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Notas de aula TEORIA GERAL DO PROCESSO

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Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 1 
 
Astried Brettas Grunwald Cel-9223-1012 astried_grunwald@yahoo.com.br 
VT = 04/04/2014 equipe com quatro integrantes, pode ser utilizado qualquer fonte de pesquisa 
que não seja eletrônica. 17/04/2014 simulado ENADE 
Autores recomendados: Ada Pellegrini; Humberto Theodoro Junior; Arruda Alvim; Misael Montenegro; 
Ovidio Batista; Cândido dinamarco; Moacyr Amaral dos Santos; Alexandre Câmara; Vicente Greco. 
Pretensão – é direito de 
exigir de outrem que faça 
ou deixe de fazer certo ato. 
ANTENÇÃO: o conteúdo destas notas de aulas reflete a minha compreensão sobre o que 
foi ministrado em sala de aula. Ao estudar por apontamentos de outro aluno, você estará 
lendo o entendimento deste, e não necessariamente o que foi dito pelo professor. Ademais, 
as notas de aulas podem sofrer alterações na esquematização, na ordem, bem como 
acréscimos de outras fontes de pesquisa (geralmente transcritas usando fonte itálica). 
14/02/2014 
I – Interesses, Lide, Composição da Lide 
1 – Interesses, Lide, Composição 
1.1 Interesses – é a pretensão, é o mesmo interesse de dois 
ou mais sujeitos pelo mesmo objeto. Esta pode ser: 
 Individuais – interesses que identifica o 
sujeito que pleiteia o objeto. Consegue-se identificar 
exatamente o sujeito da lide e apenas este pode pleitear 
judicialmente. 
 Transindividuais – há muitos interessados e não se pode 
individualizar o interessado. Está dividida em duas partes que tem em comum 
não conseguir individualizar 
 Difusos – não possui vínculo jurídico 
 Coletivos – possui vínculo comum. 
Interesse
é a pretensão 
pretenção resistida
Individuais
identifica exatamente o 
sujeito da lide 
Transindividuais
não se pode indentificar o 
sujeito interessado
Difuso
não possui vínculo 
jurídico
Coletivo
possui vínculo comum.
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 2 
 
Conflito de Interesses (lide) – quando no mínimo dois indivíduos tem interesse no 
mesmo objeto. Sua Estrutura é formada por, no mínimo dois sujeitos, um objeto e 
haver pretensão resistida. 
I - Formas compositivas (solução) 
1 - Formas Autônomas - se desenvolve exclusivamente através dos 
envolvidos no conflito. 
1.1 - Autodefesa ou autotutela - Conceito: é uma forma de conseguir a satisfação da 
pretensão fazendo uso de sua própria força e na medida dela. Características: 
força física, parcialidade, ausência de juiz, imposição por uma das partes à outra. A 
repressão aos atos criminosos se fazia em regime de vingança privada e, quando o 
Estado chamou a si o jus punitionis, ele o exerceu inicialmente mediante seus 
próprios critérios e decisões, sem a interposição de órgãos ou pessoas imparciais 
independentes e desinteressadas. Hoje, encarando-a do ponto de vista da cultura 
do século XX, é fácil ver como era precária e aleatória, pois não garantia a justiça, 
mas a vitória do mais forte, mais astuto ou mais ousado sobre o mais fraco ou mais 
tímido. 
 
Apesar da enérgica repulsa à autotutela como meio ordinário para a satisfação de 
pretensões em benefício do mais forte ou astuto, para certos casos 
excepcionalíssimos a própria lei abre exceções à proibição. Constituem exemplos o 
direito de retenção (CC, arts. 578.644, L219, 1.433, inc. II, 1.434, etc.), o desforço 
imediato (CC, art. 1.210, § lº), o direito de cortar raízes e ramos de árvores 
limítrofes que ultrapassem a extrema do prédio (CC, art. 1.283), a 
autoexecutoriedade das decisões administrativas; sob certo aspecto, podem-se 
incluir entre essas exceções o poder estatal de efetuar prisões em flagrante (CPP. 
art. 301) é os atos que, embora tipificados como crime, sejam realizados em 
legítima defesa ou estado de necessidade (CP, arts. 24-25; CC, arts. 188, 929 e 
930). 
 São duas as razões pelas quais se admite a conduta Unilateral invasora da esfera 
jurídica alheia nesses casos excepcionais: a) à impossibilidade de estar o Estado-
juiz presente sempre que um direito esteja sendo violado ou prestes a sê-lo; b) a 
ausência de confiança de cada um no altruísmo alheio, inspirador de uma possível 
autocomposição. - ADA PELLEGRINO - Teoria Geral do Processo 2012, pág. 37. 
 
1.2 - Jurisconstrução – é exclusivo da autotutela. Pelo uso da força se constrói novas 
normas. É a construção do direito de forma temporária porque o conflito 
solucionado desta forma pode mudar rapidamente. Não há estabilidade ou 
segurança jurídica. 
1.3 - Autocomposição – solução dos conflitos pelas partes usando o consenso, o 
acordo, sem uso da força física. Depende da manifestação de vontade das partes de 
modo bilateral. A autocomposição se divide em extraprocessual e endoprocessual. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 3 
 
Endoprocessual - 
Refere-se a atos praticados 
dentro do processo judicial. 
Por Dicionário inFormal (SP) em 18-03-
2012 
 
a) Extraprocessuais 
Negociação - Nesta o negociador vai informar qual solução para o 
problema, expondo as opções para o conflito, não há preocupação com a paz entre os 
lados, geralmente há apenas um negociador, o aspecto mais importante é o jurídico. 
Mediação - visa o restabelecimento da relação social, da 
comunicação, o aspecto mais importante é o aspecto social. 
Conciliação – diferentemente da negociação, geralmente há mais de 
um conciliador ou pode não haver nenhum, fazendo as próprias partes as suas propostas, 
o aspecto mais importante é o jurídico. 
 Transação (pura) é obrigatório o ganho e perda de ambos os sujeitos. 
As duas partes têm que ceder algo para haver um acordo. Artigos 840 a 850 do Código 
 
b) Endoprocessual 
A lei processual civil expressamente admite as três formas da autocomposição a ser 
obtida endoprocessualmente (CPC, art. 269, II, III e V), 
dando-lhes ainda a eficácia de pôr fim ao processo: 
compondo-se as partes, não cabe ao juiz mais que 
reconhecê-lo por sentença. - ADA PELLEGRINO - Teoria 
Geral do Processo 2012 
Civil Art. 269. Haverá resolução de mérito: 136 
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; 138 
III - quando as partes transigirem; 139 
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. 141 
Conciliação – geralmente há mais de um conciliador ou pode não 
haver nenhum, fazendo as próprias partes as suas propostas, o aspecto mais importante é 
o jurídico. 
Renúncia - direito material ação de cobrança e é declarada uma 
sentença definitiva em que não pode ser feito outro processo sobre ao mesma lide. 
Desistência – direito processual, neste caso se está abrindo mão do 
processo, termina o processo, mas ele pode ser reaberto. Sentença terminativa (o 
processo não foi julgado, não houve solução, é algo temporário). Antes da citação pode-
se desistir livremente do processo. 
Submissão – instituto do réu, deixa de ofertar a defesa (por perder 
prazo ou outro qualquer) que leva à revelia, está confirmando o que o autor está 
dizendo, está se submetendo à vontade do autor. 
 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 4 
 
1.4 - Formas Alternativas (noções gerais) 
a) Mediação 
A mediação assemelha-se à conciliação: os interessados utilizam a intermediação 
de um terceiro, particular, para chegarem à pacificação de seu conflito. Distingue-
se dela somente porque a conciliação busca sobretudo, o acordo entre as partes, 
enquanto a mediação objetiva trabalhar o conflito, surgindo o acordo como mera 
consequência. Trata-se mais de uma diferença de método, mas o resultado acaba 
sendo o mesmo. - ADA PELLEGRINO - Teoria Geral do Processo 2012 
Característica - Voluntária,Sigilosa, Autônoma, Econômica, Célere 
Sujeitos – Partes, Mediador 
b) Arbitragem (lei 9307) 
A arbitragem é um sistema de solução de controvérsias adotado pelo direito brasileiro, 
e regulado atualmente por meio da lei 9307/96. Antes disso, a previsão de tal 
instrumento jurídico estava previsto nos artigos 1037 a 1048 do Código Civil (previsto 
como compromisso), além dos artigos 1072 a 1102 do Código de Processo Civil 
(dedicados ao juízo arbitral). 
 
A figura da arbitragem vem assumindo um papel cada vez mais importante dentro e 
fora do direito brasileiro devido à crescente internacionalização das relações 
comerciais, que por sua vez, exigem maior rapidez na solução de qualquer questão 
possivelmente aventada. 
 
Consiste a instituição da arbitragem em um canal que possibilita aos seus contratantes 
uma garantia de que seus eventuais litígios recebam uma apreciação de indivíduos, os 
denominados árbitros, detentores de um conhecimento razoável da matéria, com sigilo, 
rapidez e eficiência. Importante dizer que o árbitro não é um juiz, ou seja, alguém 
versado nas ciências jurídicas, podendo ser uma pessoa de condição extremamente 
humilde e de educação formal básica. O importante na arbitragem é que o responsável 
pela decisão tenha um conhecimento notável da matéria a ser analisada. 
 
