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Aula 1 Responsabilidade Civil

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Responsabilidade civil
Profa. Camila Pannain
Aula 1
introdução
Parte I
Conceito jurídico de responsabilidade
Responsabilidade 	Dever jurídico sucessivo
Responsabilidade Civil	 	Espécie de 				responsabilidade jurídica 
Q: Qual é a diferença entre responsabilidade civil e responsabilidade penal?
	
Conceito jurídico de responsabilidade
A diferença entre responsabilidade civil e penal não está na natureza do comportamento porque um mesmo comportamento pode deflagrar mais de um tipo de responsabilidade. A diferença está em dois fatores:
 
Na carga repressiva da resposta penal e na
Tipicidade exigida para essa responsabilidade penal (porque a civil não exige tipicidade)
princípio da fragmentariedade
Conceito jurídico de responsabilidade
CONCEITO: 
 
“A responsabilidade civil, espécie de responsabilidade jurídica, deriva da transgressão de uma norma civil preexistente, com a consequente imposição ao causador do dano do dever de indenizar.”
existência de um sistema jurídico normativo prévio que é violado por um comportamento danoso
Noções gerais de responsabilidade civil
Origem: (Roma)
Vingança privada – pena de Talião
Lex Aquilia – reparação pecuniária do dano
classificação
Responsabilidade Civil Subjetiva 186 - culpa
					ônus da prova do autor
				X			
Responsabilidade Civil Objetiva 927 – atividade 							 de risco
Responsabilidade Civil Contratual 389 e s. 395 e s.
				 X
Responsabilidade Civil Extracontratual ou Aquiliana				186 a 188 e 927
RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL X RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL
Necessária preexistência de uma relação jurídica entre lesionante e lesionado;
(dever de adimplir x dever negativo)
Ônus da prova quanto à culpa;
(RC - vítima: apenas prova do inadimplemento – presunção de culpa)
Diferença quanto à capacidade.
Natureza jurídica E função da reparação civil
NJ: Sanção
Funções:
Reparar – compensação do dano à vítima
Punir – punitiva do ofensor
Educar – desmotivação social da conduta
Elementos (gerais) da responsabilidade civil
Parte II
Elementos da responsabilidade civil
a) conduta humana
b) dano
c) nexo de causalidade
A conduta humana
Núcleo: Voluntariedade
Classificação: Positiva ou Negativa (OBS¹ – responsabilidade civil por ato próprio X responsabilidade civil indireta por ato de terceiro ou por fato do animal e da coisa
	Art.932, 936, 937 e 938
Antijuridicidade
	OBS²: dano reparável sem ilicitude – Ex: passagem forçada
O dano
Conceito: Lesão a um interesse jurídico tutelado – patrimonial ou não – causado por ação ou omissão do sujeito infrator.
Requisitos do dano indenizável:
a) violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica;
b) efetividade ou certeza do dano; (x dano hipotético)
	OBS: “perda da chance”
c) subsistência do dano.
Espécies de dano
Dano patrimonial ou material – lesão aos bens e direitos economicamente apreciáveis do seu titular. OBJETO DE RESSARCIMENTO
Aspectos:
Dano emergente
Lucros cessantes (diretos e imediatos X remotos – art.403) – STJ: “presunção de que os fatos se desenrolariam dentro do seu curso normal, tendo em vista os antecedentes” 
Espécies de dano
Dano reflexo ou em ricochete: prejuízo que atinge reflexamente pessoa próxima, ligada à vítima direta da atuação ilícita.
Danos Coletivos, difusos e a interesses individuais homogêneos: 
Art.81, CDC – critério: direito subjetivo violado
Espécies de dano
Formas de reparação de danos: 
Reparação natural;
Indenização pecuniária
O DANO MORAL
O DANO MORAL
Conceito : Lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro. OBJETO DE COMPENSAÇÃO
Violação aos direitos da personalidade – direito à vida, à integridade física, psíquica (liberdade, privacidade, etc), moral (honra, imagem, identidade).
Histórico no Brasil: A tese da irreparabilidade até a CR/88
Questões jurisprudEnciaIS envolvendo dano moral
Súmula 370, do STJ (de 02/2009) - “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.”
 
