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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE MINAS GERAIS
Faculdade Mineira de Direito
O DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA MODERNA NO BRASIL 
Belo Horizonte
2017
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3
CONCEITO DE CIDADANIA .................................................................................................. 3
IMPLEMENTAÇÃO DOS DIREITOS NO PROCESSO HISTÓRICO ............................................ 4
1550 – 1822 ................................................................................................................. 4
1822 – 1889 ...................................................................................................... 4
1889 – 1930 ...................................................................................................... 5
A GRANDE DIFICULDADE NO ESTABELECIMENTO DA CIDADANIA ................... 5
1930 – 1945 ...................................................................................................... 6
1945 – 1964 ...................................................................................................... 7
1964 – 1974 ...................................................................................................... 7
1974 – 1985 ...................................................................................................... 8
A CIDADANIA APÓS A REDEMOCRATIZAÇÃO ................................................... 9
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 10
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 12
Introdução 
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise acerca do desenvolvimento da cidadania moderna no Brasil. A noção de cidadania não nasceu no mundo moderno, porém encontrou nele a sua máxima expressão. Para alcançar a noção de cidadania que se possui atualmente, o país passou, em diversos períodos, por um processo histórico-político que deriva da colonização, tal processo será alvo de discussão e análise neste trabalho. 
Palavras-chaves: direito, cidadania, Brasil, civil, política, social, governo, história.
Conceito de cidadania 
Cidadania, assim como o Direito, se molda de acordo com as transformações da sociedade e seu contexto histórico, portanto não é possível afirmar que a cidadania é uma constante estável assim como todo fato social.
“O conceito contemporâneo de cidadania se estendeu em direção a uma perspectiva na qual cidadão não é apenas aquele que vota, mas aquela pessoa que tem meios para exercer o voto de forma consciente e participativa. Portanto, cidadania é a condição de acesso aos direitos sociais (educação, saúde, segurança, previdência) e econômicos (salário justo, emprego) que permite que o cidadão possa desenvolver todas as suas potencialidades, incluindo a de participar de forma ativa, organizada e consciente, da construção da vida coletiva no Estado democrático”. BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura. Comentários à Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 7. Texto de José Luis Quadros de Magalhães.
Para o autor José Murilo de Carvalho a cidadania se divide em direitos civis – que garantem a vida em sociedade –, políticos – participação do cidadão; voto – e sociais – participação na riqueza coletiva. E o titular desses três tipos de direito seria chamado de ‘cidadão pleno’. Essa distinção dos direitos foi antes abordada pelo autor T. A. Marshall, que trouxe a ideia de sequencia no surgimento dos desses direitos, consequentemente tornando a cidadania um fenômeno histórico. Contudo, os caminhos para esta ‘cidadania plena’ não seguem linha reta. No caso do Brasil, Carvalho destaca duas diferenças importantes “[...] uma cidadania plena, que combine liberdade, participação e igualdade para todos, é um ideal desenvolvido no ocidente e talvez inatingível. A Segunda refere-se à alteração na sequência em que os direitos foram adquiridos: entre nós o social precedeu os outros.” (CARVALHO 2002. p.9)
A construção da cidadania e tudo o que ela representa ocorreu de forma singular no Brasil. Ao decorrer do estudo histórico do Brasil podemos perceber que as ações e escolhas ocorridas no passado ocasionaram em consequências problemáticas da atualidade que dificilmente serão revertidas. Analisaremos desde o primórdio da sociedade brasileira, identificando as possíveis causas da insatisfatória cidadania e política atual.
Implementação dos Direitos no Brasil no processo histórico
1500 - 1822
No inicio do processo de colonização do Brasil, os Portugueses tinham como objetivo, além de aumentar seu poder politico, a ampliação do comércio, e para a concretização de tais desejos uma mão de obra barata era necessária. O efeito imediato da conquista foi à dominação e o extermínio, pela guerra, pela escravização e por doenças de milhões de indígenas. 
