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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 1 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM AULA PRÁTICA 04 – TÉCNICAS DE SEMEADURA. 1) Material necessário: - Tubos de ensaio com caldo simples, Agar simples e Agar semi-sólido. - Placas de Petri com Agar simples. - Culturas bacterianas em caldo simples, Agar simples (em placa de Petri). - Alça e agulha de platina. 2) Fundamentação teórica: Meios de cultura O estudo das bactérias necessita normalmente do seu prévio isolamento e identificação, pois, na maioria das amostras, o microorganismo a ser isolado faz parte de uma população mista, sendo indispensável o seu isolamento no sentido de obtenção de cultura pura. Uma das maneiras de se obter uma cultura pura consiste no emprego da técnica de semeadura, em que são obtidas colônias isoladas de microrganismos. As colônias são caracterizadas por seus aspectos morfológicos e, dependendo do objetivo, são cultivadas separadamente em meios sólidos ou líquidos para a posterior identificação. A técnica de semeadura também pode ser aplicada em determinados estudos com o objetivo apenas de cultivo ou para quantificar a população microbiana. Para tanto diversos meios de cultura são utilizados. Define-se meio de cultura como uma mistura de nutrientes, incluindo fontes de carbono, nitrogênio, sais minerais e água, que propiciam o crescimento in vitro de bactérias. A maioria das bactérias cresce nos meios de cultura. Exceções são as riquétsias e clamídias que por serem parasitas intracelulares obrigatórios só se desenvolvem in vitro em meios celulares (cultivo celular, ovos embrionados), Mycobaterium leprae e Treponema pallidum. A inoculação das bactérias em diferentes meios envolve várias técnicas de semeadura. Toda a manipulação de culturas bacterianas, meios e instrumental necessário deve ser feita seguindo-se os procedimentos básicos de assepsia e antissepsia, visando evitar qualquer tipo de contaminação. 3) Classificação dos meios de cultura A) Quanto à composição: A.1) Naturais – são aqueles de origem vegetal (um pedaço de batata, pão, frutas) ou animal (gema de ovo). Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 2 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM A.2) Artificiais – são aqueles constituídos de substâncias químicas podendo ser definidos ou indefinidos (complexos). Definidos: é sabido toda a sua composição química. Indefinidos ou Complexos: é desconhecido por si. Sabe-se apenas aproximadamente sua composição. Os meios utilizados na rotina são complexos. B) Quanto ao seu estado físico: Líquido – são os caldos, desprovidos de Agar. Utilizados para transporte e para bactérias que já sofreram a ação de antimicrobianos. Semi-sólido – são aqueles que apresentam em sua composição até 1% de Agar. Geralmente utilizados para bactérias microaerófilas. Sólido – são aqueles que apresentam em sua composição 1,5 a 2,5% de Agar. OBS: O Agar é um polissacarídeo extraído de algas, utilizado para solidificar os meios e que é escolhido por não reagir com nenhuma bactéria e por ser altamente resistente a variações. C) Quanto à finalidade e características: Simples – contém apenas componentes básicos para o crescimento de uma bactéria. Enriquecido – meio que tem aumentada a sua capacidade nutricional para a bactéria pela adição de substâncias como gema de ovo, sangue, plasma, soro, leite. De uso frequente para bactérias de difícil crescimento (fastidiosas). Ex.: BHI (Brain Heart Infusion). De enriquecimento – meio seletivo que visa inibir o crescimento de bactérias acompanhantes e permitir o crescimento da bactéria alvo que se pretende isolar posteriormente, aumentando assim a proporção desta em relação às demais. Por ser um meio líquido não se destina ao isolamento da bactéria. Ex.: Caldo Tetrationato e Selenito- Cistina para cultivo de Salmonelas Seletivo – contém substâncias seletivas que inibem o crescimento de certas bactérias e permitem o crescimento de outras. São meios sólidos e têm como objetivo isolar culturas puras. Ex.: Mac Conkey (MC). Indicadores – meios que permitem a diferenciação visual do crescimento bacteriano facilitando a sua identificação. Frequentemente os meios seletivos são também indicadores e todos os meios utilizados na confirmação bioquímica dos isolamentos são indicadores. A indicação mais freqüente é a alteração de cor do meio por mudança no pH do mesmo, podendo ainda ser a produção de gás, precipitação de componentes do meio Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 3 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM por atividade proteolítica e lipolítica das bactérias, etc. Ex.: Meio de TSI (Triple sugar iron) Estoque ou Manutenção – são meios normalmente semi-sólidos com a finalidade de preservar uma cultura bacteriana pura para posteriores utilizações no laboratório. Ex.: Nutriente Ágar (NA). Normalmente o meio de manutenção não apresenta glicose porque sua utilização resulta na eliminação de ácidos que podem prejudicar os microorganismos. 3) Técnicas de semeadura A finalidade básica das técnicas de semeadura é permitir a transferência (inoculação) de bactérias ou de uma cultura bacteriana de um material (secreção, alimento, etc) ou de um meio de cultura para outro (s) garantindo que apenas os microrganismos em questão sejam semeados. Procedimento para remover as bactérias de um meio líquido com a alça de platina. Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 4 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM De acordo com o tipo de meio de origem e destino bem como da finalidade específica da inoculação, diferentes técnicas são executadas, a saber: I - Semeadura em meios sólidos. A. Meio Inclinado em tubos (utilizar alça ou agulhas).Em estria sinuosa: semear com alça de platina, em ziguezague, partindo da base para a extremidade da superfície inclinada do meio. Este tipo de semeadura permite a obtenção de intensa massa de microorganismos. Em estria reta: semear com agulha de platina, em estria reta, partindo da base para a extremidade da superfície inclinada do meio, ou em profundidade e superfície. Este tipo de semeadura é utilizado quando se necessita um inoculo pequeno de bactérias, como em provas bioquímicas para identificação bacteriana. Fungos Bactérias CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 5 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM Procedimento para inocular um meio Agar inclinado a partir de uma Placa de Petri CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 6 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM Procedimento para repique de um meio inclinado para outro CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 7 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM B. Meios em pé (camada alta). C. Em Placa de Petri. C.1. Em superfície Em picada em profundidade: com agulha de platina perfurar o centro do meio, sem movimentos de lateralidade e fazer o inoculo penetrar de 0,5 a 1,0 cm no centro do meio de cultura. Este tipo de semeadura é bastante utilizado para conservação de bactérias no meio de cultura e quando o meio utilizado é semi- sólido, esta semeadura é utilizada para a verificação da motilidade (As bactérias que cresceram somente ao redor do pico de semeadura não são móveis). Estrias múltiplas ou esgotamento: faz-se o inoculo num ponto da superfície do meio espalhando-se o mesmo por estrias em toda a placa, de modo à gradativamente esgotar o material contido no inoculo. Preferencialmente usa-se um esquema de divisão da placa em 4 quadrantes sendo que a estria de cada quadrante toca no final da estria do quadrante anterior arrastando bactérias deste último. Nesse caso, deve-se flambar a alça após a inoculação de cada quadrante. Pode-se também optar por não tocar no final da estria do quadrante anterior, não sendo assim necessário flambar a alça após cada quadrante. A estria do último quadrante ocupa a maior parte da placa. Alternativamente pode-se fazer 3 estrias, a primeira ocupando metade da placa e as outras duas um quarto da placa cada. Neste modo as estrias não se tocam. Este tipo de semeadura é empregado para o isolamento de colônias bacterianas e obtenção culturas puras. CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 8 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM Por distensão: com pipeta, colocar no centro da superfície do meio 0,1 mL da suspensão e espalhar uniformemente com swab ou alça de Drigalski. Com swab, obteremos crescimento confluente, para realização de antibiogramas, por exemplo. Com alça de Drigalski, utilizamos para obtenção de colônias dispostas de modo regular para contagem. alça de Drigalski CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 9 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM C.2. Em profundidade ou disseminação. Pour plate (derramanento): depositar na placa de Petri 0,1/ 1,0 mL da suspensão bacteriana. Adicionar 10 mL do meio fundido (O Agar funde a 85º C) em tubo de ensaio e resfriado a 45-50º C. Homogeneizar com movimentos giratórios da placa sobre uma superfície plana. Utilizado para isolamento, contagem e identificação bacteriana, conforme o meio de cultura utilizado. Pour Plate. CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 10 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM Inoculação na Placa de Petri. CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 11 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM D. Repique por pescaria: colônia em placa de Petri retirada através de uma agulha para um meio de cultura líquido ou sólido. Método empregado para isolamento bacteriano. II. Semeadura em meios líquidos. Difusão: com alça de platina ou pipeta, introduzir o inoculo (> 0,1 mL) na massa do meio, esfregando contra o interior do tubo na área exposta pela inclinação do mesmo em 30º. Após se recolocar o tubo na posição vertical, as bactérias inoculadas se difundem para o meio. Este tipo de semeadura é empregado para obtenção do crescimento bacteriano (o meio fica turvo se houve crescimento). É um repique normal. C) Objetivos: 1- Explanação sobre os principais meios de cultura empregados em laboratórios de Microbiologia. 2- Identificação das técnicas de semeadura mais empregadas na rotina bacteriológica. 3- Cultivo de bactérias com finalidade de obtenção de cultura pura, ou seja, uma população onde todas as bactérias se originam de uma única célula bacteriana. Resultado: Referência bibliográfica: CERQUEIRA, A.M.F. Apostila de aulas práticas. Medicina veterinária. Universidade Federal Fluminense – UFF, 2002, 68p. Observações:
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