É fundamental citar os instrumentos que regulam e regulavam anteriormente tal 
sistema, pois este sofreu mudanças fundamentais em seu procedimento. A legislação 
brasileira vigente até dezembro de 1996 claramente desencorajava a utilização da 
arbitragem, por ser esta simplesmente de pouco eficácia e de um trâmite bastante 
burocrático. O problema principal estava na necessidade de homologação do laudo 
arbitral, ou seja, depois de todo o processo de apreciação e decisão do árbitro, seu 
veredito não possuía validade alguma para a justiça brasileira, necessitando de 
apreciação de um juiz comum, o que tornava, obviamente, o caminho dos que optavam 
por este sistema, duas vezes mais extenso. Além disso, o trabalho do árbitro, ao ser 
analisado pelo juiz, poderia ser alterado em sua essência, tornando obviamente a via 
da arbitragem totalmente inútil nestes casos. Não bastasse isso, o legislador descuidou-
se ao deixar de incluir a cláusula compromissória como um dos efeitos da sentença 
arbitral, o que na prática exime o condenado de efetivamente cumprir a sentença 
estabelecida. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 5 
 
 
As mudanças instituídas com a lei 9307, de 23.9.96, proporcionaram o aperfeiçoamento 
desta importante ferramenta de solução de controvérsias, pois, quem agora opte pela 
via da arbitragem não terá que levar a decisão do árbitro à apreciação do juiz, e, 
talvez o mais importante, uma decisão arbitral agora possui o valor de um título 
executivo extrajudicial, ou seja, uma vez não cumprida a decisão estipulada pelo 
árbitro, o caso pode ser apresentado ao judiciário para se realizar a execução do 
objeto de litígio, o que equivale dizer que agora toda decisão arbitral é diretamente 
aceita e homologada pelo poder judiciário. 
Bibliografia: 
 ALBUQUERQUE FILHO, Clóvis Antunes Carneiro de. A arbitragem no Direito 
brasileiro pela Lei nº 9.307/96. Comentários. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 54, 1 
fev. 2002. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/2629. Acesso em: 22 jul. 
2011. - http://www.infoescola.com/direito/arbitragem/ acesso em 16/03/2014. 
 
A arbitragem, tradicionalmente regida pela lei material e pelo Código de Processo 
Civil (CC-16, arts. 1.037 e 1.048; CPC; arts. 1.072-1.102 CC-02, arts. 851-853), era 
um instituto em desuso no direito brasileiro. Depois, com a Lei das Pequenas Causas, 
(atualmente, Lei dos Juizados Especiais lei n. 9.099, de 26.9.95) e com a Lei da 
Arbitragem (lei n. 9.307, de 23.9.96), ela ganhou nova força e vigor e, em alguma 
medida, vai passando a ser utilizada efetivamente como meio alternativo para a 
pacificação de pessoas em conflito. Só se admite em matéria civil (não penal), na 
medida da disponibilidade dos interesses substanciais em conflito. - ADA 
PELLEGRINO - Teoria Geral do Processo 2012, pág. 37. 
 
Características – Voluntária, sigilosa, heterônoma, econômica, célere. 
Sujeitos – Partes, árbitro (juiz de fato e de direito) 
Sentença arbitral – Irrecorrível, Executável 
2 - Formas Heterônomas – a solução é imposta por um terceiro, 
um juiz de direito ou por arbitragem. Característica: um terceiro é que 
toma a decisão; a decisão é imposta. 
O conflito pode ser positivo (funcional) ou negativo (disfuncional). Conflito positivo é 
aquele que pode gerar algum avanço na sociedade. Por exemplo, uma empresa que 
determina uma meta a ser alcançada entre grupos diferentes, isso inicia um conflito 
entre os grupos que tem um objetivo comum, alcançar a meta e ganhar o prêmio. 
Mesmo que a meta não seja alcançada, de certo modo, haverá avanço profissional e 
econômico no empreendimento. Porém, esse conflito pode se tornar disfuncional ou 
negativo se este mesmo objetivo comum for motivo de discórdias e agressões. Os 
conflitos Negativos são os conflitos que desestruturam, desequilibram a sociedade e são 
justamente esses conflitos que necessitam de reparo. 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 6 
 
 
 
Formas compositivas de solução 
dos conflitos
Autônomas
A decisão depende 
exclusivamente das partes. 
Autotutela
Força física, 
parcialidade, 
ausência de juiz, 
imposição por uma 
das partes à outra.
Autocomposição
Sem uso da força 
física, voluntária, 
bilateral, parcial, 
ausência de juiz.
Endoprocessual
Conciliação
Desistência
direito formal, sentença 
terminativa
Renúncia
direito material, 
sentença definitiva
Submissão
instituto do réu; deixa 
de ofertar a defesa
Extraprocessual
Negociação
aspecto jurídico
Mediação
aspecto social
Conciliação
Heterônamas
A decisão depende 
exclusivamente de um terceiro 
imparcial. 
Arbitragem 
Voluntária, 
sigilosa, 
heterônoma, 
econômica, célere, 
irrecorrível e 
executável.
Jurisdição
3º imparcial, 
coercitiva, pública
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 7 
 
II – Jurisdição 
1 - Jurisdição 
Jurisdição é o poder de dizer o direito a ser aplicado no caso concreto (conflito) de 
modo geral. 
A atividade mediante a qual os juízes estatais examinam as pretensões e 
resolvem os conflitos dá-se o nome de jurisdição. Pela jurisdição, como se vê, os 
juízes agem em substituição às partes, que não podem fazer justiça com as 
próprias mãos (vedada a autodefesa); a elas, que não mais podem agir, resta a 
possibilidade de fazer agir, provocando o exercício da função jurisdicional. E 
como a jurisdição se exerce através do processo, pode-se provisoriamente 
conceituar este como instrumento por meio do qual os órgãos jurisdicionais 
atuam para pacificar as pessoas conflitantes, eliminando os conflitos e fazendo 
cumprir o preceito jurídico pertinente a cada caso que lhes é apresentado em 
busca de solução. - ADA PELLEGRINO - Teoria Geral do Processo 2012 
 
Características – imparcial, impositiva, heterônoma. 
2 - Função Jurisdicional 
Conceito - assim como na jurisdição, a Função Jurisdicional também é o poder de 
dizer o direito, mas em se tratando da esfera pública, pelo juiz público de direito. 
2.1 Características: 
Atividade inerte (ou provocada) - depende da provocação da parte. O juiz fica 
aguardando a provocação através do processo, do direito de ação. Uma exceção é a 
abertura e leitura de testamento, mencionada em alguns livros de TGP, mas já 
retirada da maioria dos livros devido a raridade de ocorrer, e mesmo neste caso, 
alguns defendem que o juiz também foi provocado pois, pelo menos alguém o 
avisou que havia um testamento daquelefalecido. 
Condicionada – está vinculado às normas de direito processual e material. O juiz 
não vai criar novas normas ou novos processos, por isso, a sua atividade é 
condicionada à lei de natureza material e processual. Isto assegura a isonomia do 
judiciário e entre as partes. Portanto, é condicionada porque o magistrado tem que 
seguir e obedecer certos procedimentos e leis para determinar a sentença. 
Substitutivo – o juiz está substituindo a vontade das partes no que tange à 
composição de conflitos, ou seja, as partes entregam o seu poder de decisão a um 
terceiro, não podem mais agir, o seu poder de ação foi substituído por um juiz. 
Pública – pública porque se está referindo ao poder do Estado e dizer o direito. 
Como visto antes isto ocorre na esfera privada na mediação, arbitragem, etc. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 8 
 
Definitiva - Alguns autores incluem esta característica. Não é uma decisão 
provisória, como pode ocorrer na atividade administrativa. Não há mais discursão 
ou questionamento em juízo, é definitivo. 
2.2 Princípios da Função Jurisdicional 
Estes princípios estão ligados à função jurisdicional e não a alguma área específica 
do direito, são princípios gerais. 
2.2.1 Princípio da Investidura (1º) – são os poderes concedidos aos juízes no 
momento em que o juiz recebeu posse do cargo, foi investido de função jurisdicional 
ou recebeu poderes jurisdicionais. Este princípio se divide em: 
Poder de coerção - o Estado-juiz pode compelir o vencido ao cumprimento da 
decisão; 
Poder de documentação - o Estado-juiz pode documentar por escrito os atos 
processuais (assinatura dos processos e outros) 
Poder de instrução - junta elementos ao processo e preside as audiências. 
Poder de decisão – poder de decidir o andamento do processo e de decidir o 
conflito propriamente dito. O andamento do processo está vinculado a outro 
princípio, o princípio do impulso oficial. Impulso, de impulsionar, fazer com que o 
processo tramite e oficial, porque tem alguém legitimado para isso. Através dos atos 
decisórios temos: despacho, decisão interlocutória, sentença, acordão, aresto e 
decisão teratológica. 
2.2.3 Princípio Indeclinabilidade - apregoa o princípio da indeclinabilidade 
que o juiz não pode subtrair-se da função jurisdicional, sendo que, mesmo havendo 
lacuna ou obscuridade na lei, deverá proferir decisão (art. 126, CPC). 
http://atualidadesdodireito.com.br/sabrinadourado/2011/11/03/resumao-de-
jurisdicao-muito-bom/ acesso em 22/03/2014 
2.2.4 Princípio Indelegabilidade - O exercício da função jurisdicional não 
pode ser delegado. Não pode o órgão jurisdicional delegar funções a outro sujeito. 
Essa vedação se aplica integralmente no caso de poder decisório: não é possível 
delegar o poder decisório a outro órgão, o que implicaria derrogação de regra de 
competência, em violação à garantia do juiz natural. Há, porém, hipóteses em que 
se autoriza a delegação de outros poderes judiciais, como o poder instrutório, o 
poder diretivo do processo e o poder de execução das decisões. 
 
É possível, por exemplo, a expedição pelos tribunais de cartas de ordem aos juízes a 
eles vinculados, solicitando algumas providências (ver, por exemplo, art. 492 do 
CPC). 
 
