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RAIVA DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Profª Luciane Viana Martins Raiva Raiva Enfermidade infecciosa que acomete todos os animais de sangue quente. O termo raiva derivado latim rabere (significando fúria ou delírio), mas também encontra raízes do sânscrito rabhas (tornar-se violento). Entre os gregos era chamada de Lyssa ou Lytta (loucura, demência). Também a palavra vírus deriva desta doença, significando veneno no latim, pois muito supunham que era um mal derivado de um veneno contido na saliva dos animais infectados. Raiva A raiva tem distribuição mundial, embora alguns países encontrem-se livres da doença devido ao sucesso de programas de erradicação, ou por serem regiões insulares, ou ainda devido a implementação de rigorosa quarentena, como é o caso do Japão, Austrália, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, as pequenas ilhas do Pacífico, do Caribe e o Havaí Raiva A raiva é considerada uma enfermidade fatal, embora tenham sido descritos casos de sobreviventes, incluindo o homem e animais. É uma enfermidade passível de prevenção através do emprego da imunização de animais domésticos e seres humanos pertencentes aos grupos de alto risco de exposição ao vírus. Raiva • A raiva bovina é atualmente importante na América do Sul e Central, onde as perdas calculadas são de aproximadamente 1 milhão de cabeças por ano, mas a raiva de animais domésticos, como o cão ainda é a mais importante em muitos países, onde o vírus produz cerca de 7.500 casos de raiva em humanos. Raiva • O morcego hematófago é um importante reservatório do vírus na América Latina, sendo a origem de surtos em rebanhos Agente etiológico Classificação Ordem: Mononegavirales (genoma RNA não segmentado de sentido negativo) Família: Rhabdoviridae (3 gêneros: Lyssavirus, Ephemerovirus e Vesiculovirus) Gênero: Lyssavirus sorogrupos: 1. vírus rábico clássico; 2. vírus Lagos bat; 3. vírus Mokola; 4. vírus Duvenhage; 5 e 6. vírus European bat virus 1 & 2; 7. Australian bat virus O vO víírus rrus ráábico bico éé inativado por diversos agentes inativado por diversos agentes ffíísicos e qusicos e quíímicos, tais como: micos, tais como: -radiação ultravioleta - detergentes - agentes oxidantes - álcool - compostos iodados - enzimas proteolíticas - raio X. - ácidos com pH<4 - bases com pH>10. É inativado pelo calor: 35 segundos a 60°C, 4 horas a 40°C e vários dias a 4°C O vírus da raiva pode persistir em tecido nervoso infectado por 7 a 10 dias à temperatura ambiente e por algumas semanas a 4°C Epidemiologia Todas as espécies animais de sangue quente são passíveis à infecção do vírus da raiva, diferindo na susceptibilidade, da seguinte forma: gambás e aves são mais resistentes do que cães, gatos, cavalos, ovinos, caprinos e primatas, que por sua vez são menos susceptíveis que canídeos silvestres, furões, "raccons" (mão pelada), bovinos e morcegos. Os reservatórios primários da raiva em muitas partes do mundo, ainda são os animais silvestres, porém os animais domésticos constituem a fonte basilar de transmissão da raiva para o homem. Epidemiologia O período de incubação do vírus da raiva desde o momento da exposição até o surgimento dos sinais clínicos, pode ser prolongado e variado, ficando em torno de 3 a 8 semanas, havendo relatos de período de incubação de uma semana até mais de 1 ano. A localização da mordida ou exposição ao vírus e a quantidade de vírus presente na saliva influenciam diretamente o período de incubação, desta forma as mordidas na face, na cabeça e pescoço tem o período de incubação menor do que as ocorridas em outras regiões do corpo. Geralmente... Epidemiologia Transmissão: •• Contato com saliva de animal raivoso Contato com saliva de animal raivoso (mordeduras, lambeduras de mucosa ou de pele com solução de continuidade) • Arranhões Epidemiologia Outras formas de contágio embora raras: • transplante de córnea, de órgãos sólidos, via inalatória, via transplacentária e aleitamento materno - A fonte de infecção é o animal infectado pelo vírus da raiva. Em espaços urbanos, o principal transmissor é o cão, seguido do gato. Em espaços rurais é o morcego. Fonte de infecção - Animais silvestres são os reservatórios naturais do vírus, propiciando a contaminação de animais domésticos. Patogenia Uma vez ocorrida a infecção do vírus da raiva no organismo, este pode atingir a porta de entrada dentro das terminações nervosas presentes no local do ferimento, ou pode replicar-se na musculatura local e posteriormente invadir as terminações periféricas. O genoma viral movimenta-se centripetamente no citoplasma dos axônios