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DIREITO CIVIL

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DIREITO CIVIL – NP1
FATOS JURÍDICOS
CONCEITO: É todo acontecimento, natural ou humano, que repercute na órbita jurídica, criando, modificando, transferindo ou extinguindo direitos.
O fato jurídico pode ser natural ou humano.
Fatos naturais, também denominados fatos jurídicos em sentido estrito (strictu sensu), são os acontecimentos que independem da vontade humana, ou seja, decorrem da natureza. Os fatos jurídicos em sentido estrito (strictu sensu) se subdividem em:
Fatos jurídicos em sentido estrito ordinários (morte, nascimento, maioridade, decurso de tempo - prescrição etc.).
Fatos jurídicos em sentido estrito extraordinários (terremoto, tempestade, inundação, enchente etc.).
Fatos humanos são os acontecimentos que dependem da vontade humana, se dá pela ação ou omissão, abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos (de acordo com a classificação moderna. Para os defensores da classificação tradicional são considerados atos jurídicos somente os atos lícitos. Criando assim, uma categoria onde se incluiria os atos ilícitos). Os fatos humanos se subdividem em:
Atos lícitos ou atos jurídicos em sentido amplo: são os atos humanos praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, também denominados pela doutrina como voluntários, uma vez que produzem efeitos jurídicos querido pelo agente. Os atos jurídicos em sentido amplo se subdividem em:
Atos jurídicos em sentido estrito (ou meramente lícitos): em tais atos, os efeitos da manifestação da vontade estão predeterminados na lei. Exemplos: notificação, que constitui em mora o devedor; reconhecimento de filho; tradição; ocupação; uso de alguma coisa.
Assim, os atos jurídicos meramente lícitos ou em sentido estrito são manifestações da vontade obedientes à lei, porém geradoras de efeitos que a própria lei determina. As partes não podem através de suas vontades modificar os efeitos jurídicos que serão produzidos. NÃO TEM INTUITO NEGOCIAL.
Negócios jurídicos: nestes há uma composição de interesses mediante a criação de normas que objetivam regular tais interesses, harmonizando vontade que, na aparência, demonstram serem antagônicas. O negócio jurídico é uma declaração da vontade destinada à produção de efeitos queridos pelas partes. Pode haver ou não correspondência entre o desejado pelas partes e o determinado pela lei. Neste caso prevalecerá a vontade das partes, uma vez que a regra da norma é meramente supletiva, isto é, valerá somente na ausência da vontade. Exemplos: testamento (negócio jurídico unilateral na formação); contratos (negócio jurídico bilateral na formação). TEM INTUITO NEGOCIAL.
Atos ilícitos, é todo aquele que viole o ordenamento jurídico, ou seja, todo aquele que viole direito e cause danos a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Se subdividem em:
Contratual: surge através do descumprimento de uma obrigação que está previamente acordada em contrato entre as partes.
Extracontratuais: é aquela que surge quando há descumprimento de uma obrigação prevista no nosso ordenamento jurídico, as nossas leis.
NEGÓCIOS JURÍDICOS
CONCEITO: É todo aquele ato jurídico lícito, praticado com intuito negocial, que repercute juridicamente, criando, modificando, transferindo ou extinguindo direitos.
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Quanto à vontade:
Unilaterais: depende da manifestação de vontade de uma só das partes. Exemplo: testamentos.
Bilaterais: depende da manifestação de vontade de ambas as partes. Exemplo: contratos em geral.
Plurilaterais: depende da manifestação de vontade de três ou mais partes. Exemplo: consórcio, contratos de sociedade.
Quanto à onerosidade:
Gratuitos: gera ônus (obrigação) para uma só das partes. São aqueles onde apenas uma das partes suporta o sacrifício e a outra a vantagem. Exemplo: doação pura, testamento, etc.