Nas cartas precatórias não há delegação, pois sequer há competência (parcela de 
jurisdição) a ser delegada, pois o juiz, ao pedir a cooperação, simplesmente o faz 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 9 
 
porque não pode agir, daí porque também não poderia delegar. DIDIER JR. Fredie 
- vol. 1. Curso de direito processual civil teoria geral do processo e processo de 
conhecimento. 11ª ed. 2009. Pág.86 
2.2.5 Princípio Independência – assegura liberdade ao julgador evitando que 
ele seja pressionado de qualquer forma por algum julgamento por ele realizado. Os 
princípios constitucionais garantem isso: Vitaliciedade - não perde o cargo; 
Inavobilidade - não será transferido de comarca; Irretutibilidade - não pode ter 
seu salario reduzido. 
Obs. Garantias 
2.2.6 Princípio Aderência Territorial (1º) – poderes serão exercidos numa 
circunscrição territorial, ou seja, num espaço geográfico específico. A jurisdição é 
em todo território nacional, mas a competência é limitada ao território. Os 
magistrados só têm autoridade nos limites territoriais do seu Estado; ou seja, nos 
limites do território da sua jurisdição. 
A jurisdição, como manifestação da soberania, exerce-se sempre em um dado 
território. É com base neste princípio que surge a necessidade de as autoridades 
judiciárias cooperarem entre si, cada uma ajudando a outra no exercício da 
atividade jurisdicional em seu território. Surgem as cartas, como atos de 
comunicação entre órgãos jurisdicionais: a maior parte dos atos de interesse ao 
processo, que devam ser praticados fora dos limites territoriais em que o juiz exerce 
a jurisdição, dependerá da cooperação do juiz do lugar. Eis as cartas precatórias 
(juízes de mesma hierarquia no mesmo país) e rogatórias (juízes de países 
diversos), conforme o caso. DIDIER JR. Fredie - vol. 1. curso de direito processual 
civil teoria geral do processo e processo de conhecimento. 11ª ed. 2009. Pág.86 
Assim, se o juiz, em processo, precisa ouvir testemunha que resida em outra 
comarca, deverá requisitar por meio de carta precatória ao juiz da outra comarca 
(juízo deprecado) que colha o depoimento da testemunha arrolada no processo de 
sua jurisdição (do juízo deprecante), uma vez que sua autoridade adere ao 
território em que exerce a jurisdição. O mesmo ocorre com a citação por oficial de 
justiça e a penhora de bem situado em comarca diversa daquela em que tramita o 
feito. 
Se o ato a praticar situar-se fora do território do País, deverá ser solicitada carta 
rogatória à autoridade do Estado estrangeiro, solicitando sua cooperação para a 
realização do ato. 
EXCEÇÕES IMPORTANTÍSSIMAS! - A desnecessidade da emissão de cartas 
precatórias para comarcas contíguas ou situadas na mesma região metropolitana. 
Art. 230, CPC. Vide também a disposição do artigo 106, CPC. 
http://atualidadesdodireito.com.br/sabrinadourado/2011/11/03/resumao-de-
jurisdicao-muito-bom/ acesso em 22/03/2014 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 10 
 
2.2.7 Princípio Imparcialidade - é consequência do quanto já visto: pois 
para que se possa aplicar o direito objetivo ao caso concreto, o órgão judicial há 
de ser imparcial. Para muitos, é a principal característica da jurisdição. (125, 134, 
135) http://atualidadesdodireito.com.br/sabrinadourado/2011/11/03/resumao-de-
jurisdicao-muito-bom/ acesso em 22/03/2014 
2.2.8 - Princípio Inafastabilidade - (5º/CF 35) do poder judiciário 
2.2.9 Princípio juiz natural (5º/CF) – nem todos os autores consideram este 
como um princípio jurisdicional. É aquele que é naturalmente instituído antes de se 
formar qualquer conflito e não como antes em que, depois de estabelecido o 
conflito, é que se elegia um juiz para julgar a lide. 
2.3 - Atos decisórios 
Despacho - são atos de impulso oficial, é um ato de comunicação. Este ato é 
irrecorrível. É importante para ambas as partes pois fazem com que o processo 
“ande.” 
Decisão interlocutória – são decisões incidentais. Pode causar gravame (prejuízo), 
assim ela é recorrível (agravo) 
Sentença – principal ato decisório através do qual o juiz julga o mérito ou extingue o 
processo sem julgamento de mérito. Analisa o mérito ou julga o processo sem 
julgamento de mérito. Dessas duas possibilidades temos a sentença definitiva que 
também é conhecida como meritória, substancial ou material e a sentença 
terminativa, que também tem outros nomes, formal, instrumental ou processual. No 
segundo caso o juiz analisou apenas a forma e não o conteúdo material do processo 
(que ocorre no primeiro caso).267 e 269 do CPC. 
Outra forma de sentença é a própria e imprópria. Apenas as sentenças definitivas 
têm estas formas. Elas são atribuídas com base na forma de julgar, ou seja, no ato de 
inteligência (julgar), também conhecido como cognição jurisdicional. 
Num processo, quando o juiz conheceu os fatos, verificou as provas e tomou uma 
decisão. Ele vai decidir como procedente ou improcedente, mas vai tomar uma 
decisão. Esta é uma atividade própria do poder judiciário. Foram seguidos todos os 
procedimentos e houve um julgamento, uma decisão inteligente do magistrado, ou 
seja, ele decidiu. 
Em outro processo as partes decidem fazer um acordo, neste caso o juiz proferira 
uma sentença confirmando o acordo e tornando a decisão definitiva. Como não 
houve raciocínio do juiz, ele não pensou para tomar a decisão, esta é uma forma 
imprópria. Este processo é reconhecido como sendo de julgamento de mérito, mas 
o julgamento não ocorreu realmente. São definitivas, porém sem atividade cognitiva 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 11 
 
do magistrado. Existe uma exceção para a sentença imprópria sem julgamento de 
mérito – a desistência. Ela é impropria, mas não é definitiva. 
Acordão – é um ato decisório inerente a órgãos colegiados inferiores. Despacham 
decisões incidentais e acórdãos. O acordão tem a mesma natureza de sentença. Ele é 
o resultado do reexame de sentenças. Nos tribunais superiores a decisão se chama 
aresto. 
Decisão ou despacho teratológico - Decidir o conflito, não apenas o principal, mas 
qualquer outro que surgir durante o processo. 
Obs. Poderes jurisdicionais 
Decisões Judiciais 
Órgãos colegiados Monocrático 
Superior Inferior Juiz de Direito STF STJ TJ 
Despacho Despacho Despacho Despacho 
Decisão Decisão Decisão Decisão 
Incidental Incidental Incidental Interlocutória 
Aresto Aresto Acórdão Sentença 
 
3 - Classificação da jurisdição 
Quanto à matéria – civil ou penal 
Quanto à especialidade – comum ou especial (eleitoral, militar ou trabalhista) 
Quanto à origem – legal, está prevista em lei ou convencional, quando decorre de 
um acordo. A única no Brasil é a arbitragem. 
Quanto à lide – contenciosa ou voluntária (conhecida também como graciosa ou 
administrativa). Não existe conflito. Ex.: criança que tem um patrimônio e precisa 
vender para realizar tratamento médico. Por não ter nenhuma outra fonte financeira, 
o juiz pode liberar a venda do patrimônio. Não há conflito. 
Quanto à hierarquia - superior (2º instância ou recursal) e inferior (original ou 1º 
instância, exercida por órgãos monocráticos, ou seja, com apenas um julgador). 100 
a 106 CF ver - 
Quanto à forma de julgar – direito, quando a forma de julgar está condicionada na 
lei e equidade, quando é exceção e só quando a lei autorizar – ex.: juiz que 
sentenciou a religação de energia elétrica a pessoas “em estado de miséria”. 
 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 12 
 
17/03/2014 
4 – Tutelas Jurisdicionais 
4.1 – Quanto à pretensão 
Tutela Cognitiva – fato, direito (ou conhecimento), leva a ocorrência fática ao 
julgador para que ele possa dizer o direito; deve ser cumprido voluntariamente, caso 
contrário será forçada, haverá a execução. Três tipos: 
Tutela Cognitiva Condenatória - gera obrigação de fazer, não fazer, entregar a 
coisa certa ou incerta e pagar). Ex.; batida de carro. 
Tutela Cognitiva Declaratória – declara a existência ou não de uma relação 
jurídica, legalidade de um documento. Não é condenatória, não gera obrigação, é um 
elemento de prova no processo. 
Tutela Cognitiva Constitutiva – feita para criar, modificar ou extinguir uma 
relação jurídica. 
Tutela Executiva – são tutelas de natureza coercitiva, sempre tem como 
fundamento um título executivo, isto é, um documento que contempla uma 
obrigação e que vincula o sujeito. O título diz qual a obrigação, é documental, 
formal e diz quem são os sujeitos. Compelir é outro termo usado. 
Características do título executivo 
Líquido – o quanto da obrigação, extensão da obrigação, até onde a obrigação é 
imposta, o valor da obrigação. 
Certo – obrigação de fazer, de dar pagar 
Exigível – possibilidade de ser imposta, está atrelado ao inadimplemento, ao 
vencimento, o momento em que acaba o prazo para o pagamento (expressões como 
‘executar’ ou ‘compelir’) 
Tutela Cautelar – é uma medida acessória que visa resguardar a efetividade de 
uma ação de execução ou de uma ação de cognição. Não é material, é processual, 
torna o processo efetivo. Só existe se estiver vinculada a uma ação de cognição ou 
de execução, por isso toda cautelar é acessório. É provisória, é assecuratória. 
Espécies de cautelar 
Preparatória - é aquela que ocorre antes da ação principal. Visa resguardar uma 
ação futura, é preparatória. 
Incidental - é aquela que ocorre após a ação principal, ou seja, durante o processo. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 13 
 
