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Aspectos gerais das doenças imunomediadas ● Imunodeficiência ● Autoimunes ● Hipersensibilidade Imunidade: Resposta imune ➔ Inata: A imunidade inata é a primeira linha de defesa do organismo, com a qual ele já nasce. É uma resposta rápida, não específica e limitada aos estímulos estranhos ao corpo. É representada por barreiras físicas, químicas e biológicas, células e moléculas, presentes em todos os indivíduos. ➔ Adaptativa: A imunidade adquirida ou adaptativa é ativada pelo contato com agentes infecciosos e sua resposta à infecção aumenta em magnitude a cada exposição sucessiva ao mesmo invasor. Existem dois tipos de imunidade adquirida: a imunidade humoral e a imunidade celular. A imunidade humoral gera uma resposta mediada por moléculas no sangue e nas secreções da mucosa, chamadas de anticorpos, produzidos pelos linfócitos B, sendo o principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas. Os anticorpos reconhecem os antígenos (qualquer partícula estranha ao corpo), neutralizam a infecção e eliminam estes antígenos por variados mecanismos efetores. Por sua vez, a imunidade celular gera resposta mediada pelos linfócitos T. Quando microrganismos intracelulares, como os vírus e algumas bactérias, sobrevivem e proliferam dentro das células hospedeiras, estando inacessíveis para os anticorpos circulantes, as células T promovem a destruição do microrganismo ou a morte das células infectadas, para eliminar a infecção. A imunidade adquirida ainda pode ser classificada em imunidade ativa e imunidade passiva. A imunidade ativa é aquela que é induzida pela exposição a um antígeno. Assim, o indivíduo imunizado tem um papel ativo na resposta ao antígeno. A imunidade ativa pode ser natural, quando adquirida através de doença, ou passiva, quando adquirida por meio de vacinas. A imunidade passiva é a imunização por meio da transferência de anticorpos específicos de um indivíduo imunizado para um não-imunizado. A imunidade passiva é chamada de natural, quando acontece, por exemplo, através da transferência de anticorpos maternais para o feto; é artificial quando há a passagem de anticorpos prontos, como num soro anti-ofídico (contra veneno de serpentes). Hipersensibilidade Definição: Resposta imunológica excessiva e inapropriada do organismo a uma substância inócua (alérgeno). As reações de hipersensibilidade constituem mecanismos imunológicos que, ao mesmo tempo, são promotores de defesa e de destruição tecidual. Reações de hipersensibilidade podem ser divididas em quatro tipos: tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV, baseados nos mecanismos envolvidos e tempo levado para a reação. -Requer um contato prévio do indivíduo com o alérgeno (sensibilização) -antígenos exógenos ou endógenos -desequilíbrio entre a resposta e o controle -herança genética Tipos: ➔ Tipo 1: imediata→ alergia→ Th2; mediada por IgE -Decorrente da atividade da histamina e prostaglandinas -IgE – basófilos e/ou mastócitos Os anticorpos reagem rápida e imediatamente à presença do antígeno; essa reação provoca a ativação dos mastócitos, com liberação da histamina e de outras enzimas vasoativas, provocando vasodilatação e exsudação. O choque anafilático é um exemplo de hipersensibilidade do tipo I imediata. 1o) Sensibilização ao alérgeno Etapas: 1-Primeiro contato com o alérgeno 2- Apresentação do alérgeno aos linfócitos T naïve, via APCs 3-Ativação dos linfócitos T naïve a linfócitos Th2 (produção de IL-4, IL-13, IL-9, IL-5) 4-Ativação de linfócitos B, que passam a produzir IgE 5-Ligação da IgE produzida à superfície de mastócitos e basófilos (via receptores de alta especificidade para a porção Fc) 2o) Reação alérgica 1- Segundo contato com o alérgeno 2- Ligação do alérgeno às moléculas de IgE presentes na superfície de mastócitos e basófilos 3- Degranulação de mastócitos e basófilos: liberação de mediadores químicos (histamina, leucotrienos e prostaglandinas-responsáveis pelos sintomas alérgicos)→broncoconstrição,asma,eczema(alergias locais); anafilaxia(alergia sistêmica). ❖ Pode ser localizada(Ex.:rinite) ou sistêmica(Ex.:urticária, angioedema→edema de glote). ➔ Tipo 2: mediada por anticorpos - impede o receptor Os anticorpos reagem contra antígenos localizados nas membranas das células humanas normais ou alterados; participam diretamente dessa reação o sistema complemento, provocando lise celular e tornando a célula susceptível a fagocitose, e as imunoglobulinas do tipo G. ➢ Decorrente do efeito citopático de Acs, dirigidos contra Ags presentes na superfície ou matriz celular: - O anticorpo recruta o sistema complemento para promover a opsonização da célula-alvo em que ele se ligou→ facilita a fagocitose.Ex.: anemia hemolítica autoimune. -anticorpos se ligam a antígenos de superfície próprios e recrutam macrófagos e neutrófilos para promover a secreção de citocinas no ambiente na qual essa célula se encontra→ lesão tecidual.Ex.: Glomerulonefrite mediada por anticorpos. -O anticorpo se liga a alguma proteína ou produto especifico do nosso organismo, mas não ocorre lesão celular nem lesão tecidual(tipo V). ❖ ADCC,FAGOCITOSE,LISE CELULAR→LESÃO TECIDUAL ❖ IgG – Ags na membrana de células ➔ Tipo 3: mediada por imunocomplexos Originada do complexo formado pelo antígeno e o anticorpo quando estão ligados. Esse complexo pode originar reações teciduais por ativar o sistema complemento, fazendo que se acione o seu mecanismo de cascata. Obs.: Depende do local onde o imunocomplexo vai se depositar. Ex: Lupus eritematoso. ❖ Causada pelo depósito de complexos Ag-Ac em determinados tecidos → sinalização para os mastócitos→secreção de histamina→ aumento da permeabilidade vascular→ migração de leucócitos(neutrófilos) para o espaço extravascular→ enzimas líticas causam destruição tecidual ao redor de onde foi liberada. ➔ Tipo 4: mediada por células T; células de memória. São as hipersensibilidades tardias, mediadas diretamente por células, mais especificamente pelos linfócitos T(CD4+ ou CD8+). É a que ocorre na tuberculose e na maioria dos granulomas causados por microorganismos de baixa virulência. Acredita-se que os linfócitos T sejam recrutados pelos macrófagos para o local agredido. O linfócito Th0 entra em contato com antígenos dos microorganismos, transformando-se em Th1 ou o linfócito T0 se diferencia em TCD8+(não é muitocomum), passando a secretar uma série de citocinas que atuam diretamente no tecido, destruindo-o. Hipersensibilidade tipo tardio: Reconhecimento de autoantígenos(linfócitos Th1 e CD8+) e liberação de citocinas(IFN-gama e TNF-alfa), que vão estimular células pró-inflamatórias(macrófagos e neutrófilos)→lesão tecidual. Citólise mediada por linfócitos T citotóxicos: lesão tecidual. ➢ Resposta imune mediada por células T efetoras específicas a Ags exógenos inócuos ➢ A resposta celular induz lesões nos locais onde o Ag penetra Ex.: Diabetes mellitus tipo 1. OBS.: Hipersensibilidade do tipo 5: contra receptores de superfície(não há destruição tecidual)→ o anticorpo inativa o receptor.Ex.: Miastenia gravis. Doenças autoimunes.Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico de um indivíduo ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo, como que por engano. Essa resposta é similar à que acontece nas doenças alérgicas, em que o sistema imunológico reage a substâncias externas que normalmente ignoraria. As causas dessa incapacidade de distinguir entre tecidos saudáveis do corpo e elementos estranhos ou nocivos ainda são desconhecidas, mas supõe-se que obedeçam a uma predisposição genética, a alterações hormonais e a uma baixa regulação imunológica. ➢ Problema durante a maturação dos linfócitos T→linfócitos com alta ou baixa afinidade por MHC próprio não sofrem apoptose ➢ Quando a pessoa entra em contato com um vírus ou uma bactéria e a proteína para qual foram produzidos anticorpos é muito semelhante a uma proteína própria do hospedeiro.O anticorpo atua contra aquele antígeno viral, mas também contra seu antígeno próprio. Ex.: No diabetes tipo I ,ocorre uma produção inapropriada de anticorpos contra as células do pâncreas que produzem insulina, levando a sua destruição e ao aparecimento do diabetes. Algumas das doenças autoimunes mais conhecidas são: Doença de Addison, dermatomiosite, doença de Graves, tireoidite de Hashimoto(local), miastenia gravis, lupus eritematoso(sistêmico), diabetes mellitus tipo 1(local), etc. O tratamento destas doenças varia para cada uma delas, mas em geral baseia-se na administração de drogas imunossupressoras e no tratamento sintomático requerido em cada caso. -reações imunológicas patológicas contra autoantígenos -Pode ser localizada(diabetes tipo 1) ou sistêmica(lúpus eritematoso sistêmico) -A autoimunidade resulta na perda da autotolerancia*. *Ausência de resposta imune específica contra auto-Ags; Obs.: AIDS. Doença causada pela infecção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) caracterizada por supressão profunda da imunidade mediada por linfócitos T CD4 positivos (linfócito T CD4+), com infecções oportunistas, neoplasias secundárias e manifestações neurológicas. Mecanismo de ação do HIV: -Principal alvo do vírus é o linfócito T auxiliar (helper) - HIV fixa-se a um marcador especial da célula T auxiliar denominado antígeno CD4 e libera seu capsídeo(é degradado posteriormente) e material genético no citoplasma do lifócito T CD4+(fusão do envelope viral à membrana plasmática da célula hospedeira). -Ocorre a ação da transcriptase reversa, sintetizando DNA viral a partir do RNA do mesmo. -Essa fita de DNA viral é introduzida no material genético do linfócito(depois de ser convertida em fita dupla e sofrer ação da invertase), que depois leva à síntese de um novo RNA para que ocorra a vr@wwmprodução dos componentes virais e o HIV possa sair desse linfócito e se hospedar em outros(proliferação do vírion)→ leva ao rompimento da membrana do linfócito T CD4+. - O vírus mata a célula T auxiliar a medida que ela se prolifera. - Indivíduo possui redução acentuada da célula T auxiliar e CD4. OBS.: Às vezes o material genético do linfócito T CD4+ contendo o DNA viral integrado não sintetiza proteínas, ficando no seu estado latente(pró-vírus)→ não consegue ser atacado por células do sistema imune e nem por drogas anti-virais. Tolerancia Imunológica.Fenômeno de falta de responsividade a um antígeno, devido a exposição dos linfócitos àquele antígeno. Se divide em: -Central: Ocorre no órgão onde os linfócitos são produzidos. Quando a tolerância ocorre nos órgãos linfóides primários, medula óssea e timo, a tolerância imunológica é dita do tipo central. Linfócitos imaturos provenientes da medula óssea passam por um processo de maturação que garante que o repertório de linfócitos maduros não reconheça antígenos do próprio organismo, garantindo assim um funcionamento ideal da resposta imunológica apenas contra antígenos estranhos. DELEÇÃO DE CLONES AUTORREATIVOS → DELEÇÃO POR APOPTOSE -Periferica: A tolerância periférica para os linfócitos T ocorre quando estas células maduras reconhecem estruturas antigênicas próprias pelos seus recepetores TCR não possibilitando a ativação de mecanismos da resposta imunológica. Este mesmo mecanismo pode ocorrer para antígenos estranhos ao organismo. Os modos de ação deste tipo de tolerância periférica podem ocorrer através da anergia, deleção ou supressão das células T. 1- Anergia clonal (inativação funcional sem morte celular): TCD4+ que reconhece epítopo em APC deficiente de moléculas co-estimuladoras se torna anérgica ou quando as células T expressam receptores inibidores→ incapaz de responder ao antígeno. -Ausência ou baixa expressão de B7 nas APCs em repouso -Infecções e inflamação aumentam expressão de B7 2-Deleção clonal: Estimulação repetida de T resulta em morte celular por apoptose. -Deficiências de Fas e FasL: doenças autoimunes em animais e humanos 3-Atividade de Tregs: Induzem a supressão das células T efetoras, bloqueando a ativação e a função destes linfócitos, sendo assim importantes no controle da resposta imunoló gica a Ag próprios e não-próprios. Além do marcador CD25 as Tregs também expressam outros marcadores de superfície que não são específicos, mas auxiliam na identificação dos antígenos próprios. Dentre estes marcadores o CTLA-4, que é expresso constitutivamente nos linfócitos T CD4+CD25+, é um dos mais estudados e acredita-se que o bloqueio desta molécula possa afetar a função das Tregs Obs.: anergia= ausência de resposta. -A autoimunidade resulta de umacombinação de herança de genes--predisposição genética-genes ligados aos HLA e outros loci gênicos—de susceptibilidade e causas ambientais. -As reações autoimunes podem ser desencadeadas por infecções: → Indução de coestimuladores em APCs: a APC apresenta o autoantígeno. →Mimetismo molecular: a APC apresenta peptídeo microbiano semelhante ao autoantígeno. OBS.: Rejeição de transplantes.Processo no qual os linfócitos T e os anticorpos produzidos contra os antígenos do enxerto reagem e destroem