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09 Complicações Pós Operatórias

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS 
 
 As complicações pós-operatórias podem envolver as feridas operatórias bem como os sistemas mais complexos, 
tais como complicações respiratórias, complicações cardíacas, gastrointestinais, cerebrais, etc. Para o cirurgião, a 
infecção mais importante é a que acontece com a ferida operatória. 
 
 
COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA 
 
HEMATOMA 
 O hematoma representa um acúmulo de sangue na superfície cutânea capaz de causar um abaulamento na pele 
(caso contrário, isto é, coleção de sangue na pele sem abaulamento constitui uma equimose). Os principais fatores de 
risco para a formação do hematoma são: uso de AAS, Heparina, Coagulopatias, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e 
tosse vigorosa. 
A presença de hematoma no paciente cirúrgico está muito associada com o uso de anticoagulantes orais, daí a 
importância da suspensão do uso de tais medicamentos com cerca de 7 dias antes do procedimento cirúrgico. Em casos 
de cirurgia de urgência, em que não foi possível controlar o uso de medicamentos anticoagulantes na etapa pré-
cirúrgica, é dever do cirurgião realizar uma adequada hemostasia para evitar maiores perdas sanguíneas. 
As coagulopatias, sejam elas de natureza adquirida ou congênita, alteram o processo evolutivo da ferida, 
constituindo uma importante causa de hematomas. 
Muitas vezes, a hemostasia só é possível durante o procedimento cirúrgico 
e, de preferência, com o paciente apresentando baixos níveis de pressão arterial – 
quando os níveis pressóricos arteriais voltam a um patamar mais elevado, pode 
ocorrer rompimento dos pequenos vasos pré-cauterizados, gerando uma maior 
dificuldade de controle no processo hemorrágico. Outros modos para uma possível 
complicação na hemostasia com pacientes com coagulopatia são os quadros de 
tosse rigorosa, manobras que aumentem a pressão intra-abdominal (manobra de 
Valsalva, por exemplo), constipação intestinal que promova esforço para evacuar, 
etc. 
As características clínicas do hematoma são: 
 Elevação da ferida; 
 Alteração da cor para uma tonalidade violácea; 
 Tumefação que pode causar uma dor importante e desconforto. 
 
A presença do hematoma guarda muitas importâncias que devem ser ressaltadas pelo cirurgião. Sabendo que 
alguns tipos de bactérias crescem, preferencialmente, em meios de cultura que contenha sangue, o hematoma pode 
alojar e servir de meio de cultura para estes germes, podendo cursar com uma importante infecção. Quando os 
hematomas localizam-se próximos a áreas consideradas vitais, a presença deste tipo de infecção ganha um enfoque 
muito mais grave. Um exemplo prático é a produção de uma coleção sanguínea que venha a formar um hematoma que 
comprima a região da traqueia, podendo causar um quadro de insuficiência respiratória ao paciente. Este quadro tem um 
prognóstico muito pior em casos de infecção. Por esta razão, o hematoma deve ser tratado e drenado adequadamente. 
O tratamento do hematoma consiste na abertura da ferida com a evacuação do coágulo subsequente. Enfim, 
deve-se realizar a ligadura de vasos hemorrágicos e, por fim, a compressão da ferida. Avaliar bem os curativos e trocá-
los diariamente pode ajudar em uma boa evolução do hematoma. Eventualmente, pode-se implantar o chamado dreno 
de penrose para uma drenagem contínua, mais orientada e facilitada. 
 
SEROMA 
 Consiste em um acúmulo de líquido seroso na região da ferida operatória. Geralmente é causado depois de 
incisões do plano cutâneo e subcutâneo em que haja ruptura celular. Esta ruptura faz com que haja extravasamento de 
líquidos para o espaço intersticial, colecionando, obviamente, líquido seroso neste local. A maior importância desta 
complicação é o aumento no tempo de cicatrização da ferida. 
 A formação de seromas é bastante comum em casos de mastectomia, em que o procedimento de descolamento 
da mama é muito extenso. O seroma geralmente se dá pelo acúmulo de líquido seroso, de caráter citrino. Contudo, 
podemos ter coleções de sero-hematomas, com a presença de sangue junto ao líquido seroso e de linfa. 
 O diagnóstico do seroma pode ser obtido por meio da ultrassonografia, observando-se uma região bem 
delimitada e hipoecogênica (escura). Este fato acontece devido à menor densidade do líquido seroso com relação a do 
sangue. 
 
