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Int. à Ciência do Direito - Relações Juridicas, Direito Objetivo e Direito Subjetivo

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Introdução à Ciência do Direito – AULA 3 (16/08/17)
Ordem Jurídica e Ordem Social
Essas duas noções se completam e se pressupõem mutuamente. Não haverá Ordem Social, se não houver uma disciplina jurídica. Mas também não faria sentido ter norma jurídica se não houver algum tipo de previsão da existência da sociedade. Portanto, essas noções são complementares e se pressupõem mutuamente. 
Relação Jurídica
Para início de conversa, precisamos entender o que é uma relação social. O que é uma relação social? Como poderíamos caracterizar uma relação social? Vamos pensar que estamos diante de uma ideia que nos remete a duas questões: 
Toda sociedade vive de fatos sociais. Os fatos sociais são criações históricas de um povo em uma época determinada. Então, por exemplo, hoje nós vivemos em convívio com vários fatos sociais. O uso das redes sociais constitui um fato social. Ou seja, os fatos sociais são criações históricas do povo e, evidentemente, dentro desses fatos sociais temos os acontecimentos. Se você, por exemplo, for jogar no Bicho, é um acontecimento. Mas o fato social é o jogo de azar como um todo. Da mesma maneira, é possível dizer que muitos dos fatos sociais levam à disciplina dessas relações sociais pelo Direito. Então, por exemplo, o contrato, ou negociações entre pessoas com uma finalidade determinada constitui um fato social. E o Direito vem para regular de que maneiro esses acontecimentos devem se dar. Consequentemente, o que estou dizendo é o fato social é um fenômeno determinado e genérico e os acontecimentos são situações especificas que envolvem pessoas determinadas. O fato social, por natureza, é genérico. Por exemplo: o suicídio é um fato social. Há um indicie de suicídio admitido pelos órgãos oficiais. Mas, se eu disser “José da Silva se suicidou”, estamos diante de um acontecimento. Por isso, não vamos confundir Fato Social com Acontecimento. 
Existem fatos sociais e existem as relações sociais. As relações sociais são, numa certa medida, portanto, interações que as pessoas têm entre si. Toda relação social é, antes de tudo, uma interação. Ou as relações sociais são interações subjetivas. Quando você chega na sala e diz “Fulano, me empresta o seu caderno para eu copiar? ” isso é uma relação social. Quando combina com alguém de sair, de ir para a balada, isso é uma relação social. E muitas dessas relações sociais não têm nenhuma importância para o Direito. Por exemplo, se você resolver ter cinco namorados isso não tem nenhuma importância para o Direito, mas se você resolver casar com um deles, você não poderá continuar com os outros quatro. Ou pelo menos não deverá. A ideia é, portanto, que a Relação Jurídica é uma espécie de relação social. Há relações sociais de afeto, de amizade, de companheirismo, relações profissionais, etc. Consequentemente, Relação Jurídica é espécie da qual a relação social é gênero. Existem inúmeras espécies de relações sociais, entre as quais as Relações Jurídicas. O que, essencialmente, caracteriza uma Relação Jurídica de forma conceitual, portanto, é o fato de que uma relação jurídica é toda relação social especialmente qualificada pelo Direito. Quando falamos de Relação Jurídica, estamos falando que ela tem uma composição mínima. Ou seja, a primeira ideia é de que as Relações Jurídicas fazem parte dos chamados Conceitos Jurídicos Fundamentais. O que quer dizer isso? Primeiro, que as Relações Jurídicas se constituem em um ponto em que temos fato social e norma. Ou seja, a ideia da Relação Jurídica é que não há Relação Jurídica sem o fato social. Mas também não há Relação Jurídica sem norma. Consequentemente, só se tem que