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DIREITO PENAL III

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DIREITO PENAL III – 2º BIMESTRE
19/04
PENA DE MULTA:
-A pena de multa é uma das três espécies de pena previstas no ordenamento jurídico brasileiro (não é tributo), consistente na imposição ao condenado da obrigação de pagar ao fundo penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada conforme o sistema único de dias-multa, atingindo o patrimônio do condenado. É cominada ao lado de cada tipo penal de forma:
a) Cumulativa: a uma pena privativa de liberdade, por exemplo. Geralmente quando o crime for praticado contra o patrimônio. 
-Quando a pena de multa é cominada cumulativamente com a pena privativa de liberdade, deve ser estabelecida proporcionalmente. 
Ex: se a pena privativa de liberdade foi estabelecida no mínimo, assim deverá ser estabelecida a pena de multa. 
b) Alternativa: artigo 155, §2º, 163, 233.
c) Isolada: como as várias contravenções penais e crimes de menor potencial ofensivo. 
d) Substitutiva: pode ser aplicada em substituição a pena privativa de liberdade, embora não seja tecnicamente uma pena restritiva de direitos. É uma característica peculiar, com base legal no artigo 44, §2º.
*Quando a multa é punição única ou nos casos em que encontra-se cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação, será obrigatória a sua aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade ou da inderrogabilidade da pena.
Já nos casos em que a pena de multa estiver cominada de forma alternativa com a pena privativa de liberdade, o magistrado, terá uma discricionariedade regrada pelo artigo 59, inciso I, do Código Penal, para escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
*SISTEMA DIAS-MULTA: 
-Todas as vezes que o magistrado estiver fazendo a aplicação da pena de multa, seja ela isolada, cumulada ou alternativamente aplicada, deve seguir os limites legais.
1ª FASE: deverá atender, principalmente, à situação econômica do réu (artigo 60/CP)
-1º passo: fixar os dias-multa, que será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa (artigo 49, caput/CP). 
2º passo: fixar o valor da multa, que não poderá ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário (artigo 49, §1º/CP). Ou seja, atualmente (2017), o menor valor de dia-multa é R$31,23 e o maior é R$4.685,00.
2ª FASE: multiplicar os dias-multa pelo valor estabelecido para chegar no valor unitário de dias-multa. 
*Hipóteses legais de multiplicação da pena de multa:
1. Artigo 60 do CP; (permite a multiplicação em 3x): § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo
2. Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.305/98), artigo 18; (Permite a multiplicação em 3x)
3. Lei dos Crimes Financeiros (Lei 7.492/86), artigo 33. (Permite a multiplicação em 10x)
Art. 50/CP: A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. 
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: 
a) aplicada isoladamente; 
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena. 
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família.
Polêmica sobre a execução da pena de multa: Se o réu não pagar a pena de multa, sendo solvente, tornar-se-á a multa uma dívida de valor. Dessa forma, quem terá legitimidade ativa para executar a multa? Há quem diga que é o Ministério Público, por ser o titular da ação penal, outros que é a fazenda pública, por ser uma dívida ativa do Estado. A LEP diz que é o MP, no entanto, o artigo 51 do CP diz que é de competência da Fazenda Pública. Por isso, o STJ sumulou o entendimento de que é competente a Fazenda Pública (Súmula 521 do STJ). 
Procedimento: Após o trânsito em julgado da condenação, o juiz da execução criminal deve mandar intimar o sentenciado para pagar a multa no prazo de 10 dias e em seu valor atualizado pelos índices de correção monetária (artigo 49, §2º/CP). Se não houver o pagamento espontâneo, será feita uma certidão circunstanciada sobre a condenação e a multa será enviada à Fazenda Pública a fim de que ajuíze a execução fiscal no foro competente, de acordo com as normas da Lei n. 6.830/80. A execução da pena de multa, portanto, perde seu caráter penal, devendo o seu valor ser inscrito como dívida ativa do Estado.
Pena de multa no concurso de crimes: Art. 72/CP: No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. 
-Isso quer dizer que nas hipóteses de concurso de crimes as penas de multa deverão ser aplicadas isoladamente para cada infração penal, que deverão ser ao final somadas, com exceção do crime continuado, no qual haverá incidência de somente uma pena de multa (STJ, AgRg no REsp 607.929/PR). 
TEMA 3: CONCURSO DE INFRAÇÕES PENAIS: concurso material ou formal e continuidade delitiva.
-Concurso de crimes são majorantes, dentre as quais serão as últimas majorantes que o juiz aplicará, quando há mais de um crime praticado pelo autor. 
“Havendo concurso formal, crime continuado ou aberratio ictus, o aumento deve operar depois de fixada a pena para cada crime concorrente, como se não houvesse o concurso. Isso permite verificar se a pena acrescida pelo crime continuado ou concurso formal não excede a soma das penas dos crimes-membros. Possibilita, ainda, em face da atual redação do artigo 119, verificar se não houve prescrição em relação aos diversos crimes ligados pelo nexo da continuidade ou unidos pelo concurso formal.” 
a) Localização científica: A corrente majoritária entende que esse tema está abrangido pela teoria da pena.
b) Noção de conduta para fins de concurso de infrações penais: 
-Utiliza-se o conceito jurídico de ação, segundo o qual a conduta é uma série de atos, mas que estão determinados a um proposito único, qual seja, a consumação do crime.
*Critério da conduta penalmente relevante: se destina a identificar dois fatores: em primeiro lugar, o fator finalista e, em segundo, o fator normativo. Ambos devem estar presentes na conduta para que seja considerada penalmente relevante.
1. Fator finalista: conduta identificada como projeção de vontade final. Ou seja, atos com plano comum. 
2. Fator normativo: é a tipicidade como subsunção da conduta a um ou mais tipos legais. 
-Por vezes o tipo penal descreve várias ações (plurissubsistente), apesar disso possui somente uma ação penalmente relevante.
c) Diferença entre concurso real de infrações penais para os crimes habituais, permanentes e concurso aparente de tipos penais:
1. Crime habitual: é aquele que o próprio tipo penal exige que a ação típica seja reiterada no tempo. Ex: artigo 229 do CP – manter casa de prostituição. É um único crime. 
-O crime habitual exige uma omissão do autor para parar de existir. 
2. Crime permanente: é aquele cuja ação típica uma vez iniciada coloca o crime em permanente estado de autoconsumação. Ex: sequestro. É um único crime.
-Para cessar a consumação do crime exige-se que o autor pratique uma ação (e não uma omissão).
3. Concurso aparente de infrações penais: será aparente o concurso, quando os elementos objetivos e subjetivos do tipo penal ao qual a conduta efetivamente se amolde prevalecerem sobre semelhantes elementos de outro tipo penal ao qual a mesma conduta aparentemente também se amolde. 
*Critérios para solucionar o concurso aparente:	
1. Critério de especialidade: prevalece o tipo penal que mais descrever a circunstâncias do caso concreto.
2. Critério de subsidiariedade: todo roubo é uma soma de um furto e um constrangimento ilegal. Por que o autor do roubo não responde por furto ou constrangimento ilegal?Pois esses são subsidiários do roubo, portanto, utiliza-se o tipo penal mais grave, que abrangerá as duas condutas. 
3. Critério da consunção: consunção deriva do ato de consumir. Um tipo é consumido pelo outro. Ex: todo crime de sonegação fiscal pressupõe uma fraude. A fraude é um crime autônomo, geralmente é a falsidade ideológica, e não é punida pois é considerado um crime meio, necessário ou regular, para o atingimento do crime fim. 