Arlindo Ugulino Netto. 
TÉCNICA OPERATÓRIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
2 
 
www.medresumos.com.br 
 O tratamento do seroma é baseado na aspiração por agulha ou a produção de curativos compressivos. A 
aplicação de soluções hipertônicas (ampolas de glicose à 50%) pode ser utilizada para casos de seromas de repetição. 
Esta aplicação consiste na indução de uma resposta inflamatória dos retalhos locais (das bordas da ferida) para auxiliar 
no fechamento da ferida. 
 
DEISCÊNCIA DA FERIDA OPERATÓRIA 
 A palavra deiscência significa abertura espontânea, que pode ocorrer com a ferida operatória muito comumente. 
Esta abertura pode ser parcial (quando envolve apenas planos superficiais: pele e tecido celular subcutâneo) ou total 
(quando a deiscência ultrapassa o plano da aponeurose). A deiscência pode ocorrer secundária a fatores locais e fatores 
sistêmicos: 
 Fatores locais: fechamento inadequado dos planos estratigráficos da ferida, cicatrização deficiente e aumento 
da pressão intra-abdominal. O fechamento da ferida deve ser feito, portanto, com o tipo de fio e de calibre 
adequados para as características locais (ver OBS
1
 e OBS
2
). 
 Fatores sistêmicos: diabetes mellitus, obesidade mórbida, imunossupressão, câncer, sepse e 
hipoalbuminemia. 
 
OBS
1
: Os fios de sutura podem ser absorvíveis e não-absorvíveis. Este critério, contudo, não diz respeito à absorção orgânica de 
cada fio, mas à resistência e tensão do fio. Inclusive, podemos ter um fio inabsorvível que seja absorvido – fagocitado – pelo 
organismo (como os biodegradáveis). 
 Fios absorvíveis: são os fios de sutura que perdem a sua força tensil com menos de 60 dias. Contudo, a maioria 
desses fios só são absorvidos, no sentido lato da palavra, na média de 90 dias. Ex: 
 Fios de categute simples (produzido a partir da serosa do intestino do carneiro) tem resistência tensil de 
12 dias, o que significa que a ferida deve estar fechada em até 12 dias para que não haja deiscência; 
 Fios de categute cromado tem adições de sais de cromo aumenta a sua resistência tensil para 20 dias; 
 O Vycril® tem uma resistência tensil de 28 dias, sendo ideal para a síntese de aponeurose. 
 Fios inabsorvíveis: são os fios de sutura que perdem a sua força tensil com mais de 60 dias. Dentro desta 
classificação, temos os fios biodegradáveis e os não-biodegradáveis. 
o Fios inabsorvíveis biodegradáveis: o fio de nylon apresenta uma boa resistência tensil (mais de 60 dias) 
e é hidrolisado pelo organismo cerca de 20% ao ano (isto é, em 5 anos, ele é totalmente absorvido pelo 
organismo). 
o Fios inabsorvíveis não-biodegradáveis: o fio de aço, muito utilizado na esternorrafia e costorrafia, 
mesmo depois de vários anos após o procedimento, ainda é perceptível ao raio-X de tórax. O fio de 
polipropileno (Prolene®), utilizado na síntese de parede abdominal, também se enquadra nesta 
classificação. 
 