uma relação social é jurídica porque há uma norma disciplinadora daquele acontecimento. Nós temos, então, nas Relações Jurídicas algumas questões que devem ser pensadas. A primeira delas é que na Relação Jurídica há uma norma definidora de direitos e deveres. E, claro, essas relações podem ser muito longas ou muito curtas. Quando alguém vai ao salão de beleza e diz “faz uma escova definitiva aí para mim”, feita a escova a Relação Jurídica acaba. Ou seja, é uma Relação Jurídica quase que instantânea, leva duas horas as vezes, mas o normal é que depois de terminada a escova essa Relação Jurídica acabe. Mas você também pode decidir comprar um apartamento e financia-lo em 30 anos também. Dessa forma, a Relação Jurídica será muito duradoura. Então, as Relações Jurídicas podem se exaurir no momento, como quando nós passamos na roleta do ônibus e pagamos a passagem, por exemplo. Acabou a Relação Jurídica ali. Ou pode haver uma Relação Jurídica duradoura, como a que se estabelece entre pais e filhos supondo que ambos vivam muito. Vamos pensar, então, que toda Relação Jurídica tem um tempo e que esse tempo pode ser longo ou curto. Vamos imaginar, agora, que toda Relação Jurídica pressupõe um dever e, consequentemente, um direito. O que é um dever? Em toda Relação Jurídica existe alguém que está obrigado a uma prestação. Dever Jurídico é, portanto, a prestação que alguém passa a ter o dever de cumprir. Então, por exemplo, se você contratou um cabeleireiro para te deixar loira, o dever jurídico dele é exatamente o de prestar o serviço. Veja, portanto, que nesta obrigação temos um sujeito que tem direito de receber aquela prestação e um sujeito que tem o dever de cumprir aquela prestação. Portanto, podemos dizer que o dever jurídico é a tarefa que alguém se obriga a cumprir. Mas, essa tarefa pode ou não ter conteúdo econômico. Uma tarefa sem conteúdo econômico é mero dever jurídico, uma tarefa com conteúdo econômico é o que nós chamamos em Direito Civil de obrigação. Uma obrigação, portanto, é o vínculo jurídico entre credor e devedor em torno de uma prestação de natureza econômica. Nem todo dever jurídico é uma obrigação, mas toda obrigação é um dever jurídico. Então, por exemplo, quando você casa você tem o dever jurídico de fidelidade. Fidelidade nada mais é do que um dever jurídico não obrigacional. Mas, se você, por alguma razão, resolver se divorciar e você tem filhos, você está diante de uma obrigação decorrente do casamento, que é pagar pensão. Percebam, portanto, que toda obrigação pressupõe algum conteúdo econômico, o que não acontece com os deveres jurídicos. Dever jurídico pode ser um mero jurídico ou pode ser obrigação. 
Os elementos da Relação Jurídica 
Além do dever jurídico e além da norma, nós temos que analisar a Relação Jurídica a partir da ideia de que ela se caracteriza por alguns elementos. Integram a Relação Jurídica os elementos: sujeito ativo, sujeito passivo, vinculo de atributividade e objeto. Não existe Relação Jurídica que não tenha sujeito, não existe Relação Jurídica que não tenha objeto e, claro, não existe Relação Jurídica que não tenha vinculo de atributividade. Consequentemente, nós temos na Relação Jurídica, pelo menos, quatro elementos. Existe uma discussão se a norma é elemento ou se é pressuposto e tal, mas vamos pensar que os quatro elementos são esses para não ficarmos nessa discussão se norma é ou não é um elemento da Relação Jurídica. Dito isso, podemos pensar no seguinte: em uma Relação Jurídica determinada há sempre alguém legitimado a exigir uma prestação e alguém legitimado com a obrigação de cumprir uma prestação. Se você contratou um empréstimo bancário, o banco está obrigado a te entregar o dinheiro. Nesse caso, você é o sujeito ativo porque tem o direito subjetivo de exigir que ele faça o que você contratou. Numa