Súmula 362, do STJ – “A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.”
 
Súmula 281, do STJ – “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa..” 
	
Súmula 227, do STJ – “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”
 
Dano Estético: jurisprudência assentada no STJ: o dano estético não é só o dano físico, porque sua imagem não é só sua imagem-retrato, mas é imagem-atributo. 
Q: O réu pode argumentar que, no pagamento dessa indenização, já está embutido o pagamento por dano moral? O STJ, em mais de uma oportunidade, tem admitido a cumulação de pedidos de indenização por dano estético e dano moral (REsp 251719/SP e REsp 910794/RJ).
Questões jurisprudEnciaIS envolvendo dano moral
 
Dano Estético: jurisprudência assentada no STJ: o dano estético não é só o dano físico, porque sua imagem não é só sua imagem-retrato, mas é imagem-atributo. 
Q: O réu pode argumentar que, no pagamento dessa indenização, já está embutido o pagamento por dano moral? O STJ, em mais de uma oportunidade, tem admitido a cumulação de pedidos de indenização por dano estético e dano moral (REsp 251719/SP e REsp 910794/RJ).
OBS: O STJ já definiu a imagem-retrato como sendo "a projeção dos elementos visíveis que integram a personalidade humana, é a emanação da própria pessoa, é o eflúvio dos caracteres físicos que a individualizam" (RESP 58101/SP). 
Imagem-atributo – refere-se aos predicados que a pessoa goza diante da sociedade na qual está inserida. A pessoa jurídica possui, para muitos, esta imagem – Sum. 227, STJ. transcende às feições fisionômicas da pessoa, pois abrange a noção social que a coletividade faz de um de seus membros. É a reprodução da imagem construída pela pessoa dentro do seu convívio social. É a forma pela qual a pessoa é vista pela sociedade, através dos atos que pratica, da maneira como se comporta. 
Quantificação do dano moral
Há dois sistemas jurídicos a respeito dessa quantificação:
 
Sistema livre ou por arbitramento – Sustentado por
autores como Ronaldo Andrade, Judith Martins Costa,
Araken de Assis.
Tem base no art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil c/c art. 123, do CPC. Quando a lei é omissa, o juiz decide com base na equidade, PGD, etc. Quando o juiz vai quantificar o dano moral, ele deve arbitrar segundo um juízo de equidade. Então, o sistema do arbitramento dá ao magistrado uma liberdade que não é absoluta porque a jurisprudência tem criado parâmetros. Esse sistema é o preponderante no direito brasileiro. É o sistema que tem inspiração Constitucional, eis que a CF não limitou o valor do dano moral. A jurisprudência precisa sempre criar parâmetros. 
Quantificação do dano moral
Sistema do tarifamento legal 
 
Pretende estabelecer em lei valores tabelados de reparação por dano moral. Tramitam no Congresso Nacional projetos de lei que pretendem implantar esse tarifamento, o tabelamento legal dos valores do dano moral (Projeto de Lei 7.124/02 e Projeto de Lei 1.443/03). O último andamento que consta nesses dois projetos, foi um parecer pela inconstitucionalidade do projeto. A própria lei de imprensa que tabelava a reparação já havia sido afastada pelo próprio STJ por meio da Súmula 281. 
 
Parágrafo primeiro do Projeto de Lei 7.124. Se o juiz julgar procedente o processo por danos morais, deverá fixar a cada um dos ofendidos, indenizações nos seguintes valores: R$ 20 mil, nos casos de ofensas de natureza leve; entre R$ 20 mil e R$ 90 mil, nos casos de ofensas de natureza média; e entre R$ 90 mil e R$ 180 mil, para as ofensas de natureza grave.
 