Onerosos: gera ônus para todas as partes participantes do negócio. São aqueles onde em relação à vantagem obtida corresponde um sacrifício. Exemplo: compra e venda.
Bifrontes: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes; gera ônus recíprocos. Exemplo: depósito, mandato.
Quanto ao momento da produção dos efeitos:
“inter vivos”: os efeitos serão produzidos durante a vida dos emitentes da vontade. Exemplo: compra e venda.
“causa mortis”: o pressuposto para a produção de efeitos jurídicos é a morte do emitente da vontade. Exemplo: testamento.
Quanto à forma:
Formal (ou solene): o que possui forma prevista em lei. 
Não formais (ou de forma livre: o que não possui forma prevista em lei. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal.
Quanto à importância ou reciprocidade:
Principais: existe por si só, independe da existência de um outro negócio. Exemplo: contrato de locação entre locador e locatário.
Acessórios: depende do principal; depende da existência de um outro negócio. Exemplo: contrato de fiança entre o locador e o fiador não existe por si só, pois depende do contrato principal.
Quanto ao objeto:
Preliminares: contrato preliminar é a convenção que se valem as partes para obrigarem uma delas ou ambas a realização futura de um contrato.
Definitivos: os objetos do contrato definitivo podem ser vários, de acordo com a natureza do negócio. O contrato definitivo criará mais obrigações do que o contrato preliminar, obviamente.
Exemplo: Namoro é fase pré-contratual. O noivado é o contrato preliminar. Finalmente o casamento é o contrato definitivo.
Quanto à perfeição:
Consensuais: exigem para a sua perfeição apenas a manifestação de vontade dos agentes. Exemplo: locação, doação, etc.
Reais: além da manifestação de vontade dos agentes, só se torna perfeito após a entrega do objeto do negócio. Exemplo: depósito, empréstimo, penhor, etc.
PLANOS ESTRUTURAIS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
ELEMENTOS ESSENCIAIS: não podem faltar na estrutura do negócio {PLANO DA EXISTÊNCIA E PLANO DA VALIDADE}
ELEMENTOS ACIDENTAIS: pode acontecer ou não; não são essenciais a plenitude do negócio jurídico. “Não preciso deles, mas, se estiverem presentes, tenho que respeitá-los”. {PLANO DA EFICÁCIA}
Escada ponteana: 1º degrau – Plano da Existência; 2º degrau – Plano da Validade; 3º degrau – Plano da Eficácia. (obedece essa ordem, respectivamente).
PLANO DA EFICÁCIA
A manifestação de vontade – pressuposto básico do negócio jurídico e é imprescindível que se exteriorize. A manifestação da vontade pode ser:
Expressa: podendo ser na forma escrita, na forma verbal/oral ou por meio de gestos.
Tácita: manifestação presumida da vontade.
Idoneidade do objeto – a idoneidade do objeto é necessária para a realização do negócio que se tem em vista. Assim, se a intenção é celebrar um contrato de mútuo, a manifestação de vontade deve recair sobre coisa fungível. No comodato, o objeto deve ser coisa infungível. Para a constituição de uma hipoteca, é necessário que o bem dado em garantia seja imóvel, navio ou avião, pois os demais bens são inidôneos para a celebração de tal negócio.
PLANO DA VALIDADE
A validade do negócio jurídico requer:
São os requisitos para que o negócio jurídico seja válido. Se os possui, é válido e dele decorrem os mencionados efeitos. Se, porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável.
Agente capaz: a capacidade aqui é a de fato ou de exercício de direito, necessária para a prática dos atos da vida civil. IMPORTANTE: os absolutamente incapazes tornam o negócio nulo, enquanto que os relativamente incapazes tornam o negócio anulável.
Objeto:
Lícito: a validade do negócio jurídico requer, ainda, objeto lícito, que é aquele que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes.
Possível: o objeto deve ser também, possível. Quando impossível, o negócio é nulo.