os enxertos de tecidos. O Transplante Alogênico: Entre indivíduos da mesma espécie, porém geneticamente diferentes. • Os principais responsáveis pelos processos de rejeição são as moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC). As moléculas do MHC alogênicas são reconhecidas pelas células T do receptor de duas formas: Via direta: Onde o MHC alogênico é apresentado intacto ao TCR por Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) do doador. Moléculas do MHC alogênicas com peptídeo ligado podem imitar o determinante formado por uma molécula de MHC própria e peptídeo estranho. Via indireta: Onde o MHC alogênico é processado e apresentado como um antígeno comum por APCs do receptor. Bases imunológicas da rejeição MHC e HLA O seu elevado polimorfismo permite ao sistema imunitário reconhecer antigénios self e non-self. Os genes MHC podem ser divididos em duas classes: MHC de classe I e MHC de classe 2. -classe I: presente em células nucleadas e plaquetas. -classe II: presente em macrófagos,linfócito B e células dendriticas. Pensa-se que os MHC de classe II são os que desempenham o papel predominante na resposta imunitária inicial a antigénios de tecidos transplantados. Ao entrarem em contacto com um antigénio non-self, os HLA de classe II ativam os linfócitos TH (helper ou CD4+) que, por sua vez, sofrem uma expansão clonal através da produção de citoquinas reguladoras. O papel dos linfócitos T O processo de reconhecimento de antigénios transplantados é conhecido como alorreconhecimento e poderá ocorrer por duas vias distintas. A via directa envolve receptores nos linfócitos T do hospedeiro que reconhecem antigénios intactos nas células do órgão transplantado. A via indirecta requer uma célula apresentadora de antigénio (APC) que processa o antigénio e o apresenta às células CD4+. A interacção entre os linfócitos T e a APC é um processo complexo e ativa outras vias de sinalização celular. Porém, a apresentação do antigénio através do complexo de receptores de linfócitos T por si só não é suficiente para activar os linfócitos T. Um segundo sinal, independente do antigénio, é necessário e poderá ser dado através de várias moléculas acessórias como a B7, moléculas de adesão intercelular (ICAMs) ou o ligante CD48. Após a sua estimulação, os linfócitos TH (CD4+) produzem uma citocina importante, a interleucina–2 (IL-2), que funciona não só como sinalizador de outros linfócitos T helper e citotóxicos (CD8+), como também vai promover a expansão clonal de linfócitos T, conduzindo a resposta imune. Outras citocinas como o interferon-g (gamma) e uma família de interleucinas também são produzidas. Terapia imunossupressora ➔ Esteróides: reduzem a inflamação. Os corticosteróides são agentes anti-inflamatórios e têm efeitos a vários níveis da resposta imunitária. Usados desde o inicio dos anos 60, acredita-se que bloqueiam a produção de IL-1 e IL-6 pelas células apresentadoras de antigénios. Estas drogas são normalmente dadas aos pacientes de transplantes juntamente com um inibidor mitótico, como por exemplo, a azatioprina, para prevenir a rejeição aguda. Os efeitos adversos dos corticosteróides incluem a hipertensão, hiperlipidemia, doença da úlcera, diabetes, obesidade, cataratas e susceptibilidade a infecções. À maioria dos pacientes de transplantes são administradas doses baixas de corticosteróides na duração de vida do transplante, apesar de alguns métodos já eliminarem o seu uso. ➔ Micofenolato de mofetila: inibe a proliferação de linfócitos. O mofetilo micofenolato é uma droga que se converte rapidamente em acido micofenólico, sendo um inibidor reversível de inosina monofosfato desidrogenase (IMPDH), a enzima que controla um passo crucial na conversão de inosina monofosfato (IMP) em GMP. A inibição de IMPDH faz decrescer a quantidade de guanosina trifosfato (GTP) disponível para a célula e impede a proliferação de linfócitos. ➔ Tracolimus: inibe a função das células T. Quebra a cascata de eventos dependentes de cálcio que se segue à ligação do antigénio com o receptor do linfócito T. Se liga a proteínas no citosol: o tacrolimus liga-se a FK-binding protein (FK-BP). Após se ligar, este agente torna o complexo calcineurina inactivo, prevenindo a transcrição subsequente do gene de IL-2. Imunodeficiencia. Imunodeficiência ou deficiência imunológica: Quando a capacidade do sistema imunológico para combater doenças infecciosas é comprometida ou completamente ausente. Maioria dos casos é adquirido (secundário), mas algumas pessoas nascem com esses defeitos no sistema imunológico, que é a primária. Pacientes transplantados tomam medicamentos para suprimir seu sistema imunológico como uma medida anti-rejeição, assim como pacientes que sofrem de um sistema imunológico mais ativo. Pessoa com imunodeficiência de qualquer tipo é um ser imunocomprometido que podem ser vulneráveis a infecções oportunistas além de infecções normais que podem afetar a qualquer um. -Sindromes de imunodeficiência: ● Primária (congênita): determinadas geneticamente. Assim, essa doença pode atingir tanto o braço humoral e/ou celular da defesa adaptativa (correspondente aos linfócitos B e T, que podem ser atingidos isoladamente ou em conjunto), quanto os mecanismos de defesa inata (representados pelas células Natural Killers, os fagócitos e o sistema complemento). ● Secundaria (adquirida): é a perda da função do sistema imune como resultado da exposição a alguns fatores.Ex.: imunossupressão;complicações de cânceres; infecções; desnutrição;quimioterapia etc. Distúrbios hemodinâmicos. São distúrbios que afetam, de alguma forma, a circulação sanguínea de um indivíduo, levando-o a umquadro patogênico. São eles: isquemia, infarto, trombo, êmbolo, hiperemia, aterosclerose, edema, choque e hemorragia. Fluxo laminar →sangue →vasos linfáticos:Sistema de drenagem para o retorno do liquido do tecido intersticial.Canais de paredes finas revestidas por endotélio. Edema.Aumento anormal de liquido instersticial. Esse distúrbio é caracterizado por um acúmulo excessivo de líquido no interstício ou em cavidades do organismo. O edema pode ser inflamatório (exsudato – alto teor de proteínas em consequência do aumento da permeabilidade vascular) ou não inflamatório (transudato – baixo teor de proteínas devido a preservação da permeabilidade vascular). O edema é comumente observado nos tecidos subcutâneos,nos pulmões e no cérebro. Os principais fatores para que ocorra o edema são: 1 - aumento da pressão hidrostática-resulta da drenagem venosa deficiente-que determina uma maior saída de fluido do capilar para o interstício; a partir do momento em que a capacidade dos vasos linfáticos de retornar o líquido em excesso para a circulação sanguínea é ultrapassada, teremos o desenvolvimento de edema. 