Relação Jurídica em que há a compra de um automóvel, ou que há a compra de qualquer outro bem móvel, temos o devedor, que tem a obrigação de entregar o bem, e o credor desta mesma obrigação. Portanto, não confundir o sujeito ativo e o sujeito passivo com análise sintática, porque lá na análise sintática, o sujeito ativo é aquele que pratica a função e o sujeito passivo é o que sofre a ação. Aqui essa lógica não se repete, muito pelo contrário, o sujeito ativo é aquele que tem o direito de exigir a ação do outro. Na Relação Jurídica, o sujeito ativo é aquele que tem o direitode exigir que o sujeito passivo pratique a ação. Um exemplo muito claro disso: vamos pensar numa obrigação tributária. Certo indivíduo tem obrigação de pagar o ISS. Ele é o sujeito passivo, porque é o estado, o município, que pode agir exigindo que ele pague esse tributo. Consequentemente, o sujeito ativo na Relação Jurídica é quem tem o poder de exigir que o sujeito passivo cumpra a sua prestação. O sujeito ativo é o beneficiário da prestação a ser feita, a ser entregue, pelo sujeito passivo. Vamos imaginar o seguinte: em uma relação em que A (sujeito ativo) comprou de B (sujeito passivo) um imóvel, nós temos duas obrigações. Na mesma Relação Jurídica é possível ter o sujeito ativo e o sujeito passivo reciprocamente, porque quem tem a obrigação de entregar o imóvel é sujeito passivo quanto à entrega, mas quem tem a obrigação de pagar é sujeito passivo quanto ao pagamento. Conclusão: temos aqui duas relações trocadas. Então, como identificamos em uma Relação Jurídica quem é o sujeito ativo e quem é o sujeito passivo? Pela obrigação principal. Exemplo: na obrigação tributária a que eu fiz referência (de pagar o ISS), qual é a obrigação principal? Pagar o imposto. O sujeito ativo, portanto, é o Estado e o sujeito passivo é o indivíduo devedor do imposto (contribuinte). Alguém vai dizer “Ah, mas o Estado tem obrigação de prestar os serviços”, mas essa obrigação é uma obrigação acessória, pelo menos para o Direito Tributário. Portanto, a obrigação principal é pagar o tributo. Percebam o seguinte, quando estamos tratando das Relações Jurídicas estamos falando desses dois elementos, o sujeito ativo e o sujeito passivo e também estamos falando de objeto e de vínculo de atributividade. 
Sujeito Ativo: denomina-se sujeito ativo a pessoa que, na relação, ocupa a situação jurídica ativa; é o portador do direito subjetivo que tem o poder de exigir do sujeito passivo o cumprimento do dever jurídico.
Sujeito Passivo: é o elemento que integra a relação jurídica com a obrigação de uma conduta ou prestação em favor do sujeito ativo.
Na maioria das Relações Jurídicas é possível ter as duas partes na condição de sujeito ativo e de sujeito passivo. Consequentemente, você vai identificar quem é quem pela obrigação principal contida na Relação Jurídica. 
Classificação
Imaginemos a seguinte hipótese: dois irmãos resolveram vender um terreno para duas irmãs. A pergunta é: qual é o sujeito passivo dessa relação? Se for em relação ao pagamento, as irmãs são o sujeito passivo, se for em relação à entrega do terreno, os irmãos são o sujeito passivo. Propositalmente há dois sujeitos de cada lado, porque quando existe essa situação, estamos falando de uma Relação Jurídica plurilateral e não bilateral. Ou seja: 
Relação Jurídica bilateral: pressupõe que haja de um lado um sujeito passivo e de outro lado um sujeito ativo. Uma Relação Jurídica bilateral, portanto, tem dois lados singulares. 
Relação Jurídica plurilateral: tem mais de dois sujeitos, ainda que apenas dois lados.
É importante, não confundir, também, sujeitos e partes. 
Partes: são participantes de uma Relação Jurídica. O participante é um terceiro interessado, mas não necessariamente é um sujeito.
Sujeitos: são INTEGRANTES de uma Relação Jurídica. 
