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O Apetite Chinês pelo Brasil

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
10 Anos do Curso de Geografia –CAMEAM
O APETITE VORAZ DOS CHINESES PELO BRASIL:
UMA OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO?
Renata Jane Gomes Sarmento
Graduanda de Ciências Econômicas- CAMEAN/UERN 
Dr. José Elesbão de Almeida
Doutor em Economia e professor do Departamento de Economia/UERN
Pau dos Ferros- RN
2014
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos o mundo tem voltado sua atenção para a China. Certamente, a mais importante razão desse movimento é o seu extraordinário crescimento econômico, com média de 10% a.a. ;
As reformas econômicas implantadas pela China após a sua abertura comercial resultou em grandes perspectivas de comércio não só para aquele país, mas para muitos outros, entre eles o Brasil;
A partir dos anos 2000 o comércio entre Brasil X China houve uma intensificação, e avança a cada dia; 
A partir de 2009 os chineses têm demonstrado uma cobiça sem precedente por commodities brasileiras, principalmente petróleo e minerais, elevando os investimentos no Brasil de 3,5% na década de 90 para 62,7% nos anos 2000. 
OBJETIVO
O artigo pretende discutir sobre a abertura da economia chinesa e as relações Brasil-China, particularmente sobre a forma de ingresso dos investimentos chineses no Brasil, as áreas de interesse, bem como os setores prioritários pelos chineses. 
METODOLOGIA
O texto foi desenvolvido a partir de levantamento de dados sobre o comércio entre os dois países, particularmente dos documentos publicados pelo Conselho Empresarial Brasil China (CEBC) e tomará como referência alguns textos de especialistas brasileiros nos estudos sobre o desempenho recente da economia chinesa e suas relações com o Brasil.
Abertura Econômica Chinesa 
 Gráfico 01: Crescimento do PIB e Taxa de Inflação da China
 Fonte: FMI apud UICC – Apex-Brasil *Previsto.
A economia do dragão asiático vem avançando a taxas acima de dois dígitos durante os últimos 30 anos até os dias atuais; 
A China é o terceiro maior país em extensão territorial, e é o mais populoso do mundo, com ¼ de toda a população territorial (POMAR, 1987);
Em 1949, a China era um país, marcado pela extorsão do império, da guerra, hábitos e preconceitos herdados do feudalismo e do seu capitalismo periférico (POMAR, 1987) ;
A China passou por reformas após 1976, que possibilitaram uma extraordinária mudança no país. Os sobreviventes da Longa Marcha do PCC, juntamente com Deng Xiaoping, foram os responsável pela introdução destas, que foram conduzidas, em geral, nos setores de educação e saúde (FAIRBANK, 2007); 
As reformas tinham como objetivo a entrada de Investimentos Externos Direto (IEDs) no país. Entretanto, a expansão da capacidade de importar traduziu-se em uma a restrição fundamental para o processo de industrialização chinesa; 
O programa de reformas de Deng intitulado “socialismo com características chinesas” combinava medidas para uma economia de mercado e para a arena internacional, com o partido comunista (FAIRBANK, 2007);
O crescimento Chinês foi retomado com a ajuda de uma ousada estratégia industrial, as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) , Shenzhen , Zhuhai , Shantou e Xiamen , todas controladas pelo governo, para a incorporação de um regime comercial e de atração de investimento estrangeiro direto (CARDOSO JR et al 2009);
A China registrou um crescimento médio anual de 9,4 por centro, entre 1979 e 2004, condicionado por três fatores básicos: o capital, o trabalho e a produtividade (GIPOULOUX, 2005) 
China tornou-se um dos principais destinos de IED, pela procura dos baixos custos salariais e oportunidades de retorno crescente. 
O progresso do IED na China foi impulsionado pelas reformas estruturais da economia chinesa, pela abertura de setores antes fechados, principalmente a partir da entrada da China na Organização Mundial de Comercio (OMC)
Investimento Direto Chinês no Exterior 
A China deu início aos investimentos externos com a política de “portas abertas”. Os investimentos diretos da China no mundo começaram a apresentar alguma importância numérica significativa a partir dos anos 1990, cujo objetivo era garantir o acesso a fontes de matérias-primas essenciais à sua produção industrial (HOLLAND, 2010);
Gráfico 02: Fluxo e Estoque de IED no mundo, 1990-2009 (em US$ bilhões) 
 