*Em todos estes casos há uma unidade de conduta jurídica ou de tipo penal. Enquanto no concurso real há uma pluralidade de condutas jurídicas ou de tipos penais. 
CONCURSO REAL DE INFRAÇÕES PENAIS: material, formal e continuado.
NOÇÃO GERAL: 
“O concurso de infrações se caracteriza pela existência de dois ou mais ilícitos penais praticados pelo MESMO AGENTE. Difere, portanto, do concurso de pessoas, que consiste na concorrência de duas ou mais pessoas para a realização de um ou mais fato punível. O concurso poderá ocorrer entre crimes ou contravenções, isoladamente considerados ou entre crimes e contravenções. Daí a designação adotada pelo art. 76 do CP e não a de concurso de crimes. Esse fenômeno jurídico poderá se caracterizar entre crimes de qualquer espécie, dolosos ou culposos, comissivos ou omissivos, entre crime consumado e tentado” (René Dotti). 
b) RELEVÂNCIA PARA A PENA: “Logicamente que a pena a ser aplicada a quem mais de um crime não pode ser a mesma pena aplicável a quem comente um único crime. Por isso, foram previstos critérios especiais de aplicação de pena às diferentes espécies de concurso de crimes”. (Cezar Roberto Bitencourt)
C) SISTEMA DE APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO DE INFRAÇÃO
1. Cúmulo material: também chamado de sistema aritmético. Soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. 
-O sistema de cúmulo material é mitigado ou limitado a 30 anos. (artigo 75 do CP)
2. Exasperação: também chamado de absorção com cúmulo jurídico (pois a pena é acrescida de uma fração). Aplicação da pena mais grave aumentada de determinada quantidade. 
-Também é limitado pelo artigo 75, mas além disso possui um limite especial chamado de concurso material benéfico, que tem dupla previsão legal (artigo 70, § único e 71, § único). O limite especial deste sistema estabelece que a pena alcançada por esse critério nunca pode ser maior que a pena que seria alcançada no mesmo caso com o critério material. 
1. CONCURSO MATERIAL: artigo 69 do CP. 
*Requisitos: 
a) Pluralidade de ações;
b) Pluralidade de crimes;
-Consequência: aplicação do sistema de cúmulo material (aplicação cumulativa das penas, soma das penas).
a) CONCEITO: Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
-As condutas são necessariamente cronologicamente sucessivas e independentes entre si (típica de crimes autônomos). Geralmente, mas nem sempre, também são subssumíveis a tipos penais diferentes (Ex: marido pratica lesões corporais contra a esposa e em seguida vai até a delegacia e registra B.O contra a mulher dizendo que ela quem cometeu as lesões corporais. Dessa forma, pratica o crime de denúncia caluniosa. 
b) ESPÉCIES: não há diferença na quantidade de pena a ser aplicada.
Homogênio: (crimes de mesma natureza): o agente mata a vítima e a testemunha
Heterogênio: (crimes distintos): o agente rouba a vítima e em seguida a estupra;
“Fala-se em concurso material homogêneo quando o agente comente dois crimes idênticos, não importando se a modalidade praticada é simples, privilegiada ou qualificada. Por outro lado, ocorrerá o concurso material heterogêneo quando o agente vier a praticar duas ou mais infrações penais diversas. Como a regra adotada pelo Código Penal é a do cúmulo material, tal distinção não tem relevância prática”. (Rogério Greco)
26/04
2. CONCURSO FORMAL: artigo 70
a) CONCEITO: “Concurso formal é o realizado pela hipótese de um fato único (ação ou omissão) que viola diversas disposições legais”. 
*Requisitos:
a) Unidade de conduta; e
b) Pluralidade de crimes.
Base legal: Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade*. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos (dolos múltiplos)*, consoante o disposto no artigo anterior. 
-Consequência: É o único concurso de crimes que aplica sistemas diferentes.
1. EXASPERAÇÃO (concurso formal próprio):
1.1. Quando um único fato tem distintos resultados tipificados pela lei penal (heterogêneo): aplicação da mais grave das penas, aumentada de 1/6 até metade;
1.2. Quando um mesmo fato realiza várias vezes o mesmo tipo penal (homogêneo): aplicação de somente uma das penas, aumentada de 1/6 até metade;
2. CÚMULO MATERIAL (concurso formal impróprio): 
2.1. Quando o agente atua com desígnios autônomos, quer dizer, que a conduta, embora única, é dirigida finalisticamente (dolosamente) à produção dos resultados: aplicação cumulativa das penas. 
b) ESPÉCIES: 
-Homogêneo (crimes de mesma natureza): um mesmo disparo mata duas pessoas.
-Heterogêneo (crimes distintos): um mesmo disparo mata um e fere outro.
-Próprio (perfeito): unidade de desígnio: o agente quer apenas um crime.
-Impróprio (imperfeito): uma ação com designíos autônomos. 
2. 1. CONCURSO FORMAL PRÓPRIO: sua característica fundamental está no elemento subjetivo do autor, que deverá ter a intenção ou previsibilidade (dolo ou culpa) de praticar um único crime. 
-Por isso o concurso formal próprio utiliza o sistema de exasperação, que é mais benéfico para o réu do que o sistema da soma das penas. Além disso, estabelece que, no caso concreto, deverá o julgador, ao aplicar o aumento de pena correspondente ao concurso de crimes, aferir se, efetivamente, a regra do concurso formal está beneficiando ou, se, pelo contrário, está prejudicando o agente. Isto porque em sendo o último caso, deverá aplicar o limite do concurso material benéfico.
Características: uma conduta e mais do resultado, na qual a intenção do autor era de praticar somente um crime. 
Hipóteses: o concurso formal próprio incide, portanto, nos casos em que a) a conduta for culposa na sua origem, sendo todos os resultados atribuídos ao agente a esse título, ou b) a conduta for dolosa, mas o resultado aberrante lhe é imputado culposamente.
*REGRA DO CONCURSO MATERIAL BENÉFICO*: também chamado de cúmulo material benéfico. Estabelece um limite à aplicação do concurso formal, segundo o qual deverá ter aplicação o sistema de cúmulo material, se o de exasperação não for mais benéfico ao agente. 
Artigo 70, Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
-Esse limite também tem incidência nos crimes aberrantes em se aplica o concurso formal. 
*MODALIDADES DE ERRO NA EXECUÇÃO:
a) Aberratio Ictus (objetos típicos iguais, sempre será de pessoa para pessoa): Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
1. Agente comente crime somente contra pessoa diversa da pretendida: responde por um único crime como se efetivamente tivesse cometido o crime contra a pessoa pretendida.
2. Agente comete crime contra a pessoa diversa da pretendida e também contra a pretendida: concurso formal de crimes, aplicando-se a mais grave das penas cabíveis, se iguais, ou somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
1. Aberratio criminis (objetos típicos diferentes, sempre será de coisa para pessoa): Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
1. Agente pretende cometer um crime mas pratica resultado diverso: responde pelo crime que atingiu pelo resultado de sua conduta na modalidade culposa. Ex: pretende causar dano, contudo, acaba matando uma pessoa, responde apenas pelo homicídio culposo.
2. Agente pretende cometer um crime, mas o resultado de sua conduta se adequa a outro crime também: concurso formal de crimes. Ex: se a finalidade era a de causar dano e o agente além de conseguir produzi-lo vem atingir uma pessoa. 
2.2. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO: o agente deseja praticar com uma conduta os diversos resultados atingidos. 
-Também chamado de concurso formal agravado, imperfeito.