Exemplificando: você comprou um carro de uma amiga sua. Quando ela te vendeu o carro, estava tudo certo, mas, de repente, veio um banco e falou assim: “tem um problema aqui, esse carro está financiado para mim, ela não podia vender”. O banco fez parte dessa compra e venda? Não. Ele é terceiro interessado? É. Ele é sujeito da Relação Jurídica? Não, ele é terceiro interessado, ele é parte. Então, mais uma vez, cuidado para não confundir sujeitos e partes. Sujeitos são aqueles que estão ligados efetivamente pelo vinculo de atributividade. O terceiro interessado se beneficia ou se prejudica com aquela Relação Jurídica. 
Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, a Relação Jurídica pode ser vista sob dois prismas. Um porque ela é relativa e outro porque ela pode ser absoluta. O que é uma Relação Jurídica relativa? É aquela que está relacionada a apenas algumas pessoas, tem influência apenas na realidade de alguns indivíduos e não de todos. A grande maioria das Relações Jurídicas é relativa. Quando você, por exemplo, contrata um pedreiro para construir um muro, a Relação Jurídica é relativa, ela só diz respeito a você, que contratou, e ao pedreiro, que foi contratado. Existem outras Relações Jurídicas que se caracterizam por serem absolutas. As Relações Jurídicas absolutas são todas aquelas em que a coletividade é devedora de uma prestação. Toda coletividade é devedora de uma prestação. Se você, por exemplo, tiver o seu nome divulgado num comercial sem autorização, isso é uma violação do direito ao nome. Toda sociedade, sem distinção, é obrigada a respeitar o nome das pessoas. Não é permitido, por exemplo, que você tenha fotos suas divulgadas sem autorização. Muita gente faz isso hoje em dia, mas isso não pode, porque imagem é direito personalíssimo. Você só pode ter a sua imagem divulgada com fins comerciais ou com qualquer outro fim, se autorizado. Percebam, então, o seguinte: as Relações Jurídicas são relativas quando tem por foco pessoas determinadas e são absolutas quando toda coletividade é devedora de uma prestação. Nessas Relações Jurídicas absolutas cada um de nós, isoladamente, pode exigir da sociedade que obedeça determinados direitos. Onde é que estão as Relações Jurídicas absolutas normalmente? Nos direitos da personalidade. Os direitos da personalidade são característicos dessa ideia de Relação Jurídica absoluta. Muitas vezes, a própria condição de uma pessoa viola esse direito. Existem, por exemplo, algumas discussões relativas ao direito ao nome. Toda pessoa tem direito ao nome e toda sociedade tem que respeitar, inclusive os pais. Quando a sociedade não respeita o direito ao nome, seja porque o nome é vexatório, porque o nome é algum tipo de piada, o indivíduo pode pedir para mudar de nome. Ele pode entrar com uma ação, chamada Ação de Retificação de Registro Civil para alterar o nome. 
Vinculo de atributividade: no dizer de Miguel Reale, é um vínculo que confere a cada um dos participantes da relação o poder de pretender ou exigir algo, determinado ou determinável. O vínculo de atributividade pode ter por origem o contrato ou a lei. Em toda Relação Jurídica há um vínculo de atributividade. Exemplo: quando você contrata uma empregada doméstica, existe um vínculo de atributividade que é o contrato de trabalho, sendo ele verbal ou escrito. Por que esse contrato constitui um vínculo de atributividade? Porque o Direito tem um caráter bilateral atributivo. A cada dever corresponde um direito subjetivo. Toda vez que a norma assegura a alguém um dever ela confere um direito subjetivo. Então, o vínculo de atributividade é exatamente o elo que atribui direitos e deveres. É exatamente o elo que, ao conferir um dever a alguém, confere, ao mesmo tempo, um direito a outrem. Se o contrato confere à empregada o dever de passar a roupa, confere a quem contratou o direito de ter a roupa passada. O vínculo de atributividade poderá ser a lei. O que é o vínculo de atributividade legal? É aquele sobre o qual as partes não têm como transigir, só tem como obedecer. Tem que se enquadrar ali. Se você, por exemplo, tem que pagar o imposto de renda: a lei diz que quem ganha mais de 28 mil reais tem que pagar o imposto de renda e qual é o vínculo que se estabelece? O vínculo entre o contribuinte e o Estado (Receita Federal). Aí está o sujeito ativo (o Estado), o sujeito passivo (o contribuinte) e o vínculo de atributividade (a lei). A lei e o contrato são duas espécies distintas de vínculo de atributividade. Nem toda Relação Jurídica tem como vinculo o contrato, como pensam alguns. 
