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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 1 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM CITOLOGIA E MORFOLOGIA BACTERIANA. (2.1/2.2) 1. INTRODUÇÃO. Apesar de sua complexidade e variedade, todas as células vivas podem ser classificadas em dois grupos, procarióticas e eucarióticas, com base em certas características funcionais e estruturais. Em geral, os procariotos são estruturalmente mais simples e menores que os eucariotos. As células procarióticas são desprovidas de núcleos, mitocôndrias e cloroplastos. Não realizam endocitose ou pinocitose, isto é, são incapazes de ingerir partículas ou gotículas. Os dois grupos também diferem quanto a importantes particularidades bioquímicas, como as estruturas de seus ribossomos e a composição de seus lipídeos. A maioria dos procariotos é haplóide, tendo geralmente um único tipo de cromossomo circular, acompanhado de elementos extracromossômicos denominados plasmídeos. A maioria dos eucariotos tem uma fase diplóide e vários cromossomos lineares diferentes. Plantas, animais, fungos, protozoários e algas são compostos por células eucarióticas. Já as bactérias e arquibactérias são procarióticas. O homem explora as diferenças entre as bactérias e as células humanas para se proteger das doenças. Por exemplo, certas drogas matam ou inibem bactérias sem causar dano às células humanas ou às células animais. 2. MEMBRANAS E PAREDES CELULARES. A anatomia microbiana nos diz muito sobre como os micróbios enfrentam os desafios ambientais. Os organismos unicelulares e de vida livre defrontam-se com condições nutricionalmente variadas, resistem a perigosos desafios físicos e químicos, e geralmente, devem ter a capacidade de se ligar as superfícies. As células microbianas são envoltas por camadas de envelope e apêndices complexos que diferem quanto à composição entre os grupos principais, e mais sutilmente, entre as linhagens de uma espécie individual. Essas estruturas protegem os microorganismos de ambientes e condições hostis, como osmolaridade extrema, substâncias químicas fortes e até mesmo de antibióticos. Passaremos a considerar duas importantes estruturas: membrana e parede celular, onde cada uma desempenha funções críticas e bem definidas na célula, incluindo o transporte de nutrientes (membrana) e a proteção contra a lise osmótica (parede). 2.1 – MEMBRANA CELULAR. Como todas as outras células, as bactérias possuem uma membrana celular que consiste na bicamada lipídica usual. A membrana celular é o verdadeiro limite entre o interior celular e o ambiente. Tipicamente, nas bactérias, a membrana celular consiste em fosfolipídeos e mais de 200 tipos de diferentes de proteínas. As membranas celulares das Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 2 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM bactérias assumem funções que, nas células eucarióticas, estão distribuídas entre a membrana plasmática e as membranas das organelas intracelulares. Sua função mais importante é a absorção de substratos do meio, possuindo uma permeabilidade seletiva. A membrana celular é uma barreira osmótica e de solutos que contém sistemas de transporte específicos e de cadeias transportadoras de elétrons. A permeabilidade da membrana irá depender de vários fatores. As moléculas grandes (como proteínas) não podem atravessar a membrana plasmática, possivelmente por serem maiores que os poros nas proteínas integrais, os quais funcionam como canais de transporte. Porém, as moléculas menores (água, dióxido de carbono e alguns açucares simples) em geral conseguem atravessá-la com facilidade. As membranas plasmáticas também são importantes na digestão de nutrientes e na produção de energia. As membranas plasmáticas das bactérias contêm enzimas capazes de catalisar as reações químicas que degradam os nutrientes e produzem ATP. A membrana celular contém proteínas específicas que efetuam a entrada da maioria dos metabólitos. Muitos desses mecanismos de transporte podem concentrar seus substratos específicos dentro da célula, de modo que estejam até 103 vezes mais elevados que no meio circundante. 2.1.1 – O movimento de materiais através das membranas. Os materiais se movem através das membranas plasmáticas de ambas as células procarióticas e eucarióticas por dois tipos de processos: passivo e ativo. Nos processos passivos estão incluídas a difusão simples, a difusão facilitada e a osmose. A difusão simples é a rede de movimento das moléculas e dos íons de uma área de alta concentração para uma área de baixa concentração. O movimento continua até que as moléculas ou íons estejam distribuídos uniformemente. Na difusão facilitada as proteínas integrais de membrana funcionam como canais ou carregadores que facilitam o movimento de íons ou grandes moléculas através da membrana plasmática. Estas proteínas integrais são denominadas proteínas transportadoras ou permeases. Nos eucariotos as proteínas transportadoras são específicas e transportam somente moléculas específicas, geralmente de grande tamanho, como açucares simples (frutose, glicose) e vitaminas. Em alguns casos, as moléculas que as bactérias necessitam são muito grandes para serem transportadas para a célula por estes métodos. Porém, a maioria das bactérias produz enzimas extracelulares que podem degradar as moléculas grandes em moléculas mais simples (proteínas em aminoácidos, polissacarídeos em açucares simples) e assim movê-las para o interior da célula com o auxílio de transportadores. Osmose é a passagem da água pela membrana plasmática, através da bicamada lipídica por difusão simples ou através das proteínas integrais de membrana chamadas de aquaporinas. A célula bacteriana pode estar sujeita a qualquer um dos três tipos de soluções osmóticas: hipotônica, isotônica ou hipertônica. Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 3 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM A solução hipotônica fora da célula é um meio cuja concentração de solutos é inferior ao interior da célula. Ocorre uma tendência de uma maior entrada de água ao interior da célula para a manutenção do equilíbrio osmótico. A maioria das bactérias vive em soluções hipotônicas, e a parede celular resiste à osmose e protege a célula da lise. Uma solução isotônica é um meio no qual a concentração dos solutos extracelulares se iguala com aquela encontrada dentro da célula. A água entra e sai na célula na mesma velocidade (sem alteração líquida), o conteúdo celular está em equilíbrio com a solução do exterior extracelular. Alguns antibióticos (como as penicilinas) danificam as paredes celulares bacterianas, induzindo a lise celular. Isto ocorre porque o citoplasma bacteriano normalmente contém umaconcentração tão alta de solutos que, quando a parede é enfraquecida, ocorre uma entrada adicional de água ao interior na célula bacteriana por osmose. A parede celular danificada não consegue impedir o inchamento da célula e ela se rompe (lise osmótica). Solução hipertônica é um meio que contém maior concentração de solutos que de dentro da célula. A maioria das células colocadas em meio hipertônico murcha e entra em colapso ou plasmólise, pois a água sai da célula por osmose. Tenha sempre em mente que os termos hipotônica, isotônica e hipertônica descrevem a concentração das soluções fora da célula, relativa à concentração dentro da célula. Os processos ativos ocorrem quando a célula bacteriana encontra-se em um ambiente com baixa concentração de nutrientes, fazendo com que a célula bacteriana tenha que utilizar processos ativos, como transporte ativo e translocação de grupo, para acumular as substâncias necessárias. O movimento de uma substância por transporte ativo geralmente ocorre de fora para dentro, mesmo que a concentração seja muito maior no interior da célula. Ao realizar o transporte ativo, a célula utiliza energia na forma de Trifosfato de Adenosina (ATP) para mover as substâncias através da membrana plasmáticas. Entre as substâncias ativamente transportadas estão os íons (Na, K, H, Ca e Cl), os aminoácidos e os açucares simples. Embora essas substâncias também possam ser movidas para dentro da célula por processos passivos, sua movimentação por processos ativos pode ir contra o gradiente de concentração, permitindo a célula acumular o material que necessita. Na translocação de grupo, uma forma especial de transporte ativo que ocorre exclusivamente em procariotos, a substância sofre uma alteração química durante o seu transporte através da membrana. Uma vez que a substância seja alterada e esteja dentro da célula, a membrana plasmática se torna impermeável a ela, fazendo com que permaneça dentro da célula. A translocação de grupo requer energia, suprida por compostos de fosfato de alta energia, como o ácido fosfoenolpirúvico (PEP). 2.2 – PAREDE CELULAR. A parede celular de uma célula bacteriana é uma estrutura complexa, semirrígida, Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 4 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM responsável pela forma da célula. Quase todos os procariotos possuem parede celular. A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ajuda a manter a forma da célula bacteriana e serve como ponto de ancoragem para flagelos. Clinicamente, a parede celular é importante, pois contribui para a capacidade de algumas espécies causarem doenças e por ser o local de ação de alguns antibióticos. Além disso, a composição química de parede celular é usada para diferenciar os principais tipos de bactérias. 2.2.1 – Características da parede celular bacteriana. A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular denominada peptideoglicana (também chamada de mureína). A peptideoglicana consiste em um dissacarídeo repetitivo ligado por peptídeos para formar uma rede que circunda e protege toda a célula. A porção dissacarídica é composta de monossacarídeos derivados de açucares denominados N-acetilglicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM), além de um pequeno conjunto de aminoácidos (L-alanina, D-alanina, ácido D-glutâmico e lisina). Os componentes se associam e originam uma estrutura repetitiva, o tetrapeptídeo glicano. Paredes celulares de gram-positivas: Os procariotos do domínio Bacteria podem ser divididos em dois grandes grupos, denominados gram-positivos e gram- negativos. Na maioria das bactérias gram-positivas, a parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicana, formando uma estrutura rígida e espessa. Em contraste, as paredes celulares de gram-negativas