3. CRIME CONTINUADO: também chamado de continuidade delitiva.
Fundamento político-criminal: impedir que pessoas que praticam vários crimes de baixa periculosidade respondam com penas altíssimas e desproporcionais.
a) CONCEITO: “Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes (até aqui é igual ao concurso de crimes) da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do primeiro (há uma série de condutas e mais de um crime, o que configura concurso material, contudo, na continuidade delitiva, há a presença da semelhança de crimes entre si, criando artificialidade, fazendo com que todos esses crimes sejam um só, de forma a ser crime continuidade – daí continuidade delitiva). São diversas ações, cada uma em si mesma criminosa, que a lei considera, por motivos de política criminal, como crime único”.
-O crime continuado é uma ficção jurídica, que a lei utiliza para considerar como um crime único, consumado de forma continuada ao longo do tempo. 
-Consequência: aplicação do sistema de exasperação.
b) ESPÉCIES:
1. CRIME CONTINUADO COMUM: Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. – O sistema usado aqui é de exasperação. O crime continuado é uma saída do concurso material. A continuidade delitiva é um concurso material onde deixam-se de somar as penas para beneficiar o réu. 
-Características: 
1. Mais de uma ação ou omissão; 2. Prática de dois ou mais crimes da mesma espécie
-Não existe nenhum elemento subjetivo para caracterizar a continuidade delitiva, analisa-se somente as características externas do fato, não se questionando o dolo ou culpa do agente. 
-Consequências: a) se idênticas as penas = aplicar uma das penas aumentada de 1/6 a 2/3; b) se diversas as penas = aplicar a mais grave aumentada de 1/6 a 2/3. 
2. CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO: Art. 71, Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código (sistema exasperação, também incidindo o limite do concurso formal chamado de concurso material benéfico). 
-Características/requisitos: Características do crime continuado comum + Crimes dolosos; 2. Contra vítimas diferentes; 3. Cometidos com violência ou grave ameaça; 4. Contra pessoa. – ESSES REQUISITOS DEVEM EXISTIR SIMULTANEAMENTE, JUNTO COM OS DO CRIME CONTINUADO COMUM.
-Consequências: a) se idênticas as penas = aplicar uma das penas aumentada até o triplo; b) se diversas as penas = aplicar a pena mais grave até o triplo. 
e) TEORIAS SOBRE OS REQUISITOS DO CRIME CONTINUADO:
1. TEORIA OBJETIVA: adotada pelo Código Penal, tendo em vista a redação do artigo 71, caput. Não leva em consideração os elementos subjetivos do crime.
Requisitos objetivos: 
1. Pluralidade real de condutas (Real, pois, na pratica é exigido várias condutas, apesar de a lei criar a ficção de que foi uma só praticada) e pluralidade de crimes (de mesma espécie (O QUE NÃO É EXIGÍVEL NO CONCURSO MATERIAL, DIFERINDO-O DESTE) – que tutelam o mesmo bem jurídico e cujos tipos penais compartilhem elementos típicos semelhantes);
2. Condições de tempo semelhantes: (a jurisprudência e a doutrina construíram critério que estabelece que deve haver lapso temporal de até 30 dias entre um crime e outro).
3. Condições de lugares semelhantes: (o entendimento majoritário assevera que não deve haver delimitação geográfica, mas que o território onde os crimes foram praticados devem ser analisados de forma global, tentando-se identificar entre esses locais alguma conexão que beneficie o modus operandi do agente, isto é, que seja considerada condição exigida pelo plano delitivo). 
4. Procedimento do autor em todos os crimes deve ser semelhante (mas não idêntico!). Ex: instrumento do crime semelhante.
5. Outras condições semelhantes: permissão para o juiz identificar qualquer coisa que quiser como aspecto semelhante do crime. 
6. Natureza exclusivamente objetiva – todos os requisitos anteriores são objetivos, ou seja, não há requisitos subjetivos. No Art. 71, caput, não há exigência da lei a respeito do elemento subjetivo do réu, o que é o que o concurso formal faz. A continuidade delitiva importa-se somente com requisitos objetivos.
TEORIA MAJORITÁRIA.
2. TEORIA SUBJETIVA: se posiciona no outro extremo, defendendo que as circunstâncias objetivas não contam para caracterizar o crime continuado e sim as subjetivas como o dolo unitário de continuação. Segundo esta teoria, são irrelevantes as características objetivas, não importando o que o sujeito fez, mas o que ele quis fazer, originando o DOLO de CONTINUAÇÃO. Não é a teoria adotada, vez que está em desuso. 
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3. TEORIA OBJETIVA-SUBJETIVA: - Não é a majoritária, mas é a mais coerente academicamente falando.
Os requisitos para o crime continuado devem ser tanto os objetivos, constantes do artigo 71, “caput”, quanto o subjetivo, a saber, o dolo unitário de continuação, cuja base legal é inexistente.
-É a mais correta, mas não é adotada. Não obstante, tem base jurisprudencial (HC 142384 – STJ). O stj entende que os requisitos objetivos existem, o que ensejaria a continuidade delitiva, contudo, se não houver dolo de continuação, não aplica-se a aplicação da continuação.
-Não se pode exigir o requisito subjetivo, que não tem base legal, para prejudicar o réu (como a jurisprudência faz). 
 
Na prática, o crime continuado é identificado por intermédio de circunstancias que permitam concluir pela homogeneidade de bens jurídicos lesionados e homogeneidade de processo executório d
os crimes. (Homogeneidade como mera similitude) 
A aplicação da pena é mediante exasperação. Segue:
	CONCURSO MATERIAL (CP, art. 69)
	Homogêneo
	
 Cúmulo Material
	
	HeterogêneoCONCURSO FORMAL (CP, art. 70) 
	 Próprio
	 Exasperação (1/6 até 1/2) 
	
	 Impróprio
	 Cúmulo Material
	CRIME CONTINUADO (CP, art. 71)
	 Comum
	 Exasperação (1/6 até 2/3)
	
	 Específico
	Cúmulo Material (até o triplo)
g) EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:
Artigo 119, CP: No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. A prescrição incide isoladamente sobre a pena de cada um, antes da incidência do concurso.
-A extinção da punibilidade é analisada isoladamente para cada crime praticado em concurso e antes de aplicar a majorante do concurso de crimes. 
Art. 111, CP: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; (no caso de concurso, quando se consumou cada crime)
-O crime continuado é considerado como único crime pela lei, no entanto, sabe-se que na prática é composto por várias condutas. Dessa forma, para fins de prescrição se considera qual o início da prescrição? Afasta-se neste caso a ficção jurídica e calcula-se a prescrição a partir da data em que cada crime foi praticado. 
*Dosagem da pena para o concurso de crimes formal e do crime continuado: a doutrina e jurisprudência lecionam que o percentual de aumento da pena varia de acordo com o número de infrações penais praticadas.
Ex: na hipótese de crimes praticados em concurso formal, o aumento da pena decorrente será de 1/6 = se 2 crimes, 1/5 = se 3 crimes, 1/4 = se 4 crimes, 1/3 = se 5 crimes, 1/2 = se 6 crimes ou mais. 
*Aplicação da pena no concurso de crimes: na sentença que reconhecer o concurso de crimes, em qualquer das três hipóteses, deverá o juiz aplicar, isoladamente, a pena correspondente a cada infração penal praticada. Após, segue-se a aplicação das regras correspondentes aos aludidos concursos. Tal raciocínio faz-se mister pela regra do artigo 119, do CP. 
h) HABITUALIDADE DELITIVA:
*Habitualidade é um instituto criado pela jurisprudência (não tem base legaL) e para prejudicar o réu.
