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Aula 4 Responsabilidade Civil

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“Casuística” da Responsabilidade Civil
Profa. Camila Pannain
Aula 4
Responsabilidade Civil profissional
Parte I
Noções Gerais
Contratual – de meio (prudência e diligência normais segundo as melhores técnicas) – ex: médico e advogado – ou resultado – ex: contrato de transporte – efeitos na distribuição do ônus da prova.
Responsabilidade Civil profissional – a responsabilidade Médica
Parte II
O erro médico é o dano imputável àquele que exerce a Medicina, nos termos do art. 14, §4º, do CPC, c/c art. 951, do Código Civil, segundo a apuração de culpa profissional.
Em geral, a relação médico-paciente é de consumo. Além disso é uma relação baseada no risco da atividade.
 
A responsabilidade do médico não é objetiva pois existe norma específica, art. 14, § 4º, do CDC.
Os médicos, em geral, assumem obrigação de meio, uma vez que a medicina não controla todas as reações adversas.
Para o cirurgião estético, que assume obrigação de resultado, há entendimento no sentido da sua responsabilidade objetiva (é exceção porque médicos, em regra, respondem com base na culpa profissional).
O dever de prestar socorro: A transfusão de sangue e as testemunhas de Jeová
Cuida-se aqui da transfusão como único meio terapêutico para salvar a vida do paciente. Caso haja outro meio, o médico não pode impor a transfusão. 
O que prevalece? O direito de crença ou o direito à vida? Há duas correntes:
 
1ª Corrente (Gustavo Tepedino) – Sustenta prevalecer a liberdade de crença em respeito à dimensão da dignidade do paciente.
2ª Corrente – Entende que o médico deve atuar para salvar a vida do paciente 	segundo o princípio da proporcionalidade.
  Resolução 1021/80, do Conselho Federal de Medicina e arts. 46 a 56 do Código de Ética Médica. Na jurisprudência há vários julgados autorizando o médico a atuar para salvar a vida do paciente a exemplo da Apelação Cível 123430-4 (SP).
Questões especiais envolvendo responsabilidade médica
O que é termo de consentimento informado?
 
Com base no art. 15, do Código Civil, o termo de consentimento informado, à luz do princípio da boa-fé objetiva, é a declaração firmada pelo paciente pela qual ele toma ciência expressa dos riscos e das consequências da intervenção médica.
Esse termo é importante para proteger o médico, para que depois o paciente não alegue ter havido quebra da boa-fé por falta de informação.
 
OBS: O termo não significa isenção do médico pelo seu erro.
A responsabilidade dos hospitais por erro médico
A exceção do CDC é para pessoas físicas mas a responsabilidade do hospital, pessoa jurídica que exerce atividade onerosa, de risco também é subjetiva segundo o STJ REsp 258389/SP e o REsp 908359/SC. 
Se a infecção hospitalar decorre da estrutura do hospital, a responsabilidade é objetiva, mas se decorre por erro médico, é subjetiva. 
 
OBS: Existe precedente admitindo responsabilidade de plano de saúde por erro médico (REsp 328309/RJ)
Responsabilidade Civil profissional – a responsabilidade do advogado
Parte III
Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance
Só há responsabilização se for sobejamente demonstrado o nexo de causalidade e a extensão do dano.
A Ofensa Irrogada em Juízo e suas Consequências
Imunidade absoluta? Exclusão da ofensa dolosa à parte contrária, ao representante do MP ou ao Magistrado – limites: âmbito de discussão da causa.
Responsabilidade do transportador 
Parte IV
Noções Gerais
Natureza contratual – obrigação de resultado
Art. 734 a 756, CC
Transporte desinteressado, de cortesia, carona
STJ Súmula nº 145 - DJ 17.11.1995 Transporte Cortesia - Responsabilidade Civil - Danos Causados ao Transportado - No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.
Overbooking
O STJ já admitiu que o overbooking é ato ilícito movido por mera conveniência administrativa (REsp 211604/SC). É ato ilícito e não exercício regular de direito.
 
CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATRASO DE VÔO (24 HORAS). EXCESSO DE LOTAÇÃO NO VÔO ("OVERBOOKING"). DANO MORAL. VALOR. CONVENÇÃO DE VARSÓVIA. CDC. PREVALÊNCIA.
	I. Inobstante a infraestrutura dos modernos aeroportos ou a disponibilização de hotéis e transporte adequados, tal não se revela suficiente para elidir o dano moral quando o atraso no vôo se configura excessivo, a gerar pesado desconforto e aflição ao passageiro, extrapolando a situação de mera vicissitude, plenamente suportável.
	II. Diversamente do atraso de vôo decorrente de razões de segurança, que, ainda assim, quando muito longo, gera direito à indenização por danos morais, a prática de "overbooking", constituída pela venda de passagens além do limite da capacidade da aeronave, que é feita no interesse exclusivo da empresa aérea em detrimento do direito do consumidor, exige sanção pecuniária maior, sem contudo, chegar-se a excesso que venha a produzir enriquecimento sem causa.
	III. Recurso especial em parte conhecido e parcialmente provido.
Convenção de Varsóvia
Regula o valor de indenização por perda de bagagem em vôos internacionais. 
 