 Os sinais e sintomas que devem chamar a atenção do cirurgião para os casos de deiscência são: a presença de 
secreção serossanguinolenta e a presença de evisceração súbita (em que o paciente tem uma sensação de estouro da 
ferida; geralmente acontece depois de uma tosse intensa). A evisceração significa a presença de conteúdo visceral para 
fora dos limites da ferida (ocorre, comumente, com as alças intestinais). A evisceração geralmente ocorre entre o 4º a 6º 
dia do pós-operatório. Se ocorrer precocemente (entre o 1º ou 2º dia), muito provavelmente, a evisceração foi fruto de 
uma técnica inadequada. 
 A deiscência sempre deverá ser corrigida por tratamento cirúrgico.Contudo, diante do quadro de deiscência pós-
operatória, existem duas condutas com relação à presença ou não da evisceração: 
 Deiscência com evisceração: realizar compressas úmidas, lavagem, antibióticos, devolução da víscera ao 
abdome, sutura dos planos. 
 Sem evisceração: correção da hérnia com sutura dos planos. 
 
HÉRNIA 
 Hérnia é, por definição, ruptura, protrusão de um órgão ou parte de um 
órgão ou de uma estrutura através da parede da cavidade que normalmente o 
contém, fazendo com que esta estrutura alcance uma região que não corresponde à 
sua localidade anatômica. 
As hérnias abdominais caracterizam-se pelo defeito congênito ou adquirido 
(depois de uma síntese inadequada da aponeurose abdominal, por exemplo) de 
camadas da parede abdominal que permitem a protrusão de conteúdo intra-
abdominal por entre as camadas, podendo gerar abaulamentos na silhueta do 
abdome. Difere da evisceração, porque, neste caso, a abertura da parede 
abdominal é completa, com total exposição dos órgãos abdominais. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
3 
 
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A hérnia incisional é fruto de uma incisão cirúrgica. As hérnias 
incisionais ocorrem em locais do abdomén que já foram submetidos a uma 
incisão cirúrgica, e são resultantes da cicatrização inadequada dessas 
incisões. Este tipo de hérnia tem como característica apresentar altos 
índices de recidiva e de complicações. Os principais fatores que levam ao 
desenvolvimento de hérnias incisionais são: a infecção da ferida cirúrgica 
no pós-operatório, a obesidade, o tratamento com corticoides e 
quimioterapia, complicações respiratórias (tosse) no pós-operatório, má 
nutrição e idade avançada. A hérnia incisional pode ser ventral (geralmente, 
por invasão de alça de intestino delgado) ou lombar (geralmente, por 
invasão de conteúdo gorduroso). 
Nas hérnias incisionais pequenas, o tratamento pode ser realizado 
apenas com a sutura simples do defeito da parede abdominal (herniorrafia). 
No entanto, nos casos de grandes hérnias incisionais, há a necessidade de 
colocação de uma rede própria de poliprolpileno, que é reabsorvida e serve 
para reforço da aponeurose. Nos pacientes obesos, a colocação da rede 
por via laparoscópica (por dentro do abdomén) pode apresentar vantagens. 
 
 
INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO 
 Antigamente, a infecção do sitio cirúrgico era designada como infecção de ferida operatória. O termo entrou em 
desuso para determinar a infecção de qualquer região manipulada durante o procedimento cirúrgico. A importância que a 
infecção corresponde ao procedimento cirúrgico é tanta que será abordada em um capítulo a parte. 
 
GRANULOMA DA FERIDA 
 Os granulomas de ferida são lesões fruto da reação inflamatória crônica que geralmente estão relacionados com 
a formação de granulomas associados à presença de corpos estranhos, como fios de sutura (principalmente o fio de 
Prolene® por ser inabsorvível não-biodegradável). 
 
 
COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS 
 As complicações respiratórias têm como fatores de risco a idade do paciente (quanto mais idoso, maior a 
incidência de complicações), a presença de doença pulmonar obstrutiva-crônica (DPOC, como a bronquite crônica e o 
enfisema pulmonar) e o local de cirurgia (torácica, abdominal alta e de emergência). 
 
OBS
4
: O mesocólon transverso é a estrutura que determina a altura dos procedimentos cirúrgicos abdominais: acima 
dele, consideramos uma cirurgia abdominal alta; o contrário é verdadeiro. A própria colectomia transversa é tida como 
uma cirurgia abdominal baixa. As cirurgias abdominais altas inferem na dinâmica do músculo diafragma e, portanto, 
podem causar complicações respiratórias. 
 