Determinado ou determinável: Objeto determinado (quando o ato enuncia seu objeto de modo certo, definindo, por exemplo, seus destinatários, seus efeitos etc.). Já o objetodeterminável tem elementos mínimos para individualização no futuro: individualização de gênero e quantidade. Quando o objeto é indeterminado ou indeterminável o negócio é nulo.
Forma: é classificada na forma prescrita ou não defesa em lei. Em regra, a forma é livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular.
PLANO DA EFICÁCIA
*Decisão das partes que celebram o negócio jurídico
CONDIÇÃO
CONCEITO: Trata-se de um elemento acidental, consistente em um acontecimento futuro e incerto, por meio do qual subordina-se ou resolvem-se os efeitos jurídicos de um determinado negócio.
CARACTERÍSTICAS:
Voluntariedade: a condição é sempre estipulada pela vontade das partes. Assim, a lei não poderá impor uma condição.
Futuridade: a condição é sempre futura. Fatos pretéritos não caracterizam uma condição. Exemplo: não é uma condição a promessa de dividir um prêmio de loteria, que foi sorteado no dia anterior.
Incerteza: toda condição deve ser incerta. A incerteza aqui, refere-se a ocorrência ou não do fato.
CLASSIFICAÇÃO:
Quanto à vontade:
Casuais ou causais: são aquelas cujo implemento não depende da vontade das partes. São ligadas ao acaso, são eventuais, são aquelas que estão fora do controle. Exemplo: eventos da natureza.
Potestativas: potestas=vontade; está ligada à vontade. Pode ser classificada em:
Puramente potestativas: “si voluero” (se eu quiser). Depende da vontade de uma só das partes. São condições consideradas abusivas e ilícitas, não são permitidas pelo Direito. Exemplo: um contrato de aluguel, onde o locador detém todo o poder absoluto para si, sem beneficiar o locatário.
Meramente potestativas: depende da vontade de uma das partes e de fatores externos alheios àquela vontade. Exemplo: “Empresto minha casa se eu viajar em janeiro para os EUA”.
Mistas: depende da vontade de uma das partes e depende da vontade de uma terceira pessoa determinada. Exemplo: “Doarei uma casa para João, se ele casar com Maria”.
Quanto à possibilidade:
Possíveis: são aquelas que não negam a natureza das coisas e nem contrariam a lei, a moral e os bons costumes.
Impossíveis: são aquelas que negam a natureza das coisas e contrariam a lei, a moral e os bons costumes. Estas podem ser:
Impossíveis fisicamente: nega a natureza das coisas. Exemplo: colocar toda a água do oceano no copo.
Impossíveis juridicamente: contraria a lei, a moral e os bons costumes. Exemplos: adotar pessoa da mesma idade, realizar negócio que tenha por objeto herança da pessoa viva, etc.
Quanto aos Efeitos do Ato:
Suspensiva: impede que o ato produza efeitos até a realização do evento futuro e incerto. Exemplo: “Te darei tal bem, se fizer tal coisa”. Assim, não se terá adquirido o direito enquanto não se verificar a condição suspensiva.
Resolutiva: O negócio é celebrado, reúne todos os seus elementos essenciais, começa imediatamente a produzir os seus efeitos, só que esses efeitos cessam se a condição ocorrer. Exemplo: Eu empresto o meu automóvel a um amigo com a condição resolutiva dele não se envolver em acidente de trânsito. Celebrado o acordo, meu amigo pode, de imediato, usar o veículo, porque a condição é resolutiva. Durante um ano ele usa até que se envolve num acidente. Neste caso, cessaram os efeitos, e ele então me devolverá o carro.
*Quando o negócio jurídico está vinculado a uma condição suspensiva impossível morre os efeitos do negócio.
*As condições resolutivas impossíveis não invalidam o negócio jurídico, mas são inexistentes.
TERMO
CONCEITO: é o momento futuro e certo em que se inicia ou se encerra o exercício do direito.
