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Desconsideração da personalidade Jurídica

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
Núcleo: Farroupilha
Disciplina: Direito Empresarial
Docente: Marlova Jaqueline Macedo Mendes
FERNANDA DE ALMEIDA
GABRIELA DE OLIVEIRA
LEANDRO HENRIQUE SEITENFUS
LUANA DOS SANTOS ANTUNES
MICHEL MATIAS BACH
MORGANA ARIEL GROSS
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
FARROUPILHA
2014/2
INTRODUÇÃO.
	A ordem jurídica reconhece como sujeitos de direito, não somente as pessoas naturais, mas também a organização delas ou apenas de bens dirigidos à realização de interesses comuns ou coletivos. Face à solidificação desses interesses reunidos, nascem as pessoas jurídicas.
	Nesse sentido, cumpre ressaltar o entendimento de que a pessoa jurídica pode ser considerada como “a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.” (DINIZ: 2007. p. 229). Portanto, a pessoa jurídica pode ser constituída a partir da organização de pessoas ou de bens para prática de atos lícitos, com definição preestabelecida na legislação pátria, ou seja, com capacidade prevista em nosso Ordenamento.
	Desta feita, a partir do conceito de pessoa jurídica, faz-se necessário asseverar afirmação da doutrinadora Maria Helena Diniz (2007), que aduz ser […] a pessoa jurídica é uma realidade autônoma, capaz de direitos e obrigações, independentemente dos membros que a compõem, com os quais não tem nenhum vínculo, agindo por si só, comprando, vendendo, alugando etc., sem qualquer ligação com a vontade individual das pessoas físicas que dela fazem parte.
	Com isso, entende-se que essa autonomia patrimonial não limita a personalidade patrimonial da pessoa jurídica, podendo ser utilizada, em certas circunstâncias, como instrumento para realização de fraude ou abuso de direito cometidas pelos administradores ou sócios dessas instituições.
	Gladston Mamede (2007) ensina que “o véu da personalidade jurídica cobrirá tais pessoas, em situação análoga à das fantasias que vestem um ou mais atores para, no cenário teatral, significar as personagens”.
	O interessante da analogia está no fato de que, como a pessoa jurídica é dotada de personalidade própria, ou melhor, como ela possui sua individualidade, oferece subsídios para prática de abusos e atos ilícitos por parte dos seus administradores ou sócios. E, para evitar esses abusos desenvolveu-se a teoria da desconsideração da personalidade jurídica que possui como objetivo maior proteger e preservar a pessoa jurídica.
HISTÓRICO E CONCEITO.
	Pode-se conceituar a desconsideração da personalidade jurídica como sendo:
[…] na essência, que em determinada situação fática a Justiça despreza ou “desconsidera” a pessoa jurídica, visando a restaurar uma situação em que chama a responsabilidade e impõe punição a uma pessoa jurídica, que seria autêntico obrigado ou o verdadeiro responsável, em face da lei ou do contrato. (PEREIRA, 2007, p. 335)
	Dessa forma, a desconsideração da personalidade é essencial para punir abusos e impedir práticas ilícitas.
	A origem histórica da teoria em epígrafe ainda é motivo de algum desentendimento doutrinário. Destarte, há doutrina no sentido de que sua origem deve-se o direito inglês, que através do Companies Act (1929), positivou norma que possibilitasse a utilização da desconsideração da personalidade jurídica (COELHO, 2007, 49-50). Por outro lado, há doutrina que defende o pioneirismo do direito norte-americano, que em meados de 1911, após conceder certas regalias às atividades produtivas da época, procurou meios para coibir abusos e fraudes através da utilização irregular desses privilégios. (PEREIRA, 2007, 335-336).
	No Brasil, a desconsideração da personalidade jurídica deu seus primeiros passos com o Código de Defesa do Consumidor, que em seu art. 28, autoriza sua utilização quando houver infração da ordem econômica.
	Após o Código de Defesa do Consumidor, o segundo dispositivo legal do ordenamento jurídico pátrio a tratar da desconsideração foi a Lei Antitruste (8884/94) que em seu artigo 18 condena as infrações de ordem econômica impondo-lhes aplicação das devidas sanções. 	Seguido pelo artigo 4º da Lei 9605/98, que dispõe acerca da responsabilidade por lesões ao meio ambiente.