ATELECTASIA 
 A atelectasia é o colapso de um segmento, lobo ou todo o pulmão, alterando a relação ventilação/perfusão, 
provocando um shunt pulmonar. Acontece devido a um colabamento dos alvéolos decorrente de uma obstrução a 
montante. A principal causa da atelectasia são os fatores obstrutivos e fatores não obstrutivos (colapso bronquíolos). Os 
fatores predisponentes são idade, obesidade, fumo, doenças respiratórias, presença de secreções, intubação 
orotraqueal, etc. 
As manifestações clínicas envolvem febre (24 a 72 horas após o procedimento cirúrgico), taquipneia, estertores 
e desvio mediastino p/ lado comprometido. 
 Os sinais radiológicos clássicos de uma atelectasia são: deslocamento da traqueia ou mediastino para o lado da 
atelectasia; elevação do diafragma do lado da atelectasia; alteração da fissura horizontal; pinçamento de costelas. 
Difere-se do derrame pleural, pois neste as estruturas mediastinais são deslocadas para o lado oposto do derrame. 
 O tratamento da atelectasia consiste na limpeza de vias aéreas por meio da tapotagem (consiste na colocação 
do doente em decúbito contralateral ao local da lesão e a realização de pequenas pancadas no tórax para permitir que a 
secreção seja drenada par ao hemitórax para ser então expelido pela boca), tosse ou sucção nasotraqueal; uso de 
broncodilatadores; uso de mucolíticos; fisioterapia respiratória. 
 
SÍNDROME DE MENDELSON 
A síndrome de Mendelson consiste na broncoaspiração do conteúdo gástrico previamente regurgitado. Os 
fatores predisponentes são: ausência da sonda nasogástrica; depressão do SNC; refluxo gastresofágico; aumento da 
pressão intra-abdominal; presença de alimento no estômago (paciente emergencial de estômago cheio). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Traqu%C3%A9ia
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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A gravidade da síndrome de Mendelson está associada a dois fatores: o volume (0,3ml/Kg, o que significa 20-
25ml para o adulto) e o pH (< 2,5) do conteúdo aspirado. Pacientes dentro do grupo de maior risco devem ser tratados 
para não evoluírem para um quadro de insuficiência respiratória. 
As manifestações clínicas incluem taquipneia, estertores e hipóxia. O infiltrado intersticial (geralmente, bilateral) 
de padrão nodular confluente é o aspecto radiológico mais comumente encontrado na broncoaspiração. Obviamente, o 
diagnóstico diferencial com outras patologias (como a síndrome da angustia respiratória do adulto) deve ser realizado 
por meio da pesquisa da história clínica do doente e dos fatores predisponentes. 
O tratamento consiste na manutenção da integridade das vias aéreas (sucção endotraqueal, tosse e 
broncoscopia) a na prevenção da lesão pulmonar (com o uso de hidrocortisona e antibióticos). 
 
PNEUMONIA 
Os fatores de risco para desenvolvimento da pneumonia são infecção peritoneal 
(migração das bactérias por meio dos poros de Kohn, pequenos orifícios diafragmáticos 
que intercomunicam a cavidade peritoneal com a cavidade pelural), ventilação 
prolongada, atelectasia e aspiração. 
A cirurgia ou a própria intubação orotraqueal, por diminuírem o reflexo da tosse, 
diminuem o processo de limpeza brônquica, pode gerar, depois de um acúmulo de 
secreções, a pneumonia, como complicação fruto desses procedimentos. 
Radiologicamente, é observada uma opacidade no lobo pulmonar acometido 
(geralmente, nos lobos pulmonares inferiores). 
O tratamento se dá pela eliminação das secreções e uso de antibióticos. A 
prevenção consiste em manter vias aéreas livres, realização de exercícios respiratórios, 
respiração profunda e tosse. 
 