Com a privação da liberdade, a cultura dos residentes de nosso território foi deixada de lado e quesitos importantes para a formação do cidadão foram abandonados. A sociedade analfabeta, assunto de muito enfoque para José Murilo de Carvalho, foi o primeiro problema para o desenvolvimento da cidadania. Para que o cidadão lute por seus direitos civis, políticos e sociais é necessário o conhecimento e estudo dos mesmos. O fator mais negativo para a cidadania foi a escravidão. A escravização de índios foi praticada no início do período colonial, mas foi proibida pelas leis e teve a oposição decidida pelos jesuítas. Os escravos começaram a ser importados na segunda metade do século XVI.
Os portugueses investiram no latifúndio monocultor e exportador, de base escravista, tendo como principal matéria prima, a cana de açúcar. O produto era importado por toda a Europa transformando o açúcar na primeira riqueza agrícola e industrial do Brasil. Entretanto houve problemas, a desigualdade entre os senhores donos dos engenhos se tornou evidente e com o inicio de produção de açúcar pelas colônias Holandesas, Inglesas e Francesas, o Brasil entrou em crise. No século XVIII, foi descoberta uma nova forma de enriquecimento, a mineração, que necessitava de menor investimento e menor mão de obra. As consequências do comércio foram tão intensas que a iniciou a formação de núcleos populacionais ao redor dos garimpos. A população escrava atingiu números absurdos devido ao desenvolvimento comercial. Todas as pessoas possuíam escravos como uma forma de renda, o que foi um segundo problema para o desenvolvimento da cidadania. Sendo uma sociedade escravocrata o exercício da cidadania foi algo impossível, nas votações municipais pessoas que eram privadas de liberdade não obteriam o verdadeiro significado de direito civil, não havia o entendimento de que todos eram iguais perante a lei. O poder ficava do Estado ficava principalmente nas mãos dos grandes proprietários, se tornando um instrumento de poder pessoal. Na época a população não poderia contar com um poder público que poderiam fazer com que os direitos fossem igualitários. Não era possível ter uma cidadania plena.
As manifestações pelos direitos civis eram a única forma vista para reivindicar os mesmos, inspirados nos ideais Iluministas da Europa e na Revolução Francesa, surgiram revoltas como a Inconfidência Mineira e a dos Palmares, a partir desse momento começaram a surgir a consciência e importância dos direitos políticos e civis e a oposição contra a Monarquia.
1822 - 1889
A independência do Brasil foi extremamente pacifica, apenas com concentrados conflitos e sem a participação completa de toda a população. Com o intermédio da Inglaterra, Portugal aceitou abdicar de sua colônia sobre a condição do pagamento de dois milhões de libras esterlinas. Após esse processo, a elite brasileira entrou no consenso de que amonarquia era a melhor forma de controlar a ordem social e manter a união das províncias, ao invés de instaurar uma Republica.
Com a elaboração da constituição em 1824 o poder politico foi separado em quatro: o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e um quarto poder reservado ao imperador, Moderador que permitia a livre nomeação dos ministros de Estado, independentemente da opinião do Legislativo. Em 1831, o primeiro imperador foi forçado a renunciar, Implantou-se um governo inspirado nas monarquias constitucionais e representativas europeias, porém mesmo com o avanço político, a escravidão continuava intacta, voltando ao problema dos direitos civis. 
A primeira constituição, do ponto de vista do autor, foi a mais liberal comparada aos países europeus, aumentou os direitos políticos expandindo o voto para homens maiores de 21 anos e com independência econômica. As eleições mesmo abrangendo grande parte da população, inclusive os analfabetos, ainda eram fraudulentas já que o voto era indireto e com isso os senhores exerciam grande pressão sob aqueles que não possuíam conhecimento sobre a constituição; exigindo de seus empregados a lealdade, gratidão e obediência e posteriormente comprando votos. Com as constantes fraudes, surgiram campanhas pelo voto direto onde alguns políticos preocupados com a influência dos governantes queriam a correção. Então em 1881 tomaram as medidas de restringir o voto, retirando os analfabetos da lista e implementando o voto direto que perdurou mesmo com a proclamação da republica. O numero da população participante da política brasileira caiu de 1,3% da população para 0,9% um grande retrocesso para o Brasil em comparação as evoluções dos países europeus.