O STJ tem entendido que o extravio de bagagem admite indenização integral, uma vez que nem mesmo a Convenção de Varsóvia pode suplantar o princípio constitucional de defesa do consumidor (REsp 552553/RJ)
 
CIVIL. TRANSPORTE AÉREO. CARGA. MERCADORIA. EXTRAVIO. TRANSPORTADOR. INDENIZAÇÃO INTEGRAL. CDC. APLICAÇÃO. CONVENÇÃO DE VARSÓVIA. AFASTAMENTO.
	1 - A jurisprudência pacífica da Segunda Seção é no sentido de que o transportador aéreo, seja em viagem nacional ou internacional, responde (indenização integral) pelo extravio de bagagens e cargas, ainda que ausente acidente aéreo, mediante aplicação do Código de Defesa do Consumidor, desde que o evento tenha ocorrido na sua vigência, conforme sucede na espécie. Fica, portanto, afastada a incidência da Convenção de Varsóvia e, por via de conseqüência, a indenização tarifada.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO CONSTRUTOR 
Parte V
Art 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
O prazo previsto no parágrafo único deste artigo concerne apenas a eventuais vícios de qualidade que prejudiquem a economicidade ou a utilização da obra realizada. Ou seja, o dono da obra terá o prazo decadencial de 180 dias para redibir o contrato, rejeitando a obra, ou, eventualmente, pleitear o abatimento no preço, caso constate qualquer defeito desta natureza. Trata-se, pois, de regra específica, que prevalece em face da prevista no art. 445 do Código Civil, referente aos vícios redibitórios em geral. 
Se, entretanto, tiver havido dano proveniente de falha na estrutura da obra, por defeito de segurança ou solidez, o direito de pleitear a reparação por perdas e danos (formulando a pretensão em juízo) poderá ser postulado no prazo prescricional geral de três (CC) ou cinco anos (CDC), caso se cuide ou não de relação de consumo.
 