DERRAME PLEURAL 
 Os fatores predisponentes para o acúmulo de líquidos no 
espaço pleural é a presença de líquido peritoneal livre ou a inflamação 
subdiafragmática (abcesso diafragmático, renal, hepático, etc). 
 A conduta para o alívio do derrame pleural é a punção ou 
drenagem da coleção de líquidos, principalmente quando se tratar de 
um empiema pleural (como Galeno dizia: “Se há pus, drene!”). A não 
intervenção, apenas observação do paciente e tratamento clínico, pode 
ser possível em casos de derrames discretos (volumes entre 200 e 300 
mL de líquido) ou em casos de derrame pleural citrino. 
 Radiograficamente, quando temos um volume amplo de líquido 
no espaço pleural,as estruturas mediastinais são projetadas para o 
hemitórax contralateral, diferentemente do que ocorre nos casos de 
atelectasia pulmonar. É possível observar a característica parábola de 
Damasieau 
 
 
PNEUMOTÓRAX 
 O pneumotórax, isto é, presença de ar no espaço pleural, tem como principais causas: o trauma, a punção 
venosa central (da V. jugular ou V. subclávia) inadequada (pneumotórax iatrogênico), ventilação com pressão positiva, 
lesão pleural diversa, pneumotórax espontâneo (rupturas de bolhas subpleurais ou blebs; são mais comuns nos 
indivíduos longilíneos). 
 O pneumotórax deve ser drenado sob pena de evoluir para um pneumotórax hipertensivo de tamanha 
intensidade que pode comprimir os vasos da base cardíaca e, assim, diminuir o retorno venoso e o débito cardíaco do 
paciente. 
 Toda a drenagem do tórax é feita ao nível do 5º espaço intercostal (linha infra-mamária) no ponto em que a linha 
axilar média cruza este plano. 
 
EMBOLIA PULMONAR 
 A embolia pulmonar consiste na instalação súbita de um 
êmbolo (como um coágulo sanguíneo) em algum ponto da 
circulação pulmonar, reduzindo ou abolindo a perfusão local. 
 Os fatores de risco são: 
 Trombose venosa profunda dos membros inferiores 
 Períodos prolongados no leito ou na cama 
 Cirurgias de grande porte 
 Lesão venosa dos MMII 
 Coagulopatias 
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 Gravidez 
 Anticonceptivos: usuárias de anticoncepcionais orais apresentam até quatro vezes mais chances de 
apresentarem trombose venosa profunda quando comparadas à população em geral. Os anticoncepcionais 
aumentam os níveis sanguíneos de fatores da coagulação VII, IX, X e XII e diminuem as concentrações 
plasmáticas de proteínas S e antitrombina, predispondo à formação de trombos. 
 Tabagismo 
 
O diagnóstico clínico da embolia pulmonar não é tão fácil, principalmente, porque muitos pacientes apresentam-
se assintomáticos na fase inicial. Apenas na fase tardia, podemos observar hemoptise, dor pleural e condensação 
triangular. 
 O diagnóstico radiológico da embolia apresenta parâmetros semelhantes aos da atelectasia. Encontraremos 
efusões pleurais e proeminências de Hampton (opacidades basais da pleura convexa para a margem medial) que 
indicam área de infarto pulmonar. Podemos encontrar ainda elevação do diafragma. 
O tratamento para a embolia é o suporte ventilatório e hemodinâmico do paciente. A prevenção é obtida com a 
deambulação precoce do paciente, com o tratamento de flebites e com a imobilização de fraturas (principalmente dos 
ossos longos, como o fêmur). 
 
 
COMPLICAÇÕES CARDÍACAS 
 Os fatores que implicam nas complicações cardíacas pós-cirúrgicas são: 
 Insuficiência cardíaca ou doença valvular 
 Drogas Anticoagulantes 
 Anestesia geral 
 Duração e urgência da cirurgia e sangramento descontrolado 
 Paciente com marca-passo 
 Pacientes com doenças coronarianas e baixo débito cardíaco- UTI 
 
ARRITMIA 
 Fatores relacionados: 
o Hipoxemia, Hipocalemia, toxicidade digital e estresse durante o término da anestesia 
o Pode ser o primeiro sinal de infarto 
 Manifestações clínicas: 
o Maioria assintomática 
o Dor torácica, palpitações e dispneia. 
 Tipos de arritmias: 
o Arritmias supraventriculares 
o Extrassístoles ventriculares 
o Bloqueio atrioventricular total 
 