1889 - 1930
A proclamação da republica em 89, apesar de ideias da revolução francesa, pouca coisa mudou no país, que continuou conservador. Uma das mudanças foi a introdução do federalismo, inspirado nos Estados Unidos, descentralizando o poder e elegendo também os governantes dos estados, facilitando as formações de oligarquias e o coronelismo. A primeira republica ficou conhecida como República dos Coronéis devido a grande influencia politica, com o aumento da disputa pelo poder as fraudes se tornaram mais intensas além de impedir de que os direitos civis sejam exercidos, pois ao invés de cidadãos os coronéis os consideravam seus súditos, não havia um poder publico baseado nas realizações dos desejos e necessidades dos cidadãos consequentemente não havia direitos civis.
A grande dificuldade no estabelecimento da cidadania
A escravidão no Brasil manteve se ate o ano 1888, a sociedade foi tão persistente em mante la que tornou o Brasil na ultima nação crista a permitir a abolição. Ao contrário dos Estados Unidos que após a libertação dos escravos investiram na sua educação e aceitação pela sociedade, no Brasil não foram oferecidos aos escravos as oportunidades para um possível recomeço na vida, “As consequências disso foram duradouras para a população negra, Até hoje essa população ocupa posição inferior em todos os indicadores de qualidade de vida. É a parcela menos educada da população, com os empregos menos qualificados, os menores salários, os piores índices de ascensão social" (CARVALHO, 2002. p. 52), sendo excluídos socialmente e impossibilitando o inicio de uma igualdade entre a população.
Sendo o direito civil a base para as conquistas de outros direitos, o direito social se tornou igualmente precário, sendo controlado principalmente por associações particulares. A constituição republicana de 1891 impediu que o governo de interferir em questões da regulamentação de trabalho e retirou o dever do governo de fornecer educação primária para a população. A assistência existente para a população era fornecida pelos coronéis, que assim poderia manter o controle dos cidadãos. 
Alguns autores citados por Jose Murilo de Carvalho, disseram que ate 1930 não havia cidadania no Brasil, mas Carvalho propõe uma visão mais ampla de cidadania abordando não apenas mecanismos legais e vendo como cidadania também manifestações populares como os movimentos abolicionistas e as revoltas (Revolta dos Cabanos, Balaiada, Cabanagem, Sabinada, Farroupilha, Canudos, etc.)
1930 – 1945
O ano de 1930 foi muito importante para o país com a queda da velha República, ocorrendo várias transformações sociais e políticas. A Revolução de 1930 implementou uma nova geração de políticos oligarcas com propostas inovadoras, como a criação de Ministérios do Trabalho, da Industria e do Comércio e criação de uma legislação trabalhista com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que persiste até nos dias de hoje com poucas alterações. Em compensação os direitos civis foram prejudicados por conta da repressão da ditadura de Getúlio Vargas. Mesmo com os direitos trabalhistas, as greves e oposições ainda eram proibidas e o sistema excluía categorias de trabalhadores, como os autônomos, os domésticos e todos os trabalhadores rurais. Isso foi chamado por Wanderley G. dos Santos como “cidadania regulada”, limitada por restrições políticas. 
Para Carvalho, o governo revolucionário durou mais tempo do que o devido, culminando na oposição da elite, principalmente em São Paulo, causando a Revolução Constitucionalista em 1932, a mais importante guerra civil brasileiro no século XX, que exigia o fim do regime ditatorial e restabelecer o controle do governo federal pelos estados. Com a revolução, conquistaram o direito ao voto – inclusive feminino – secreto e uma justiça eleitoral. Com essa Constitucionalização, formaram dois movimentos, à esquerda A Aliança Nacional Libertadora (ANL), e à direita a Ação Integralista Brasileira (AIB), onde ambos desprezavam o liberalismo e propunham reformas econômicas e sociais. Em 1935, a ANL foi fechada pela repressão do governo na tentativa falha de revolução. De 1937 á 1945 o país viveu em uma ditadura civil, onde ainda havia repressão e censura sem interferência exagerada na vida privada. 