CARACTERÍSTICAS:
Voluntariedade: força de vontade das partes.
Futuridade: fato futuro, ainda não ocorrido.
Certeza: a certeza é quanto a ocorrência do fato, ainda que não se saiba quando, ele ocorrerá.
Termo Próprio: sabe que vai acontecer e também quando. É um evento futuro e certo.
Termo Impróprio: está vinculado a morte, sabe que vai acontecer, mas não sabe quando. Futuro e incerto.
ESPÉCIES:
Termo Inicial ou “dies a quo”: dia do início do exercício de um direito.
Termo Final ou “dies ad quem”: dia do fim do exercício de um direito.
CONTAGEM DE PRAZO
Em dias: exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento; se este cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o dia útil seguinte
Em meados: considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia
Em meses/anos: repete-se o dia do seu início e o mês/ano do seu final
Em hora: é contado por minuto a minuto
*Negócio jurídico sem prazo são executados logo
ENCARGO OU MODO (uma obrigação que deve ser cumprida)
CONCEITO: é uma pequena obrigação imposta ao beneficiário de uma liberalidade (negócio gratuito) por quem a realizou.
CONSEQUÊNCIAS DA SUA INEXECUÇÃO:
Exibilidade do encargo: dá o direito de obrigar/exigir o cumprimento da obrigação
Revogação da liberalidade: desfazer o negócio/posso revogar
*Apesar da aparente semelhança, o encargo não se confunde com a condição.
O encargo é coercitivo, o que não ocorre com a condição, uma vez que ninguém pode ser obrigado a cumpri-la.
O encargo difere da condição suspensiva porque esta impede a aquisição do direito, enquanto o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito.
Entretanto, o encargo pode ser imposto como condição suspensiva e com efeitos próprios deste elemento acidental, desde que tal disposição seja expressa.
Encargo ilícito ou impossível: A ilicitude ou impossibilidade física ou jurídica do encargo leva a considerá-lo como não escrito, libertando o negócio jurídico de qualquer restrição; impossível juridicamente, invalida todo o negócio.
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
VÍCIOS DO CONSENTIMENTO
ERRO OU IGNORÂNCIA
CONCEITO: é a falsa percepção da realidade que leva o agente a manifestar a sua vontade de modo diverso do que realmente pretendia.
CARACTERÍSTICAS:
Escusabilidade: escusa=desculpa; precisa ser um erro desculpável; não pode ser um erro cometido da falta de atenção, falta de cuidado mínimo de quem pratica o negócio;
Cognoscibilidade: “teoria do conhecimento”; princípio da confiança e da boa-fé; “se a pessoa que estou negociando sabe que eu estou errando, é dever dela, de acordo com o princípio, me informar sobre o erro”. O meu erro poderia ser descoberto por outra parte.
Tangibilidade: erro tangível, erro real, traz prejuízos para a parte.
Sustentabilidade: demonstrar que o erro é substancial
Quanto à natureza do negócio: ele se engana acerca do negócio que está fazendo. Exemplo: A pessoa doa, pensando que está emprestando ou vice-versa”.
Quanto ao objeto do negócio: não erra sobre o tipo do negócio, mas sobre o objeto. Exemplo: Você adquire um objeto, pensando que está adquirindo outro.
Quanto à qualidade essencial do objeto: erro recai na qualidade que pensava que objeto possuía. Exemplo: Compra um candelabro dourando, pensando que era de ouro. *Não se confunde com vício redibitório que especifica a possibilidade de existência de um "vício" - aqui entendido por defeito - de forma oculta no bem ou coisa objeto de uma venda, e do qual o comprador não poderia tomar conhecimento quando efetuou o negócio. 
Quanto à pessoa com quem se negocia: recai sobre a pessoa com quem está se negociando. Exemplo: Doei algo para alguém, pensando que era outra pessoa.