2 - diminuição da pressão osmótica: quando há diminuição dessas proteínas reguladoras da pressão(albumina), há aumento da permeabilidade, causando o edema. 3 - obstrução linfática(alteração da drenagem linfática): causará o aumento da permeabilidade-linfedema.Pode ser causada por: -inflamação crônica com fibrose -alterações físicas no vaso -tumor -danos por radiação -alguns agentes infecciosos 4 - retenção de Na e H2O por consequência de alterações na bomba de Na/K: aumento da pressão hidrostática(aumento do volume intravascular) e diminuição da pressão osmótica(diluição). 5 - aumento da permeabilidade vascular por eventos inflamatórios. Consequencias: Obstrução vascular e dificuldade em realizar trocas gasosas. Hiperemia. É o aumento da concentração de sangue num determinado órgão ou parte dele com dilatação arteriolar. A hiperemia pode ser ativa/arterial ou passiva/venosa/congestão. A hiperemia ativa é ainda subdividida em fisiológica ou patológica e a passiva em local ou sistêmica. Quando há aumento do fluxo sanguíneo por aumento da pressão arterial (PA) ou diminuição da resistência pré-capilar, há uma hiperemia ativa. Ela é fisiológica por aumento da demanda funcional ou patológica por liberação de mediadores químicos inflamatórios. Quando há aumento do fluxo sanguíneo por diminuição da drenagem venosa ou aumento da resistência pós-capilar, há uma hiperemia passiva. Ela é local se afetar apenas um vaso sanguíneo específico e sistêmica se gerar uma estase em toda circulação. -resulta da dilatação arteriolar: aumento do fluxo sanguineo; -tecido eritematoso, devido ao acumulo de sangue oxigenado; Congestão.É um processo passivo resultante do enfluxo deficiente de um tecido.Ela pode ocorrer sistematicamente, como na insuficiência cardíaca, ou pode ser local, resultante da obstrução venosa isolada. O tecido tem uma coloração vermelho-azulada(cianose), particularmente quando a piora da congestão leva ao acumulo de hemoglobina desoxigenada nos tecidos afetados. -resulta da drenagem venosa deficiente:redução do fluxo sanguíneo. -frequentemente leva ao edema: A congestão crônica resulta em hipóxia crônica, com conseqüente lesão tecidual. Hemostasia, distúrbios hemorrágicos e trombose. Hemostasia.Processo em que o sangue coagula em todos os locais da lesão vascular.Envolve plaquetas, os fatores de coagulação e o endotélio, que ocorre no local da lesão vascular e culmina na formação do tampão fibrinoplaquetário. Etapas: 1. Vasoconstrição-liberação de endotelina 2. Hemostasia primária: adesão plaquetária->liberação dos grânulos->agregação plaquetária 3. Hemostasia secundária(permanente): ativação da cascata de coagulação-trombina*->fibrinogênio->fibrina. 4. Trombos e eventos antitrombóticos: liberação de trombomodulina(bloqueia a cascata de coagulação) e tPA(fibrinólise). *trombina: ativa a célula endotelial;ativa o linfócito no reparo tecidual;atua na plaqueta;atua na produção de fibrina. Hemostasia deficiente -Disturbios hemorrágicos:deficiência na coagulação. -Disturbios trombóticos:coagulação em excesso. Hemorragia.Extravasamento de sangue por ruptura de vaso para o meio externo ou cavidades(espaço extravascular).Pode ser externa ou interna(confinada a um tecido-hematoma). Pode sem classificada em: -Petéquia:hematoma muito pequeno -Púrpura: hematoma intermediário -Equimose: hematoma muito grande(hemoglobina-biliverdina-bilirrubina-hemossiderina) Causas da hemorragia: ➢ alteração na integridade da parede vascular: trauma mecânico;neoplasias;inflamação(erosão da parede do vaso). ➢ alteração nos mecanismos de coagulação sanguínea, incluindo fatores plasmáticos e teciduais: -deficiencia nos fatores plasmáticos de coagulação: mutações frameshift;deleções;mutações missense. -excesso de anticoagulantes endógenos ou exógenos. ➢ Alteração qualitativa(trobocitopatia-deficiencia na função plaquetária) ou quantitativa(trombocitopenia) das plaquetas.Obs.: Envolvidas no aparecimento de petéquias ou púrpuras. Consequencias da hemorragia: hipovolemia;isquemia local; morte. Trombose.Solidificação do sangue no leito vascular ou no interior das câmaras cardíacas, em um indivíduo vivo. Lesão em célula endotelial→ camada íntima fica mais expessa(MEC)→facilita a formação do trombo IMPORTANTE: Tríade de Virchow Legenda: -lesão endotelial: hipercolesterolemia;inflamação. -fluxo sanguineo anormal: estase;turbulência. -hipercoagulabilidade: hereditária ou adquirida. Nas alterações de fluxo, a estase favorece a marginação e agregação celular, enquanto o turbilhonamento faz uma lesão no endotélio e expõe o colágeno que favorece a agregação plaquetária(fator tecidual).Ambos, então, levam ao acúmulo de células que formam o trombo. Uma lesão endotelial, que pode ocorrer por um trauma ou por aumento da pressão arterial por exemplo, expõe o colágeno subendotelial, favorecendo a agregação plaquetária no processo de coagulação.Assim, o trombo é formado. Algumas pessoas podem ter tendência genética a hipercoagulabilidade, favorecendo a formação do trombo pela geração de coágulos com muita facilidade.Por outro lado, fatores como permanência em leitoe imobilização prolongada favorecem a estase sanguínea e, portanto, a formação do trombo. Trombo.É a massa sólida formada pela coagulação sanguínea.Pode ser arterial ou venoso, mas é mais freqüente nas veias pelo seu calibre menor: -Arterial: aterosclerose(oclusão de vasos importantes);embolismo -Venoso:congestão e edema;embolism0×o pulmonar. O trombo pode se destacar do local de origem e viajar pela corrente sanguínea.A partir disso, há a formação de um êmbolo-massa instravascular sólida,líquida ou gasosa, que é carregada pelo sangue até um local distante de seu ponto de origem.Ou o trombo pode se dissolver(fibrinolise em trombos mais recentes) e se reorganizar por atividade fibrinolítica, pode se propagar ou recanalizar(vaso “dentro” de outro vaso→proliferação da musculatura lisa do vaso). OBS.: Possuem aspecto estriado; fica aderido a superfície do vaso. OBS.: Embolia.Presença de uma massa intravascular solta, sólida, liquida ou gasosa, que é transportada pelo sangue desde seu ponto de origem ate um local distante, onde ela geralmente causa a disfunção tecidual ou infarto. A grande maioria dos êmbolos são trombos desalojados→ tromboembolismo. Isquemia.