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 
• Fatores desencadeantes: hipotensão, choque ou hipoxemia intensa 
• Manifestações clínicas: dor torácica, hipotensão, e arritmias. Mais da metade são assintomáticos (efeito residual 
da anestesia e analgesia) 
• Diagnóstico: ECG, Níveis elevados de CK (isoenzima MB) 
• Tratamento: 
• UTI: oxigenação, reposição de líquidos e eletrólitos 
 Antiagregante plaquetário (como o AAS) 
 ICC: digital, diurético e vasodilatadores 
 Dor: sedação suave (diazepínico) ou hipoanalgésico (Dolantina) 
 Profilaxia: 20 ml lidocaína 2%EV + 250 ml SF (microgotas) 
 
EDEMA AGUDO DE PULMÃO 
O edema agudo de pulmão pode ser causado pela administração excessiva de líquidos ou sangue. A conduta 
para o tratamento do edema agudo de pulmão é: 
 Elevar a cabeceira do leito 
 Oxigênio (3l/min), por cateter nasal 
 Digitalização (uso de Digoxina EV 1-1,5mg/24h, monitorização do potássio sérico) 
 Restrição hídrica e diurético EV 
 Monitorização ECG (insuficiência cardíaca) 
 Cateter p/ medida de PVC 
 Passagem de sonda vesical de demora (controle) 
 
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COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS E DE ANEXOS 
 
PAROTIDITE 
 Os fatores predisponentes para a parotidite são: pacientes idosos, debilitados, 
desnutridos e desidratados, com higiene oral precária; associado a uso prolongado de 
sonda nasogástrica. A tríade clássica da parótide é: uso de sonda nasogástrica 
prolongada (fato que induz a inativação prolongada das glândulas parótidas); presença de 
Staphilococus aureus; inflamação da glândula com cerca de duas semanas de pós-
operatório. 
 A patogenia está relacionada com a diminuição da atividade secretora da glândula 
parótida (como ocorre no uso prolongado da sonda nasogástrica), o que leva a um 
espessamento e acúmulo das secreções. Isto predispõe ao desenvolvimento de infecção 
por estafilococos, o que leva a inflamação da glândula parótida, obstrução dos ductos e 
formação de abscessos. Este processo pode expandir-se para o canal auditivo, pele 
superficial e pescoço, podendo causar insuficiência respiratória aguda por obstrução 
traqueal. 
As manifestações clínicas são: dor espontânea a palpação, febre alta, leucocitose e tumefação e eritema na 
região parotídea. O tratamento se dá basicamente pela hidratação, analgesia, antibioticoterapia dirigida empiricamente 
para estafilococos e drenagem da glândula. 
 
ÍLEO PARALÍTICO 
 O íleo paralítico ou atonia intestinal significa a falta de movimentos peristálticos intestinais como complicação 
natural e esperada de grandes cirurgias. Trata-se de uma complicação comum em cirurgias abdominais, sendo 
decorrente da resposta adrenérgica à cirurgia, ação de fármacos (opióides os mais comuns) e edema de alças intestinais 
(hidratação vigorosa e hipoalbuminemia são algumas causas). 
 Devemos lembrar que a motilidade intestinal tende a ser mantida pelo sistema miogênico, humoral e neural. 
Contudo, alguns dos seguintes fatores afetam estes sistemas: REMIT; anestesia; manipulação do intestino; dor 
(mecanismo reflexo); vagotomia; ressecção e anastomose do intestino; alterações nas concentrações séricas de K
+
 e 
Mg
+2
. 
 O retorno da peristalse acontece, em média, com 24 h depois da cirurgia em casos de cirurgia não abdominal, 
em que não há manipulação das alças intestinais. Em casos de laparotomia, em que há manipulação intestinal, temos o 
seguinte quadro: 
 Peristalse gástrica  após 48h; 
 Intestino delgado  após 5-7h, mas só impulsiona o alimento após 24h; 
 Cólon  40-48h 
 