	Depreendem-se desses elementos normativos, elementos essenciais que são considerados como caracterizadores da desconsideração da pessoa jurídica em favor do consumidor, tais como: abuso de personalidade jurídica, sagradas no desvio de finalidade e na confusão patrimonial; comportamento doloso e fraudulento.
	Nessa senda, destaca-se o art. 50 do Código Civil, em destaque:
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
	Depreende-se da dicção do referido artigo que é necessário utilizar-se desse aparato jurídico em algumas situações definidas em Lei. Dessa maneira, as hipóteses de aplicação da desconsideração da personalidade jurídica merecem apreciação.
CARACTERÍSTICAS.
A desconsideração da personalidade jurídica teve origem na Inglaterra e tem por principal finalidade preservar o instituto da pessoa jurídica, possibilitando a correção de eventuais abusos e fraudes em seu exercício. 
A pessoa jurídica, por ser um dos instrumentos da economia de mercado, é um dos institutos mais importantes na sociedade. Sua consideração tem por fim facilitar o uso da atividade empresária, sua desconsideração é a forma de adequar a pessoa jurídica aos fins para os quais a mesma foi criada, limitando e coibindo o uso indevido desse instituto.
Em caso de desconsideração, a personificação é afastada temporariamente, logo o juiz prossegue como se não houvesse pessoa jurídica. A partir disso se confundem os bens e atos da pessoa física e jurídica como se fossem uma só (AMARO, 1993, p. 173). Segundo Popp (2008, p. 324), “tal instituto implica uma exceção à regra geral. Exceção a um dos principais efeitos da personificação que é a total separação entre as esferas da pessoa jurídica e a dos sócios”.
A desconsideração que geralmente é de caráter temporário restrito aos atos fraudulentos e abusos comentidos. Após os bens e valores ressarcidos a empresa pode continuar funcionando. Há casos em que a desconsideração acontece em caráter definitivo, porém, essa regra é aplicada a casos extremos onde após isso ocorre a extinção da personalidade jurídica.
ESTÁGIO ATUAL DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.
Com o aumento da fraude, o homem precisou dotar-se de mecanismos para coibir tais atos e punir a ocorrência dos mesmos. Desde 1809, a teoria da desconsideração da personalidade jurídica vem atuando como instrumento para reduzir e penalizar esses desvios.
Os requisitos para tal teoria podem se apresentar de duas formas: Teoria maior e Teoria menor. A teoria menor não foi adotada pelo direito brasileiro, pois concretiza insegurança jurídica e social para os sócios investidores. A teoria maior, fundada na fraude, teve assento no direito positivo, preservando, o princípio da autonomia patrimonial.
TEORIA MAIOR.
A teoria maior se fundamenta em maior apuro e precisão do instituto da desconsideração da personalidade jurídica, baseando-se em requisitos sólidos identificadores da fraude - a utilização da couraça protetora para camuflar atos eivados de fraude pelo sócio com a utilização da sociedade.
TEORIA MENOR.
A teoria menor da desconsideração dispensa raciocínio mais acurado para a incidência do instituto, bastando que a diferenciação patrimonial da sociedade e sócio se afigure como obstáculo à satisfação de credores.
Com o veredito da despersonalização da pessoa jurídica, será ignorada a existência de patrimônios díspares, atingindo diretamente o sócio que efetuou o ato lesivo. Esse sócio, por suavez, poderá ter o ato considerado como de forma incidental ou direta. 
DESCONSIDERAÇÃO DIRETA.
Nas hipóteses em que a fraude for de plano aferida haverá a intenção preliminar de se pugnar pela desconsideração para alcance daquele que efetivamente praticou o ato lesivo.
DESCONSIDERAÇÃO INCIDENTAL.
Desse contexto surge a discussão sobre a possibilidade de ser decretada a desconsideração no mesmo processo (incidental) ou então se curial se faz a deflagração de demanda autônoma para tanto.
PESSOA JURÍDICA E SEPARAÇÃO PATRIMONIAL.
A Separação Patrimonial ou Autonomia patrimonial da sociedade empresária pode ser considerada uma técnica de segregação de riscos. Em razão disso, os bens, direitos e obrigações da sociedade não se confundem com o dos sócios. Isto está fundamentado na ideia de que não é possível cobrar dos sócios uma obrigação que não os compete, e sim à sociedade empresária. No momento em que, as obrigações envolvam exclusivamente empresários, deve ser totalmente respeitado o princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas.