Nominada - São as típicas, que estão previstas no CPC. Existem medidas cautelares 
que não estão percebidas no código. Ex.: proteção à testemunha. 
Inominada – 
Assecuratória – 
Fundamento da cautelar: 
F.B.I. – Fumus Boni Iuris 
Fumus boni iuris ('fumaça do bom direito'): Isso significa que há indícios de que 
quem está pedindo a liminar tem direito ao que está pedindo. O nome estranho desse 
elemento vem do ditado popular de que ‘onde há fumaça, há fogo’. Em outras 
palavras, o magistrado não está julgando se a pessoas tem direito (isso ele só vai 
fazer na sentença de mérito, quando decidir o processo), mas se ela parece ter o 
direito que alega. http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2011/03/exemplo-de-fumus-
boni-iuris-e-periculum-in-mora.html acesso em 23/03/2014 
P.I.M - Periculum in mora 
Periculum in mora ('perigo na demora'): Isso significa que se o magistrado não 
conceder a liminar imediatamente, mais tarde será muito tarde, ou seja, o direito da 
pessoa já terá sido danificado de forma irreparável. 
http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2011/03/exemplo-de-fumus-boni-iuris-e-
periculum-in-mora.html acesso em 23/03/2014 
Tutela de urgência - liminar (direito material ou processual), cautelar, antecipação de 
tutela. 
24/03/2014 
 
4.2 – Quanto ao Dano 
 
Tutela Inibitória – antes de ocorrer o dano, ou seja, o dano ainda não ocorreu, é de 
natureza preventiva. Alguns doutrinadores a atribuem também para parar um dano 
que está ocorrendo. 
 
Tutela Restauratória – fazer voltar ao estado anterior, restaurar. 
 
Tutela Ressarcitória – são de natureza indenizatória, não há como restaurar, 
apenas indenizar. 
 
4.3 – Quanto à atuação do julgador 
 
Cognição Exauriente – quando esgota a matéria que está sendo discutida. Princípio 
da persuasão racional, raciocínio lógico do magistrado para com os fatos. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 14 
 
 
Cognição Sumária – desenvolve o juízo de verossimilhança, ou seja, o que 
aparentemente é verdade. São de natureza provisória aplicada a tutelas de urgência. 
 
4.4 – Quanto à satisfatividade 
 
Satisfação – toda satisfativa é exauriente 
 
Não satisfativa – vão assegurar uma ação satisfativa. Todas são sumárias. 
 
4.5 – Quanto ao objeto 
 
Pessoal – quando o vínculo é entre sujeitos. Sujeito X sujeito. Ex. contrato de 
locação 
 
Real – quando o vínculo é entre uma pessoa e um objeto. Sujeito X objeto. Ex.: 
usucapião 
 
5 – Limites da Função Jurisdicional 
 
Limite subjetivo – somente aos sujeitos referidos no processo. 
 
Limite objetivo – o conteúdo do que está sendo julgado, julgará dentro dos limites 
 
Obs. Para congruência decisão: 
Ultrapetita – quando o juiz dá a mais do que foi pedido, aumentou a quantidade do 
que foi pedido. Deve seranulada através do recurso de apelação 
 
Extrapetita – o juiz concedeu algo que não foi pedido. Deve ser anulada através do 
recurso de apelação 
 
Citrapetita – quando concede a menos do que foi pedido, geralmente por omissão. 
O recurso empregado nesta situação é o embargo declaratório para que seja 
esclarecido o não julgamento do pedido. Alguns autores incluem a infrapetita 
quando foi concedido um valor a menor do que o que foi pedido. Neste caso a 
correção tem que ser por recurso de apelação. 
 
http://www.solrac.org/Clientes/Cardanfe/tutela-jurisdicional 
 
 
 
 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 15 
 
Tutelas Jurisdicionais 
Quanto à 
pretensão 
Quanto ao 
dano 
Quanto à 
cognição 
Quanto à 
satisfatividade 
 
Quanto 
ao objeto 
Tutela 
Cognitiva 
Tutela 
Inibitória 
Cognição 
Exauriente 
 
Tutela Satisfativa Pessoal 
Tutela 
Execução 
Tutela 
Restauratória 
Cognição 
Sumária 
Tutela não 
satisfativa 
Real 
Tutela 
Cautelar 
Tutela 
Ressarcitória 
 
 
28/03/2014 
IV – Direito de Ação 
Conceito/características 
Todos os indivíduos têm esse direito. Quando ele é exercido a inércia do juiz é 
rompida. Princípio da ação: o sujeito quer ou não mover a ação. Subjetivo (é do sujeito 
e não do objeto), instrumental (instrumento que está à disposição) e abstrato (só ao 
final se saberá o resultado, diferente do direito concreto). 
1 – Natureza Jurídica do direito de ação – 
Possibilidade jurídica do pedido - Às vezes, determinado pedido não tem a menor 
condição de ser apreciado pelo Poder Judiciário, porque já excluído a priori pelo 
ordenamento jurídico sem qualquer consideração das peculiaridades do caso concreto. 
Nos países em que não há o divórcio, será juridicamente impossível um pedido de 
sentença com o efeito de dar às partes o status de divorciado; essa demanda será desde 
logo repelida, sem que o juiz chegue a considerar quaisquer alegações feitas pelo autor e 
independentemente mesmo da prova dessas alegações. Outro exemplo comumente 
invocado pela doutrina é o das dívidas de jogo, que o art. 814 do Código Civil exclui da 
apreciação judiciária. Nesses exemplos, vê-se que o Estado se nega a dar a prestação 
jurisdicional, considerando-se, por isso, juridicamente impossível qualquer pedido dessa 
natureza. 
 
Constitui tendência contemporânea, inerente aos movimentos pelo acesso à justiça, a 
redução dos casos de impossibilidade jurídica do pedido (tendência à universalização da 
jurisdição). Assim, p. ex., constituindo dogma a incensurabilidade judiciária dos atos 
administrativos pelo mérito, a jurisprudência caminha no sentido de ampliar a extensão 
do que considera aspectos de legalidade desses atos, com a consequência de que os 
tribunais os examinam. 
 
No processo penal o exemplo de impossibilidade jurídica do pedido é, na doutrina 
dominante, a ausência de tipicidade. Esse pensamento associa-se à teoria da 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 16 
 
apresentação (prospettazione, asserção), segundo a qual as condições da ação se aferem 
em face do pedido do autor, sendo de mérito a sentença que em momento ulterior 
declara a inexistência de uma delas. Mas, a não se acolher essa teoria, entendendo-se 
que essas condições devem ser aferidas em si mesmas e não de acordo com o momento 
em que o juiz depara com a falta de uma delas, a atipicidade da conduta do acusado será 
sempre matéria preliminar, quer quando aferida logo de início, quer ao longo do iter 
procedimental ou mesmo no momento final do processo. Nessa visão, sempre a falta de 
tipicidade caracteriza impossibilidade jurídica do pedido. 
 
Interesse de agir - Essa condição da ação assenta-se na premissa de que, tendo embora 
o Estado o interesse no exercício da jurisdição (função indispensável para manter a paz 
e a ordem na sociedade), não lhe convém acionar o aparato judiciário sem que dessa 
atividade se possa extrair algum resultado útil. É preciso, pois, sob esse prisma, que, em 
cada caso concreto, a prestação jurisdicional solicitada seja necessária e adequada. 
 
Repousa a necessidade da tutela jurisdicional na impossibilidade de obter a satisfação 
do alegado direito sem a intercessão do Estado – ou porque a parte contrária se nega a 
satisfazê-lo, sendo vedado ao autor o uso da autotutela, ou porque a própria lei exige 
que determinados direitos só possam ser exercidos mediante prévia declaração judicial 
(são as chamadas ações constitutivas necessárias, no processo civil e a ação penal 
condenatória, no processo penal- supra, n. 7). 
 
Adequação é a relação existente entre a situação lamentada pelo autor ao vir a juízo e o 
provimento jurisdicional concretamente solicitado. O provimento, evidentemente, deve 
ser apto a corrigir o mal de que o autor se queixa, sob pena de não ter razão de ser. 
Quem alegar, por exemplo o adultério do cônjuge não poderá pedir a anulação do 
casamento, mas o divórcio, porque aquela exige a existência de vícios que inquinem o 
vínculo matrimonial logo na sua formação, sendo irrelevantes fatos posteriores. O 
mandado de segurança, ainda como exemplo, não é medida hábil para a cobrança de 
créditos pecuniários. 
 
No processo penal, o exemplo da falta de interesse de agir, na doutrina dominante 
brasileira, é dado pela ausência de justa causa, ou seja, de aparência do direito alegado 
(fumus bonijuris). Aqui, também, várias objeções poderiam levantar-se contra essa 
posição, porquanto a existência ou a aparência do direito não dizem respeito ao interesse 
de agir, como necessidade, utilidade ou adequação do provimento pretendido. E como 
no processo penal, este é sempre necessário, o conceito de interesse de agir, nele, só 
pode ligar-se à utilidade ou à adequação do provimento. 
 
Legitimidade ad causam - Ainda como desdobramento da ideia da utilidade do 
provimento jurisdicional pedido; temos a regra que o Código de Processo Civil enuncia 
expressamente no art. 6º: “ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, 
salvo quando autorizado por lei". Assim, em princípio, é titular de ação apenas a própria 
pessoa que se diz titular do direito subjetivo material cuja tutela pede (legitimidade 
ativa), podendo ser demandado apenas aquele que seja titular da obrigação 
correspondente (legitimidade passiva). 
 
