elabora citotoxinas e enterotoxinas secretoras. Diarréia aquosa persistente (por mais de duas semanas). 4-Enterohemorrágica (EHEC) (hoje STEC = Shiga Toxing-producing E. coli). Diarréia hemorrágica (cólon/colite) e síndrome hemolítico-urêmica (SHU). Induzem a lesão do tipo attaching and effacing. Toxina de Shiga (Stx)-> absorção sistêmica-> complicações fatais Propagação da doença: Alimentos, ex.: Carne moída crua, leite cru, verduras cruas contaminadas. -Bovinos perderam o receptor Gb3 para a Stx no endotélio de seus vasos -Lesão vascular característica da doençaedematosa dos suínos (frequentemente fatal em leitões desmamados). 5-Enteroinvasiva (EIEC)- Invade a célula epitelial do cólon (plasmídeo ipaH), lisa o fagossomo e se move através das células por nucleação microfilamentos de actina. Produz disenteria (diarréia aquosa com sangue) devido a invasão e destruição da mucosa intestinal. Não fermenta a lactose, identificados através de sondas de DNA. São bioquimicamente e sorologicamente semelhantes à Shigella (que também não fermenta lactose). Causam colibacilose dos pintinhos e colite erosiva hemorrágica. Colisepticemia Pode ocorrer em estágios terminais de animais que sofrem de colibacilose entérica por cepas invasivas. Patogênese não elucidada. A Endotoxina desempenha um papel importante. APEC- E. coli patogênica para aves Causa perdas econômicas devido ao: -Baixo desenvolvimento corporal; -Conversão alimentar insuficiente; -Alta mortalidade; -Alto custo com medicamentos; -Condenação das carcaças; Fatores de Interação: -Manejo; -Nutrição; -Genética das aves; -Imunodeficiências; -Genética bacteriana Mecanismos de virulência multifatorial: -Capacidade de adesão; -Produção de colicinas; -Resistência sérica; -Antígenos capsulares Diagnóstico de infecção por E. coli: O diagnóstico é feito pela cultura de amostras dos líquidos infectados e observação microscópica com análises bioquímicas. São usadas técnicas genéticas para identificar genes presentes no genoma da E.coli. Pode causar dor no final ao urinar, ardência. Causa hematúria e odor fétido. EXPEC- E. coli extraintestinal: -Meningite; -Infecções urinárias; -Infecções abdominais; -Infecções em feridas; -Septicemias; -Piometra
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