Os credores das pessoas jurídicas podem dispor de meios para acrescer ao preço dos produtos uma taxa de risco associado às possíveis perdas que a autonomia patrimonial possa acarretar, e também existem os que não dispõem dos mesmos meios. São chamados de negociais e não negociais. 
Os negociais são empresários que fornecem insumos mediante pagamento a prazo e os bancos concedentes de financiamentos, sujeitos à disciplina do direito comercial. Desta forma, estes credores podem adicionar aos seus preços e/ou juros uma taxa de risco associado à probabilidade de não receberem os créditos abertos à sociedade empresarial, em razão da autonomia patrimonial. Desta forma, caso o detentor do crédito não receba, ele não terá prejuízo, pois receberam um plus correspondente à taxa de risco, compensando a inadimplência. Os credores não negociais, ou seja, os consumidores e empregados, não dispõe dessa forma de hedge (proteção) para blindar seus interesses. Os credores não negociais são amparados por outros ramos jurídicos, como o direito do trabalho e do consumidor. 
Esta técnica de segregação de risco é um ótimo instrumento para captação de investimentos estrangeiros, uma vez que poupa o investidor de perdas elevadas ou totais em caso de insucesso da empresa. Investidores com perfis arrojados, os risk makers, podem até não desistir de investir em economias em que a segregação de risco não seja eficiente, porém, irão investir em empresas com pretensões e probabilidades de ganhos maiores, onde a volatilidade é maior (quanto maior o risco, maior será o retorno financeiro).
FUNÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.
São entes a que a lei outorga personalidade, ou seja, um conjunto de pessoas ou bens constituídos na forma de lei para fins comuns. No momento em que a Pessoa Jurídica registra seus atos constitutivos, adquire personalidade, ou seja, a capacidade de ser titular de direitos e obrigações. (Por trás de todo CNPJ existe um CPF).
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. (ART. 41)
São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I – a União; 
II – os Estados, o Distrito Federal e os territórios; 
III – os Municípios; IV – as Autarquias, inclusive as associações públicas; 
V – as demais entidades de caráter público criadas pela lei. 
Conforme art. 43 As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO. (ART. 42)
 São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. (ART. 44) 
São pessoas jurídicas de direito privado: 
I – as Associações; 
II – as Sociedades; 
III – as Fundações; 
IV – as Organizações Religiosas;
V – os Partidos Políticos; 
VI – as Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada
O MAU USO DA PESSOA JURÍDICA.
	A desconsideração está diretamente ligada ao mau uso da personalidade jurídica pelo sócio ou pelo administrador, não prescindindo do aferimento de dolo, abuso de direito, fraude, dissolução irregular da empresa, confusão patrimonial ou desvio de finalidade. Pata aplicar o instituto, portanto, o judiciário – atende ao comando do art. 93, IX, da Constituição Federal – deverá, obrigatoriamente, fundamentar seu ato, apontando fatos e provas que demonstrem estarem presentes as condições para desconsiderar a personalidade jurídica. 
	A aplicação desmoderada e generalizada do instituto conduz á transformação dos contextos societários em posição de alto risco. Desconsideração não é mera responsabilização dos sócios, mas responsabilização daquele a ou daqueles, sócios ou não – como se verá -, que são responsáveis ativa ou omissivamente pelo mau uso da personalidade jurídica da sociedade. 
PRESSUPOSTO DA LICITUDE.
A desconsideração visa, fundamentalmente, debelar situações de fraude ou abuso de direito em que a consideração da pessoa jurídica (de autonomia de sua personalidade e de seu patrimônio) represente um obstáculo ao exercício de direitos ou prestações contra pessoa coletiva. Diz-se, portanto, que a personalidade funciona com um anteparo para o cometimento de atos aparentemente lícitos, mas que, se investigados no cerne de sua finalizada e se levantando o véu corporativo do ente coletivo, revelar-se-ão ferrados pelo signo da ilicitude.
O pressuposto da licitude pretende exatamente auxiliar o aplicador do direito na tarefa de identificar quais as situações que ensejarão a aplicação da desconsideração. Em sendo considerada a personalidade autônoma da pessoa coletiva e, em decorrência, respeita a regra da separação, o ato questionado apresentar-se-á em conformidade co direito. Por outro viés, se a personalidade for desconsiderada, e o ato for imputado diretamente a seu sócio – ou eventualmente a outra sociedade – restará configurada uma situação antijurídica, a denotar o manejo indevido da regra da autonomia patrimonial da pessoa jurídica.