"Apesar de tudo, porém, não se pode negar que o período de 1930 a 1945 foi a era dos direitos sociais. Nele foi implantado o grosso da legislação trabalhista e previdenciária. O que veio depois foi aperfeiçoamento, racionalização e extensão da legislação a número maior de trabalhadores. Foi também a era da organização sindical, só modificada em parte após a Segunda democratização, de 1985". CARVALHO, José Murilo de Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p.124
1945 – 1964
A partir de 1945, a participação do povo na vida política aumentou, crescendo o número de eleitores, favorecendo a democracia representativa. Com a nova Constituição de 1946, que expandiu a de 1934, o país entrou em sua maior fase democrática, mantendo os direitos políticos e civis conquistados anteriormente. Até 1964, houveram eleições, liberdade de expressão, partidos políticos livres, etc. Porém, as greves ainda eram proibidas e os soldados e analfabetos excluídos do sufrágio, o que prejudicava os trabalhadores rurais por serem em sua maioria analfabetos. De acordo com o autor, a cassação do mandato do Partido Comunista em 1947 e a proibição de soldados e subagentes se elegerem, foram marcos do retrocesso democrático durante o período. 
Em 1953 a luta pelo monopólio estatal da exploração e refino do petróleo aumentou com o surgimento da Petrobras, que também trouxe maior sentimento nacionalista. Do outro extremo, havia os defensores da abertura do mercado ao capital externo, que condenavam a aproximação entre o governo e os sindicatos e com uma política em cooperação com os Estados Unidos. 
Em 1956 Kubitschek, sucessor de Vargas que suicidou em 1954, continuou com o processo de democratização, além de novas politicas que beneficiaram a população, como o aumento do salário mínimo – o maior até hoje – e investimentos industriais. Porém a população rural, ainda ficava fora da legislação social e sindical. Mesmo em 1955 que as Ligas Camponesas conseguiram êxito e os trabalhadores rurais entraram na política nacionalcom voz própria e em 1963 o Estatuto do Trabalhador Rural estendendo a legislação também para o campo, sem recursos para implantação, os trabalhadores continuaram sendo excluídos. 
Os únicos presidentes que se preocuparam com a questão agrária – Jânio Quadros e João Gourlat – não tiveram tempo de cumprir seus mandatos, sendo o ultimo acusado de comunismo com sua insistência às Reformas de Base, o que facilitou o golpe militar de 1964. Com a Guerra Fria e a corrida entre os EUA e a URSS, o Brasil e sua proximidade de Cuba não podia permitir um governante ‘comunista’ sendo o maior país da América do Sul, por isso o próprio Estados Unidos financiou um golpe militar. Para o autor, o golpe se deu pela de falta de fé na democracia das elites, que entraram em uma corrida pelo controle sobre o governo.
1964 – 1974
Apesar das eleições ainda acontecerem durante o regime militar, a violência e censura, ainda eram maiores do que em 1937, com os Atos Institucionais (AI) que cassavam mandatos, suspendia direitos políticos, aposentavam forçadamente, perseguiam, exilavam e prendiam. Havia também espécies de inquéritos, como Inquéritos Policiais Militares (IPMs), onde opositores, maioria esquerdistas, eram condenados. A justificativa para o caos era a do perigo comunista. 
Com a derrota do regime em 1966 nas eleições, medidas mais repressivas começaram a ser tomadas com a AI-2, que repôs o bipartidarismo, aumentou o poder do presidente, reformou o judiciário e restringiu o direito à opinião. 
 1968 à 1974 foram considerados os piores anos do regime. Conhecidos como os Anos de Chumbo, a AI-5 iniciada no governo de Costa e Silva e imposta no governo de Médici, atingiu a pior repressão do regime. Com uma maior censura da imprensa, limitação da liberdade de expressão, os partidos eram controlados pelo governo, as greves proibidas, os sindicatos ameaçados, a integridade física era violada com torturas embaixo de delegacias, o direito à vida fora completamente ignorado. Estudantes, guerrilheiros e movimentos de esquerdas começaram a surgir clandestinamente com manifestações políticas pela volta da democracia, sofrendo assíduas opressões agora salvaguardas por uma Constituição que incorporava os Atos Institucionais e admitia pena de morte por fuzilamento. “Segundo levantamento de Marcos Figueiredo, entre 1964 e 1973 foram punidas, com perda de direitos políticos, cassação de mandato, aposentadoria e demissão, 4.841 pessoas, sendo maior a concentração de punidos em 1964, 1969 e 1970.” (CARVALHO, 2002. p 169).