contêm somente uma fina camada de peptideoglicana. Além disso, as paredes celulares das bactérias gram-positivas contêm ácidos teicoicos, que consistem principalmente de um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Existem duas classes de ácidos teicoicos: ácido lipoteicoico, que atravessa a camada peptideoglicana e está ligado à membrana plasmática, e o ácido teicoico da parede, que está ligado à camada peptideoglicana. Os ácidos teicoicos fornecem boa parte da especificidade antigênica da parede, tornando possível identificar bactérias gram- positivas. Paredes celulares de gram-negativas: As paredes celulares das bactérias gram- negativas consistem em uma ou poucas camadas de peptideoglicana e uma membrana externa. A peptideoglicana está ligada a lipoproteínas na membrana externa e está no periplasma, um fluido semelhante a um gel, entre a membrana externa e a membrana plasmática. O periplasma contém uma alta concentração de enzimas de degradação e proteínas de transporte. A membrana externa da célula gram-negativa consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. Possui várias funções especializadas, fornece uma barreira contra alguns antibióticos (penicilina), enzimas digestivas (sais biliares) e alguns corantes. Entretanto a membrana externa não fornece uma barreira para todas as substâncias no ambiente, pois os nutrientes devem atravessá-la para garantir o Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 5 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM metabolismo celular. Parte da permeabilidade da membrana externa é devida a proteínas na membrana denominadas porinas, que formam canais. O lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa é uma molécula grande e complexa que contém lipídeos e carboidratos, consistindo de três componentes: lipídeo A, um cerne polissacarídeo e um polissacarídeo O. O lipídeo A é a porção lipídica do LPS localizado na parte superior da membrana externa. Quando as bactérias morrem, o lipídeo A é liberado, funcionando como uma endotoxina, sendo responsável pelos sinais clínicos como febre, dilatação venosa, formação de coágulos e choque. O cerne polissacarídico fornece estabilidade estrutural e o polissacarídeo O funciona como um antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas.2.3 – COLORAÇÃO DE GRAM. A coloração de Gram foi desenvolvida em 1884 pelo bacteriologista dinamarquês Hans Christian Gram. Consiste de um dos procedimentos de coloração mais úteis, pois classifica as bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas. Procedimento: 1. Um esfregaço fixado pelo calor é recoberto com um corante básico púrpura, geralmente o cristal violeta. Uma vez que a coloração púrpura impregna todas as células, ela é denominada coloração primária. 2. Após um curto período de tempo, o corante púrpura é lavado e o esfregaço é recoberto com iodo, um mordente. Quando o iodo é lavado, ambas as bactérias gram-positivas e gram-negativas aparecem em cor violeta escuro ou púrpura. 3. A seguir, a lâmina é lavada com álcool ou uma solução de álcool-acetona. Essa solução é um agente descolorante, que remove o púrpura das células de algumas espécies (gram-negativas), mas não de outras. 4. O álcool é lavado, e a lâmina é então corada com safranina, um corante básico vermelho. O esfregaço é lavado novamente, seco com papel e examinado microscopicamente. Como as bactérias gram-negativas são ficam incolores após a lavagem com álcool, o corante básico safranina cora as bactérias gram-negativas de rosa. Como as bactérias retêm a cor púrpura original, as mesmas não são afetadas pelo corante safranina. A reação de Gram de uma bactéria pode fornecer informações importantes, para o tratamento de doenças. As bactérias gram-positivas tendem a ser mortas mais facilmente por penicilinas e cefalosporinas. As bactérias gram-negativas são mais resistentes, pois muitos antibióticos não penetram a camada de lipopolissacarídeo. 2.4 – ESTRUTURAS EXTERNAS À PAREDE CELULAR. Muitas células são capazes de se mover. Embora a movimentação requeira gasto de energia, a capacidade de locomoção em um hábitat acarreta profundas consequências ecológicas, além de representar a diferença entre viver e morrer. Algumas bactérias têm Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 6 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM ainda outros componentes externos que são importantes para a sobrevivência em determinadas condições presentes. Entre as possíveis estruturas externas encontradas na parede extracelular dos procariotos estão o glicocálice, os flagelos, os filamentos, as axiais, as fimbrias e pili. 2.4.1 – GLICOCÁLICE. Muitos procariotos secretam na sua superfície uma substância denominada glicocálice. Glicocálice é o termo geral usado para as substâncias que envolvem as células. O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso gelatinoso que está situado externamente à parede celular, sendo composto de polissacarídeo, polipeptídeo, ou por ambos. Sua composição química varia amplamente entre as espécies. Em grande parte é produzido dentro da célula, e secretado para a superfície celular. Se a substância encontra-se organizada e firmemente aderida na parede celular, o glicocálice é denominado de cápsula. Em certas