 
 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 17 
 
2 – Elementos da Ação 
2.1 - Conceito/finalidade – através destes elementos é que se diferencia uma ação da 
outra. São três: partes, objetos e causa. Se faltar um elemento da ação, ela será extinta 
sem julgamento do mérito. 
2.2 - Elementos - Os sujeitos processuais: primário ou principal são as partes (autor e 
réu) e o juiz. Os sujeitos secundários são as demais pessoas que contribuem para o 
desenvolvimento da relação processual, desde a testemunha até o mais alto grau. São 
imparciais os secundários, porém, no primário apenas o juiz é imparcial. 
Partes 
Parte ativo – pede a tutela 
Parte passivo – quem vai sofrer as consequências 
Parte material – vinculado ao direito material 
Parte formal – titular de um direito que não está envolvido no conflito. Está defendo o 
direito de outro sujeito 
Obs. Toda parte é um sujeito, mas nem todo sujeito é parte. 
Causa de Pedir 
Pedir – remota – origem do direito, o vínculo jurídico, tem que ter. Perguntar: quem 
moveu a ação contra quem e por quê? No ex. abaixo é o contrato. 
Pedir – próxima – é o porquê, é a motivação a justificativa. 
Obs. Teoria da Individualização – bastaria a causa remota (não é usado no direito 
brasileiro) da substanciação – usa a remota e próxima. 
Objeto - São feitos dois pedidos: 
Objeto imediato – direcionado ao Estado, pedido que ele preste uma tutela 
jurisdicional.No ex. condenatória, ressarcitória, etc. será sempre a tutela pedida. 
Objeto mediato – é o que se espera que o passivo faça. No ex. será o pagamento 
Obs. Ausência de elementos da ação – o processo será extinto sem o julgamento de 
mérito. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 18 
 
 
3 - Institutos processuais – (ou pressuposto processual negativo) 
3.1 - Litispendência (301) – litígio pendente de julgamento – duas ações com as 
mesmas partes, objetos e causa. Identificado estas duas ações, a regra geral é: a primeira 
a ser constituída permanecerá. Esta identificação ocorre com a citação. 
3.2 - Coisa julgada (301) – imutabilidade do ato decisório, sentença de mérito, não 
cabe mais análise, esgotamento das vias recursais. Pode ser por renúncia ou desistência 
do recurso (quando cabe recurso). Em sentido material, são sentenças definitivas e não 
terminativas, aquelas fazem coisa julgada material e estas fazem coisa julgada formal. 
3.3 - Perempção (301) – fenômeno que tem cabimento específico, só quando o autor dá 
margem a três extinções do mesmo processo sem julgamento de mérito, se for por culpa 
do réu não ocorre a perempção. Exemplo: 1= o endereço do réu está errado, a parte é 
intimada a informar o endereço e não informa, passa o prazo. 2= No segundo processo 
tem pagar as custas do oficial de justiça, não pagando o processo é extinto novamente. 
3= Por fim, no último processo, ela teria que juntar uma procuração do processo e não o 
faz, e novamente extingue o processo. Na próxima vez, ou seja, na 4ª vez, não será 
julgada, pois ocorreu o fenômeno da perempção. Identidade de objeto, pedido e causa 
de pedir. 
Art. 301 - Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: 
I - inexistência ou nulidade da citação; 
II - incompetência absoluta; 
III - inépcia da petição inicial; 
IV - perempção; 
V - litispendência; 
Vl - coisa julgada; 
VII - conexão; 
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização 
Elementos da Ação 
Objeto
Mediato 
É o que se 
espera 
que o 
passivo 
faça
Imediato
É a tutela 
pedida
Partes
Ativo
Pede a 
tutela
Passivo
quem vai 
sofrer as 
consequê
ncias 
Formal
Está 
defendo o 
direito de 
outro 
sujeito
Material
Vinculado 
ao direito 
material
Causa de 
Pedir
Remota
Quem 
moveu a 
ação 
contra 
quem e 
por quê?
Próxima 
É o 
porquê, é 
a 
motivação 
a 
justificativ
a
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 19 
 
IX - convenção de arbitragem; 
X - carência de ação; 
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. 
§ 1º - Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente 
ajuizada. 
§ 2º - Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o 
mesmo pedido. 
§ 3º - Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se 
repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso. 
§ 4º - Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada 
neste artigo. 
 
Exemplo: Esmeralda firmou contrato de locação com Anastolfo. Ficou pactuado entre 
as partes que este efetuaria o pagamento de R$400,00 a cada dia 5. Ocorre que há três 
meses Anastolfo não efetua o pagamento do referido aluguel. Esmeralda, indignada, 
decide procurar seu advogado visando obter a referida obrigação inadimplida. 
Ativo – Autor 
Passivo – réu - 
Parte material – vinculado ao direito material, Esmeralda e Anastolfo são desta parte. 
Parte formal – titular de um direito que não está envolvido no conflito. Está defendo o 
direito de outro sujeito 
31/03/2014 
4 - Objeto - Pedidos (objeto mediato) 
Pedido simples - existe por si próprio, não depende de outro para ser concedido. ex. 
dano material e dano moral são independentes, o juiz pode conceder um e não o outro. 
Pedido alternativo – causa de pedir remota (no contrato) especificando um pedido 
alternativo. O juiz não pode escolher entre os objetos, se o devedor não escolher o juiz 
intimará o credor para fazer a escolha. Apenas se no contrato a escolha couber ao credor 
será convertido em pedido simples. 
Pedido sucessivo – são mais de um pedido, um principal e um secundário ou sucessivo 
e estão vinculados. O secundário só será concedido se o principal for atendido. 
Pedido subsidiário – o pedido OU o valor do bem. O valor só será concedido na 
impossibilidade de atender o pedido. Não é alternativo. Como regra geral tem caráter 
indenizatório. 
5 – Condições da ação 
Conceito/finalidade – requisito mínimo necessários para exercer o direito de ação. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 20 
 
5.1 – Condições: Requisitos mínimos para exercer o direito de ação são legitimidade, 
possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir. 
5.1.1 – Legitimidade – titularidade do direito, ou seja, ser titular do direito que está 
sendo discutido. A legitimidade se dá nos dois polos. 
Quanto ao polo 
Polo ativo – inerente ao autor, quem pede a tutela. 
Polo passivo – quem sofre as consequências da tutela pedida. 
Quanto ao sujeito 
Sujeito ordinário – os sujeitos da relação do direito material são os mesmos da relação 
processual. É o seu próprio direito em seu próprio nome. 
Sujeito extraordinário – a lei define quem pode ou não exercê-la. Os sujeitos da 
relação material são diferentes dos sujeitos da relação processual. Ex. sindicato 
exercendo em nome próprio o direito do trabalhador. No processo este sujeito aparece 
como “Substituto processual”. Art. 6º - Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito 
alheio, salvo quando autorizado por lei. 
Quanto ao momento 
Momento originário – quando os sujeitos são legítimos desde a formação ou origem do 
direito. 
Momento derivado (ou superveniente) “mortes causa”. Quando um dos sujeitos 
morre, os sucessores serão sujeitos derivados, eles não eram os sujeitos quando da 
origem do processo. Serão titulares derivados. 
Momento derivado “inter vivos” - Quando um objeto, (motivo da lide entre os 
sujeitos A x B) pertence ao sujeito B, mas ele vende para o sujeito C. O sujeito A está 
movendo uma ação contra B (que vendeu), se A concordar, C será o sujeito derivado da 
ação em substituição ao sujeito B. O sujeito C terá a classificação: passiva, ordinária e 
derivado “inter vivos”. Todavia, se A não concordar com a troca dos sujeitos (C em 
lugar de B), a ação continuará com A x B, apesar de B não possuir mais o objeto. O 
sujeito B será classificado: passivo, ordinário e originário. 
Quanto ao exercício 
Exercício exclusivo – só pode ser aquele sujeito 
Exercício concorrente – derivada de lei, quando a lei especificar que mais de um 
sujeito pode pedir. Exemplo: pode ser movida ação contra anulação de casamento (lei 
permite). Pode ser conjuntiva, em conjunto, obrigatória de todos os envolvidos 
especificados na lei (indivisível ou por lei), e disjuntiva, quando é concorrente, mas não 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 21 
 
precisa mover a ação contra todos, exemplo: devedor e fiador, pode ser movido uma 
ação contra um ou contra o outro ou contra os dois. 
19/05/2014 
5.1.2 – Possibilidade Jurídica do Pedido - incide sobre o objeto imediato, e a sentença 
procedente ou improcedente é objeto mediato. Tem que ser possível e lícito. Se o que 
está sendo pedido é viável. Se o objeto não for possível a tutela jurisdicional também 
não será possível. Exemplo: dívida de jogo. 
5.1.3 – Interesse de Agir – referente à conduta do sujeito ativo, é um binômio 
composto de dois requisitos: necessidade + adequação, os dois requisitos têm que ser 
preenchidos para existir o interesse de agir.Numa ação de cobrança verifica se tem 
legitimidade, se é possível juridicamente e se tem interesse de agir, ou seja, necessidade 
e adequação. Exemplo: Cheque é emitido de A para B e estava sem fundos. Existe a 
possibilidade jurídica do pedido porque o cheque pode ser cobrado judicialmente, existe 
a necessidade, pois o cheque estava sem fundos e existe a adequação se for utilizada a 
tutela correta, neste caso, tutela de execução e não de cobrança. Se o cheque prescreveu, 
a tutela a ser utilizada para ser adequada é uma tutela condenatória ou monitoria. 
Obs. Carência da ação – carecer de qualquer requisito que gere uma sentença 
 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 22 
 
21/03/2014 
Atividade: classificar as questões abaixo quanto à jurisdição e ao tipo de tutela 
jurisdicional (em sala) 
1 Esmeralda firmou contrato com Anastolfo ficando pactuado que ele entregaria em 
120 dias um veículo ano 2010 e ela efetuaria o pagamento de R$80.000,00 em 4 
parcelas de igual valor. A primeira foi paga no ato do contrato e as demais em 30, 
60 e 90 dias após firmado o contrato. Ocorre que passados 300 dias não houve a 
entrega do referido veículo. 
 