RESPONSABILIDADE DOS INTEGRANTES DA PESSOA JURÍDICA EM GERAL DOS SÓCIOS, DOS ACIONISTAS E DOS ADMINISTRADORES.
A desconsideração da personalidade jurídica difere de outros institutos jurídicos que importam no comprometimento do patrimônio pessoal do integrante da pessoa jurídica em razão de obrigações desta. 
Se for atribuída diretamente pela lei responsabilidade ao acionista, sócio ou administrador por algum ato seu, não haverá de ser aplicada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica porque a pessoa jurídica não representa um obstáculo para incidência da norma legal. De igual maneira, se a lei atribuir responsabilidade solidaria ao acionista, sócio ou administrador o véu da pessoa jurídica não impede que a lei seja aplicada.
É importante deixar claro que somente caberá a desconsideração da personalidade jurídica quando se tratar de imputar uma norma ao sócio ou a sociedade sem que esses sejam seus destinatários específicos.
A teoria da desconsideração da pessoa jurídica só deve ser aplicada se a autonomia da mesma se tornar um obstáculo para a coibição de fraudes e abusos de direito.
Caso o sócio, o acionista, o administrador ou a sociedade sejam destinatários específicos de normas que lhes atribuam responsabilidades pelo abuso de direito ou pela realização de fraudes, não há falar em aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Nessas hipóteses, a responsabilidade é imputada diretamente ao sócio, acionista, administrador ou a própria pessoa jurídica, conforme o caso.
A responsabilidade direta e pessoal dos sócios ou administradores tem a finalidade de impedir abusos praticados por meio da pessoa jurídica.
No que diz respeito à responsabilidade dos sócios por obrigações da sociedade, é importante mencionar que ela pode ser ilimitada ou limitada. Em determinadas hipótesesos sócios respondem pelas obrigações sociais sem qualquer limitação e em outras eles respondem observando um limite. 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E RESPONSABILIDADE SOCIETÁRIA.
Quando a teoria da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada, o integrante da pessoa jurídica responde por divida própria. Essa responsabilidade do integrante da pessoa jurídica decorre do fato de ele ter se beneficiado de uma atividade abusiva e lesiva realizada por meio da pessoa jurídica.
A responsabilidade decorrente da desconsideração da pessoa jurídica apresse-se em salientar, nada tem que ver com a responsabilidade comercial ou civil do sócio, consequente à modalidade societária de que participe, ou de negócios jurídicos que, em função dos negócios da personalidade jurídica, pratique, como a dada de aval, fiança ou conferência de bens. Diante da existência de uma sociedade comercial, surgem algumas ordens de responsabilidade civil e comercial, como:
Responsabilidade societária externa:
De origem societária, comprometendo: 
Responsabilidade quanto ao patrimônio afetado à sociedade, determinada pela espécie societária; 
Responsabilidade subsidiária por atos de gestão societária (o fato da gestão); 
Responsabilidade extra-societária: 
Solidariedade com a sociedade (ato ilícito comum); 
Responsabilidade contratual solidária: fiança, aval, caução. 
Essas modalidades de responsabilidade são imediatamente decorrentes da participação em pessoa jurídica. É responsabilidade direta, decorrente, por exemplo, da condição de sócio a arriscar patrimônio, ou de gerente ou diretor pelos atos de administração. No caso da responsabilidade decorrente da desconsideração da pessoa jurídica, trata-se de responsabilidade subsidiária, a exemplo do que ocorria com as sociedades em nome coletivo do Código Comercial de 1850.
CONFUSÃO PATRIMONIAL E TEORIA OBJETIVA.
A confusão patrimonial ocorre quando se confundem os negócios pessoais dos sócios, ou da subsidiária, com os da sociedade. A intenção do legislador foi a de proteger o ideal de que a administração do negócio deve ser feita não em benefício pessoal dos sócios, mas sim da sociedade. O desvio de finalidade, por sua vez, ocorre quando os atos perpetrados pelos sócios ou administradores em nome da sociedade, visam a fins diversos daqueles estabelecidos no seu objeto social.
A fim de caracterizar “confusão patrimonial”, podemos examinar dois seguintes casos:
Os sócios, por exemplo, compram, em nome da pessoa jurídica, veículos para uso particular seu e de seus familiares; e o gasto de manutenção desses veículos é contabilizado como despesa dessa pessoa jurídica. Isso caracteriza uma “confusão patrimonial”, pois, além de os gestores se utilizarem da pessoa jurídica para obter benefícios particulares, confundem o seu patrimônio com o dela, ferindo a primazia da essência sobre a forma.