Não tem como falar sobre vinculo de atributividade sem falar em dois tipos de Relação Jurídica: a Relação Jurídica de subordinação e a Relação Jurídica de coordenação. Implica a isso, dizer que: em várias situações você pode negociar.Você foi chamado para dar aula em um curso para ser fotografo, por exemplo. Aí você chega lá e diz: “segunda e quarta eu não trabalho e eu também não acordo antes das 10h da manhã, portanto, eu só quero trabalhar de 11h às 16h, está bom? ” “Está bom” e fechou. Agora, você vira servidor público e diz assim para o Estado: “eu só quero trabalhar de 11h às 16h” “Então vai embora”. Por que? Porque ainda que na prática aconteça isso, por lei não deveria acontecer. Ou, se você preferir, pensa na própria relação tributaria: experimenta dizer para o Estado “olha, eu não vou pagar o IPTU, ta? ” “Mas por que você não vai pagar o IPTU? ” “Não tenho dinheiro, não estou a fim”. Você vai para dívida ativa, depois o imóvel vai a leilão, vai ser executado, o Estado vai encher o seu saco. Conclusão: nas Relações Jurídicas de subordinação o Estado está numa posição superior, ele diz o que você vai fazer e você obedece. Nas Relações Jurídicas de coordenação, as partes estão em condição de equilíbrio. É, por exemplo, quando você resolve comprar uma casa, um carro, um telefone, enfim. Nessas situações há equilíbrio entre quem compra e quem vende, mas quando você está diante dessa mesma situação frente ao Estado, normalmente essas Relações Jurídicas são de subordinação. Por que eu digo “normalmente”? Porque não necessariamente. O Estado pode precisar alugar um imóvel que pertence a você. E aí ele vai ter que sentar para negociar como se fosse um ente privado. Temos dois tipos de vinculo atributivo, portanto, o de subordinação e o de coordenação.
Relações Jurídicas de subordinação: pressupõe supremacia de uma das partes (que é o Estado) em relação à outra.
Relações Jurídicas de coordenação: pressupõe equilíbrio entre as partes.
Objeto
Toda Relação Jurídica gira em torno de algo. Esse algo é o objeto. O objeto, também denominado objeto imediato, é a coisa em que recai o poder do sujeito ativo. Conteúdo, ou objeto mediato, é o fim que o direito garante. O objeto é o meio para se atingir o fim, enquanto o fim garantido ao sujeito ativo denomina-se conteúdo. Vamos pegar como exemplo um empréstimo bancário: José da Silva procurou o banco X com a finalidade de obter um empréstimo. Qual é o objeto imediato e qual é o objeto mediato? O objeto imediato é o dinheiro. Agora, qual é o fim que o direito garante? A entrega do dinheiro. Então, pensa o seguinte: o objeto mediato e o objeto imediato tem uma ideia de forma e de conteúdo, porque o objeto imediato é a forma da Relação Jurídica, é o dinheiro, mas o que eu quero no final das contas é receber o dinheiro. Consequentemente, a entrega do dinheiro é o objeto mediato. Outro exemplo: na obrigação de construir o muro, ou seja, quando você contrata alguém para construir o muro. Qual é o objeto mediato, o objeto da Relação Jurídica? A construção do muro. Qual é o objeto imediato? O muro pronto. 