	Civil. Recurso especial. Ação de indenização por perdas e danos e rescisão contratual. Julgamento "extra-petita". Inocorrência. Responsabilidade do construtor. Defeitos na construção. - Não há julgamento 'extra petita' quando é acolhida a pretensão do autor, segundo pode-se compreender das afirmativas contidas na petição inicial. - A entrega do imóvel ao comprador não corresponde ao exaurimento, por parte do empreiteiro, construtor ou financiador de imóvel residencial, de sua obrigação contratual ante a impossibilidade de que haja, neste instante, comprovação plena da segurança e solidez da unidade residencial. Recurso não conhecido. (REsp 590.385/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 05.10.2004, DJ 05.09.2005 p. 399) 
Responsabilidade Civil do Condomínio 
Parte VI
Há entendimento no STJ no sentido de que a responsabilidade civil do condomínio pressupõe previsão expressa da assunção da guarda e vigilância dos bens localizados em áreas comuns. 
RESPONSABILIDADE CIVIL - CONDOMÍNIO - SUBTRAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE SOM E DE PERTENCES DEIXADOS NO INTERIOR DE AUTOMÓVEL ESTACIONADO NA GARAGEM COLETIVA DO PRÉDIO - INEXISTÊNCIA DE PREPOSTO, COM A INCUMBÊNCIA DE GUARDAR E VIGIAR OS VEÍCULOS - ENCARGO DE PROMOVER VIGILÂNCIA, COMETIDO AO SÍNDICO, EM CARÁTER GENÉRICO, QUE HAVERÁ DE SER EXERCIDO EM SINTONIA COM OS MEIOS POSTOS À SUA DISPOSIÇÃO, PELO ORÇAMENTO DE RECEITAS - INEXISTÊNCIA DE APARATO ESPECÍFICO DE VIGILÂNCIA E SEGURANÇA - SUBTRAÇÃO, ADEMAIS, QUE TERIA SIDO COMETIDA, COM AMEAÇA A MÃO ARMADA – NÃO CONFIGURAÇÃO DE CULPA IN VIGILANDO - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 
Cont. 
Ao contrário da posição adotada pela Corte de origem, mostra-se relevante a necessidade expressa previsão na convenção ou, ainda, de deliberação tomada em assembléia no sentido de que o condomínio tenha, especificamente, serviço de guarda e vigilância de veículos. In casu, a circunstância de existir porteiro ou vigia na guarita não resulta em que o condomínio estaria a assumir a prefalada guarda e vigilância dos automóveis, que se encontram estacionados na área comum, a ponto de incidir em responsabilidade por eventuais subtrações ou danos perpetrados. -Em harmonia com os precedentes desta Corte Superior, bem como com lições doutrinárias, merece acolhida o inconformismo, a repercutir na inversão do ônus da sucumbência. - Recurso especial conhecido e provido. (REsp 618.533/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 03/05/2007, DJ 04/06/2007 p. 356) 
STJ:
CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONDOMÍNIO. O condomínio só responde por furtos ocorridos nas suas áreas comuns se isso estiver expressamente previsto na respectiva convenção. Embargos de divergência não conhecidos. (EREsp 268.669/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/03/2006, DJ 26/04/2006 p. 198) 
Civil. Recursos Especiais. Ação de compensação por danos morais. Agressões físicas entre condôminos. Ausência de responsabilidade do condomínio. Dissídio jurisprudencial. Cotejo analítico e similitude fática. Ausência. - Hipótese em que foi ajuizada ação de compensação por danos morais por condômino, em face do condomínio, decorrente de agressão física praticada na garagem do prédio. - O condomínio não responde pelos danos morais sofridos por condômino, em virtude de lesão corporal provocada por outro condômino, em suas áreas comuns, salvo se o dever jurídico de agir e impedir a ocorrência do resultado estiver previsto na respectiva convenção condominial. - O dissídio jurisprudencial deve ser comprovado mediante o cotejo analítico entre acórdãos que versem sobre situações fáticas idênticas. Recurso especial do condomínio conhecido e provido, e negado provimento ao recurso especial do condômino. (REsp 1036917/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/11/2009, DJe 02/12/2009) 
Responsabilidade civil do estado - Evolução das Teorias Explicativas e o Sistema Jurídico Brasileiro
Parte VII
Teoria da Irresponsabilidade
The king can do no wrong – O Estado era por si só a expressão da lei e do Direito
Teorias Subjetivistas
Fundamento: culpa do funcionário para a atribuição da responsabilidade ao Estado.
Teoria da Culpa Civilística:
agentes = prepostos – Estado: culpa in vigilando ou in eligendo
Teorias Subjetivistas
2. Teoria da Culpa Administrativa:
agente = parte da própria estrutura estatal, instrumento, ato do funcionário = ato da Administração – culpa in commitendo e in omittendo (=ação e omissão dos agentes)
Teorias Subjetivistas
3. Teoria da Culpa Anônima:
	Surgiu pois nem sempre é fácil descobrir-se quem foi o agente que praticou a conduta lesiva para fins de responsabilização do Estado, como necessário na teoria anterior.
	Pela teoria da culpa anônima, exige-se, para a responsabilização estatal somente a prova de que a lesão foi decorrente da atividade pública.
Teorias Subjetivistas
4. Teoria da Culpa Presumida:
Há presunção de culpa do Estado, com a inversão do ônus da prova.
5. Teoria da Falta Administrativa:
Falta do serviço = culpa da Administração
Necessidade de comprovação também da omissão estatal.
Teorias Objetivistas
1. Teoria do Risco Administrativo:
A obrigação de indenizar o dano surge da simples ocorrência do ato lesivo pela Administração sem necessidade de aferição de falta do serviço ou culpa de seus agentes.
2. Teoria do Risco Integral:
Responsabilização em qualquer situação em que existentes os 3 elementos essenciais, desprezando excludentes de responsabilidade.
3. Teoria do Risco Social:
Quebra da harmonia e estabilidade sociais. Não exige a conduta humana atribuível ao Estado para responsabilização. 
Teoria Adotada no Sistema Jurídico Brasileiro
Art.37, §6º, CR c/c 43, CC
Teoria Objetiva do Risco Administrativo – admite a quebra do nexo causal pela comprovação de uma das excludentes de responsabilidade civil.
OBS: questão do ajuizamento da pretensão indenizatória e denunciação da lide
Responsabilidade civil decorrente de crime
Parte VIII
Jurisdição Civil X Jurisdição Penal
Art.935, CC – apenas dois fundamentos da sentença penal absolutória tem o condão de prejudicar definitivamente a reparação civil: negativa material do fato ou negativa de autoria.
Alguns aspectos processuais da responsabilidade civil – tarifações legais de indenização
Parte IX
Danos Causados Por Demanda de Dívida Inexigível
Art.939 a 941, CC
Danos à Vida e à Integridade Física da Pessoa
Patamares mínimos: art. 948 a 951, CC
Danos Decorrentes de Usurpação ou Esbulho
Art.952, CC
Indenização por Injúria, Difamação ou Calúnia
Art. 953, CC
Indenização por Ofensa à Liberdade Pessoal
Art.954, CC

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