-A jurisprudência criou esse instituto para evitar que os réus fossem beneficiados pela continuidade delitiva. (HC 70794)
-Se o juiz não aplica a continuidade delitiva, qual o concurso que será aplicado? O material, que a pena será aplica somando. 
i) CRÍTICA AO INSTITUTO DA CONTINUIDADE DELITIVA:
-Zaffaroni é um dos críticos.
1. Todos os requisitos determinantes da continuidade delitiva são vagos e incertos;
2. Por trás do instituto tem uma política criminal discutível;
3. Grande insegurança gerada pelo requisito “outras condições semelhantes”, que permite que o juiz tenha uma grande margem para decidir. 
j) EXEMPLO CONCRETO: 
“Assim sendo, considerando que da comparação entre ambos os delitos não se verifica qualquer denominador comum, a não ser que ambos se tratam de crime de roubo armado cometidos por um mesmo agente, não há que se falar em continuidade delitiva. 
k) SÚMULAS DE INTERESSE:
Súmula STF 497: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Súmula STJ 81: Não se concede fiança quando, em concurso material, a soma das penas mínimas cominadas for superior a dois anos de reclusão.
Súmula STJ 243: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. 
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TEMA 4: CRITÉRIO DE APLICAÇÃO DA PENA: REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA E SUBSTITUTIVOS PENAIS
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
a) CONCEITO: Regime de cumprimento de pena “é o estado de cumprimento da pena em que se coloca o condenado, no tocante à intensidade modulada de redução da liberdade”. (Moraes Pitombo)
b) LOCALIZAÇÃO LEGISLATIVA: artigo 33 do CP
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
§ 1º - Considera-se: diferença dos regimes em relação ao estabelecimento em que é cumprida a pena.
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. (patronato) (...)
c) ESPÉCIES:
Regime fechado: artigo 34 do CP
2. Regime semiaberto: artigo 35 do CP
3. Regime aberto: artigo 36 do CP
*REGRA GERAL DE FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL: 
Art. 33, § 2º (...) 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
-O juiz do processo de conhecimento, que aplica a pena, somente estabelece o regime inicial, a progressão de regime é de atividade do juiz da execução penal. 
Portanto, como ocorre a fixação do regime inicial? A escolha pelo julgador do regime inicial para o cumprimento de pena deverá ser uma conjugação da quantidade de pena aplicada ao sentenciado com análise das circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do CP, principalmente no que se refere a determinação de que a pena deve ser necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Assim, se as circunstâncias judiciais não permitirem que a pena seja cumprida na modalidade prevista pelo §2º do artigo 33, o juiz deverá explicitar os motivos pelos quais estará determinando ao sentenciado regime mais rigoroso. 
	 PENA DE RECLUSÃO
	 PRIMÁRIO
	 REINCIDENTE
	 Superior a 8 anos
	 Regime inicial fechado
	Regime inicial fechado
	Superior a 4 e menor ou igual 
a 8 anos
	Regime inicial semiaberto
	Regime inicial fechado
	 Menor ou igual a 4 anos
	 Regime inicial aberto
	Regime inicial semiaberto
*Súmulas 718 e 719 do STF: dizem que a opinião do magistrado sobre a gravidade do fato praticado não é motivo idôneo para impor regime mais grave do que o indicado pela pena aplicada. 
*Súmula 440 do STJ: se a pena-base for fixada no mínimo legal não se pode fixar o regime inicial mais grave do que o indicado pela pena aplicada.
c.1) REGIME FECHADO: artigo 34 do CP
a) CONCEITO: “considera-se o regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média (CP, artigo 33, §1º, a) Tal estabelecimento é a penitenciária”. (René Dotti)
*Quando a pena em concreto for de reclusão e superior a 8 anos o regime inicial será o fechado (artigo 33, §2º, “a”).
1. Transitada em julgado a sentença penal condenatória, tendo sido determinado ao condenado o cumprimento de sua pena em regime fechado, será ele encaminhado à penitenciária, nos termos do art. 87 da LEP, expedindo-se, por conseguinte, guia de recolhimento para a execução, uma vez que, sem ela, ninguém poderá ser recolhido para cumprimento da pena privativa de liberdade (art. 107da LEP). 
A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: I - o nome do condenado; II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação; III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado; IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução; V - a data da terminação da pena; VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário (art. 106 da LEP)
2. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico para obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vista à individualização da execução (CP, art. 34 e LEP, art. 8º).
-Exame criminológico: a análise feita por equipe multiprofissional no exame criminológico inicial tenha por meta determinar a inserção de cada preso no grupo com o qual conviverá no curso da pena. Tem por objetivo nortear a forma do cumprimento da pena, bem como servir de parâmetro para o acompanhamento do preso durante a execução. Implica em dar a cada preso as oportunidades que tem direito como ser individual e distinto dos demais. Refere-se, portanto, ao direito que tem o condenado de cumprir a pena de acordo com as suas possibilidades, necessidades e características pessoais, respeitando-se a sua personalidade e o seu potencial de desenvolvimento
3. Obrigatoriedade de trabalho: o condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno (art. 34, §1º, do CP). 
a) O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena (art. 34, §2º, do CP).
b) O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas (art. 34, §3º, do CP). A exceção é sua realização externa, que somente será possível depois de cumprido 1/6 da pena (artigo 37 da LEP).
5. Reincidentes são separados de primários. Autores de crimes sexuais ficam em cela separada, bem como autores de crimes violentos e hediondos. Quando o autor é funcionário público também ficará em cela separada, especialmente, quando for policial (artigo 84 da LEP). 
6. A pena é cumprida no estabelecimento penitenciário. 
Regras estabelecidas para a cela: artigo 88 da LEP. 
05/05
c.2) REGIME SEMIABERTO: artigo 34 do CP
a) CONCEITO: “Considera-se regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (CP, artigo 33, §1º, b). Na perspectiva da LEP, esses estabelecimentos devem ter características arquitetônicas de segurança média”. (René Dotti)
b) REGRAS ESTABELECIDAS PELO ARTIGO 35 DO CP:
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaberto. 1. Ou seja, nesse regime, também poderá ser submetido o condenado ao exame criminológico para a individualização de sua pena (artigo 8º, § único, da LEP). 2. Além disso, também é exigida a expedição de guia de recolhimento ao condenado, quando iniciar o cumprimento neste regime. 3. O trabalho do condenado em regime semiaberto também possibilita a remição de sua pena. 
4. O condenado também fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno (Art. 35, §1º, 1ª parte, do CP).
*Local de cumprimento de pena: colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (Art. 35, §1º, 2ª parte, do CP).
*O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. (Art. 35, §2º, do CP)
*Maior benefício do regime semiaberto: saída temporária, que está prevista e disciplinada na LEP, artigo 122 a 125.
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:
I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;
-Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes (artigo 124, §2º, do CP). Isto é, nesse caso, o preso sairá todo dia somente o tempo necessário para assistir às aulas, até terminar o curso, condicionando ao bom aproveitamento, sob pena de revogação.
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica (tornozeleira eletrônica) pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. 
A quem deve ser pedida a saída temporária? O próprio Diretor geral do Presídio encaminha ao juiz a relação dos presos que têm direito à saída temporária. Mas se o nome do preso não estiver na relação, o pedido pode ser feito pelo seu advogado, diretamente ao Juiz.
Requisitos da saída temporária: Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. (A saída temporária poderá ser concedida em até 7 dias e em até 5 vezes por ano. Ou seja, é permitido até 35 dias por ano de saída temporária)
-Precedente sobre saída temporária: Recurso Especial 1176264 (não é direito automático do condenado, não é correto dizer que sempre terá 35 dias por ano, depende da análise do juiz)
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: 
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; 
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; 
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. 