Fato jurídico
Por fim, toda Relação Jurídica deriva, resulta, de um fato social. E toda Relação Jurídica se cria, se modifica ou se extingue por meio de um fato jurídico. O que é o fato jurídico, portanto? É exatamente aquele que extingue, cria ou modifica a Relação Jurídica. Qual é o fato jurídica que gera a Relação Jurídica obrigacional do homem se alistar no exército? Completar 18 anos. Ou seja, o completar 18 anos é um fato jurídico. Esse fato é exemplo de criação de uma Relação Jurídica. Eu posso falar de outra maneira, posso falar no fato jurídico que modifica a Relação Jurídica. Exemplo: a empresa X tem quatro sócios (João, Pedro, Antonio e José). Durante um período qualquer, esses quatro sócios permaneceram na sociedade da empresa até que Antonio decidiu sair. Quando Antonio dá baixa no nome dele lá da sociedade, você tem uma alteração na Relação Jurídica, porque agora ficaram só três sujeitos. Ou seja: a saída de um sócio de uma sociedade modifica aquela Relação Jurídica. Por fim, posso exemplificar um fato jurídico que extingue uma Relação Jurídica: Imagine que em um determinado dia você está casado com alguém e esse alguém morreu. Esse é um fato jurídico que extingue a Relação Jurídica denominada casamento. 
Acepções da palavra Direito
Direito representando sinônimo de justiça: “Fulano é um cara direito”, ou seja, ele é um cara justo.
Direito significando ciência: é o que acontece normalmente quando alguém te pergunta o que você estuda. Você diz que está estudando Direito, ou seja, eu estudo uma ciência que sistematiza o conhecimento normativo, o conhecimento das normas impostas coercitivamente pelo Estado, bem como a diferença de experiências jurídicas, da dogmática jurídica e assim sucessivamente. 
Para chegarmos onde realmente queremos, vamos pensar nas acepções da palavra “Direito” em duas esferas: no Direito Natural e no Direito Positivo.
Direito Natural, Direito Positivo e Direito Consuetudinário
É sempre bom lembrar que, quando estamos falando de Direito Natural e de Direito Positivo, essas ideias são antagônicas, ou seja, ideias contrárias.
A história do Direito Natural, ou jusnaturalismo, te diz o seguinte: algumas coisas são inerentes à espécie humana e, portanto, precedem o próprio homem. Exemplo: não é possível falar-se em direito à vida se não admitirmos que se trata de um direito que vem antes do próprio homem, que precede o homem, que sempre existiu e que sempre existirá. A ideia do Direito Natural é, portanto, de que há direitos que são validos em todos os lugares, em todos os tempos e para todas as pessoas. Dito de outra forma: o Direito Natural pressupõe que há direitos atemporais, universais e anespaciais, portanto. O Direito Natural seria imutável, anespacial, atemporal e absoluto. O Direito Natural seria um conjunto de princípios e não de regras com validade indefinida (desde sempre, para sempre e em todos os lugares). Dizem os defensores do Direito Natural: “não é possível que a gente admita que a liberdade não seja natural. A liberdade é um direito natural, porque simplesmente não depende de ser escrita para que as pessoas a tenham. A vida é um direito natural, não precisa estar na lei, ela tem que ser respeitada. O que caracteriza o Direito Natural? É o fato de ele não ser criado pela sociedade. Alguns autores (boa parte deles) não acreditam no Direito Natural. Kelsen, por exemplo, não acreditava. Ele dizia: “não existe Direito Natural, não existe essa coisa de um Direito que não foi criado pela sociedade, porque o Direito só existe na sociedade, ele só existe em função da sociedade”. Esse dissenso conceitual permanece até hoje. Para o professor Josemar, não existe Direito Natural. O que alguns autores chamam de Direito Natural, para