É a deficiência no suprimento sanguíneo por diminuição da luz das artérias,arteríolas ou capilares a determinado tecido ou órgão.Pode ocorrer por causas funcionais como hemorragia ou por causa mecânicas como obstrução vascular.As conseqüências dependem do tipo de tecido afetado, da eficiência da circulação colateral,da velocidade com que se instala e do grau de redução do calibre da artéria afetada em casos de obstrução. -Redução ou cessação do fluxo sanguíneo para um órgão ou tecido do organismo. Causas: Diminuição da pressão sanguinea,;obstrução da luz vascular;aumento da viscosidade sanguinea; ou aumento da demanda por oxigênio. Consequencia: infarto. Infarto.é uma área tecidual de necrose isquêmica(necrose de coagulação) causada pela obstrução, seja do suprimento arterial ou da drenagem venosa(isquemia prolongada). Toda região que recebe o aporte sanguíneo a partir do local de obstrução sofre isquemia(isquemia prolongada). Pode ser branco(circulação terminal), vermelho(circulação dupla) ou séptico: Branco-Também chamado anêmico ou isquêmico, se dá por obstrução arterial em órgãos de circulação terminal(circulação única), apresentando uma área branca.Ex.: rim, baço e miocárdio. Vermelho(hemorrágico)-Ocorre em órgãos de dupla circulação onde há oclusão arterial ou oclusão venosa.Nesse tipo, a circulação dupla leva a hemorragia secundária.Ex.: intestino e pulmão. Séptico-Se dá por vegetações bacterianas nas válvulas cardíacas formando trombos e, consequentemente, êmbolos. Obs.: a trombose arterial ou embolia arterial é causa da grande maioria dos infartos. Circulação colateral Fina rede de vasos existentes próximo ao local da obstrução-tentativa do organismo de manter o fluxo sanguineo ao leito distal comprometido. Choque.É um estado em que a diminuição do debito cardíaco(volume de sangue sendo bombeado pelo coração em um minuto) ou a redução do volume sanguineo circulante eficaz prejudica a perfusão tecidual(quantidade de oxigenação dos capilares teciduais), levando a hipóxia celular.O choque causa hipoperfusão sistêmica pela redução do debito cardíaco e do volume de sangue circulante. É uma alteração circulatória aguda e rápida que, geralmente, leva ao óbito. Tipos de choque: ➔ Cardiogenico-alterações no miocárdio que impossibilitam que o coração bombeie adequadamente o sangue.Ex.: IAM,embolia pulmonar etc. ➔ Hipovolemico-diminuição de líquidos no organismo, diminuição do retorno venoso e do debito cardíaco.Ex.:hemorragia, desidratação por queimadura etc. ➔ Séptico- bactérias liberam endotoxinas que promovem uma vasodilatação, diminuindo o retorno venoso e o debito cardíaco. ➔ Anafilático-em respostas alérgicas acentuadas onde há aumento da liberação de vasodilatador(histamina) que diminui o retorno venoso e o debito cardíaco. ➔ Neurogenico- resposta vasomotora com vasodilatação, diminuindo o retorno venoso e o debito cardíaco. Neoplasias É a proliferação celular descontrolada e autônoma. Em geral há perda ou redução da diferenciação celular em consequência de alterações nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação. Relembrando, quando a célula perde a especialização, há um aumento da proliferação. De acordo com o comportamento clínico, as neoplasias são classificadas em benignas e malignas. Logo, existem diferentes nomenclaturas para diferenciar essa mudança comportamental. Neoplasias benignas mesenquimais são nomeadas utilizando o prefixo da célula de origem com o sufixo OMA, logo uma neoplasia benigna mesenquimal do tecido cartilaginoso é chamada de condroma, por exemplo. Se for benigna epitelial, a nomeclatura é de acordo com a arquitetura que está sendo formada, ou seja, adenomas (formam estruturas glandulares), papilomas (formam superfícies com projeções digitiformes - papilas) e cistoadenoma (formação cística). Neoplasias malignas mesenquimais são nomeadas utilizando o prefixo da célula de origem com o sufixo SARCOMA, logo uma neoplasia maligna mesenquimal do tecido cartilagionoso é chamada de condrossarcoma, por exemplo. Se for maligna epitelial, o sufixo é CARCINOMA, logo, o mais comum é o adenocarcinoma. Exceção: tumor benigno- nevo e tumor maligno- linfoma, melanoma etc. Caracterizando e diferenciando as duas neoplasias, as benignas tem crescimento expansivo em pequena velocidade, possuem pseudocápsula, tem raras e típicas mitoses, não invadem os vasos, NÃO PROVOCAM METÁSTASE e, portanto, não apresentam hemorragia e necrose. Enquanto isso, as malignas tem crescimento infiltrativo rápido, sem pseudocápsula, mitoses frequentes típicas e atípicas, invadem vasos, provocam metástase e, assim sendo, provocam hemorragia e necrose. Se as malignas são capazes de invadir vasos e causar metástase, é correto dizer que somente neoplasias malignas são capazes de se disseminar e se implantar à distância. Essa disseminação pode ser por três vias: hematogênica (na qual o tumor neoplásico invade os vasos sanguíneos e faz sua implantação em outra região), linfática (na qual a neoplasia maligna invade vasoslinfáticos e migra até outra área) e transcelômica (na qual a disseminação é por meio de ductos como o ducto biliar). Obs.: neoplasia x displasia: na neoplasia a célula se multiplica mesmo quando o estímulo cessa. -O termo diferenciação(função mantida) refere-se à extensão com que as células do parênquima neoplásico assemelham-se às células parenquimatosas correspondentes, tanto morfologicamente quanto funcionalmente. -A falta de diferenciação é denominada anaplasia(tumor maligno). -A anaplasia está associada a outras alterações morfológicas:pleiomorfismo celular e nuclear; mitose em excesso; mitoses atípicas(fusos atípicos). -O crescimento dos cânceres é acompanhado por infiltração progressivas, invasão e destruição do tecido circundante. Invasão e metástase* Diferença: A invasão é quando atinge o tecido adjacente.E a metástase é quando atinge um tecido periférico. *metástase: Propensão de um tumor para áreas que são fisicamente descontínuas com o tumor primário. -A probabilidade de um tumor primário formar metástase está correlacionada à falta de diferenciação, invasão local agressiva, crescimento rápido e tamanho grande. ❖ Vias de disseminação: Hematogenica- Veia é mais comum do que artéria. Linfática-Vasos linfáticos nas margens tumorais. Cavidades e superfícies corpóreas-cavidade peritoneal é mais comum. Bases moleculares do câncer e carcinogenese Agentes ambientais (vírus, radiação) lesam o DNA e se o genoma não se reparar, mutações genéticas