Jurisdição: civil, comum, convencional, contenciosa, inferior e direito 
Tutela: cognitiva condenatória 
 
2 Esmeralda adquiriu de Bernadete um imóvel no valor de R$100.000,00. Bernadete 
recebeu apenas 50% do valor acordado. Ocorre que, Bernadete tomou ciência de 
que Esmeralda está se desfazendo de seu patrimônio, receosa de não receber o 
restante do valor decide procurar o seu advogado para tomar as medidas cabíveis. 
 
Jurisdição: civil, comum, convencional, contenciosa, inferior e direito 
Condições 
da ação
Interese de agir
Necessidade
Adequação
Legitimidade
Quanto ao polo
Ativo
Passivo
Quanto ao 
sujeito
Ordinário
Extraordinário
Quanto ao 
momento 
Originário
Derivado “mortes 
causa” ou 
superveniente 
Derivado “inter 
vivos” 
Quanto ao 
exercício 
Exclusivo
Concorrentte
Possibilidade
Possível
Lícito
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 23 
 
Tutela: cautelar 
 
3 Anastolfo foi condenado por sentença a pagar alimentos no valor de um salário 
mínimo, obrigação que vem cumprindo religiosamente. Ocorre que, em dezembro 
de 2013 sofreu um grave acidente de trânsito resultando em sua incapacidade 
permanente para atividades laborais bem como para a prática de atos da vida civil. 
 
Jurisdição: civil, comum, legal, contenciosa, inferior e direito 
Tutela: cognitiva constitutiva 
 
4 Anastolfo sofreu grave acidente de trânsito em março de 2014 tendo sido interditado 
em março de 2014. Ocorre que, atualmente, passou a residir com sua irmã 
Bernadete em decorrência de suas necessidades físicas econômicas. Sabe-se que o 
mesmo havia sido condenado a pagar alimentos no valor de R$1.000,00 a sua ex-
esposa; e que sua irmã recebe mensalmente um salário mínimo de pensão assim 
como Anastolfo. 
 
Jurisdição: civil, comum, legal, contenciosa, inferior e direito 
Tutela: cognitiva constitutiva 
 
5 Bernadete trafegava que se encontrava embriagado pela av. ACM em 21/02/2014 
quando teve o seu veículo abalroado por Anastolfo. Ocorre que após o sinistro, 
Anastolfo proferiu diversa palavras de baixo escalão ofendendo moralmente 
Bernadete. Sabe-se que, Bernadete utilizava o veículo, não apenas para passeio, 
como também no execicio de sua profissão, pois é representante comercial de uma 
empresa farmacêutica. 
 
Jurisdição: civil, comum, legal, contenciosa, inferior e direito 
Tutela: cautelar 
 
6 Bernadete trabalha na empresa Manulindos C&A desde 2001. Em janeiro de 2014 a 
mesma foi demitida sem justa causa, muito embora tenha informado na semana 
anterior seu estado gravídico. Sabe-se que não houve o pagamento das férias nem 
multa de FGTS e nem das horas extras, razão pela qual decide ingressar em juízo 
reclamando tais direitos. 
 
Jurisdição: civil, especial, legal, contenciosa, inferior e direito 
Tutela: cognitiva condenatória 
 
 
 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 24 
 
6 – Pressupostos Processuais 
6.1 – Conceito/Finalidade – a relação processual, ou simplesmente processo, é o 
conjunto de atos que se estabelecem entre autor, juiz e réu, dentro da qual inúmeros atos 
processuais se desenvolvem. O rito desses atos, ou seja, a sequência lógica dos atos 
processuais, se chama procedimento. Existem dois tipos de procedimento: comum e 
especial. 
6.2 – Pressupostos 
Procedimento comum – se divide em dois tipos: 1- ordinário que é básico, utilizado 
na maioria dos processos, é complexo, formal e longo. 2- sumário, este procedimento 
tem menos atos, é informal e mais célere. 
 Procedimento especial – são atos processuais que têm uma sequência diferenciada de 
atos, podendo ter leis próprias sobre a matéria. Exemplo: ação de alimentos. Para existir 
a ação é necessário preencher estes pressupostos processuais, que são requisitos 
mínimos para a existência e validade da relação processual estabelecida entre juiz, 
autor e réu. 
6.2.1 – Juiz - Referentes ao Julgador - O julgador tem que ter: 
Investidura - são os poderes concedidos aos juízes no momento em que o juiz recebeu 
posse do cargo, foi investido de função jurisdicional ou recebeu poderes jurisdicionais. 
Imparcialidade – não ter envolvimento com as partes e não ter interesse jurídico no 
conflito. 
Competência – competência não é jurisdição, é o limite da jurisdição. Competência se 
divide em absoluta e relativa. 
Competência absoluta – refere-se às normas cogentes1, obrigatórias, a matéria destas 
normas não precluem2, não perde a possibilidade de discutir a matéria, ou seja, pode ser 
feito ou verificado em qualquer momento, são matérias de ordem pública. Isso dá 
segurança jurídica, pois determina que todas as ações duma mesma matéria serão de 
competência da mesma vara. A Competência absoluta se divide em material e 
hierárquica. 
Competência absoluta Material – se refere à matéria que está sendo discutida 
(trabalho, civil, etc.) 
Competência absoluta Hierárquica ou funcional – está em acordo com a jurisdição 
funcional, a vara inferior analisa originariamente o conflito, o tribunal superior analisa 
 
1 Racionalmente necessário – Dicionário Aurélio Século XXI 
2 Preclusão: Jurídico - Perda de uma determinada faculdade processual civil, ou pelo não exercício dela na ordem 
legal, ou por haver-se realizado uma atividade incompatível com esse exercício, ou, ainda, por já ter sido ela 
validamente exercitada. – Dicionário Aurélio Século XXI 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 25 
 
os recursos. Alguns processos originais são julgados em instancia superior, mas são 
exceção. Exemplo: art. 102 da Constituição Federal: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação 
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; continua... 
 
Competência Relativa – são normas dispositivas ou facultativas, está estabelecido na 
lei como deve ser, mas pode ser aplicada de modo diferente, e portando, fazendo de 
outro modo, o ato não será nulo. É uma norma dispositiva porque não é de ordem 
pública, assim preclui, há um determinado tempo para ser aplicada a forma alternativa, 
se não o fizer, perde. O juiz nãopode se declarar incompetente como pode ocorrer na 
competência absoluta. Exemplo: se sabe que a mulher tem foro especial, ela pode 
ajuizar a ação onde tem seu domicílio. Se ela reside em Feira de Santana, pode ajuizar 
sua ação lá, mas ela pode mover a ação onde o marido mora, em Salvador. Isto é 
possível por se tratar de uma norma dispositiva. Nesta situação, o réu pode declarar a 
incompetência do juiz de Salvador alegando que, segundo o código de processo, a ação 
deveria ser em Feira de Santana, mas o juiz pode não acatar. A Competência Relativa se 
divide em territorial e valor de causa. 
Competência Relativa Territorial – é a circunscrição onde o juiz pode exercer a 
jurisdição 
Competência Relativa Valor de causa – é o valor do conflito, não existe causa sem 
valor, ele é um dos requisitos da petição inicial. Em alguns ugares, onde existe pretor3 
como julgador, o valor de causa serve para determinar a competência do processo, nas 
ações com valor de até 60 vezes em salário mínimo seriam apreciadas por um pretor, 
nos Estados em que não mais existe esta função, o valor de causa serve apenas como 
procedimento. 
6.2.2 – Partes - Referente as Partes 
Capacidade de ser parte – toda pessoa pode ser parte numa ação, como autora ou réu, 
pessoa física, pessoa jurídica ou ente despersonalizado. Assim, quando alguém morre 
deixa de ser pessoa e, portanto não pode ser parte. 
Capacidade de estar em juízo – é a capacidade de exercer por si próprio todos os atos 
em juízo. Nem todos têm capacidade de estar em juízo, sendo preciso representação ou 
assistência. Aplica-se o mesmo conceito de incapaz que o do Direito civil, se for 
incapaz para a vida civil, o será também para o processo. No processo o representante 
exerce todos os atos, já o assistente confirma o ato do assistido. 
 