ele, é moral. Mas, não é que o Direito Positivo possa tudo, o Direito Positivo tem limites exatamente na moral (ou Direito Natural). Nem tudo que está na lei é moral. Eu estava discutindo com uma turma de Direitos Humanos a questão da lei de planejamento familiar, que é um tema de Direito da Mulher que é muito falado em Direitos Humanos. Eu estava dizendo o seguinte: “a Lei de planejamento familiar estabelece que a mulher casada, se quiser fazer uma laqueadura, precisa de uma autorização do marido. E me parece que esse dispositivo até é legal, mas é imoral”. Aí o aluno disse; “Mas se é legal, tem que cumprir. Se está na lei é legal”. Eu respondi para ele: “Mas o nazismo também estava na lei, os campos de concentração foram legais, estava na lei. As execuções em câmara de gás também estavam na lei”. Aí ele: “ah, mas se estava na lei tem que cumprir”. Aquele pensamento bem bolsonariano, né. Aí eu virei para ele e falei o seguinte: “Se você sabe que foi aprovada uma emenda constitucional hoje em que se estabeleceu que todos os homens entre 18 e 25 anos serão estuprados com base constitucional, você vai achar legal a partir de amanhã? ”. Aí ele: “ai, professor, eu estou falando sério! ”. E eu também. Só para mostrar para ele que nem tudo que está na lei é legal. Porque senão nós ficamos com esse positivismo absoluto e a própria lei encontra limites em alguns aspectos, que muitos chamam de Direito Natural,mas eu, particularmente, chamo de moral. O dado é que a escola do Direito Natural está te dizendo o seguinte: há limites para o Direito Positivo. O Direito Positivo deve respeitar algumas regras que não estão escritas. Seja como for, o que caracteriza o Direito Natural é o fato de ele não ser criado pela sociedade. 
Em oposição ao Direito Natural está o Direito Positivo. O Direito Positivo é exatamente todo aquele criado pela sociedade. O Direito Positivo, portanto, é todo direito escrito e todo direito não escrito criado pela sociedade. Aqui no brasil, nós temos a cultura do Direito escrito. Normalmente, quando você quer que alguém prove alguma coisa você diz: “onde é que está escrito? Está escrito aonde?!” porque a nossa cultura é de Direito escrito e tudo aqui no Brasil a gente faz lei. Objetivamente, a cultura do Direito escrito é uma parte do Direito Positivo. E você tem, de outro lado, a figura do Direito Consuetudinário. O que é, em linhas gerais, o Direito Consuetudinário? É um Direito Oral, que passa de geração em geração sem nunca ter sido escrito, mas que foi reconhecido pelo Estado. NÃO CONFUNDIR COSTUME COM DIREITO CONSUETUDINARIO. Costume é uma coisa e Direito Consuetudinário é outra. Direito Positivo é gênero do qual são espécies: o Direito Consuetudinário e o Direito Escrito. Se eu escrever o Direito Consuetudinário ele passa a ser Direito escrito. O Direito Consuetudinário é caracterizado pela forma: oralidade. E, ele tem que ser reconhecido e imposto pelo Estado. 
Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo. 
O Direito Consuetudinário (ou costumeiro) refere-se a normas que vigoram por força de hábitos culturais de uma sociedade, sem que necessariamente sejam naturais ou escritos. Costume é definido como conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pelo povo, através do uso reiterado, uniforme e que gera a certeza de obrigatoriedade, MAS PARA SE TORNAR DIREITO CONSUETUDINARIO, ESSE COSTUME PRECISA SER RECONHECIDO E IMPOSTO PELO ESTADO. O costume de vender bebida alcoólica para menores de idade é um habito que não será reconhecido e imposto pelo Estado, por exemplo, porque é contra a lei. É piada dizer para você que isso é crime, mas boa parte de vocês experimentou bebida antes dos 18 anos. Nem tudo que é costume é direito costumeiro. 