ocorrem ativando proto-oncogenes e inativando genes supressores. Esses proto-oncogenes ativam o crescimento celular, enquanto os genes supressores de tumor ficam inativados. Essa incapacidade de reparar a lesão no DNA também pode ocorrer por mutações genéticas além de agentes ambientais. Junto com isso, há alterações nos genes que regulam a apoptose. A partir da ativação de proto-oncogenes, inativação de genes supressores e alteração nos genes que regulam a apoptose há a proliferação celular descontrolada e a diminuição da apoptose. Acontece uma expansão clonal dessas células que são capazes de evadir do sistema imune e que sofrem mutações adicionais levando a uma progressão do tumor. Assim se dá uma neoplasia maligna com invasão e metástase. -O centro da carcinogenese está na mutação. Principais alvos mutados: função que altera a proliferação celular. ● Oncogenes ● Genes supressores de tumor: inibem o crescimento celular. -Mutação nos dois alelos-completa perda de função. ● Genes envolvidos no reparo de DNA ● Genes que regulam a apoptose -Os tumores são formados pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu mutação. -A carcinogenese(quando a célula sofre novas mutações) é um processo em múltiplas etapas,tanto a nível fenotípico quanto a nível genético,resultante do acumulo de múltiplas variantes de célula tumoral:heterogeneidade. Taxa de crescimento→invasão→metástase→resistência à terapia Caracteristicas marcantes do câncer: -autossuficiencia nos sinais de crescimento: proto-oncogenes(promovem o crescimento celular) , oncogenes(conferem à célula autossuficiencia no crescimento-mutação), fatores de crescimento,receptores,componentes do ciclo celular,proteínas transdutoras de sinais e fatores de transcrição. OBS.: A massa tumoral estimula a angiogênese. OBS.: tumor maligno normalmente apresenta necrose central no tecido. P53.Guardiã do genoma. Com a perda da P53(proteína supressora de tumor), o dano ao DNA segue sem ser reparado,as mutações se acumulam em células em divisão e a célula vai em direção à transformação maligna. ➢ Atua como um sensor de danos no DNA e auxilia o sistema de reparo, utilizando os momentos de checkpoints para paralizar o ciclo celular ou induzir a apoptose, prevenindo, assim, que ocorra o proliferação de células com o DNA mutado. Metabolismo celular alterado De uma maneira peculiar, as células cancerosas produzem energia preferentemente pela glicólise anaeróbia em detrimento da fosforilação oxidativa mitocondrial. As células cancerosas são metabolicamente adaptadas para o rápido crescimento e proliferação em condições de pH ácido e baixas tensões de oxigênio, condições nas quais as células normais pouco cresceriam ou mesmo não conseguiriam sobreviver. ➔ Efeito de Warbug: As células passam a fazer glicólise aneróbica(não há produção de radicais livres-protege a célula), mesmo tendo oxigênio disponivel. Os metabólitos intermediários da glicólise anaeróbica são necessários para a síntese de outros componentes celulares. Obs.: fagócitos utilizam muito a glicose como forma de obtenção de energia-evasão do sistema imune. Evasão a apoptose -A apoptose representa uma barreira que deve ser sobreposta para que ocorra o câncer. -Mutações nos genes que regulam a apoptose são necessários. -A via intrínseca é a mais frequentemente alterada. Instabilidade genômica: ➢ Genes de reparo do DNA -Proteinas que atuam no reparo do DNA-importantes na manutenção da integridade do genoma. ➢ Mutação -Aumentam grandemente a ocorrência de mutações em outros genes durante a divisão celular. ➢ Potencial replicativo ilimitado -Telomerase(“estica” o telômero). Inflamação promotora de tumor -Altera o padrão de metilação do DNA(Altera a expressão de genes supressores de tumor). -estimula a proliferação celular. -as citocinas liberadas atuam na formação de radicais livres-lesão no DNA. Carcinogenese. O organismo humano encontra-se exposto a múltiplos fatores carcinogênicos, com efeitos aditivos ou multiplicativos. Sabe-se que a predisposição individual tem um papel decisivo na resposta final, porém não é possível definir em que grau ela influencia a relação entre a dose e o tempo de exposição ao carcinógeno e a resposta individual à exposição. Independentemente da exposição a carcinógenos, as células sofrem processos de mutação espontânea, que não alteram o desenvolvimento normal da população celular como um todo. Estes fenômenos incluem danos oxidativos, erros de ação das polimerases e das recombinases e redução e reordenamento cromossômico. Há também que se considerar a vigilância imunológica como mecanismo de correçãoou exclusão das células mutantes. Os fenômenos de mutação espontânea podem condicionar uma maior ou menor instabilidade genômica, que pode ser crucial nos processos iniciais da carcinogênese, como conseqüência de aneuploidia e amplificações genéticas. Em síntese, a carcinogênese pode iniciar-se de forma espontânea ou ser provocada pela ação de agentes carcinogênicos (químicos, físicos ou biológicos). Em ambos os casos, verifica-se a indução de alterações mutagênicas e não-mutagênicas ou epigenéticas nas células. A incidência, a distribuição geográfica e o comportamento de tipos específicos de cânceres estão relacionados a múltiplos fatores, incluindo sexo, idade, raça, predisposição genética e exposição a carcinógenos ambientais. Destes fatores, os ambientais são, provavelmente, os mais importantes. Os carcinógenos químicos (particularmente aqueles presentes no tabaco e resultantes de sua combustão e metabolismo), bem como determinados agentes, como os azocorantes, aflatoxinas e benzeno, foram claramente implicados na indução de câncer no homem e animais. Certos vírus de ADN do grupo herpes e papiloma, bem como vírus de ácido ribonucléico (ARN) do tipo C, foram também implicados como agentes produtores de câncer em animais, podendo ser igualmente responsáveis por alguns cânceres no homem. O tempo para a carcinogênese ser completada é indeterminável, podendo ser necessários muitos anos para que se verifique o aparecimento do tumor. Teoricamente, a carcinogênese pode ser interrompida em qualquer uma das etapas, se o organismo for capaz de reprimir a proliferação celular e de reparar o dano causado ao genoma. A carcinogenese se divide em: ➔ Química: As substâncias químicas cancerígenas são encontradas distribuídas na natureza, compreendendo desde alimentos naturais até compostos altamente modificados pelo homem. Os carcinógenos químicos são divididos em duas categorias: carcinógenos diretos e indiretos. Os diretos são agentes alquilantes que já possuem atividade eletrofílica intrínseca, e devido a essa propriedade podem provocar câncer diretamente. A maioria das substâncias químicas são carcinógenos indiretos, precisam primeiro sofrer modificações químicas no organismo para então se tornarem eletrofílicas e ativas. O metabolismo dos carcinógenos é feito por grande variedade de enzimas solúveis ou associadas com membranas, entre as quais as do citocromo P-450 são as mais importantes. A atividade desses sistemas enzimáticos sofrem influências de vários fatores endógenos e exógenos. Há variações qualitativas e quantitativas dessas enzimas em diferentes tecidos, em diferentes indivíduos e diferentes espécies, podendo influenciar a região e o tipo de tumor. Os carcinógenos químicos se ligam ao DNA e causam mutações. O principal mecanismo de ação dos carcinógenos químicos é a formação de compostos covalentes com o DNA, que aumentam a probabilidade de ocorrerem erros durante a replicação. Nem sempre uma mutação resulta na formação de tumores, pois o organismo dispõe de sistemas eficazes de reparação de DNA. Existe grande variação entre os indivíduos e entre os diferentes tecidos na eficiência de reparação do DNA. Alguns carcinógenos químicos além de sua ação mutagênica inibem a atividade das enzimas reparadoras. Dessa forma, as substâncias químicas provocam tumores na dependência de vários fatores do indivíduo e do ambiente. Se divide em carcinogenos diretos(não precisam passar por conversão metabólica para se tornarem carcinogenos) e indiretos. -Agentes iniciadores provocam dano permanente no DNA. -Agentes promotores não provocam mutação, mas estimulam a proliferação celular ➔ Radiação: A energia radiante, solar e ionizante, é o mais importante carcinógeno físico. Cânceres de mama, ossos e do intestino são menos suscetíveis à carcinogênese por este tipo de radiação. O mecanismo da carcinogênese pela radiação reside na sua capacidade de induzir mutações. Essas mutações podem resultar de algum efeito direto da energia radiante ou de efeito indireto intermediado pela produção de radicais livres a partir da água ou do oxigênio. As radiações na forma de partículas (como partículas alfa e nêutrons) são mais carcinogênicas do que a retenção eletromagnética (raios X, raios gama). ● Raios UVB: radiações particuladas agem diretamente sobre o DNA, formando dímeros de pirimidina. ● Raios UVA: radiações eletromagnéticas agem indiretamente sobre o DNA, a partir da formação de radicais livres no citoplasma que vão interagir com o DNA. ➔ Microbiana(biológica): Diversos vírus de ADN e de ARN produzem cânceres em animais, e alguns foram implicados na gênese do câncer humano. Entre os vírus de ADN, encontram-se os do Papilomavírus humano (HPV), de Epstein-Barr (EBV) e o da hepatite B (HBV). Acredita-se que os agentes carcinogênicos biológicos atuem como promotores da proliferação celular, criando condições propícias para mutações por erros de transcrição do ADN. Imunologia das neoplasias. A imunologia tumoral é o estudo das propriedades antigênicas dessas células transformadas (pois um grande problema para o hospedeiro consiste na semelhança dessas células com as células sadias), da resposta imunológica do hospedeiro contra essas células, das conseqüências do crescimento das células malignas para o hospedeiro e dos meios pelos quais o sistema imune deve ser modulado para erradicar as células tumorais. RI anti-tumoral: A imunologia tumoral se baseia no fato de que as células tumorais expressam antígenos que as distinguem das células normais. Esses antígenos podem ser divididos em 2 grupos: • Antígenos tumorais exclusivos; só estão presentes nas células tumorais, mas não nas células normais do hospedeiro. • Antígenos associados a tumores; podem ocorrer em algumas células normais, porém a expressão quantitativa ou associada a outros marcadores serve para identificar as células tumorais. Os anticorpos monoclonais são ideais para a identificação desses antígenos. - Existem 2 tipos de antígenos de transplante associados a tumor (TATA) que são reconhecidos pela imunidade mediada por células: 1. Antígenos T;esses antígenos são compartilhados por muitos tumores 2. Antígenos específicos de tumor (TSTA); esses antígenos específicos para cada tumor. 3. Antígenos oncofetais; são antígenos de diferenciação presentes durante o desenvolvimento fetal, mas que normalmente não são expressos na vida adulta. Esses antígenos (AFP e CEA), no entanto,são expressos por células tumorais. -relação SI e tumor Mecanismos Imunológicos que atuam contra células tumorais Praticamente todos os componentes do sistema imunológico podem contribuir para a defesa contra as células tumorais: • Células T; são, sem dúvida, o principal mecanismo de defesa para o organismo contra essas células. Atuam tanto diretamente sobre elas (células CD8+) como ativando outros componentes do sistema imune ( as células CD4* que atuam através de linfocinas). Entretanto dependem de células apresentadoras de antígenos (APC), pois na maioria das vezes as células tumorais expressam apenas MHC classe I e não a classe II. • Células B; secretam anticorpos (o principal é a IgG) e funcionam como APC.Os anticorpos podem agir tanto fixando complemento quanto promovendo a ADCC (citotoxidade mediada por anticorpo) • Células NK**; representam a primeira linhagem de defesa do hospedeiro contra o crescimento das células transformadas. Também representam um auxílio quando recrutadas pelas células T. Sua ação é mediada pela liberação de fatores citotóxicos ou de granzinas e perforinas. • Macrófagos; são importantes na iniciação da resposta imune por desempenharem o papel de APC. Além disso podem atuar diretamente como células efetoras mediando a lise do tumor. As principais citocinas envolvidas na ativação dos macrófagos (MAF) são o INF-γ, a IL-4, o TNF e o GM-CSF (fator de estimulação de crescimento granulócitomacrófago). * IL-2, IFN-γ e TNF são as principais citocinas envolvidas. ** As células transformadas comumente apresentam uma quantidade diminuída de MHC-I e é esse o sinal para as NK. ❖ Mecanismos de escape das células tumorais • Imunosseleção; mutações randômicas (ao acaso), devido a instabilidade genética, produzem células tumorais que não são reconhecidas como estranhas pelo sistema imune do hospedeiro e essas células, conseqüentemente são selecionadas (pelo próprio sistema imune), • Fatores solúveis; as células tumorais secretam substâncias