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PRESERVAÇÃO E ISOLAMENTO DO LOCAL DO CRIME

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PRESERVAÇÃO E ISOLAMENTO DO LOCAL DO CRIME
 Um dos requisitos essenciais para que os peritos possam realizar um exame pericial de maneira satisfatória, é que o local esteja adequadamente isolado e preservado, a fim de não se perder qualquer vestígio que tenha sido produzido pelos atores da cena do crime.
 Corroborando, (BARACAT, 2008) defende que: 
“[...] a preservação dos vestígios deixados pelo fato, em tese delituosa, exige a conscientização dos profissionais da segurança pública e de toda a sociedade de que a alteração no estado das coisas sem a devida autorização legal do responsável pela coordenação dos trabalhos no local pode prejudicar a investigação policial e, consequentemente, a realização da justiça, visto que os peritos criminais analisam e interpretam os indícios materiais na forma como foram encontrados no local da ocorrência.”
 As ações iniciais de preservação após um crime são da própria população que normalmente chega primeiro ao local do crime. Por isso é importante a conscientização da sociedade em preservar o local mesmo que este ainda não tenha sido isolado, a fim de evitar contaminações ou perda de algum vestígio do pertinente a cena do crime. Em referência à preservação e isolamento do local do crime, o CPP, em seus artigos 6º e 169, dispõem:
“Art.6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.”
 O policial, conforme mencionado no artigo 6º do CPP, comparecerá ao local do delito caso seja noticiado do crime. Caso seja o primeiro na cena, sugere-se tomar as seguintes providências:
1. Penetrar no local do crime e dirigir-se ao corpo de delito (cadáver, vítima, veículos colididos e poças de sangue por exemplo), percorrendo, se possível, o menor caminho e em linha reta;
2. Constatado o delito, retornar à origem percorrendo a mesma trajetória da ida, fazendo-se consignar o trajeto ao perito que irá proceder ao exame pericial posterior;
3. Identificar, ao longo do trajeto, os vestígios do delito; essa ação delimitará o local imediato;
4. Isolar o local imediato e parte do local mediato, de forma a preservar o corpo de delito, os vestígios visíveis pelo policial e, porventura, àqueles não captados por esse profissional não especializado – o isolamento deve ser efetuado por meio de fitas de zebradas e/ou cones, de forma a evitar a circulação de populares;
5. Acionar a equipe de peritos e, se houver, a autoridade policial;
6. Aguardar os especialistas, sempre efetuando a segurança do local, de forma a impedir quaisquer adulterações ou invasão de populares.
 Observa-se que a rotina sugerida foi elaborada de forma a evitar o mínimo de alterações nas cenas, mas sempre priorizando o socorro a ocasionais vítimas decorrentes do delito ou acidente.
 Se o indivíduo estiver vivo, prioriza-se o seu salvamento em detrimento da preservação do local. O bem maior é a vida, portanto, deve-se sobrepor a qualquer outra ação naquele momento. Caso se trate de um cadáver, deve-se prosseguir com a rotina sugerida acima, atentando-se em fazer uma acurada observação do corpo sem tocá-lo (salvo para verificar pulsação). Não mexer nos bolsos, documentos, dinheiro, joias etc., pois toda informação pode ser pertinente para elucidação do fato delituoso.
 A delimitação do isolamento deve ser feita utilizando a fita zebrada, se possível, e/ou cones. Ainda, a depender da quantidade de membros da equipe, sugere-se uma divisão dos policiais ao longo do isolamento, de forma a efetivar a segurança do local. O objetivo da fita de isolamento delimitando a área, é de facilitar o trabalho de preservação, pois se cria uma barreira psicológica para que pessoas não autorizadas adentrem ao local. (SENASP, PRESERVAÇÃO DO LOCAL DE CRIME, 2009).
 Pode-se concluir o quanto é importante se preservar adequadamente os vestígios produzidos pela vítima e pelo agressor na cena do crime, como única forma de reunirmos condições para chegar ao esclarecimento total dos delitos.
 Ensina o Perito Criminal que: “O isolamento da cena do crime deve ser realizado de forma efetiva parra que o menor número de pessoas tenha acesso ao local, evitando-se que evidências sejam modificadas de suas posições e até destruídas antes mesmo de seu reconhecimento.”
 A leitura da cena do crime deve ser a mais fiel possível ao momento do fato ocorrido, sendo de extrema importância a preservação de todos os elementos que compõem o local do crime, quer seja, por exemplo, armas encontradas no local, manchas de sangue, posição do corpo da vítima, objetos pertencentes ao agente ou a vítima e dentre outros. 
 Cabe salientar, que o legislador se mostrou preocupado com a possibilidade de deturpação do local do crime, posto que figura como crime a alteração da cena do crime, conforme exposto no art. 347 do código penal.
 	Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

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