§ 3o Nos demais casos (que não se tratar de frequência curso), as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado.
*REGIME INICIAL SEMIABERTO: será definido de acordo com artigo 33, §2º, b, isto é, se a pena concreta for estabelecida em mais do que 4 anos e até igual a 8 (se for 4 anos, será aberto, e 8 anos e um dia, será fechado), desde que não seja reincidente (se for, irá para o fechado). 
c) O QUE OCORRE SE HOUVER INEXISTÊNCIA DE ESTABELECIMENTO OU FALTA DE VAGAS? 
-Antigamente, os juízes colocavam o condenado cumprindo a pena em regime inicial fechado. No entanto, hoje isto é considerado excesso de execução, cuja disciplina está prevista nos artigos 185 e 186 da LEP. 
HC 81707: diz que a pena deverá ser cumprida inicialmente em regime aberto até que seja disponibilizada vaga no regime semiaberto. Se não houver vaga no aberto, o condenado aguardará a vaga em sua residência, mas é correto dizer que ele já estará cumprindo pena. Dessa forma, caso no momento em que abrir a vaga no regimeinicialmente estabelecido o condenado já tenha cumprido o período de pena que deveria cumprir no regime semiaberto, irá direto para o regime inicial. (Isto é diferente de per saltum)
-O entendimento é de que o condenado não pode ser penalizado pela falta de estrutura do Estado. 
-Progressão per saltum: pular de regime, é vedada. Ex: condenado em regime fechado e pula direto para o inicial. 
c.3) REGIME ABERTO:
a) CONCEITO: “O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá permanecer recolhido durante a noite e nos dias de folga. A execução da pena em regime aberto deve ser efetivada em casa de albergado (Patronatos penitenciários) ou estabelecimento adequado (CP, art. 33, §1º, c)”. (René Dotti)
REGRAS ESTABELECIDAS PELO ARTIGO 36 DO CP:
-Exige-se também a guia de recolhimento para cumprir esse regime em caráter inicial, pois o artigo 107 da LEP determina que ninguém será recolhido para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade judiciária. 
-Não necessita de exame criminológico.
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. 
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. 
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada. 
Requisitos para o ingresso no regime aberto (artigo 114 da LEP): 
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; (não precisa ser emprego registrado, qualquer atividade laboral)
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime.
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. (maior de 70 anos; acometido de doença grave; com filho menor ou deficiente físico ou mental; gestante)
*Peculiaridade do regime: o trabalho realizado pelo preso durante o cumprimento do regime aberto não gera a remição da pena, pois é condição de ingresso neste regime. 
Art. 115. O Juiz (inclusive o do processo de conhecimento – quando estabelecer este o regime inicial) poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias:
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado.
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem.
Súmula 493/STJ: as condições não podem ser iguais a penas restritivas de direitos.
-O que ocorre na prática é que não há vagas no patronato penitenciário, portanto, os condenados que estão cumprindo pena em regime aberto não ficam neste estabelecimento. No entanto, são realizadas atividades diariamente nestes locais, que devem contar com a presença dos condenados.
*REGIME INICIAL ABERTO: é disciplinado pelo artigo 33, §2º, c do CP, segundo o qual a pena concreta se estabelecida em até 4 anos (inclusive em 4 anos) será cumprida em regime inicial aberto, desde que o condenado não seja reincidente (se for, cumprirá a pena em regime semiaberto). 
c) O QUE OCORRE SE HOUVER INEXISTÊNCIA DE ESTABELECIMENTO OU FALTA DE VAGAS? 
-Condenado aguarda abrir vaga no regime inicial em sua residência. (já está cumprindo pena)
SISTEMAS DE EXECUÇÃO DOS REGIMES:
-Sistema Filadélfia: isolamento diuturno em cela individual, para reflexão do condenado
-Sistema Auburn: isolamento noturno e trabalho em comum, em silêncio, durante o dia
-Progressivo/Irlandês: adotado no Brasil e pela maior parte dos países ocidentais – Dupla base legal: CP, art. 33, §2º + LEP, art. 112 (Fração de 1/6). 
*O fundamento do sistema de transferência progressiva de regimes é a necessidade historicamente identificada de distribuição do tempo da pena em períodos, cada qual regidos por regras próprias. Todas essas regras, bem como seu fundamento são todas voltadas a uma finalidade principal comum, qual seja, a recuperação do condenado para a sua reinserção a sociedade livre. 
Art. 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (...)
Art. 112 da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal): A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
-Através desse sistema, portanto, evolui-se progressivamente de um regime a outro, menos severo, desde que se comprove a presença concomitante de dois requisitos básicos:
1. Requisito objetivo ou formal: o cumprimento de pelo menos um sexto da pena no regime anterior; e
2. Requisito subjetivo ou material: o mérito, avaliado pelo bom comportamento carcerário do preso, comprovado pelo diretor do estabelecimento.
*O cálculo para a segunda progressão de regime é feito com base bi tempo que resta a cumprir.
POSSIBILIDADE DE REGRESSÃO
“O sistema concilia a segurança social com o respeito à dignidade humana. Se, por um lado, é imprescindível dotar a privativa de liberdade da progressão que viabilize ao condenado a possibilidade futura de vida livre, por outro não se deve enfraquecer a reação penal.” (Miguel Reale Júnior) – A pena deve também ser retributiva, fazendo com que o sistema fosse progressivo regressivo, não somente premiando, mas reprovando o comportamento que merece ser reprovado dentro da pena.
Hipóteses legais de regressão: artigo 118 da LEP
Prática de crime* doloso ou falta grave (criado pela LEP, algo que somente ocorre dentro da prisão – Art. 50 à 52. Quem comete tal falta perde a oportunidade de ser atestado com um bom comportamento.(artigo 118, inciso I);
*Segundo Rogério Greco, está primeira parte do inciso I não foi recepcionada pela C/88, uma vez que o constituinte consagrou o princípio da presunção de inocência. Entende, portanto, que a prática de crime doloso, durante a execução da pena e sob a égide do regime que se pretende regredir, ocasionará a regressão somente se após o trânsito em julgado. No entanto, o STF entende pela constitucionalidade da disposição. Neste caso, a condenação transitada em julgado fará com que ocorra a regressão, mesmo que o tempo de pena aplicado, somado ao tempo restante, possibilite objetivamente a permanência no regime. 
2. Nova condenação por crime anterior*, cuja pena, somada, impossibilite o regime (artigo 118, inciso II); e 
*A lei não faz distinção se é doloso ou culposo. A anterioridade diz respeito a progressão, isto é, crime cometido antes da progressão e com condenação durante a execução da pena. (Segundo Rogério Greco)
3. Não pagamento de multa em regime aberto (artigo 118, §1º), somente quando o réu não possui situação de pobreza, carência ou miserabilidade. O não pagamento da multa permite regressão de regime, mas nunca prisão. A regressão de regime não é a pena e sim uma consequência dentro da pena. – Art. 36, CP;
Hipóteses de faltas graves: artigos 50 a 52 da LEP 
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participarde movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado (...). 
Exigência legal do contraditório: Art. 118, § 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado, ou seja, será instaurado um contraditório.
 (em Audiência de Justificação). Exceção: inciso II.
Súmula 533 do STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
-Todo procedimento de regressão é judicial. Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução.
-Regime disciplinar diferenciado (RDD): possibilidade aplicação está prevista no artigo 52 da LEP e Lei 10.792/2003. 