3 Magistrado que, na Roma antiga, distribuía a justiça; Brasil: Magistrado de alçada inferior à de juiz de 
direito. – Dicionário Aurélio Século XXI 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 26 
 
Juiz
RéuAutor
23/05/2014 
Capacidade postulatória – é a aptidão de postular em juízo, esta aptidão requer 
conhecimento técnico que só o advogado tem. A formalidade dos processos exige um 
profissional técnico. Os Juizados especiais, pela sua informalidade, dispensam a 
presença do advogado em causas até determinado valor. O advogado exerce a 
representação através da procuração, podendo fazê-lo sem, se for urgente, neste caso ele 
terá 15 dias para apresentar a procuração podendo ser prorrogado por mais 15 dias, mas 
isso é exceção. Não é obrigatório apresentar justificativa para prorrogar a procuração. 
6.2.3 – Processo - Referentes ao processo 
Procedimento do processo – o primeiro passo é a petição inicial, é quando se diz ao 
magistrado o que se quer, é o que vai ligar o autor ao juiz. 
Para fechar o triângulo, o réu é citado. A citação é o ato pelo 
qual se trás o réu para a relação processual. A citação é um 
pressuposto de existência e validade do processo. 
6.3 – Ausência de Pressupostos – a ausência de 
pressupostos nem sempre gera a extinção do processo. Se o juiz não for competente, ou 
não for parcial, não gera extinção. Por exemplo: um juiz pode ser acusado de 
parcialidade ou incompetente, isto não vai causar a extinção do processo, o que gera é a 
suspensão do processo até o seja decido se é necessário ou não substituir o juiz. Após 
iniciar o processo, as partes têm 15 dias para contestar a competência do juiz. Este prazo 
preclui, assim como a suspensão, mas o impedimento do juiz não. A ausência do autor 
extingue o processo, a ausência do réu gera a revelia e não a extinção do processo. Obs. 
Mesmo que o réu tenha apresentado a contestação, mas não possuir um dos 
pressupostos processuais irá gerar revelia 
6.4 – Litisconsórcio - Relação processual plúrima 
a) Conceito – um agrupamento ou uma pluralidade de sujeitos com interesses comuns, 
com o mesmo interesse num processo. Mais de um sujeito atuando em um ou nos dois 
polos do processo. Convém lembrar que se os litisconsortes possuírem advogados 
distintos, seus prazos serão contados em dobro (art. 191 do CPC), regra especial que 
não se aplica ao prazo recursal, quando somente um dos litisconsortes houver 
sucumbido (enunciado n. 641 da súmula da jurisprudência do STF).4 Art. 191 - Quando 
os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos 
para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. 
b) Classificação - 
b.1) Quanto ao polo – o polo em que se encontra a relação plúrima pode ser o ativo, o 
passivo ou ainda misto, quando o litisconsórcio existe nos dois polos. 
 
4 DIDIER JR. Fredie - vol. 1. Curso de direito processual civil teoria geral do processo e processo de 
conhecimento. 11ª ed. 2009, pág. 307 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 27 
 
b.2) Quanto ao momento de formação – pode ser o inicial, ou seja, a relação processual 
já começa com litisconsórcio ou ulterior, quando o processo inicia singularmente e, por 
intervenção de um terceiro ou algum fato posterior, se forma o litisconsórcio. De três 
maneiras pode surgir o litisconsórcio ulterior: a) em razão de uma intervenção de 
terceiro (chamamento ao processo e denunciação da lide, por exemplo); b) pela 
sucessão processual (o ingresso dos herdeiros no lugar da parte falecida, art. 43 do 
CPC); c) pela conexão (arts. 103 e 105 do CPC), se impuser a reunião das causas para 
processamento simultâneo.4 
b.3) Quanto a formação ou obrigatoriedade – a sua formação pode se dar de modo 
facultativo (voluntário) ou necessário (obrigatório). A forma voluntária ou facultativa é 
como o próprio nome sugere, depende da vontade das partes. Facultativo é o 
litisconsórcio que pode ou não se formar; trata-se do litisconsórcio cuja formação fica 
a critério dos litigantes. Com o perdão pelo truísmo: o litisconsórcio será facultativo 
quando não for necessário. 4 A forma necessária é obrigatória, ela se dá por força de 
Lei (exemplo: usucapião), ou quando a relação ou a obrigação for indivisível (exemplo: 
anulação de casamento). Quando o litisconsórcio é necessário e não é formado, todos os 
atos do processo serão nulos. Art. 47 - Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição 
de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para 
todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os 
litisconsortes no processo. 
Parágrafo único - O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes 
necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo. 
A1 e B1 são indivisíveis e têm uma lide com B, mas A1 não quer o processo. A2 não 
pode ficar prejudicado porque A1 não quer iniciar o processo. Assim, A2 tem o direito 
de iniciar o processo e intimar A1 como parte do polo passivo: A2 x B + A1, ficando B 
e A1 no polo passivo e A2 no polo ativo. A1 não está contra ou a favor, está apenas 
cumprindo uma formalidade necessária, pois precisa estar na relação processual. 
b.4) Quanto a decisão – O litisconsórcio comum (ou simples) é aquele em que a 
decisão judicial pode ser diferente - a mera possibilidade de a decisão ser diferente já 
torna simples o litisconsórcio. Ocorre quando há uma pluralidade de relações jurídicas 
sendo discutidas no processo ou quando se discute uma relação jurídica cindível (como 
normalmente ocorre nos casos de solidariedade, conforme já visto). O litisconsórcio 
simples é o que parece ser: cada um dos litisconsortes é tratado como parte autônoma. 
Art. 48 - Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações 
com a parte adversa, como litigantesdistintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão 
nem beneficiarão os outros. 
Diz-se que há litisconsórcio unitário quando o provimento jurisdicional de mérito tem 
que regular de modo uniforme a situação jurídica dos litisconsortes, não se admitindo, 
para eles, julgamentos diversos. O julgamento terá de ser o mesmo para todos os 
litisconsortes. O litisconsórcio unitário é a unidade da pluralidade: vários são 
considerados um; o litisconsórcio unitário não é o que parece ser, pois várias pessoas 
são tratadas no processo como se fossem apenas uma. Para que assim se caracterize o 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 28 
 
litisconsórcio dependerá ele da natureza da relação jurídica controvertida no processo: 
haverá unitariedade quando o mérito do processo envolver uma relação jurídica 
indivisível. É imprescindível perceber que são dois os pressupostos para a 
caracterização da unitariedade, que devem ser investigados nesta ordem: a) os 
litisconsortes discutem uma única relação jurídica; b) essa relação jurídica é 
indivisível. 
Vejamos o caso da solidariedade. É possível o surgimento de litisconsórcio em 
processos em que se discuta uma obrigação solidária. Nestes casos, haverá o 
preenchimento do primeiro pressuposto: os litisconsortes discutem uma relação 
jurídica. Sucede que nem sempre a obrigação solidária é indivisível, embora toda 
obrigação indivisível com pluralidade de credores/devedores seja solidária. Assim, é 
importante frisar que a solidariedade não implica, necessariamente, unitariedade. 
Credores/devedores solidários podem ser litisconsortes unitários (se a obrigação 
solidária for indivisível) ou simples (se divisível). 
Simples - no exemplo de anulação de casamento, a sentença é para todos, o conteúdo da 
decisão é um só para todos do litisconsórcio. 
Unitário - Já no exemplo da usucapião a decisão é a mesma, mas o conteúdo pode ser 
diferente para os envolvidos porque um vizinho pode ficar limitado em seu terreno 
devido à extensão por x metros e outro vizinho ter seu limite em y metros. Existem duas 
correntes que tratam deste assunto. A minoritária diz que, no exemplo da usucapião não 
é apenas a propriedade, mas também a extensão, por ter uma extensão diferente para 
cada vizinho ela é unitária. 
Multitudinário – de multidão, tem um número elevado de pessoas num mesmo polo da 
relação processual, não existe um valor específico para considerar como multitudinário. 
Assim, alguns magistrados entendem que 100 não é multitudinário e outro pode 
entender que 7 pessoas têm esta característica. A princípio, acima de 10 pessoas é 
considerado multitudinário. Uma audiência com 40 x 4 nos polos pode ser 
desmembrada de 10 em 10, por exemplo. Obs. O litisconsórcio necessário não pode ser 
desmembrado, apenas o facultativo, o desmembramento é um ato decisório, é uma 
decisão interlocutória que cabe recurso. 
Para o estabelecimento do litisconsórcio (desmembramento) há apenas duas 
justificativas: ocorre quando o número de envolvidos dificulta a celeridade do processo 
ou quando dificultar a defesa. Existe duas correntes que tratam deste assunto. A 1ª 
corrente diz que o juiz pode determinara de oficio ou uma das partes pode requerer, 
desde que use qualquer das duas justificativas. A 2ª corrente diz que cabe apenas ao 
juiz, se dificultar a celeridade do processo, ou ao réu, se dificultar a defesa, ao autor não 
cabe requerer. Art. 46 - Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, 
ativa ou passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
André Teles Página 29 
 