Direito Objetivo e Direito Subjetivo
Encontramos no Direito uma concepção normativa genérica. Por exemplo, se você abrir a CLT, lá vai estar escrito que todo trabalhador terá sua carteira assinada quando admitido por um empregador. Essa é a norma em tese, a norma em teoria diz que o trabalhador deve ter a sua carteira assinada sempre que for admitido a um emprego. Perceba que estamos falando da norma genericamente. Quando faço isso, estou fazendo referência ao Direito Objetivo, estou tratando da norma em teoria. A ideia é, portanto, de que o Direito Objetivo é um conjunto de preceitos que organizam a sociedade. A ideia é que há uma norma e essa norma disciplina, preceitua, como funcionará a sociedade. Agora, nós já vimos que toda Relação Jurídica tem uma norma projetada a si. Toda Relação Jurídica existe em função de uma norma. Então, se eu disser, por exemplo, o seguinte: Maria tem direito à carteira de trabalho assinada por seu empregador. Eu estou diante do Direito Subjetivo, porque ela é o sujeito ativo de uma Relação Jurídica e habilitada para exigir o cumprimento daquela determinação legal pelo empregador. Observe, aqui nós não temos mais uma questão de Direito Objetivo, mas de Direito Subjetivo, porque eu tenho uma Relação Jurídica concreta. O que é o Direito Subjetivo, portanto? É a faculdade que tem o sujeito ativo de exigir uma prestação do sujeito passivo em função da norma posta àquela Relação Jurídica. Não haverá Direito Subjetivo sem que haja Relação Jurídica. Não existe, portanto, Direito Subjetivo sem Direito Objetivo e não existirá Direito Objetivo se não houver sujeitos. O Direito só existe porque há necessariamente Relações Jurídicas disciplinadas pelo Direito Objetivo. Ou seja, Direito Objetivo e Direito Subjetivo não são duas realidades distintas, mas duas faces de um mesmo objeto. Não há, nesses casos aqui, portanto, uma situação de oposição, mas de complementação. O Direito Subjetivo apresenta-se sempre em Relação Jurídica. Apesar de relacionar-se com o Direito Objetivo ele se opõe correlatamente ao dever jurídico, um não existe sem o outro. O sujeito ativo da Relação é o portador de Direito Subjetivo, enquanto o sujeito passivo é o devedor do dever jurídico. Não haverá Direito Subjetivo sem Direito Objetivo, pois sem o Direito Objetivo sequer há Relação Jurídica. O Direito Objetivo é exatamente a norma que disciplina a existência da Relação Jurídica. O Direito Objetivo é a norma em teoria e o Direito Subjetivo é a norma projetada em uma Relação Jurídica concreta. O Direito subjetivo é a aplicação da norma do Direito Objetivo a um caso concreto. Observe que todo Direito Subjetivo te leva necessariamente a uma pretensão. Se o Direito Objetivo te diz que você tem direito a sacar o fundo de garantia, sua pretensão é sacar o fundo de garantia (direito subjetivo). Quando você pretende, por exemplo, receber um passaporte que você solicitou e pagou por ele, qual sua pretensão? Receber o passaporte. Qual é o Direito Subjetivo? O Direito ao passaporte. Se eu disser assim: “é inviolável o sigilo das correspondências e das comunicações telefônicas” cadê a pretensão? Cadê o sujeito? NÃO TEM. Essa é a norma em tese. Não tem Direito subjetivo. Mas, se alguém vem te processar e você diz: “eu não quero que quebre o meu sigilo bancário” você tem uma pretensão negativa, a de que não se quebre o seu sigilo bancário. E, finalmente, você tem essa pretensão negativa e você pode exigir isso: Direito Subjetivo. 
Quando estamos falando de Direito Subjetivo, estamos diante de uma situação em que a Relação Jurídica concreta se enquadra à norma jurídica teórica. Quando não estamos diante de uma situação ideal desse tipo, estamos diante de uma situação conhecida como reverso material dos deveres jurídicos outros sujeitos. O que é o reverso material dos deveres jurídicos de outra pessoa? A lei, a norma jurídica, diz assim: “é assegurado a todos o direito de liberdade”, mas aí você vai lá e sequestra alguém. Você violou o que diz a norma de Direito Objetivo. Você violou o Direito Objetivo, porque você criou uma Relação Jurídica contrária à norma. Quando se cria uma Relação Jurídica contrária à norma, você tem exatamente o oposto. Nesse caso, você tem a figura do reverso material. Ou seja, a violação do Direito Objetivo caracteriza o reverso material. O reverso material se dá quando alguém descumpre o dever e você precisa fazer com que ele cumpra numa mesma Relação Jurídica.

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