que suprimem diretamente a reatividade imunológica. • Células T supressoras, -Tolerância; como as células tumorais, na maioria das vezes, não são apresentadoras de antígenos, elas não fornecem um sinal co-estimulador para as células T (interação B7- CD28 ou CD40-CD40L), o que leva a apoptose ou a um estado de anergia das células T. • Perda de antígenos do MHC (modulação); mais de 50% dos tumores podem perder tumorais alelos de classe I do MHC, o que leva a uma incapacidade de apresentação de antígenos peptídeos tumorais. -terapêutica-imunoterapia -vacinas com células tumorais Infecções e tumores -Microorganismos contribuem para 15% de todos os tumores. Resposta endógena anti-tumoral: -altos níveis de IgG reativos contra uma enorme gama de produtos associados ao tumor. -presença de células CD4+ e CD8+ reativas ao tumor, no sangue,linfonodos etc. Imunossupressão e tumores.Desenvolvimento tumoral afetado pela resposta imunológica. -Mecanismo de supressão: Fas-FasL; NK e macrófagos. Obs.: Porque o tumor persiste? Por conta da redução de moléculas classe I de MHC, expressão de Fas-L e produção de substancias imunossupressoras(ex.: VEGF). Antigeno tumoral x Marcador tumoral -antígenos tumorais podem ser: específicos(só aparecem em tecido tumoral) ou associados. ▪ Específicos: codificados por genes normalmente não expressos em tecidos normais, mas expressos em neoplasias de diferentes tipos histológicos. ▪ Associados: constituintes normais de tecidos e oncofetais; virais; resultantes de mutações-derivados de protooncogenes e genes supressores de tumor. Imunoterapia. A imunoterapia age através do crescimento de células T selecionado antígeno-específicas, da amplificação da resposta imunológica através de citocinas ou da formação de conjugados anticorpo-toxina dirigidos contra o tumor. • Imunização com células tumorais ou antígenos purificados; • Imunoterapia adotiva; consiste na transferência de células T (Th ou Tc) singênicas tumor específicas. Esse tratamento exige tempo para que as células sejam erradicadas e as células T transferidas devem ser capazes de resistir ao sistema imune hospedeiro. A infusão de IL-2 após a transferência aumenta a eficácia dessas células T. • Administração de anticorpos monoclonais; a ADCC (citotoxidade celular dependente de anticorpo) é o principal mecanismo efetor após a infusão de anticorpos; outra abordagem promissora é a associação anticorpo-agente citotóxico. Marcadores tumorais.Qualquer produto de célula tumoral de importância para diagnóstico,prognóstico, indicação terapêutica. Entre os principais marcadores tumorais estão: AFP,Beta-HCG,CEA e PSA. →Marcador sorológico Ex.: ELISA e RIE. →Marcador tecidual Ex.: IHQ. →Marcador celular Ex.: imunocitoquimica. ❖ Imunohistoquimica. Imuno-histoquímica (IHQ) é a identificação de epítopos no tecido através da reação antígeno-anticorpo (Ag-Ac), revelada por um marcador visual e examinada à microscopia óptica e/ou eletrônica. As interações Ag-Ac podem ser feitas a partir da: ● Imunofluorescencia: anticorpos conjugados a fluorocromos. ● Imunoperoxidase: É uma técnica de detecção de antígeno (Ag) utilizada no diagnóstico de infecções víricas.Baseia-se na reação de anticorpos (Ac) específicos com o antígeno presente no material suspeito Diagnostico histo-patológico.Definição da histogênese de neoplasias morfologicamente indiferenciadas. Ex.: carcinoma x linfoma x sarcoma. ➔ Imunofenotipagem de neoplasias já classificadas pela morfologia Ex.: linfomas B ou T. ➔ Definição do sítio primário a partir da metástase ➔ Identificar produto de síntese das células neoplásicas, especialmente tumores endócrinos. Obs.: Marcadores tumorais prognósticos São aqueles que predizem o risco de recidiva ou de morte devido ao câncer. Marcadores tumorais preditivos São aqueles que distinguem entreos pacientes que responderão a determinado tipo de tratamento. -indicam terapia. Doenças nutricionais.São doenças nutricionais são causadas por um desequilíbrio na nutrição e elas são classificadas em três categorias. A primeira engloba aquelas que são causadas por falta de nutrientes, enquanto a segunda pelo excesso deles. ➔ Desnutrição: ingestão inadequada de proteínas e calorias ou má absorção, perda excessiva, hipermetabolismo. ➔ Obesidade: Acúmulo excessivo de gordura corporal no individuo. ❖ Alimentação adequada: Aquela que concede energia, AA e ácidos graxos, vitaminas e minerais(coenzimas). Desnutrição protéico-energética(DPE) Etiologia: restrição dietética autoimposta, pobreza,doenças crônicas e agudas, alcoolismo crônico, infecções, ignorância e insuficiência de suplementação dietética. As duas extremidades do espectro das síndromes de DPE são conhecidas como Marasmo e Kwashiorkor. Marasmo Combinação de deficiência protéica e energética. -O peso é reduzido em 60% do normal -retardo no crescimento, perda muscular e de gordura subcutânea -há evidencia de deficiência imunológica,especialmente da imunidade mediada por células T -presença de anemia e múltiplas deficiências vitamínicas Kwashiorkor Ocorre quando a falta de proteínas é relativamente mais grave do que a redução de calorias totais. -depleção intensa do compartimento protéico visceral -deficiencias vitamínicas, defeitos na imunidade e infecções secundárias -desenvolvimento de apatia, indiferença e perda de apetite Obs.: Hipoalbunemia→edema generalizado. Obs.: A caquexia é caracterizada por perda extrema de peso, fadiga, atrofia muscular,anemia,anorexia e edema.Ex.: pacientes com AIDS ou cânceres em estágio avançado. Anorexia nervosa x bulimia A anorexia nervosa é caracterizada pela perda de peso intensa graças a dietas rígidas que a pessoa faz em uma busca desenfreada da magreza. A bulimia nervosa, por sua vez, é definida pela ingestão muito rápida de grande quantidade de alimentos. Deficiencias vitamínicas: ➔ Vitamina A -regulação do crescimento e da diferenciação celular -regulação do metabolismo lipídico -resistencia do hospedeiro as infecções -manutenção da visão normal ➔ Vitamina D -manutenção dos níveis plasmáticos adequados de cálcio e fósforo →manter as funções metabólicas →mineralização óssea →transmissão neuromuscular OBS.: Raquitismo→ mineralização insuficiente dos ossos. ➔ Vitamina C -a deficiência leva ao desenvolvimento do escorbuto -melhor cicatrização Obesidade.Associada ao aumento na incidência de varias das mais importantes doenças humanas, incluindo o diabetes tipo 2,doenças cardiovasculares,hipertensão e câncer.
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