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texto dissertativo argumentativo

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O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
ARGUMENTAÇÃO
A argumentação inclui procedimentos que desempenham o jogo de raciocínio marcado pela lógica e pelo princípio da não-contradição. Tais procedimentos têm por função essencial validar uma argumentação, isto é, mostrar que o campo de questionamento se justifica. Os procedimentos tendem a provar a validade de um argumento, (Charaudeau, 1992).
Para Foulquié (apud Vignaux, 1998), "toda argumentação é índice de uma dúvida porque ela supõe que é necessário precisar ou reforçar o acordo sobre uma posição determinada que não seria bastante clara ou não se imporia com força suficiente".
Charolles (1980) afirma que "há argumentação toda vez que um agente (individual ou coletivo) produz um comportamento destinado a modificar ou reforçar as disposições de um sujeito (ou um conjunto de sujeitos) em relação a uma tese ou conclusão". Segundo esse pesquisador, uma conduta de argumentação tem as seguintes características:
- envolve participantes que assumem papéis específicos de agente e paciente da argumentação;
-	envolve um campo problemático, que é um domínio de interrogação ou de preocupação, isto é, o problema que dá origem à argumentação;
- visa a um objetivo, que é conquistar a adesão do interlocutor a uma tese (ou conclusão) ou, mais modestamente, fazer com que este compreenda as razões que levam o argumentador a pensar de uma determinada maneira; 
- exige, da parte do argumentador, o emprego de meios, que são os argumentos.
A tese é uma proposição passível de ser provada, digna de ser aceita como verossímil. É uma afirmação que o argumentador submete a aprovação de um interlocutor. O argumento é um procedimento que visa a persuadir, a fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto. O argumento consiste no recurso utilizado (prova concreta, argumento de autoridade, raciocínio lógico, competência lingüística...) que sustenta ou respalda a tese.
Na argumentação, o sujeito pode tomar um dos seguintes procedimentos em relação ao campo problemático:
a) ser favorável - de acordo, defende a questão apresentada, procurando justificá­-la, provar sua veracidade;
b) ser desfavorável - em desacordo, refuta o problema, questiona-o, procura declará-lo falso, provar sua falsidade;
	ponderar - questiona o problema apresentado e desenvolve um ato de persuasão que mostra as provas do verdadeiro e do falso. Há um levantamento dos prós e dos contras.
Referências bibliográficas:
CHARAUDEAU, Patrick. Grammaire du sens et de I'expression. Paris:Hachette, 1992.
CHAR0LLES, Michel. Les formes directes et indirects de I'argumentation. Pratiques, n.28 Oct. 1980.
VIGNAUX, Georges. Le discours, acteur du monde: énonciation, argumentation et cognition. Paris: Ophrys, 1988.
DISSERTAR OU ARGUMENTAR?
	Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos1Estrutura: o autor demonstra sua tese (a explicação sobre o objeto de estudo) para um fenômeno em observação e passa a desenvolvê-la com “provas”: dados objetivos, explicações de funcionamento, dados estatísticos, exemplificações, comparações; conclusão facultativa. A linguagem é clara, objetiva, impessoal; uso do padrão culto e formal da língua.
, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está comprometido com a persuasão, mas com a transmissão de conhecimentos.
	Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto em questão.
	Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.
Estrutura: 
Introdução: apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a idéia principal do texto (que pode coincidir ou não com o ponto de vista expresso na frase ou no trecho em que é apresentado o tema)
Você pode iniciar um texto apresentando:
		uma declaração
	uma definição
	uma oposição
	uma alusão histórica
	uma ou várias perguntas
	uma frase nominal seguida de explicação. 
	uma citação
		citação de forma indireta
	exposição do ponto de vista oposto
	a retomada de um provérbio
	uma ilustração (exemplos)
	uma alusão a um romance, um conto, um filme, um poema
	a descrição de um fato de forma cinematográfica
(VIANA, Antônio C. et al. Roteiro de redação:lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 1998)
Desenvolvimento: Formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente em cada parágrafo é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou comparação entre situações, épocas e lugares diferentes, pode também se apoiar em depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto, em dados estatísticos, pesquisas alusões históricas.
Conclusão: Geralmente retoma a tese, sintetizando as idéias principais do texto, ou propondo soluções para o problema discutido.
Características do texto dissertativo-argumentativo
	expõe uma idéia ou um ponto de vista sobre determinado assunto;
	apresenta intenção persuasiva;
	convencionalmente, apresenta três partes essenciais: tese ou idéia principal, desenvolvimento e conclusão;
	linguagem geralmente clara, direta, objetiva e impessoal, com predomínio da função referencial;
	predomínio do padrão culto, formal da língua;
	verbos predominantemente no presente do indicativo.
PARA ESCREVER BEM TEXTOS DISSERTATIVOS-ARGUMENTATIVOS 
	Para persuadir o leitor é necessário despertar-lhe o interesse e ganhar sua simpatia.
	Convém pôr em evidência, logo de início, os aspectos importantes da tese de um texto. Ou seja, convém ir logo ao cerne da questão, evitando longos preâmbulos, premissas óbvias e já conhecidas pelo leitor.
	Poucos argumentos de boa qualidade causam mais efeito que muitos argumentos, alguns dos quais incertos.
	Não use gírias em sua dissertação.
Ex.: Muitos caras, a maioria gente da pesada, se nega a deixar de curtir seu baratinho.
	Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles empobrecem a redação; fazem parecer que o autor não tem criatividade.
Ex.: (...) Hoje, é muito comum menores perambulando pelas ruas, por falta de escolas ou um lugar para ficar, serem influenciados por estes pequenos delinqüentes, aos quais acabam se unindo para praticarem delitos. Afinal, já dizia meu avô: “Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és”.
	Não inclua em sua redação fatos da sua vida particular.
	Não utilize sua redação para propagar doutrinas religiosas.
Ex.: Para combater a contínua ameaça de conflitos na humanidade, só há uma solução: Jesus Cristo. O homem precisa lembrar que Deus mandou o único filho a fim de morrer na cruz para nos salvar.
	Jamais analise os temas propostos movido por emoções exageradas.
Ex.: Os noticiários apresentam-nos todos os dias crimes bárbaros cometidos por verdadeiros animais, que deveriam ser exterminados um a um pela sua perversidade sem fim.
	Estas criaturas monstruosas atacam, nas ruas escuras da periferia, pobres mulheres indefesas e as matam, impiedosamente. Amaldiçoados criminosos, andam por aí disseminando a podridão de suas almas, que hão de arder para sempre no fogo do inferno.
	Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros que não sejam de domínio público.
	Não repita várias vezes a mesma palavra.
Ex.: Os empresários têm encontrado problemas para contratar mão-de-obra especializada. O problema da mão-de-obra é conseqüência de um problema maior...
	Tente não analisar os assuntos propostos sob apenas um dos ângulos da questão.
	Não fuja ao tema proposto.
	Não faça generalizações apressadas.
	Não use frases feitas e clichês.
Ex.: O problema só será resolvido com a conscientização
da população.
Violência gera violência.
SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. São Paulo: Globo, 1997.
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione, 1997.
TIPOS DE ARGUMENTOS
	Argumento de autoridade
É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área de atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações, de um lado, cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que o que sobre ele pensavam outros autores; de outro, torna os autores citados fiadores da veracidade de um dado ponto de vista.
O uso de outras “vozes” no texto é denominado por alguns autores de polifonia, ou seja, pontos de vista ou posições que se representam nos enunciados.
	Argumento baseado no consenso
O texto é construído a partir de um conhecimento tomado como sendo de consenso, chamado, especificamente, de saber partilhado. Por exemplo:
- A educação é a base do desenvolvimento.
- Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que um país supere a sua condição de dependência.
Obs.: Não se deve, no entanto, confundir argumento baseado no consenso com lugares-comuns carentes de base científica e de validade discutível. Por exemplo: “O brasileiro é indolente”; “A AIDS é um castigo de Deus”; “Só o amor constrói”.
	Argumento baseado em provas concretas
As opiniões pessoais expressam apreciações, pontos de vista, julgamentos que exprimem aprovação ou desaprovação. No entanto, elas terão pouco valor se não vierem apoiadas em fatos. É muito freqüente em campanhas políticas fazerem-se acusações genéricas contra candidatos: incompetente, corrupto, ladrão. O argumento terá mais peso se a opinião estiver embasada em fatos comprobatórios. Se dissermos, A administração Fleury foi ruinosa para o estado de São Paulo, um partidário do ex-governador poderá dizer que não foi. No entanto, se dissermos A administração Fleury foi ruinosa para São Paulo, porque deixou dívidas, junto ao Banespa de 8,5 bilhões de dólares, porque deixou de pagar os fornecedores, porque inchou a folha de pagamento do Estado com nomeações de afilhados políticos, etc., o partidário do ex-governador, para argumentar, terá de responder a todos esses fatos.
Os dados apresentados devem ser pertinentes, suficientes, adequados, fidedignos. Por exemplo, se alguém disser que determinado candidato não é competente administrativamente porque não sabe português, estará fazendo um raciocínio falacioso, porque o fato de saber português não é razão suficiente para a conclusão de que alguém seja competente para administrar. 
As provas concretas podem ser cifras e estatísticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana. Esse tipo de argumento, quando bem feito, cria a sensação de que o texto trata de coisas verdadeiras e não apresenta opiniões gratuitas.
Tem-se a argumentação por ilustração, quando se enuncia um fato geral e, em seguida, narra-se um caso concreto para comprová-la; na argumentação pelo exemplo, parte-se do exemplo concreto e daí se extrai uma conclusão geral.
	Argumentos com base no raciocínio lógico
O que chamamos de argumentos com base no raciocínio lógico diz respeito às próprias relações entre proposições e não à adequação entre proposições e provas. A argumentação pode basear-se em relações de causa e conseqüência, explicação ou justificativa, conclusão, etc.
Problemas que podem aparecer nesse tipo de argumentação:
Tautologia (erro lógico que consiste em aparentemente demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes. Por exemplo: O fumo faz mal à saúde porque prejudica o organismo; Essa criança é mal-educada porque os pais não lhe deram educação. Relação inadequada entre causa e efeito, fuga do tema, etc.
	Argumento da competência lingüística
Em muitas situações de comunicação (discurso político, religioso, pedagógico, etc.)deve-se usar a variante culta da língua. O modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. Utilizar também um vocabulário adequado à situação de interlocução dá credibilidade às informações veiculadas. Por exemplo: Se um médico não se vale de termos científicos para fazer uma exposição sobre suas experiência, desconfiamos da validade delas.
PLATÃO & FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. (ADAPTAÇÃO)

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