5. REGIMES ESPECIAIS, “REGIME DOMICILIAR” e o RDD: não são regimes de cumprimento de pena. 
1. REGIMES ESPECIAIS: dividem-se em três hipóteses.
CONCEITO: conjunto de regras e direitos que visam garantir o respeito a condições pessoais específicas de determinados condenados ou presos provisórios. São constitucionais, conforme o Art. 5º, XLVIII, XLIX e L da CF. 
REGIME ESPECIAL DA MULHER: artigos 82, §1º, 83, §2º e 3º, 84 e 89 da LEP. 
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso. § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente isolados.
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. § 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. § 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas. 
 Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo: I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autônomas; e II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua responsável. 
b) REGIME ESPECIAL DE IDOSO: estabelecimento penitenciário próprio para idosos (que, no entanto, não existe na prática).
c) REGIME ESPECIAL DE INDÍGENA: Lei 6.001/2003 (Estatuto do Índio)
2. “REGIME DOMICILIAR” = prisão domiciliar. Entre aspas, pois não é regime, tendo em vista que a pessoa ainda não está condenada e não está em entre as hipóteses de regime de cumprimento (portanto, nunca deve ser chamado de regime domiciliar e sim prisão domiciliar). É, em verdade, uma medida alternativa à prisão provisória. 
-A LEP prevê que em hipóteses excepcionais o condenado pode cumprir o resto do regime aberto em prisão domiciliar. Essas hipóteses estão previstas no artigo 117 (maior de 70 anos; acometido de doença grave; com filho menor ou deficiente físico ou mental; gestante)
-A inexistência de Casa de Albergado permitirá que o condenado cumpra o regime aberto em seu domicilio, ampliando-se, assim, excepcionalmente, por um motivo justo o rol do artigo 177 da LEP (Rogério Greco).
3. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD): Lei nº 10.792
Conceito: conjunto de medidas impostas ao preso provisório ou condenado, que mesmo preso gera riscos a terceiros. 
6. QUESTÃO: letra b 
7 - acima
10/05
8. CRIMES HEDIONDOS E ASSEMELHADOS:
A redação original da Lei nº 8.072/90
“Art. 2º (...), §1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado”.
A inconstitucionalidade do dispositivo
-O cumprimento integral da pena no regime fechado impede necessariamente uma das finalidades do sistema progressivo, qual seja, a ressocialização da pena. 
-Não pode haver lei que obrigue o sujeito a cumprir a pena integralmente fechado. No entanto, tem-se na prática que quando a pena aplicada for muito elevada, será cumprida integralmente no regime fechado. O que não pode ocorrer, portanto, é que o cumprimento da pena em regime integralmente fechado tenha fundamento em exigência da lei, deve ocorrer exclusivamente pelo nível de reprovabilidade do condenado. 
-O julgamento do HC 82.959-7/SP pelo STF declarou inconstitucional a citada redação por violação ao princípio da individualização da pena. 
“Perante a Constituição, o princípio da individualização da pena compreende: a) proporcionalidade entre o crime praticado e a sanção abstratamente cominada no preceito secundário da norma penal; b) individualização da pena aplicada em conformidade com o ato singular praticado por agente em concreto (dosimetria da pena); c) individualização da sua execução, segundo a dignidade humana (art. 1°, III), o comportamento do condenado no cumprimento da pena (no cárcere ou fora dele, no caso das demais penas que não a privativa de liberdade) e à vista do delito cometido (art. 5º , XLVIII).”
A NOVA REDAÇÃO (LEI Nº 11.464/2007)
“Art. 2º (...), §1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado”. 
HC 111840/STF (2012): declarou a inconstitucionalidade na expressão inicialmente, pois não é a natureza do crime que define o regime, e sim a pena e as condições pessoais do condenado.
“Art. 2º (...), §2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente”. 
9. Exercícios 
10. AS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS: SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
PANORAMA GERAL:
“As penas restritivas de direitos constituem uma nova visão dos problemas do delito, do delinquente e das reações penais, contendo indiscutível acento didático e utilitário. A experiência dos últimos anos em matéria de política criminal e penitenciária tem revelado que as sanções penais alternativas são necessárias e suficientes para reprovação e prevenção dos crimes menos graves e para os quais não se exige a perda de liberdade. Essa última modalidade de resposta ao ilícito deve ser reservada para os casos de maior ofensa aos bens jurídicos e maior culpabilidade do infrator”. (René Dotti)
b) FUNDAMENTOS:
1. Ineficácia da pena para as infrações menos graves: “O fracasso da prisão como agência terapêutica foiconstatado, relativamente às penas de curta duração, logo depois de iniciada a prática do encarceramento como pena. É antiga, portanto, a ideia de que o ambiente do cárcere deve ser evitado, sempre que possível, nos casos em que a breve passagem do condenado pela prisão não enseje qualquer trabalho de ressocialização. Por outro lado, essas pequenas condenações não se prestam a servir como prevenção geral, acrescentando-se o inconveniente de afastar o sentenciado do convívio familiar e do trabalho, desorganizando, sem nenhuma vantagem, a sua vida”. (Manoel Pedro Pimentel)
2. Celeridade e certeza da pena: “É a celeridade e a certeza da pena, mais que a sua severidade, que produz a efetiva intimidação”. (Beccaria – Bkria)
Item 26 da exposição de motivos do Código Penal: “Uma política criminal orientada no sentido de proteger a sociedade terá de restringir a pena privativa da liberdade aos casos de reconhecida necessidade, como meio eficaz de impedir a ação criminógena de cada vez maior do cárcere. Esta, filosofia importa obviamente na busca de sanções outras para delinqüentes sem periculosidade ou crimes menos graves. Não se trata de combater ou condenar a pena privativa da liberdade como resposta penal básica ao delito. Tal como no Brasil, a pena de prisão se encontra no âmago dos sistemas penais de todo o mundo. O que por ora se discute é a sua limitação aos casos de reconhecida necessidade.”
3 fatores que causam a subutilização da substituição da pena privativa de liberdade pelas penas restritivas de direito no Brasil: 
Ausência de investimento no acompanhamento psicossocial do condenado e sua família;
Ausência de investimento da fiscalização de atividades e de rotinas;
3. Ausência de investimento na conscientização da sociedade civil sobre a maior eficácia potencial da pena restritiva de direitos.
-Portanto, o argumento de que a substituição não deve ocorrer porque aumentaria a criminalidade é totalmente equivocada e sem fundamento consistente, pois o que se observa na realidade é o contrário. Isto é, a maior aplicação da substituição faz diminuir a criminalidade, pois ressocializa mais. 
-Lei 12.258/2010 – tornozeleira eletrônica
NOÇÕES RELEVANTES:
-Convém lembrar que as penas restritivas de direito são genéricas porque são compatíveis com qualquer crime, desde que com pena de até 4 anos. 
“(...) as penas restritivas de direitos previstas no estatuto atual são autônomas – e não acessórias -, sendo, de conseguinte, inadmissível sua cumulação com as penas privativas de liberdade. São, de fato, substitutivas destas últimas, de modo que sua aplicação exige, em uma etapa preliminar, a fixação pelo juiz do quantum correspondente à privação de liberdade, para depois proceder-se à sua conversão em pena restritiva de direitos, quando isso for possível” (Luiz Régis Prado)
*A principal característica é que a substitutiva, pois sempre será autônoma. Isto é, sempre será aplicada em substituição a pena privativa de liberdade e nunca cumulativamente com a pena privativa de liberdade. 
*Espécies (artigo 43 do Código Penal): prestação pecuniária (inciso I); perda de bens e valores (inciso II); prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas (inciso III); interdição temporária de direitos (inciso IV) e limitação de fim de semana (inciso V).