Também foi a época do “milagre econômico” com as políticas do Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) a economia supostamente cresceu, diminuindo a inflação herdada pelo governo de Kubistchek, mas com o crescimento da economia houve também a diminuição de 50% do salário mínimo, ou seja, as camadas mais pobres não foram beneficiadas pelo tal milagre. A população urbana também aumentou consideravelmente, já que grande parte da população do campo deslocou para as cidades grandes. O crescimento rápido beneficiou apenas uma parte da população, a elite, aumentando as desigualdades. 
Apesar da limitação aos direitos políticos e civis, o governo militar expandiu os direitos sociais criando em 1966 o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Em 1971, foi criado o Fundo de Assistência Rural (Funrural), que efetivamente incluía os trabalhadores rurais na previdência. Empregadas domésticas e trabalhadores autônomos, ainda excluídos foram incorporados em 1972 e 1973 respectivamente. Em 1974 o Ministério da Previdência e Assistência Social. Essas politicas sociais sendo criadas como forma de atrair eleitores e público à favor do governo, para que a ameaça comunista e as ideologias esquerdistas não fossem espalhadas. 
1974-1985 
Em 1974 o general Ernesto Geisel começou a promover um lento retorno à democracia, já que uma ditadura não condizia mais com as convicções liberais de seu grupo. O autor cita algumas razões pelas quais Geisel e seus aliados tomaram a iniciativa de desmontar o sistema autoritário: "A abertura começou em 1974, quando o general presidente diminuiu as restrições à propaganda eleitoral, e deu um grande passo em 1978, com a revogação do AI-5, o fim da censura prévia e a volta dos primeiros exilados políticos" (CARVALHO, 2002. p.173) Também é válido para o autor como motivos do declínio, a crise do petróleo que atrapalhava a economia sendo melhor para o governo redemocratizar do que enfrentar uma crise econômica. Isso mostra que, a ressureição da democracia teve inicialmente sua origem não pela pressão da oposição, mas sim do próprio regime. 
Geisel em sua empreitada diminuiu as restrições à propaganda eleitoral fazendo com que a esquerda e oposição ter acesso e liberdade, em 1979 o Congresso votou em uma lei de anistia que devolveu os direitos políticos, acabou com o bipartidarismo admitindo seis novos partidos e surpreendeu com a participação, antes nula, dos sindicatos metalúrgicos e rurais. Isso fez com que houvessem mais valorização dos direitos humanos e oposição ao regime militar, havendo maiores manifestações da camada mais baixa e até mesmo membros da Igreja Católica. 
Em 1984 Barbosa Lima Sobrinho foi candidato à vice-presidência da República na chapa da oposição, teve participação ativa da campanha das Diretas Já, que teve como objetivo pressionar o Congresso Nacional a aprovar a emenda Dante de Oliveira, com qual se pretendia restabelecer eleições diretas para a presidência da República em 1985. No entanto, a emenda Dante de Oliveira foi derrotada no Congresso em 25 de abril de 1984. O movimento Diretas Já, de acordo com José Murilo de Carvalho, foi a maior mobilização popular do país fazendo a elite, associações, artistas, estudantes, professores, médicos, etc. se unirem contra a ditadura e mesmo com a recusa à emenda, fez com que Tancredo Neves ganhasse as próximas eleições indiretas.
Ao ano de 1985, na queda do regime militar, os direitos civis estabelecidos antes do regime militar, tais como a liberdade de expressão, de imprensa e de organização, foram renovados, embora muitos deles, a base na continuação de Marshall, continuem imperdoáveis à maioria da população. A forma estranha como os direitos que demonstram à ideia de cidadania. E muito embora os direitos políticos tenham adquirido dimensão nunca antes atingida a partir de 1988, a democracia política não resolveu os problemas mais urgentes, como a desigualdade e o desemprego. Permanecem os problemas da área social e houve complicações da situação dos direitos civis no que se refere à segurança individual.
A cidadania após a redemocratização.