 À radiografia simples, é possível observar os níveis hidroaéreos nas alças intestinais. Muitas vezes, é necessário 
avaliar radiografias de tórax para identificar possíveis patologias pulmonares que, por meio dos poros de Kohn, possam 
manifestar-se na cavidade abdominal, principalmente em casos de abdome agudo (ver OBS
5
), comum em pacientes 
com pneumonia. 
 Diversos protocolos de alimentação precoce (por via oral, ou na impossibilidade desta, por via enteral) vêm 
sendo utilizados no intuito de diminuir o íleo paralítico, pois reduzem o edema de alça intestinal, estimulam o 
peristaltismo e o trofismo da mucosa intestinal, além de diminuir a possibilidade de translocação bacteriana. O 
tratamento provisório consiste na instalação de uma sonda nasogástrica. Contudo, a alimentação do paciente só deve 
ser feita com cerca de 48h depois do pós-cirúrgico, depois de recuperada a peristalse gástrica. Caso contrário, 
poderemos ter quadros de refluxo e vômito. 
 Para evitar a cetogênese de jejum e uma eventual acidose metabólica, deve-seadministrar 400 Kcal ao longo de 
24 h (depois do primeiro dia do pós-cirúrgico, quando a resposta endócrino-metabólica ao trauma está sendo desligada) 
com o uso de quatro soros glicosados a 5% (cada soro apresenta 500 ml e, portanto, 25 g de glicose cada; se 1g de 
glicose tem 4 kcal, 25 g terá 100 Kcal, o que explica a necessidade de 4 soros glicosados para evitar a cetoacidose 
metabólica de jejum). O uso de potássio no 2º dia de pós-operatório auxilia a peristalse. 
 
DILATAÇÃO GÁSTRICA AGUDA 
 Consiste na distensão maciça do estomago por ar ou liquido. O tratamento requer a instalação de uma sonda 
nasogástrica. Os fatores predisponentes para o desenvolvimento deste quadro pode variar com a idade: 
 Lactentes e RN: máscara de oxigênio no pós-operatório imediato 
 Adultos: respiração assistida vigorosa (ressuscitação) 
 Utilização de máscara de Venturi 
 
O estômago, uma vez cheio de ar, pende sobre duodeno podendo causar obstrução mecânica do piloro, o que 
aumenta a pressão, favorece a obstrução venosa da mucosa e o eventual sangramento da mucosa, evoluindo para 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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necrose isquêmica e perfuração. O estômago distendido ainda empurra o diafragma, podendo causar atelectasia de 
base de pulmão esquerdo e rotação do coração com obstrução da veia cava inferior. 
 
OBSTRUÇÃO INTESTINAL 
 A obstrução intestinal, geralmente, tem causa mecânica (por bridas, aderências, hérnias internas, presença 
áscaris, etc.) ou mesmo pelo ílio paralítico. O tratamento consiste na instalação de sonda nasogástrica, que pode 
resolver por si só. Caso não corrigida em 24 a 48h, indica-se a laparotomia. 
 
IMPACTAÇÃO FECAL 
 A impactação fecal, isto é, a presença de fezes estagnadas na ampola retal, pode ser causada pela paralisia 
colônica, plenitude retal ou outros fatores agravantes (íleo paralítico, uso analgésicos e opiáceos como a morfina). A 
manifestação clínica envolve a obstipação e, em casos mais graves, distensão abdominal, risco de perfuração colônica 
(ceco). 
 O tratamento consiste na remoção manual ou o uso de enemas. 
 
PANCREATITE 
 A inflamação pancreática pós-operatória tem, como principais causas: 
 Cirurgia biliar 
 Descolamento duodenal e/ou pancreático 
 Transplante renal (corticoides ou azatioprina, infecções virais) 
 Circulação extracorpórea (hiperamilasemia). 
 
As manifestações clínicas envolvem vômitos, epigastralgia, dor abdominal em faixa e hiperamilasemia, aumento 
da glicemia e febre alta (catabólitos da necrose). 
O tratamento, inicialmente, é conservador como SNG e aspiração. Faz-se reposição volêmica (com coloides e 
cristaloides) com analgesia e observação. Se o paciente não melhorou, deve-se investigar a causa cirurgicamente. 
 