Quanto ao conhecimento da norma: também conhecido como erro de direito. Pratica-se negócio jurídico contrário a lei. Exemplo: lei sobre determinada matéria entrou em vigor ontem, mas hoje acabei agindo contrário a ela por desconhecimento de sua vigência.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando,por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
DOLO
CONCEITO: é a conduta maliciosa, praticada pela outra parte ou por um terceiro, que induz o agente ao erro, fazendo-o praticar ato que não faria ou que faria de maneira diferente.
CATEGORIAS
“dolus bonus”: é o dolo involuntário do agente, há intenção boa e resultado mau.
“dolus malus”: acarreta a anulação do negócio, uma vez que o praticante excede o limite do razoável, é composto pelo dolo principal ou acidental.
Dolo principal: quando o dolo e somente ele é a causa determinante da realização do negócio jurídico, ou ainda, quando somente o dolo principal, como causa determinante da declaração de vontade vicia o negócio jurídico.
Dolo acidental: ocorre quando, em face dele (o dolo) o negócio seria realizado, independentemente da malícia e/ou má-fé eventualmente empregada por uma das partes ou por terceiros, porém em condições favoráveis ao agente, mas acaba ocorrendo de outra forma, devido a qualquer possível influência externa. O dolo acidental não enseja a anulação do negócio jurídico, gerando apenas a obrigação de perdas e danos.
Dolo negativo ou por omissão: “Quando eu sabendo de uma circunstância relevante deixo de comunicar”. SILÊNCIO INTECIONAL!
Dolo de terceiro: o dolo pode ser proveniente de outro contratante ou de terceiro, que não faz parte do negócio. O art. 148 do Código Civil garante a anulação para negócios jurídicos viciados por dolo de terceiro. Se uma das partes, beneficiada no caso do dolo de terceiro, souber da manobra e não advertir a outra parte é considerado cúmplice e responde por sua má-fé. Entretanto, se a parte beneficiada não souber do dolo de terceiro, não se anula o negócio jurídico. Mas a vítima poderá reclamar perdas e danos do autor do dolo.
Dolo de Representante: o representante de uma das partes não pode ser considerado terceiro, pois age em nome do representado, como se fosse o próprio. Se o representante induz ao erro a outra parte, este será anulável.
Dolo Bilateral: assim, se ambas as partes têm culpa, uma vez que cada qual quis obter vantagem em prejuízo da outra, não poderão anular o negócio, ou reclamar indenização. Ninguém pode valer-se da própria torpeza, não houve boa-fé para que possam se defender.
COAÇÃO
CONCEITO: é a pressão, física ou psicológica, praticada pela outra parte ou por um terceiro para obrigar o agente a realizar negócio jurídico.
ESPÉCIES:
Absoluta: é a vantagem pretendida pelo coator obtida mediante o emprego de força física. Alguns autores em geral, como Orlando Gomes e Maria Helena Diniz, consideram nulo o negócio jurídico com vício de coação absoluta, devido ao fato de não se tratar de vício de vontade. Todavia, Carlos Roberto Gonçalves, afirma que, nesse caso, trata-se de hipótese de inexistência do negócio jurídico, devido à ausência da declaração de vontade.
Relativa: deixa-se uma opção ou escolha à vítima. Ela pode praticar o ato exigido pelo coator, ou, correr o risco de sofrer as consequências da ameaça por ele feita.
De acordo com o artigo 153 do Código Civil brasileiro, “não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito”. É nesse contexto, então, que a ameaça provinda de um exercício normal de um direito não é considerada coação. Sendo assim, não é considerado vício de vontade no caso de um credor que faz uma ameaça protestando ou executando o título de crédito vencido não pago, por exemplo. Ou, como outro exemplo, quando é feita uma intimidação por uma mulher a um homem de propor contra ele ação de investigação de paternidade.