Agora, quando estamos diante de grupos de empresas, ou de empresas coligadas ou controladas, e, por conveniência da gestão, uma empresa empresta dinheiro à outra, a fim de que essa não tenha que buscá-lo junto a alguma instituição financeira, diminuindo, dessa forma, o custo desse evento; ou, ainda, quando certa classe de bens e direitos são controlados em nome de um responsável, como ocorre com a conta Caixa ou Banco Conta Movimento, e todos os eventos daí decorrentes são devidamente registrados em suas contabilidades, com informações precisas, conferindo-lhes transparência, não estamos diante de “confusão patrimonial”, e, sim, diante de um dispositivo administrativo de gestão (planejamento financeiro), usado para que essas empresas sejam beneficiadas.
Não há aqui “confusão patrimonial”, pois todos os fatos estão devidamente registrados na contabilidade, mantendo-se a integridade dos elementos patrimoniais; e os sócios não se serviram desse evento para a prática de atos ilícitos, nem receberam benefícios particulares em detrimento da pessoa jurídica.
DESCONSIDERAÇÃO EM SENTIDO INVERSO.
A expressão “desconsideração inversa da personalidade jurídica” é utilizada pela doutrina e é afastado o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio, como, por exemplo, na hipótese de um dos cônjuges, ao adquirir bens de maior valor, registrá-los em nome de pessoa jurídica sob o seu controle, para livra-los da partilha a ser realizada nos autos da separação judicial. Ao se desconsiderar a autonomia patrimonial, será possível responsabilizar a pessoa jurídica pelo devido ao ex-cônjuge do sócio.
A desconsideração inversa da personalidade jurídica será aplicada sempre que for apurado o uso abusivo, simulado ou fraudulento da pessoa jurídica, prejudicando dessa forma, credores ou terceiros. Contudo, são poucos os julgados que utilizam essa modalidade de desconsideração para casos fraudulentos no Direito de Família, entretanto, há decisões judiciais que entendem a responsabilização da empresa no tocante à pensão arbitrada, já que o alimentante se escondia por trás da pessoa jurídica.
Caracteriza-se a desconsideração inversa quando é afastado o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio, como, por exemplo, na hipótese de um dos cônjuges, ao adquirir bens de maior valor, registrá-los em nome de pessoa jurídica sob o seu controle, para livra-los da partilha a ser realizada nos autos da separação judicial. Ao se desconsiderar a autonomia patrimonial, será possível responsabilizar a pessoa jurídica pelo devido ao ex-cônjuge do sócio.
Outra hipótese para a desconsideração inversa da personalidade jurídica pode ser verificada nos casos em que o sócio obtém o absoluto controle dos bens da sociedade, ou seja, é constituída uma sociedade para a guarnição do ativo, ficando o passivo na responsabilidade da pessoa do sócio. Diante disso, terceiros que contratam o sócio poderão deduzir de acordo com a teoria da aparência, que por residir em endereço luxuoso e possuir carros de alto valor, o sócio seja pessoa merecedora de crédito, porém, estes bens, que aparentemente poderiam ser de sua propriedade, pertencem à pessoa jurídica.
REFERÊNCIAS
AMARO, Luciano. Desconsideração da pessoa jurídica no Código de Defesa do Consumidor. Revista de Direito do Consumidor. São Paulo, n. 5, p. 168-182, jan.-mar. 1993.
POPP, Carlyle. Pessoa jurídica. In: LOTUFO, Renan; NANNI, Giovanni Ettore (coord.). Teoria geral do direito civil. São Paulo: Atlas, 2008, p. 307-335.
Dsiponível em: http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=2568&idAreaSel=12&seeArt=yes Acesso em: 12 abril 2014.
Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:ZFCyQmYUk3QJ:www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/bh/lorena_batista_maximo.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-a Acesso em: 17 maio 2014.
Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10791/1/Agenor.pdf Acesso em: 17 maio 2014.
Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8265 Acesso em 18 maio 2014.
Disponível em: http://www.amperj.org.br/artigos/view.asp?ID=109 Acesso em 18 maio 2014.
Disponível em: http://saleziodagostim.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html Acesso em 16 maio 2014.
 
Disponível em: http://atualidadesdodireito.com.br/karenbarros/2014/01/08/a-aplicacao-da-doutrina-do-disregard-no-direito-de-familia/ Acesso em 16 maio 2014.

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