Caso da Escola Base em SP – Os proprietários tiveram suas vidas destruídas por conta de uma falsa imputação de crime contra crianças. Onde está a base para você tarifar algo que merece tamanha atenção ao caso concreto?
Quantificação
do dano moral
Sistema do tarifamento legal 
 
Art. 2º do Projeto de Lei 1443/03 (apenso do projeto supracitado). A indenização por dano moral será fixada em até duas vezes e meia os rendimentos do ofensor ao tempo do fato, desde que não exceda em dez vezes o valor dos rendimentos mensais da vítima, que será considerado limite máximo.
 
Isso significa que as indenizações por dano moral teriam o valor máximo fixado em dez vezes mais o que a vítima recebe. Isso é um risco político. Você torna a honra de uma pessoa rica mais valiosa do que a honra de uma pessoa pobre. Dano moral pode ser a perda de um filho e isso ficaria adstrito a dez vezes o que o pai recebe? Esses dois projetos receberam parecer pela sua inconstitucionalidade. O sistema que precisamos aperfeiçoar é do arbitramento. 
Dano Bumerangue
Segundo o professor Salomão Resedá, em sua obra “A Função Social do Dano Moral” (Ed. Conceito), este tipo de dano traduz uma situação em que o próprio infrator, como consequência de seu comportamento anterior danoso, sofre um prejuízo causado pela própria vítima. Resultará em uma compensação de danos.”
 
A partir do ilícito que o sujeito cometeu, o próprio ofendido perpetra um ato contra o ofensor, caracterizando, segundo Salomão Resedá, uma compensação de danos. A, com seu carro, abalroa o carro de B. B, em conseqüência do comportamento de A, lança seu carro contra o de A. A sofre um dano causado pela sua vítima. É a idéia do dano bumerangue. 
A função pedagógica do dano moral e a teoria do punitive damage
Há função social da empresa, há função social da propriedade, há função social da família e há também função social da responsabilidade civil, mesmo na tutela individual. A partir do momento em que for implantada em nosso país, com efetividade e dentro de uma hermenêutica ponderada, para questões graves e reincidentes, a função pedagógica da reparação, em especial por dano moral, uma empresa, que diariamente lesione milhares de brasileiros, ficará preocupada em capacitar seus prepostos. O tratamento que se dá ao consumidor brasileiro não é o mesmo tratamento que uma mesma empresa dá nos Estados Unidos. A diferença é que lá existe uma função pedagógica da reparação e da responsabilidade civil que no Brasil ainda é muito tímida. A indenização por dano moral não pode ser apenas compensatória. Ela tem também uma função de pena privada, pedagógica, mormente para os casos em que há reincidência e gravidade.
 
Ex: EUA – Montadora de automóveis chegou à conclusão de que era mais barato pagar em juízo do que mudar sua linha de montagem para resolver um problema grave de um de seus modelos: eles explodiam quando abalroados. Acabou sendo obrigada a pagar indenização milionária a título, não só de verba compensatória, mas também de verba punitiva. 
 
A função pedagógica do dano moral e a teoria do punitive damage
Dentro dessa linha da função pedagógica da responsabilidade civil, nosso sistema deve evoluir para que a vítima receba a verba compensatória e a verba punitiva vá para o fundo da ação civil pública, por exemplo. O problema é que não temos lei que especificamente diga que ao fixar o dano moral, parte irá para compensar a vítima e a parte mais vultosa para algum órgão necessitado. As empresas preferem responder no juizado do que capacitar seu funcionário. 
 
No Brasil ainda vigora a idéia de que a indenização é meramente compensatória, mas já está chegando no Brasil, com força, a idéia de que a indenização por dano moral não deve ser apenas compensatória, devendo também ter uma função pedagógica. 
 
A função pedagógica do dano moral e a teoria do punitive damage
A teoria do desestímulo começa a se fazer presente, conforme podemos verificar na redação original do projeto de reforma do Código Civil, que pretende alterar o art. 944 para estabelecer que a indenização por dano moral deve compensar a vítima e desestimular o lesante. Além disso, o enunciado 379, da IV Jornada, interpretando o direito positivo, já admite a teoria.
 