-Reclusão domiciliar foi uma das espécies que o artigo 43 previa que, no entanto, foi vetada. 
-Na sentença juiz faz a dosimetria, aplica a pena em até 4 anos, estabelece o regime inicial aberto e faz a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. 
*O juiz que vai determinar qual as penas restritivas que serão executados será o com atribuições perante a Vara de Execuções de Penas Restritivas de Direito. 
-A finalidade de o juiz condenar o acusado a uma pena de prisão e depois substituí-la na sentença diz respeito a ameaça implícita que impõe ao condenado, que ficará ciente de que, em verdade, a pena aplicada foi de prisão e em caso de descumprimento das penas restritivas será essa a pena a ser cumprida. 
a) PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU ENTIDADES PÚBLICAS: artigo 46 do Código Penal.
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.*
*É única pena restritiva que impõe um mínimo de pena para ser aplicada, isto se explica pois é a pena mais grave entre as penas restritivas.
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.  
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. 
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. 
 § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. *
*A função destas penas é de não prejudicar a vida social do condenado, caso não fossem assim não teria cabimento aplicar a substituição. 
Art. 149/LEP: Caberá ao Juiz da execução:
I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas aptidões;
II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena;
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de trabalho.
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz.
§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento.
Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar.
Características:
1. Respeita-se o vínculo empregatício do condenado e seus laços familiares;
2. Os serviços não são remunerados (diferentemente do trabalho realizado quando da execução da pena privativa de liberdade);
3. Aproveitamento das aptidões do condenado.
b) INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS: artigo 47 do Código Penal (rol taxativo)
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo (pelo qual é investido por concurso público), função ou atividade pública (cargo em comissão), bem como de mandato eletivo; 
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial (Ex: OAB, CREA), de licença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. 
IV – proibição de frequentar determinados lugares. (Geralmente, bares, casas de proibição, casa de jogos) – pena restritiva de direitos, contudo, a lei prevê a mesma restrição como outros institutos, que não a restritiva de direito.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
*Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. 
-Como o próprio nome indicada, essas penas têm caráter TEMPORÁRIO, tem aplicação somente pelo tempo da pena privativa de liberdade aplicada. 
*A rigor, esta é a pena restritiva de direitos por excelência, pois é única que só restringe direitos.
Art. 154 e 155
Características:
1. Impõe obrigações de não fazer(diferentemente da pena de serviços à comunidade ou entidades públicas, que impõe obrigação de fazer); 
c) LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA: artigo 48 do Código Penal
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. 
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas
-Não precisa ser colhida guia de recolhimento para cumprimento desta pena. 
A casa do albergado também é aplicada em regime semiaberto.
Art. 151/LEP: Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que deverá cumprir a pena. Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento.
Art. 153/LEP: O estabelecimento designado encaminhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado.
d) PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA: 
Artigo 45, § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro (em espécie) à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
-Função de indenização prévia ex delicto: é previa, pois aquele que é detentor do direito pode ainda ajuizar ação cível, na qual o valor pago antecipadamente deverá ser abatido do valor da condenação cível. 
-O valor da prestação pecuniária deve ser recebido prioritariamente pela vítima e seus dependentes, não podendo o juiz determinar o seu pagamento a entidade pública ou privada quando houver aqueles. (Rogério Greco)
-Quando não há vítima, o valor é destinado a entidade pública ou privada com destinação social. 
-O juiz ao estabelecer os valores da prestação pecuniária deverá atentar para o princípio da proporcionalidade. 
Artigo 45, § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. Ex: a oferta de mão de obra e a doação de cestas básicas, qualquer prestação que possua um valor econômico, mas que não consista em pagamento em dinheiro (Rogério Greco).
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. Essa disposição tem aplicação para a prestação pecuniária. TOMAR CUIDADO para não confundir com o não pagamento da pena de multa, pois neste caso o condenado não será preso, será executado pela fazenda pública nacional. 
-A conversão da prestação pecuniária em privativa de liberdade decorre da regressão no cumprimento da pena. 
12/05
*Diferenças entre a pena de prestação pecuniária e a pena de multa:
1. A prestação pecuniária é pena restritiva de direitos, ou seja, é alternativa, já a pena de multa é principal que vem cominada ao lado de cada tipo penal;
2. A prestação pecuniária tem seus limites mínimo e máximo fixados (de um à 360 salários mínimos), por outro lado, os limites da multa podem ser alterados;
3. A prestação pecuniária pode ter caráter indenizatório, enquanto a multa é sempre punitiva e destinada ao fundo penitenciário nacional; e
4. A prestação pecuniária, se não for paga, será convertida em pena privativa de liberdade, entretanto, a multa não, pois será dívida de valor e será executada pela fazenda , conforme o artigo 51 do Código Penal.
e) PERDA DE BENS E VALORES: artigo 43, inciso II e 45, §3º do Código Penal
-Não existe um limite mínimo 
-Também não está prevista em lei a conversão da pena em privativa de liberdade. 
Efeito da condenação: é também chamada de perda de bens e valores. 
Diferenças entre perda de bens e valores como pena restritiva de direitos e de como efeito da condenação:
1. A perda de bens como efeito da condenação destina-se a União Federal sem vinculação alguma e é regulado pelo artigo 91, inciso II a) e b) do Código Penal, já a perda de bens como pena restritiva de direitos destina-se ao fundo penitenciário nacional, que é vinculado ao investimento do fundo penitenciário, e é disciplinada pelo artigo 45, §3º do mesmo diploma legal; 
2. A perda de bens como efeito da condenação recai sobre bens e valores obtidos de maneira ilícita, ou seja, que são utilizados como a) instrumento do crime, são b) produto do crime, ou c) proventos de origem ilícita, por exemplo o lucro obtido por tráfico de drogas, enquanto a perda de bens como pena restritiva requer bens e valores legítimos e lícitos do condenado, o que visa a reparação do dano causado, que equivale a um confisco, os que integram o patrimônio lícito do condenado. 
11. SUBSTITUIÇÃO: inciso IV do artigo 59. 
-O juiz deverá fundamentar a não incidência da substituição na sentença, pois assim exige o artigo 59. 
a) REQUISITOS (artigo 44, com a redação dada pela Lei nº 9.714/98)
“O art. 44 do Código Penal elenca os requisitos necessários e indispensáveis para que o juiz possa levar a efeito a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. São requisitos considerados cumulativos, ou seja, todos devem estar presentes para que se possa realizar a substituição”. (Rogério Greco). 
O primeiro requisito objetivo é a pena aplicada:
1. Quantidade de pena aplicada não superior a 4 anos;
A substituição somente se viabiliza se a pena aplicada não for superior a 4 anos, nos casos de infrações dolosas, uma vez que para os delitos culposos a lei não fez qualquer ressalva com relação ao limite de pena aplicada. Se o crime for culposo será qualquer pena substituída, inclusive o homicídio culposo.
2. Modo de execução:
a) Não pode ser crime executado com violdolosamente com pena superior a 4 anos. 
-Qualquer crime culposo poderá ter a pena privativa substituída pela restritiva, independente da pena. Inclusive, o crime de homicídio, ou seja, todos sem exceção. 
Não pode ser executado com violência ou grave ameaça.
Exceções: lesões corporais leves (artigo 129, “caput”); constrangimento ilegal (artigo 146); e ameaça (artigo 147). 