do sistema nervoso periférico até que ele atinja o SNC, geralmente na medula espinhal. Patogenia Da medula espinhal, alcança o cérebro – sinais clínicos de disfunção neurológica. Usualmente, ao mesmo tempo que a infecção no SNC causa fúria, vírions são desprendidos nas glândulas salivares e são encontrados em altas concentrações na saliva. Em muitos casos, o vírus é excretado da saliva muitos dias (cerca de 14 dias), antes do desenvolvimento dos sinais clínicos, em outros casos o vírus pode não estar presente na saliva, mesmo nos estágios terminais da doença. Patogenia InoculaInoculaççãoão ReplicaReplicaçção no local de entradaão no local de entrada Ingresso nas terminaIngresso nas terminaçções nervosas perifões nervosas perifééricasricas DisseminaDisseminaçção centrão centríípeta atravpeta atravéés de ners de nervos periféricos Replicação na medula espinhal ReplicaReplicaçção no cão no céérebrorebro Disseminação centrífuga através de nervos periféricos Infecção de glândulas salivares EliminaEliminaçção viral atravão viral atravéés da salivas da saliva MorteMorte Patogenia • A propagação hematógena pode ocorrer, mas não é o ponto mais forte desta infermidade. • O neurotropismo dos Rhabdovírus têm sido relacionado aos receptores nicotínicos da acetilcolina. Patogenia Durante o curso da doença, a resposta inflamatória e imune específica do hospedeiro são fracamente estimuladas, provavelmente devido a infecção não ser citopática no músculo e nas células nervosas, também devido a infecção estar confinada às imediações separadas imunologicamente do sistema nervoso. Por ocasião do óbito, exceto por uma moderada infiltração de células inflamatórias mononucleares no sistema nervoso, há uma pequena evidência histológica de uma resposta do hospedeiro à infecção. Além disso, em animais experimentalmente infectados, anticorpos neutralizantes atingem níveis significativos com a proximidade da morte, sendo muito tarde para algum auxílio Sinais clínicos • Três estágios: estágio prodrômico estágio de excitação estágio paralítico Sinais clínicos Estágio prodrômico Pode ocorrer: desordens gastrintestinais; a salivação pode ou não ser notada; anorexia, adipsia e procura de isolamento pode haver. Freqüentemente o trato urogenital está irritado e /ou estimulado como evidenciado pela freqüente micção, ereção no macho e apetite sexual. Este período dura cerca de 1 a 3 dias, animais podem apresentar sinais de paralisia ou tornam-se indóceis. Carnívoros, suínos, ocasionalmente cavalos e muares podem morder pessoas e outros animais. Bovinos batem a cabeça em qualquer objeto móvel. A doença progride rapidamente após o início da paralisia, podendo ocorrer óbito no período de 10 dias a partir dos primeiros sinais clínicos. Sinais clínicos • Estágio paralítico: Há paralisia precoce da garganta e dos músculos masséteres, geralmente com salivação profusa e incapacidade de deglutição. A queda da mandíbula é comum em cães. Nesta fase algumas pessoasao procurarem corpos estranhos na cavidade oral ou ao administrarem medicações nos animais com as mãos desprotegidas, expõe-se ao vírus da raiva. A paralisia progride rapidamente para todas as partes do organismo, havendo coma seguido de morte em poucas horas. Sinais clínicos • Estágio de excitação ou fase furiosa: Também é conhecida como "síndrome do cachorro louco", na qual o animal torna-se irracional e agressivo. A expressão facial é de alerta e ansiedade, com pupilas dilatadas, emite alaridos de ataques. Tais animais perdem toda a cautela e o medo dos inimigos naturais. Não há evidência de paralisia durante o estágio excitatório. Cachorros raramente vivem mais do que 10 dias após o aparecimento dos sinais. Cachorros nesta fase freqüentemente perambulam pelas ruas e auto-estradas, mordendo pessoas , outros animais ou qualquer objeto em movimento; comumente ingerem corpos estranhos (fezes, palha, galhos e pedras), mordem arames e armação de suas gaiolas. Com a evolução da doença, a incoordenação motora é comum. A morte é o resultado da paralisia progressiva. Sinais clínicos Gatos domésticos, alguns felinos selvagens e outros animais silvestres raivosos atacam repentinamente mordendo e arranhando; invadem pátios ou casas atacando pessoas e outros animais. Alguns animais de costumeiro hábito noturno, são encontrados durante o dia. Sinais clínicos Nos bovinos distingue-se duas formas: a paralítica e a furiosa. Na forma paralítica: cessa a lactação abruptamente, há flacidez da cauda e da musculatura do trem posterior. Podendo haver excitação sexual. No decorrer da enfermidade há paralisia da faringe e conseqüente sialorréia. Pode ocorrer constipação, comprometimento