COLECISTITE AGUDA 
 Os fatores predisponentes são estase biliar e infecção biliar. A colecistite pós-operatória se diferencia da 
colecistite aguda por ser, frequentemente, acalculosa (não produz cálculo em 70-80%), por ser mais comum em homens 
(75%), por progredir rapidamente para a necrose da vesícula biliar e por costumar não responder ao tratamento 
conservador. 
 As causas são: 
 Procedimentos gastrointestinais 
 Quimioterapia arterial hepática com mitomiciana e floruxidina (colecistite química) 
 Embolia percutânea da A. hepática (tratamento de tumores malignos) ou malformação arteriovenosa 
 Jejum prolongado: acalculosa 
 
O tratamento da colecistite aguda ainda é muito controverso na literatura: alguns cirurgiões optam por 
intervenção cirúrgica imediata, enquanto outros preferem uma abordagem mais tardia. Atualmente, opta-se por intervir 
cirurgicamente quando é diagnosticada de imediato, caso contrário, aborda-se mais tardiamente para evitar maior 
edema e à crise da colecistite. 
 
 
COMPLICAÇÕES URINÁRIAS 
 
RETENÇÃO URINÁRIA 
 Geralmente é causada por procedimentos pélvicos e perineais ou quando há interferência nos mecanismos 
neurais que regulam o esvaziamento normal da bexiga. O tratamento é o cateterismo da bexiga. 
 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO 
Os fatores predisponentes são contaminação preexistente do trato urinário, retenção urinária e instrumentação. 
O diagnóstico é feito por exames de urina e confirmado por culturas, observando mais de 100.000 colônias/ml de urina. 
O tratamento inclui hidratação adequada, drenagem apropriada e antibioticoterapia. 
 
 
COMPLICAÇÕES CEREBRAIS E PSIQUIÁTRICAS 
 
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
 Os acidentes cerebrovasculares podem ser causados por lesão neural isquêmica devida à má perfusão. Os 
fatores predisponentes são: idade, aterosclerose, hipotensão durante a cirurgia, hipertensão arterial, choque 
hemorrágico. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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 A abordagem de um AVC requer a análise de um especialista. O neurocirurgião deve controlar a hipertensão 
arterial, fazer a reposição volêmica, oxigenação, fisioterapia e promover a movimentação do paciente no leito. 
 
PSICOSE PÓS-OPERATÓRIA 
 É muito comum em pacientes alcoólatras crônicos, idosos e em casos de uso prévio de drogas, os que 
apresentaram extrema preocupação operatória, hipóxia perioperatória. 
 
SÍNDROME DA UTI 
 Distúrbio psiquiátrico bastante semelhante à psicose pós-operatória que acontece devido à vigilância interna 
contínua, privação do sono, barulho, equipamentos de monitorização causam desorganização psicológica. Ocorre uma 
distorção da percepção visual, auditiva e táctil; confusão; inquietude. 
 
DELIRIUM TREMENS 
Ocorre em alcoólatras que param de beber bruscamente. O pródromo inclui alterações da personalidade, 
ansiedade e tremor. 
 
 
COMPLICAÇÕES DA TERAPIA INTRAVENOSA E MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA 
 
FLEBITE 
 Infecção das veias acessadas por cateteres. Estes devem ser retirados ou trocados para outra veia. 
 
FEBRE PÓS-OPERATÓRIA 
 A febre que ocorre no pós-operatório induz a atenção do cirurgião para melhor avaliar o paciente e descobrir a 
causa deste processo. A febre deve ser avaliada de acordo com a cronologia de evolução do paciente. 
 3/4 dos pacientes cursam com febre pós-operatória, sem evidências de infecção. 
 24h: geralmente é causada pela liberação de pirógenos endógenos (IL-1) da REMIT ou por drogas utilizadas na 
anestesia. 
 48 -72h: geralmente está relacionada com a atelectasia. 
 Após o segundo dia de pós-operatório o diagnóstico diferencial de atelectasia deve ser feita com flebite, 
pneumonia e infecção do trato urinário. 
 4º ou 5º está relacionada com doença pulmonar obstrutiva e infecção do sítio cirúrgico. 
 7º - 10º: ruptura de anastomose e abscessos intraperitoneais.

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