Por qual razão? Pois a Lei dos Juizados Especiais declarou que esses crimes são de menor potencial ofensivo, dessa forma, seria um verdadeiro contrassenso impedir justamente nesses casos a substituição, pois uma das finalidades da substituição é exatamente evitar o encarceramento daquele que teria sido condenado ao cumprimento de uma pena de curta duração. Além disso, a Lei dos Juizados Especiais é de 95, enquanto a lei que regula a pena restritiva e a substituição da pena de prisão é de 98.
3. Não-reincidência em crime doloso: - 01.° requisito subjetivo. Art. 44, II
-Ou seja, tanto a infração penal anterior como a posterior são de natureza dolosa. 
-Exceção: se a reincidência em crime doloso não for específica (no mesmo crime) (for, portanto, genérica) e a substituição for considerada socialmente recomendável, aí então a substituição será feita, nos termos do artigo 44, §3º do Código Penal.
-Se for reincidente em crime culposo poderá haver a substituição. 
4. As circunstâncias judicias deverão ser favoráveis – segundo requisito subjetivo – Art. 44, III (no entanto, a lei não diz quantas, ficando a critério do juiz em caso concreto)
Art. 44/CP: As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
-“O juiz deverá reavaliar as circunstâncias judiciais, à exceção das consequências do crime e do comportamento da vítima, cuja análise não foi exigida pelo inciso III do art. 44 do Código Penal, a fim de se decidir pela substituição.”(Rogério Greco)
MODO DE APLICAÇÃO (artigo 44, §2º c/c artigo 60, §2º)
	 PENA
	 SUBSTITUIÇÃO
	 INFERIOR A 6 MESES
	Uma pena restritiva de direitos – exceto a
de prestação de serviços (art. 46, CP)
– OU multa 
	SUPERIOR A 6 MESES E INFERIOR
A 1 ANO
	Uma pena restritiva de direitos OU multa
	 SUPERIOR A 1 ANO e até 04.
	Duas penas restritivas de direitos OU uma
Restritiva de direitos E multa
d) CONVERSÃO (artigo 44, §§4º e 5º do Código Penal) – Casos em que a restritiva de direito volta a ser restritiva de liberdade.
-Sempre que a pena restritiva for descumprida injustificadamente, poderá o juiz aplicar a pena de prisão prevista na sentença.
-O artigo 181 da LEP preceitua as hipóteses de falta grave, as quais uma vez praticadas pelo condenado permitirão que seja realizada a conversão pelo juiz em pena de prisão. Neste caso, nos termos do artigo 144 da LEP, deverá haver um processo judicial prévio a conversão. A conversão é precedida de procedimento judicial específico. (art. 194, LEP que obriga o juiz a abrir o contraditório).
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. 
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 
e) DURAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (artigo 55 c/c artigo 46, §4º do Código Penal)
Regra geral: as penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída (artigo 55): limitação de final de semana, prestação de serviços à comunidade e interdição temporária de direitos. 
Exceção: se a pena de prisão foi maior do que 1 ano (e até 4), a pena restritiva poderá ser cumprida em tempo menor do que o da pena de prisão substituída, mas nunca em tempo inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada (artigo 46, §4º do Código Penal): prestação pecuniária, perda de bens e valores e prestação de serviços à comunidade.
*As penas restritivas de direito prescrevem exatamente nas mesmas formas temporais que as penas privativas de liberdade, de acordo com o artigo 109, § único.
13. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA: SURSIS não é mais aplicação da pena, o juiz não é obrigado a analisar o SURSIS apesar de ter que aplicar quando for cabível.
a) LOCALIZAÇÃO LEGISLATIVA: artigo 77 e seguintes do Código Penal. 
Art. 157/LEP: O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue.
-Não é pena restritiva de direito, pois não está contida no artigo 43 do CP. 
b) PANORAMA GERAL:
“(...) a condenação condicional (...) adotada também pela Suíça, Alemanha, Portugal, Noruega e demais povos cultos, com vantagens para os fins da pena e ótimos resultados práticos, na repressão dos pequenos delitos, tem por principal escopo: 1º Não inutilizar, desde logo, pelo cumprimento da pena, o delinquente primário, não corrompido e não perverso; 2º Evitar-lhe, com o contágio na prisão, as funestas e conhecidas consequências desse grave mal, maior entre nós do que em outros países, pelo nosso defeituoso sistema penitenciário, se tal nome pode ser dado a um regime sem método, sem unidade, sem orientação científica e sem estabelecimentos adequados, de modo a preservar relações sociais e familiares do condenado; 3º Diminuir o número de reincidências, pelo receio de que se torne efetiva a primeira condenação, preservando o emprego do condenado”. (Exposição de Motivos do Decreto 16.588/1924) e 04.° evitar degradação do condenado, o que viria a expor riscos à sociedade.
c) NATUREZA JURÍDICA:
“Verdadeira medida descarcerizadora, a suspensão condicional da pena tem por finalidade evitar o aprisionamento daqueles que foram condenados a penas de curta duração, evitando-se, com isso, o convívio promíscuo e estigmatizante do cárcere (...) Assistimos estarrecidos, quase que diariamente, a rebeliões em penitenciárias, cadeias públicas, entidades de abrigo de menores, enfim, em todo o sistema que envolve privação de liberdade do indivíduo existe revolta e pânico. A função ressocializadora da pena vai sendo deixada de lado para dar lugar a uma pós-graduação da criminalidade. Presos que foram condenados por infrações não tão graves saem da penitenciária filiados a grupos criminosos, a exemplo do Comando Vermelho, e, atualmente, o PCC. Dessa forma, medidas como a suspensão condicional da pena surgem a fim de preservar a dignidade da pessoa humana que, embora tenha cometido um delito, não merece ser privada de sua liberdade, sendo jogada em um ambiente que certamente perverterá a sua personalidade”. (Rogério Greco)
*O sursis é suspensão da execução da pena de prisão e não a substituição dela. É suspendida a execução da pena por tempo determinando, durante o qual condições impostas pelo juiz deverão ser cumpridas possibilitando, então, a extinção da pena. 
d) CONCEITO: “medida alternativa da prisão, mediante o cumprimento de obrigações de fazer e não fazer”. (René Dotti)
-É medida descarcerizadora, visa evitar a prisão, a execução da pena privativa de liberdade. 
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. 
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
*Diferenças entre suspensão condicional do processo e suspensão condicional da pena:
-O sursis processual: a) está previsto no artigo 89 da Lei 9.099/95; b) não pressupõe condenação criminal, logo, não gera antecedentes criminais, c) cabe para tipos penais com pena mínima cominada de até 1 ano.
-O sursis: a) está disposto no artigo 77 do Código Penal, b) pressupõe a condenação criminal, c) suspende a execução da pena e, portanto, gera antecedente criminal, d) cabe para pena máxima aplicada de até 2 anos e, excepcionalmente, de até 4 anos.
*DIREITO SUBJETIVO x FACULDADE DO JUIZ:
“(...) o réu tem direito à suspensão condicional da pena, se preenchidos os requisitos legais. Habeas corpus concedido para garantir o benefício” (STF – HC 63.038-3/SP)
-CPP, artigo 697 e LEP, artigo 157: dizem que a obrigação do juiz é decidir motivadamente sobre o sursis, dessa forma, o direito do condenado não é o sursis e sim a análise do juiz sobre o sursis.
15. ESPÉCIES DO SURSIS:
a) SURSIS COMUM (artigo 78, §1º): também chamado de simples, § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). (Em que pese, rigorosamente as condições sejam as mesmas da pena restritiva, é incorreto tecnicamente serem chamadas de penas restritivas, pois são condições da suspensão da pena privativa e não uma conversão desta em outra pena)
b) SURSIS ESPECIAL (artigo 78, §2º): §2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá

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