espécies, as cápsulas são importantes para a contribuição na virulência bacteriana, pois frequentemente protegem as bactérias patogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro. Se mais frouxo, o glicocálice é denominado de camada de muco, sendo frequentemente um determinante importante da capacidade bacteriana para a colonização de um nicho. O glicocálice é um componente muito importante dos biofilmes. Um glicocálice que auxilia as células em um biofilme a se fixarem ao seu ambiente-alvo e umas às outras é denominado de substância polimérica extracelular (SPE). Por meio da fixação as bactérias podem crescer em diversas superfícies, como pedras em rios, raízes de plantas, dentes humanos e animais, implantes médicos, canos de água e até em outras bactérias. Um glicocálice pode também proteger uma célula contra a desidratação, e sua viscosidade pode inibir o movimento dos nutrientes para fora da célula. 2.4.2 – FLAGELOS. Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são longos apêndices filamentosos que protegem as bactérias. As bactérias sem flagelos são denominadas atríqueas (sem projeções). Os flagelos podem ser peritríqueos, distribuídos ao longo de toda a célula; ou polares, em um ou ambos os pólos da célula. Se for polar, o flagelo pode ser monotríqueo, um único flagelo em um pólo, iofotríqueo, um tufo de flagelos na extremidade da célula, ou anfitríqueo, flagelos em ambas as extremidades da célula. Cada flagelo procariótico é uma estrutura helicoidal semirrígida que move a célula pela rotação do corpo basal, similar ao movimento da haste de um motor elétrico. À medida que os flagelos giram, formam um feixe que empurra o líquido circundante e propele a bactéria. Uma vantagem da mobilidade é que a mesma permite que a bactéria possa se mover em direção a um ambiente favorável ou para longe de um ambiente adverso. O movimento de uma bactéria para perto ou para longe de um estímulo é denominado Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 7 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM taxia.Tais estímulos incluem os químicos (quimiotaxia) e a luz (fototaxia). 2.4.3 – FILAMENTOS AXIAIS. As espiroquetas são um grupo de bactérias que possuem estrutura e mobilidade exclusivas. As espiroquetas se movem por meio de filamentos axiais ou endoflagelos, que são feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das células, sob uma bainha externa, e fazem uma espiral em torno da célula. 2.4.4 – FÍMBRIAS E PILI. Muitas bactérias gram-negativas contêm apêndices semelhantes aos pelos, os quais são mais curtos, retos e finos que os flagelos. São usados mais para a fixação e transferência de DNA que para mobilidade. Essas estruturas são formadas por uma proteína denominada de pilina. As fímbrias podem ocorrer nos pólos da célula bacteriana, ou podem estar homogeneamente distribuídas em toda a superfície da célula. Podem variar de algumas unidades a muitas centenas por célula. São envolvidas na formação dos biofilmes, promovendo uma tendência a se aderir às superfícies e umas às outras. Os pili (singular pilus) são geralmente mais longos que as fímbrias e ocorrem de um a dois por célula. Os pili estão envolvidos na mobilidade celular e na transferência de DNA, em um processo chamado de conjugação. Estes pili são denominados de pili de conjugação (sexuais).O compartilhamento de DNA pode adicionar uma nova função à célula receptora, como a resistência a um antibiótico ou a habilidade de degradar o seu meio com mais eficiência. 3. MORFOLOGIA BACTERIANA. A divisão morfológica bacteriana é baseada na constituição da parede celular. Isso nos permite agrupar as bactérias em três grupos: - Cocos: células esféricas, que podem estar isoladas ou agrupadas. Caracterizam- se como diplococos, fileiras ou cadeias de cocos (estreptococos), tétrades, cubos ou cachos (estafilococos). - Bacilos: células cilíndricas, que podem estar isoladas ou agrupadas. Caracterizam-se como diplobacilos, correntes, paliçadas ou cocobacilos. - Espiraladas: células onduladas ou helicoidais que podem ter uma ou mais espirais. Quando têm o corpo rígido e são como vírgulas, são chamadas vibriões; quando têm a forma de saca-rolhas são chamadas de espirilos; e quando têm forma espiralada, mas de corpo flexível, são chamadas de espiroquetas. Outros grupos de bactérias são reconhecidos por suas formas incomuns. Como exemplos podem citar as bactérias apendiculadas, que possuem extensões celulares na forma de longos tubos ou pedúnculos; e bactérias filamentosas, que correspondem a Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce Professor Realce CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS Departamento de Microbiologia e Parasitologia Disciplina de Microbiologia Geral 8 Prof. Daniel Roulim Stainki UFSM células longas e delgadas, ou a cadeias de células. SUGESTÃO DE LEITURA: MADIGAN, M.T., MARTINKO, J.M., PARKER, J. Microbiologia de Brock. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2004, 608p. TORTORA, G.J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. Microbiologia. 10ed. Porto Alegre: Artmed, 2012, 934p. “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” Charles Darwin espiroquetas filamentosas Professor Realce
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