COAÇÃO PRATICADA POR TERCEIRO
Em caso de coação exercida por terceiro, caso o beneficiário não tenha ou deva ter conhecimento do vício, responderá somente o terceiro coator pelos prejuízos causados.
Por outro lado, se a outra parte, que se beneficiou do negócio teve ou devesse ter conhecimento do vício de vontade, pode-se dizer que houve vício do negócio jurídico. Neste caso, o vício permite a anulação do negócio e, não obstante, responderão civilmente o beneficiário e o terceiro pelas perdas e danos devidos à vítima.
ESTADO DE PERIGO
Configura-se em estado de perigo a pessoa que assume obrigação excessivamente onerosa para salvar-se, ou pessoa de sua família, de grave dano conhecido da outra parte.
São seus elementos:
A existência e a atualidade de um dano grave: existência: haver um dano grave à própria pessoa, ou a seu familiar ou a terceiro, que por qualquer circunstância seja beneficiada pela intenção do declarante (devedor); atualidade: o dano atual significa que o acontecimento que pode originar o dano já existe e, caso não seja interrompido, consequências lesivas advirão, com certeza.
O nexo de causalidade entre o grave dano e a declaração obtemperada para o negócio:
Teoria da equivalência: todas as condições que ensejam um determinado efeito equiparam-se como causa do evento.
Teoria da causalidade adequada: somente a causa direta e imediata que leva ao evento danoso é tida como relação de nexo.
A relação de causalidade, além de interesse teórico, mantém viabilidade prática, já que duas funções podem ser observadas. A primeira aparece como pressuposto da declaração, ou seja, ela só existiu por força do grave dano. A segunda função prende-se justamente na anulação do negócio, porque se a declaração foi feita ignorando-se o dano ou o temor, não se há falar em estado de perigo.
Conhecimento do fato de perigo pela contraparte receptora da declaração: trata-se de elemento de natureza subjetiva porque o receptor da declaração feita pela pessoa em perigo deve saber do grave dano real ou putativo que atinge o autor da declaração. Aqui fica demonstrada a razão de o estado de perigo situar-se dentre os defeitos do negócio jurídico, já que é a má-fé exaustiva do credor que descumpre o valor constitucional da solidariedade, aproveitando-se do temor do devedor.
A assunção de uma obrigação de excessiva onerosidade: no estado de perigo a prestação é desproporcional à contraprestação, que pode ser um serviço, desde a origem do negócio, o que perturba claramente a noção da equivalência que deve ser mantida. A quebra da equivalência se dará porque o declarante, com raciocínio de que estava diante de um grave dano à pessoa ou aos familiares e afetos afins, compromete seu patrimônio assumindo obrigação excessivamente onerosa. Em contraprestação sempre haverá um serviço de valor inferior, o qual, numa situação de normalidade, não exigiria todo aquele dispêndio.
O intuito do declarante de salvar a si próprio, um familiar ou um terceiro: o parágrafo único do artigo 156 do Código Civil traz a noção de cláusula geral a possibilidade de anulabilidade se estendida a terceiros que não o declarante nem seus parentes, contudo, pela preservação da pessoa humana não seria justo restringi-la somente ao declarante e seus familiares.
LESÃO
A lesão diferencia-se dos demais defeitos do negócio jurídico por representar uma ruptura do equilíbrio contratual desde a fase de formação do negócio. É um negócio defeituoso em que não se observa o princípio da igualdade, e, no qual, não há a intenção de se fazer uma liberalidade. Não há equivalência entre prestação e contraprestação.
Traduz-se no prejuízo resultante da manifesta desproporção existente entre a prestação e a contraprestação de um negócio jurídico, em face da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes.
A situação de alguém que na iminência de ter sua falência decretada, vende seu imóvel por preço bem inferior ao de mercado, em razão da falta de liquidez de recursos para saldar a dívida; daquele que, diante da necessidade de continuar a atividade, paga preço exorbitante pelo fornecimento de água, numa época de seca.

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