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; 
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; 
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. 
Parágrafo único - O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de 
litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido 
de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão. 
Art. 49 - Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos devem 
ser intimados dos respectivos atos. 
Efeito interruptivo – o efeito interruptivo pode ser por interrupção ou por suspensão. 
Diferença entre interromper e suspender: a interrupção ocorre apenas em situações 
graves, o processo para, é interrompida a contagem do prazo e quando retorna o prazo é 
completo. Exemplo: um processo com prazo de 10 dias, após 3 dias ele é interrompido, 
quando retorna, volta a ter os 10 dias iniciais de prazo e não apenas os sete que 
restavam. Na suspensão, no mesmo exemplo após 3 dias o processo é suspenso, quando 
retorna tem apenas o restante do prazo, ou seja os 7 dias restantes. O desmembramento 
tem efeito interruptivo. Obs. Para qualquer prazo. 
24/05/2014 - reposição 
7 – Ato processual 
7.1 – Conceito – Toda conduta de um sujeito processual praticado dentro de uma 
relação em juízo. Todo ato praticado dentro de uma relação processual. Conduta física 
que incide na relação processual. 
Obs.: Ato material - Conduta pratica que se estabelece sobre o direito material. Fato 
material - acontecimento que incide sobre o processo (morte) 
7.2 – Tempo do ato (177.192) - é relativo ao lapso temporal. Art. 177 - Os atos 
processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei. Quando esta for omissa, o juiz 
determinará os prazos, tendo em conta a complexidade da causa. Art. 192 - Quando a lei não 
marcar outro prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento depois de decorridas 
24 (vinte e quatro) horas. A regra geral: 
Atos externos (exemplo busca e apreensão) – horário das 6h às 20h (dias úteis, dias em 
que o fórum está aberto). Obs. Exceção: excepcionalmente pode ser em dias não úteis e 
em outro horário, mas para isso é necessário ter autorização expressa do juiz de direito 
que pode ser feito de oficio ou por requerimento. Exemplo quando já se sabe que a parte 
não se encontra em sua casa neste período, das 6h às 20h, se pode requerer na inicial a 
mudança no horário. 
Atos internos – são os praticados dentro dos cartórios e segue o Código de Organização 
Judiciária do Estado, COJE, ou seja, será dentro dos regulamentos do Estado. Se o 
fórum abrir num sábado, este dia será considerado um dia útil. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
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7.2.1 – Prazo 
a) Conceito/princípios - lapso temporal dentro do qual os atos devem ser praticados, 
tendo um ato inicial (“dies a quo”) e um ato final (“dies ad quem”). Quando se pede em 
uma prova para estabelecer o tempo do ato, tem que indicar o primeiro e o último dia do 
prazo. Se pedir para indicar o prazo final, é apenas o último dia (data). 
Princípio eventualidade ou preclusão – Preclusão é a perda da possibilidade de 
praticar o ato. A preclusão se dá em três momentos: 
Temporal – não pode mais praticar o ato, pois perdeu o tempo, extemporâneo (serôdio5) 
Conssumativa – quando o ato já foi praticado, não é possível pratica-lo novamente. 
Exemplo: apresentar uma contestação, após apresentá-la não é possível a apresentar 
outra vez. Exceção: na petição inicial, se o juiz autorizar, ela pode ser emendada. 
Lógica – é a incompatibilidade do ato praticado com o seu antecedente, quando se viola 
a sequência de atos que devem ser praticados. Exemplo: no processo temos os seguintes 
passos: petição inicial + audiência + audiência + sentença. Após a sentença o réu 
concorda (aquiescência) e paga, cumpre a obrigação ou não concorda e apresenta 
recurso. Se após declarada a sentença e efetuado o pagamento, o réu entrar com recurso, 
este ato não terá validade, não é lógico,não seguiu a sequência necessária. 
obs. apenas na preclusão temporal existe a possibilidade de corrigir a ato processual: o 
justo motivo, um motivo que convença o magistrado, o porquê do atraso (calamidade 
pública, fórum fechado, etc.) podendo o juiz acatar ou não. 
b) Classificação dos prazos – obs. Esta parte é necessário decorar 
b.1) quanto a origem: 
Legal – estão previstos em lei 
Judicial – fixado pelo julgador quando não existir prazo legal. 
Convencional – acordo entre as partes, que é muito raro, uma possibilidade é suspender 
o processo para tentativa de acordo entre as partes, é negociado e se requer ao juiz. 
obs. Subsidiário – quando não existir previsão legal, judicial ou quando o prazo não for 
mencionado, o prazo legal são 5 dias. Exemplo: juntada de documento, o juiz não 
definiu o prazo e não tem na lei. A expressão “prazo segundo a lei” também se refere a 
este prazo. Art. 185 - Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) 
dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. 
 
 
5 Adj. Que vem tarde, fora do tempo; tardio – Dicionário Aurélio século XXI. 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
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b.2) Quanto a alterabilidade ou mutabilidade 
Dilatório – pode ser ampliado ou reduzido por manifestação de vontade das partes, o 
prazo legal não pode, apenas o prazo judicial. Para fazer a alteração tem que ser 
solicitado antes do fim do prazo corrente, ou seja, dentro do prazo e não depois de seu 
término. Art. 181 - Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo 
dilatório; a convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se 
fundar em motivo legítimo. 
§ 1º - O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da prorrogação. 
§ 2º - As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em favor de quem foi concedida a 
prorrogação. 
Peremptório – se extingue de plano, não pode ser alterado, ampliado ou expandido por 
vontade das partes. Não pode ser reduzido, mas pode ser praticado antes de seu fim. Via 
de regra, todos os prazos legais são peremptórios assim. 
obs. Calamidade pública os prazos podem ser prorrogados por mais de 60 dias (não é 
vontade das partes). Comarca de difícil acesso, o acesso difícil pode ser fixo ou 
eventual, a prorrogação se dá no máximo em 60 dias (lei). 
b.3) Quanto ao sujeito 
Próprio – pertence às partes, os prazos precluem automaticamente sem aviso. 
Impróprio pertence ao juiz, não preclui. É o prazo que ele tem para praticar os atos 
como despacho (2dias), decisões (10 dias), etc. Apesar de ter um prazo específico, o juiz 
pode levar um tempo indeterminado para realizar o ato processual. Se for peticionado o 
juiz para esclarecer o porquê da demora e ele não responder, o juiz pode responder 
economicamente pelo prejuízo causado. O prazo para responder a petição também é 
impróprio, ou seja, quando ele quiser. 
b.4) quanto a comunhão – entre as partes 
Particular – concedido a uma só parte, o autor ou do réu, como a contestação que é do 
réu. Por ser de uma das partes pode ser retirado do cartório para estudo, análise. 
Comum - como o próprio nome diz, é comum aos dois, o réu e o autor, o prazo 
também é o mesmo para as duas partes. Por pertencer aos dois, não pode ser retirado do 
cartório. Se for retirado, por erro de algum funcionário, a outra parte pode peticionar ao 
juiz, pedindo a restituição do prazo referente ao período em que o processo ficou em 
poder da outra parte, para que lhe seja restituído os dias do prazo. 
b.5) quanto a especialidade 
Simples – contagem única 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
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Especial – o prazo é o mesmo, porém a contagem é diferenciada. Este prazo pode 
dobrar ou quadruplicar conforme o código estabelece. Art. 188 - Computar-se-á em 
quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda 
Pública ou o Ministério Público. Art. 191 - Quando os litisconsortes tiverem diferentes 
procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de 
modo geral, para falar nos autos. 
c) regras gerais para contagem dos prazos 
1º – início e término em dia útil – só começam e terminam a contagem em dia útil. Obs.: 
na prescrição a contagem do prazo é prorrogada, na decadência a contagem não é 
prorrogada. 
2º – dois dias sucessivos – depois de iniciar a contagem ela é consecutiva, conta os dias 
corridos, independente de feriado ou final de semana. 
3º – exclui do 1º dia e inclui o último dia – exemplo: um sujeito foi citado dia 
10/05/2014, mas a citação foi juntada ao processo no dia 22/05/2014, quinta-feira. O dia 
22 não conta como início, a contagem começa dia 23, sexta-feira. Supondo que o prazo 
seja de 5 dias, ele termina dia 27/05/2014, terça-feira. Dia 27 é o último dia e não dia 
28. Exclui o 1º dia = 22 e inclui o último = 27. 
4º – início - apenas quando o aviso for juntado ao processo é que será contado o prazo, 
como no exemplo acima, a data da citação não importa, apenas a data da ciência 
(“juntada”). 
I – Ciência por: art. 241 
Correio - a contagem começa no dia subsequente quando o Aviso de Recebimento (AR) 
for juntado ao processo; 
Carta - a contagem começa no dia subsequente a juntada da carta; 
Oficial de justiça: a contagem começa no dia subsequente a juntada do mandado. 
II – Ciência por edital – tem o ato processual, que é a publicação no edital mais o prazo 
de dilação é de 20 a 60 dias, a ser determinado pelo juiz. O edital pode ser eletrônico ou 
impresso e a contagem é diferente. 
• Diário oficial: 
Impresso – conta a partir do dia subsequente 
Eletrônico – liberado para a internet num dia, é considerado publicado no dia 
subsequente e a contagem começa no dia seguinte. 
• Processo eletrônico (Lei 11.419) ainda em fase de implantação no Brasil 
Publicação – consulta, via e-mail 
Dilação – prazo de 10 dias para efetuar a consulta. O aviso é recebido por e-
mail e, após aberto o e-mail, começa a contagem do prazo anteriormente 
Notas de aulas - Teoria Geral do Processo 
 
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determinado no processo. Se não abrir o e-mail a contagem será iniciada no 
decimo primeiro dia após a publicação do e-mail. 
 
Atividade para fixação 
1 - Esmeralda foi citada em citada em 10 de março 2014 quinta-feira, o mandado foi 
juntado em 20 de abril, quinta-feira. Identifique o prazo de defesa considerando 15 dias. 
Juntou dia 20 a contagem começa no dia subsequente, ou seja dia 21/04 que é feriado, 
22 é sábado e 23 é domingo, então a contagem do prazo começa a partir de segunda-
feira dia 24. Exclui o 1º e inclui o último. 
2 – Esmeralda e Anastolfo foram citados em 5/05, terça-feira e 10/6, sexta-feira 
respectivamente. Os mandados foram juntados em 20/08, sexta-feira e 15/09 terça-feira. 
Identifique os termos inicial e final para oferta de defesa considerando o prazo de 5 dias. 
Aqui temos um processo em litisconsórcio. Se o advogado for o mesmo: só começa a 
contar depois de juntar todas as citações ao processo, ou seja, após a última citação, 
no caso dia15/9. Advogado igual prazo simples. Começa 15 e acaba 21. Advogados 
diferentes contagem dobrada. Final 27 
3 – Esmeralda (autor) de Anastolfo (réu) foram intimados para a juntada de laudo 
pericial. Sabe-se que a juntada do AR (aviso de recebimento) se deu em 10/03, terça-
feira e 14/11, quinta-feira, respectivamente. Identifique o prazo para juntada do laudo. 
Prazo não mencionado = 5 dias. Juntada do autor foi dia 10/03 = 16, réu foi 14/11 = 
22 
4 – Esmeralda foi citada por diário eletrônico no dia 15/07, quinta-feira. Identifique o 
prazo de defesa considerando 15 dias 
Citado dia 18/07, considera publicado dia 16/07 e conta subsequente a partir do dia 
17/07. Termina

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