379 Art. 944 - O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil.
 
OBS: Só se consegue entender a responsabilidade por abandono afetivo dentro da teoria pedagógica da responsabilidade. Dinheiro nenhum compensa o abando no de um pai. A idéia é de que, no abandono afetivo, essa indenização tenha caráter pedagógico, para que não se repita. 
 
O próprio STJ tem proferido decisões admitindo a teoria do desestímulo (ainda que de forma tímida), que a indenização leve em conta também essa função pedagógica, para manter indenizações mais altas, pedagogicamente sancionar (REsp 910764/RJ e REsp 965500/ES).
 
O DANO MORAL
Direto x Indireto x Dano reflexo
 		em razão de um dano material
Reparabilidade dO DANO MORAL
Argumentos contrários:
Falta de um efeito penoso durável;
Dificuldade de descobrir a existência do dano;
Indeterminação do número de pessoas lesadas;
Impossibilidade de uma rigorosa avaliação em dinheiro;
Imoralidade de compensar uma dor com dinheiro;
Amplo poder conferido ao juiz;
Impossibilidade jurídica da reparação.
 		
Reparabilidade dO DANO MORAL
NATUREZA JURÍDICA DA REPARAÇÃO:
Função de equivalência x Função satisfatória
(pretio doloris X atenuar as consequências da lesão)
Natureza sancionadora (x pena civil)
(consequência de um ato ilícito)
 		
DANO MORAL E PESSOA JURÍDICA
Proteção aos interesses extrapatrimoniais – direitos da personalidade – art.5º, X, CR; art.52, CC
Honra objetiva X Honra subjetiva
DANO MORAL E DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Art.1º, L.7.347/85 (ACP)
Questões especiais envolvendo o dano
O redutor indenizatório previsto no artigo 944
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
	Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
O Código diz que se o juiz por equidade verificar que, a despeito do dano ter sido considerável, a culpa do infrator é leve, poderá reduzir o valor da indenização devida.
E a situação da vítima?
E se a demanda for de responsabilidade objetiva, o que fazer? Discutir culpa apenas para amenizar o quantum? 
Há 2 enunciados com posições divergentes. Para Arruda Alvim, esse redutor só pode ser aplicado nas demandas em que a culpa é discutida porque fica incongruente você utilizar um redutor que toma por base a culpa em uma ação que não discutiu a culpa. 
O redutor indenizatório previsto no artigo 944
46 – Art. 944: a possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma exceção ao princípio da reparação integral do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva.
 
380 - Atribui-se nova redação ao Enunciado n. 46 da I Jornada de Direito Civil, com a supressão da parte final: não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva.
Para Arruda Alvim, esse redutor só pode ser aplicado nas demandas em que a culpa é discutida porque fica incongruente você utilizar um redutor que toma por base a culpa em uma ação que não discutiu a culpa. 
diferença entre dano indireto e dano reflexo ou em ricochete
Dano indireto remete-nos à idéia de uma cadeia de prejuízos: a mesma vítima sofre um dano direto e danos indiretos ou consequenciais.
Ex: Compra de um cavalo infectado por uma doença letal. Dano direto = animal infectado. Só que esse cavalo infectou três outros cavalos do adquirente. Neste caso, há também danos indiretos.
Já o dano reflexo é aquele que atinge, além da vítima direta, uma vítima indireta, a exemplo do filho que sofre o dano pela morte do pai.
dano in re ipsa
Há danos morais que, pela sua frequência e pela sua natureza dispensam prova em juízo. Essa expressão é muito ouvida no STJ. Dano in re ipsa é aquele que dispensa prova em juízo. Um exemplo clássico de dano in
re ipsa, que é como se fosse um dano presumido, é verificado no REsp 1.059.663/MS:
 
“Nos casos de protesto indevido de título ou de inscrição irregular em cadastro de inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, dispensa a prova, ainda que a pessoa prejudicada seja pessoa jurídica.”

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