A redemocratização com um presidente civil em 1985, fez com que houvesse uma Constituição liberal e democrática, recebendo por isso a denominação de Constituição Cidadã, garantindo os direitos civis do povo. Com uma eleição direta em 1989 os direitos políticos, além de terem sido retomados, atingiram uma amplitude jamais vista no país, mas que não resolvia problemas como desigualdade, desemprego, corrupção, etc. trazendo uma frustação e desilusão para a população que após o terror vivido durante duas ditaduras, esperava melhorias por parte do governo. Toda frustação e desencantamento, levou à eleição de Fernando Collor, que de acordo com o autor era “um presidente despreparado, autoritário, messiânico e sem apoio político no Congresso” (CARVALHO, 2002. p 204), ocorrendo mais insatisfação da população que voltou às ruas em busca do impeachment do novo presidente, tendo mais uma vitória importante para a cidadania brasileira. Foram essas manifestações populares que trouxe esse senso de cidadania de volta à população, que acreditava em um governo melhor e que representasse verdadeiramente, uma nação humilhada que buscava ascensão após tanta repressão sofrida. Por conta disso que várias evoluções aconteceram nesse período, como redução do analfabetismo, menores taxas de mortalidade infantil, entre outros. Mas as desigualdades ainda persistiram e persistem até hoje no Brasil, riquezasacumuladas na mão de uma pequeníssima parcela da sociedade, enquanto sua maior parte encontra-se numa miséria profunda. "Crescendo ou não, o país permanece desigual. O efeito positivo sobre a distribuição de renda trazido pelo fim da inflação alta teve efeito passageiro". (CARVALHO, 2002 p.209)
Para o autor, é mais preocupante a negligencia para com os direitos civis, recuperados da ditadura, onde não há nenhuma garantia deles por parte do Estado, deixando a integridade física, o acesso à justiça e segurança individual à mercê sem profissionais qualificados para exercer a função de proteção da popular. Mesmo com a volta da democracia, da liberdade, dos direitos, a cidadania no Brasil ainda tem um longo caminho para percorrer e se recuperar de grandes assaltos à ela.
Conclusão
Desde a colonização, um longo caminho foi percorrido, diversas fases da história brasileira trouxeram, ao presente do país, progressos indiscutíveis, mas também empecilhos ao alcance de uma cidadania plena. No livro: Cidadania no Brasil, de José Murilo de Carvalho. O autor diz que os caminhos podem sofrer desvios e retrocessos, nem sempre será uma linha reta, sendo, então, contrário a lógica sequencial de T. A. Marshall.
Um dos grandes enfoques da problematização da cidadania, trazido por José Murilo de Carvalho ao logo da história do Brasil, é a falta de educação do povo, tratado por ele como analfabetismo, ainda se faz presente e torna suscetíveis as massas de manobra, mesmo que o a quantidade de analfabetos tenha reduzido no Brasil ao longo dos anos, o analfabetismo funcional ainda é extremamente expressivo, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, o Brasil é o 2 colocado no ranking do 64 países analisados no relatório intitulado “ Alunos de baixo desempenho: por que ficam para trás e como ajudá-los?”no ano de 2012. Quem não possui compreensão e conhecimento dos mesmos, dificilmente irá questionar.
Cada período da história brasileira modificou aspectos políticos e sociais da nação, modificações, que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento do país, mas também, causadoras de um problema extremamente complexo. Desde o período colonial, os latifundiários e depois também os industriais são os grandes influenciadores no cenário brasileiro, temos um legado de uma centralidade do executivo com demasiada supremacia, sendo tratado como o poder de maior importância e isso causa uma deficiência da fiscalização e controle por parte dos demais poderes, tornando, portanto, o poder executivo alvo de manipulação daqueles que são os detentores da influência econômica. O desenvolvimento da sociedade capitalista, de forma mundial, e o aumento de sua complexidade trazem cada vez mais dificuldades para uma cidadania plena, uma vez que os interesses econômicos se tornam cada vez mais acirrados e a desigualdade é crescente, a ineficácia do modelo atual da democracia do Brasil é ressaltada quando:
“Por sua vez, a população declarante, pertencente ao 1% mais rico, detém 52,7% da riqueza total dos 5% mais ricos, enquanto a razão entre 0,1% e 5% é de 23,2% dos bens e direitos líquidos. Isso significa que, em 2014, os cerca de 26,7 mil brasileiros pertencentes ao milésimo mais rico da distribuição possui mais da metade da riqueza total declarada pelo 1,3 milhão de pessoas mais ricas (equivalente aos 5% mais ricos).