do trato gastrintestinal. Com a progressão da doença o animal não consegue manter-se em pé, cai e não consegue levantar-se. Sinais clínicos Forma furiosa: O bovino torna-se inquieto, com aumento do estado de vigília, podendo atacar outros animais, objetos inanimados e o homem. Com a evolução da doença os mugidos são altos e roucos, e a incoordenação motora é mais acentuada. Sinais clínicos Cavalos e muares infectados podem apresentar extrema agitação evidenciada por rolarem-se no solo, semelhante aos sinais clínicos de cólica. Freqüentemente auto-mutilam-se. Na forma paralítica basicamente ocorre paralisia ascendente, paralisia faringeana, salivação, depressão e ataxia. Na forma furiosa há convulsões; agressividade; assim como nas demais espécies eles podem morder ou derrubar objetos, pessoas e outros animais; e devido ao seu grande porte, muitas vezes tornam-se incontroláveis. Também pode ocorrer fotofobia; hidrofobia; hiperestesia; febre (temperaturas superiores a 41ºC); com a progressão da enfermidade, muitos cavalos desenvolvem hipalgesia dos membros posteriores e diminuição do tônus da cauda e do esfíncter anal; tornam-se deprimidos, recumbentes e comatosos antes da morte Diagnóstico • O diagnóstico clínico é possível, embora difícil na fase prodrômica. • Diagnóstico clínico: Através de sinais clínicos – cuidado!!! • Diagnóstico patológico: A confirmação do diagnóstico depende do exame post-mortem, buscando a presença do vírus da raiva em partes do cérebro e tronco cerebral, através da demonstração das inclusões intracitoplasmáticas patognomônicas, denominadas de corpúsculos de Negri Corpúsculos de Negri (cujo nome deriva de Adelchi Negri) são inclusões citoplasmáticas eosinofílicas (espécie de "colonização" celular feita por vírus) localizadas nas células do cerebelo (células de Purkinje principalmente) do animal afetado pela raiva • Os corpúsculos de Negri são uma das formas de detecção laboratorial da raiva, através da observação microscópica das células cerebrais; estudos demonstraram, contudo, que nos casos da raiva em eqüinos, a presença de tais efeitos citopáticos nem sempre é detectada. • Os corpúsculos de Negri, considerados patognomônicos da raiva, são inclusões intracitoplasmáticas em neurônios. São eosinófilas (róseas), redondas ou ovaladas, de tamanho variável, chegando ao de uma hemácia (7 mm). • Os corpúsculos de Negri são encontrados no citoplasma do corpo celular ou dos dendritos e consistem de colônias de vírus rábicos. Os locais mais ricos em corpúsculos são as células piramidais do hipocampo e as células de Purkinje do cerebelo, mas podem ser encontrados em qualquer outra região do SNC. • A localização intracitoplasmática das inclusões virais e ausência de inclusões intranucleares é exclusiva da raiva. Em outras encefalites as inclusões são preferencialmente intranucleares, e só aparecem no citoplasma se já existirem no núcleo. Diagnóstico • Diagnóstico laboratorial: Ante mortem O isolamento do vírus da saliva Biópsia de cérebro IFD em impressões corneal e inervação de folículos pilosos táteis de focinho de animais infectados no ínicio ou durante os sinais clínicos. Diagnóstico • Diagnóstico laboratorial: Post mortem Imunofluorescência Direta (IFD) Inoculação em Camundongos Isolamento in vitro (cultivo celular) ELISA PCR Material para envio ao laboratório • Cérebro, cerebelo e bulbo • Glândulas salivares como submaxilar e parótida (nunca são usadas como única forma diagnóstica) • Amostras da córnea e de folículos pilosos táteis É imprescindível o envio, juntamente com o material, da história clínica, tentativas de tratamentos e uso de vacinas, algum contato com humanos e/ou outros animais, bem como o nome e endereço do proprietário. Tratamento O tratamento não é recomendado para os animais com raiva, devido ao risco de exposição humana. Animais como o cão e gato com sinais clínicos compatíveis com a raiva devem ser colocados em isolamento completo, impedindo assim qualquer forma de exposição de animais e seres humanos, ou mais seguramente devem sofrer eutanásia (aplicável a todas as outras espécies) e seus cérebros enviados ao laboratório para diagnóstico. Controle e prevenção o controle deve ser baseado na redução ou eliminação de casos em carnívoros domésticos e adequação da vida silvestre. A prevenção ainda é a melhor forma de evitar a disseminação do vírus entre os animais, a imunoprofilaxia baseia-se no uso de vacinas anti-rábicas. • VACINAS Vírus inativado Vírus vivo Em felinos apenas vacina com o vírus inativado!!! TODOS OS CASOS SUSPEITOS DE RAIVA DEVEM SER NOTIFICADOS
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