 Fonte: Revista CEBC (2011).
A América Latina passou a ser o principal destino dos investimentos diretos chineses a partir de 2003, ultrapassando até mesmo o resto da Ásia;
 A estratégica e buscar o fornecimento de insumos básicos e energia para sustentar seu crescimento acelerado. Os fluxos de comércio com aquele país demonstram que as compras de produtos primários são baseadas em recursos naturais.
 Quadro 01: Fluxo de investimentos chineses no mundo (2003-2006) US$ bilhões 
 Fonte: Mofcom e Unctad in Holland et al (2010).
IED da China no mundo
2003
2004
2005
2006
Ásia
1,505
3,014
4,484
7,663
África
0,075
0,317
0,392
0,520
Europa
0,145
0,157
0,395
0,598
América Latina
1,038
1,763
6,466
8,469
EUA
0,058
0,126
0,321
0,258
Oceania
0,034
0,120
0,203
0,126
IED total da China no mundo
2,855
5,498
12,261
21,160
IED total no mundo
565,160
734,892
973,329
1461,074
Participação do IED Chinês no mundo (%)
0,51
0,75
1,26
1,45
Investimento Direto Chinês no Brasil 
Na área política o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento com quem a China estabeleceu uma parceria estratégica CEBC (2011);
Os Investimentos chineses no Brasil são pautados pela busca por matérias primas, energia, e produtos alimentícios; 
Com uma segunda estratégia relacionada a ocupação de mercado, notadamente na produção de veículos automotores, eletrônicos; 
 Gráfico 03: Evolução dos projetos de investimento por determinante do ingresso
 Fonte: CEBC 2013.
Desde 1º de janeiro de 2003, entraram em vigor 18 entendimentos nas áreas de ciência e tecnologia, esportes, transportes, padrões sanitários, cooperação industrial, comércio e investimento, entre outros
A maior parte dos investimentos chineses no Brasil se deu por meio de fusões e aquisições parciais;
 Gráfico 04: Investimentos Chineses no Brasil por modo de entrada US$ bilhões 
 Fonte: CEBC (2011).
 
Gráfico 05: Distribuição geográfica dos projetos anunciados (2012-13)
 Fonte: CEBC(2014).
Como podemos ver no gráfico os projetos de investimentos anunciados por empresas chinesas no Brasil se concentram na região Sudeste, com São Paulo na liderança do ranking. 
O que está associado a concentração de economias de escala, infraestrutura portuária, aeroportuária logística e mercado consumidor; 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos observar que os investimentos chineses no Brasil vêm crescendo aceleradamente nos últimos 10 anos. As áreas de interesse são exatamente aquelas em que a China apresenta maios escassez para atender à sua crescente demanda, notadamente por matérias-primas e combustíveis, além de alimentos. 
Podemos notar que os investimentos realizados pela China no Brasil, são concentrados tanto em nível setorial como espacialmente, embora o sudeste concentre a maior fatia dos investimentos; 
Esses investimentos podem se constituir em uma janela de oportunidades para impulsionar o crescimento econômico, expandir o emprego e acelerar o desenvolvimento de certas regiões brasileiras, caso o país saiba tirar proveito eficiente dessas oportunidades. 
REFERÊNCIAS
CARDOSO JR, José Celso et al. (Org).. Trajetórias recentes de desenvolvimento: estudos de experiências internacionais selecionadas. 2 ed. Brasília: IPEA, 2009.
CEBC. Conselho Empresarial Brasil-China. Investimentos Chineses no Brasil Uma nova fase da relação Brasil-China. Maio, 2011. Disponível em:www.cebc.org,br. Acesso em 02/08/2013.
CEBC. Conselho Empresarial Brasil-China. Uma análise dos Investimentos Chineses no Brasil 2007-2012. Junho, 2013. Disponível em: www.cebc.org,br. Acesso em: 13/08/2013.
FAIRBANK, J. King. China: uma nova história. 2 ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.
HOLLAND, M; BARBI, F. China na América Latina: Uma análise da perspectiva dos Investimentos Diretos Estrangeiros. Março 2010. Disponível em: www.cebc.org.br Acesso em: 10/08/2013.
MEDEIROS, Carlos Aguiar. Economia e política de desenvolvimento recente na China. Revista de Economia Política, vol. 19, n. 3, 1999.
MEDEIROS, Carlos Aguiar. A China como um Duplo Polo na Economia Mundial e a Recentralização da Economia Asiática. Revista de Economia Política, vol. 26, n. 3, julho-setembro/2006.
POMAR, Wladimir. O Enigma chinês: Capitalismo ou Socialismo. São Paulo: Alfa-Ômega, 1987.
GIPOULOUX, François. A China do século XXI, uma nova superpotência? .2 ed: Instituto Piagent, 2005.
BARBOSA, Alexandre de Freitas; MENDES, Ricardo Camargo. As Relações econômicas entre Brasil e China: Uma parceria difícil. Janeiro-2006. Disponível em: www.observatoriosocial.org.br. Acesso em: 03 de agosto, 2013.
RENAI – Rede Nacional de informações sobre o investimento. Anúncios de investimentos chineses no Brasil 2003-2011. Disponível em: www.mdic.gov.br. Acesso em: 05/08/2013.

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