A principal conclusão é que a concentração de renda e riqueza entre os mais ricos é substancial, sobretudo no último milésimo de renda. Em média, o 1% mais rico acumula 14% da renda declarada no IRPF e 15% de toda a riqueza. A elevada desigualdade no topo da distribuição de renda tende a limitar a igualdade de oportunidades na sociedade e pode ser um inibidor do crescimento econômico.” [¹]
Temos ainda uma situação oligárquica, isto é, poucos se beneficiam substancialmente das medidas do Estado, em uma população de irrefutável desigualdade, onde a menor parte da população detém maior parte da riqueza, é evidente que a cidadania e os direitos relacionados a ela não têm a devida relevância quando se trata da prática. 
Ao levar em conta a obra de José Murilo de Carvalho, escrita no ano 2002, se faz impossível não observar o cenário político atual e a posição da sociedade brasileira. Na introdução da obra, José Murilo de carvalho, diz não haver saudosismo com relação à ditadura Militar, contudo na atualidade, passados 15 anos da publicação, temos uma parcela da população inclinada à volta do militarismo, vivemos um período de extrema descrença no governo e descrença na democracia brasileira, que se mostra ineficaz mediante a tamanha desigualdade e pobreza, que é a prova de que a conquista do voto, do voto universal não é garantia de um governo atento aos problemas ou até necessidades básicas da população, os direitos conquistados na jornada dos brasileiros não gera, como diz José Murilo de Carvalho, automaticamente o gozo de outros direitos, como a segurança, emprego, educação e saúde.
 “Pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta segunda-feira (2) pelo jornal "Folha de S.Paulo" mostra os seguintes percentuais de avaliação do governo do presidente da República, Michel Temer (PMDB):  Ruim/péssimo: 73%; Regular: 20%; Ótimo/bom: 5%; Não sabe: 2%. O Datafolha ouviu 2.772 pessoas, em 194 municípios, nos dias 27 e 28 de setembro de 2017. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.  O nível de confiança da pesquisa divulgada nesta segunda-feira, segundo o Datafolha, é de 95%, o que quer dizer que, se levarmos em conta a margem de erro de dois pontos percentuais, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%.  Em junho, a pesquisa anterior do Datafolha sobre a aprovação do governo Temer apontou que 7% o consideravam bom ou ótimo; 69% o consideravam ruim ou péssimo; e 23% avaliavam o governo como regular.” G1, Globo notícias. 02/10/2017
Os níveis de insatisfação da população se mostram alarmantes, o governo atual, que surgiu através de um processo de impeachment, não, de longe, o desejo da população, a parcela da mesma que estava também insatisfeita com a presidenta anterior, Dilma Rousseff, instigou a sua saída do poder. O que é necessário refletir é se a cidadania nesse momento foi respeitada, não houveram crimes e atos da anterior presidenta que justificariam sua saída, além da insatisfação com o governo, contudo o atual presidente permanece intacto, mesmo com índices de rejeição maiores, por que? Talvez um interesse político e econômico, que sobressaem-se ao
interesse popular e corrompem a cidadania em si. Desde o começo das manifestações atuais, em 2013, se pode observar como a mídia manipula informações sobre os movimentos, como o governo oprimiu alguns dos mesmos e usou de violência, mesmo em um Estado de livre opinião. Estamos diante de uma conjuntura de retrocesso e manipulação da cidadania, onde o povo esta insatisfeito com as medidas do governo, porém não encontra em sua “voz” o poder de mudanças.
Referências bibliográficas 
[¹] http://www.fazenda.gov.br/centrais-de-conteudos/publicacoes/transparencia-fiscal/distribuicao-renda-e-riqueza/relatorio-distribuicao-da-renda-2016-05-09.p
http://nelsoncaraujo9.blogspot.com.br/2013/10/resumo-cidadania-no-brasil-um-longo.html 
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/cidadania-aprisionada-o-direito-eleitoral-na-ditadura/ 
https://www.todamateria.com.br/ditadura-militar-no-brasil/ 
https://www.educabras.com/enem/materia/sociologia/aulas/cidadania_brasileira

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