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1 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 CONTRATO DE COMPRA E VENDA E PROMESSA OU COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA: BIBLIOGRAFIA SUGERIDA PARA APROFUNDAMENTO: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3 contratos e atos unilaterais. 10ª. ed. São Paulo, Editora Saraiva, 2013. GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. São Paulo: Editora Saraiva. Volume IV, tomo 2. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: contratos em espécie. 3 ed. São Paulo: Editora Saraiva. I - ORIGEM: Primeiro momento histórica e remota ligado à troca ou escambo entre os contratantes do que um deles precisava pelo que sobejava ao outro, na satisfação de interesses mútuos; Segundo momento evolução com padronização de objetos e/ou mercadorias para facilitar o intercâmbio de bens úteis. Inicialmnte utilizou-se cabeças de gado (pecus dai a palavra pecúnia), depois metais preciosos; Terceiro momento metais precisos são cunhados com valor determinado surge moeda a troca de mercadorias entre ambos os contratantes, passa a ser de produtos por dinheiro, surge o conceito moderno. A esse respeito Caio Mário escreve: Desde as origens de Roma já se praticava a compra e venda. Antes dos primeiros monumentos elaborados pelo seu senso jurídico, antes mesmo que se tivessem cunhado as primeiras moedas, quando o libripens pesava em público uma porção do metal do pagamento, o romano já sabia distinguir da permuta em espécie a emptio venditio. Depois que se distinguiu da permuta, a venda caracterizou-se por ser um contrato translativo imediato da propriedade por operação instantânea. Embora não se tenha informação precisa de quando se transformou , em contrato consensual, supõe-se que, ao tempo das XII Tábuas (século IV a.C.), não o era ainda, admitindo alguns, entretanto, que teria sido por volta do século II que as exigências do comércio dela fizeram um contrato que se celebrava solo consensu, provido de uma actio bonae fidei, e dotado de efeitos plenos. 2 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 II - CONCEITO: Segundo Caio Mário da Silva Pereira 1 : Compra e venda é o contrato em que uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra pessoa (comprador) o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente. Desta noção fazemos ressaltar, desde logo, o ponto essencial, que marca a posição do nosso direito: o caráter meramente obrigatório do contrato. Seguindo, como se vê, a tradição romana, e fiel à nossa determinação histórica, a compra e venda não opera, segundo o nosso Código, a transmissão do domínio. Nelson Nery Junior 2 a seu turno aborda o conceito informando-nos que: “Nosso Código adotou a respeito do contrato de compra e venda o sistema germânico: entre a obrigação de transferir a coisa comprada e o ato de transferência, há diferença. A obrigação para nós, fica circunscrita à sua verdadeira função: possui efeitos exclusivamente obrigacionais. III - CARACTERÍSTICAS: a) BILATERAL, porque cria obrigações para o vendedor e para o comprador, ou seja, existe uma relação de causalidade entre as obrigações assumidas; b) ONEROSO, porque ambas as partes dele extraem proveitos e vantagens patrimoniais das prestações envolvidas: Há equivalência entre ônus/obrigações e vantagens/proveitos: de um lado o sacrifício da perda da coisa corresponderá ao proveito do recebimento do preço avençado; ; de outro lado o sacrifício do pagamento do preço ajustado e o proveito do recebimento da coisa, com a fruição dos direitos correspondentes. c) COMUTATIVO ou ALEATÓRIO Normalmente comutativo, em razão da determinação das prestações e do objeto respectivo, bem como de sua apreciável equivalência e certeza quanto ao valor. Excepcionalmente poderá ser aleatório, quando depender de um evento incerto, nas hipóteses previstas nos artigos 458 e 459 do Código Civil. 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. ob. cit. p. 152 2 NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil comentado. 10 ed. Sâo Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 695 3 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 d) CONSENSUAL ou SOLENE em regra geral, é um contrato meramente consensual, porque se forma, comumente, pelo só acordo de vontades, pelo consentimento, não exige a entrega da coisa para seu aperfeiçoamento como ocorre nos contratos reais (comodato, mútuo, depósito). A compra e venda se torna perfeita e acabada pela simples integração de duas vontades. em certos casos será solene, quando a lei além do consentimento exigir uma forma específica para manifestação, ocmo no caso de escritura pública para compra e venda de imóveis (art. 108 e 215 do Código Civil). e) TRANSLATIVO DO DOMINIO OU PROPRIEDADE: não no sentido de operar a sua transferência, mas de ser o ato causal desta, gerador de uma obligatio dandi, e fundamento da transcrição ou da tradição. O contrato de compra e venda é translativo do domínio não no sentido de operar sua transferência, mas no de servir como titulus adquirendi, uma vez que gera entre os contraentes um direito pessoal traz para o vendedor apenas uma obrigação de transferir o domínio. Não opera, de per si, a transferência da propriedade, que só se perfaz pela tradição, se a coisa for móvel ou pelo assento do titulo aquisitivo no Registro Imobiliário, se o bem for imóvel. f) DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA ou DIFERIDA, conforme o pagamento seja à vista ou a prazo. g) em relação ao ARRAS, além dos efeitos que lhe são próprios, o sinal é uma prova da compra e venda contratada, pois trata-se de contrato meramente consensual. IV) ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: São três, a saber: COISA; PREÇO e CONSENTIMENTO DOS CONTRATANTES 1) COISA - Deverá: TER EXISTÊNCIA; SER INDIVIDUADA; SER DISPONÍVEL; SER TRANSFERÍVEL a) ter existência, ainda que potencial (coisa futura) no momento da realização do negócio. Poderá ser corpórea ou incorpórea (quando será denominada cessão). É nula a venda de coisa inexistente. Igualmente é proibida a venda de herança de pessoa viva (art. 426, CC). b) ser individuada: o objeto deverá ser determinado ou suscetível de determinação no momento da execução. É admitida a venda de coisa incerta (art. 243, CC) que será determinada no momento da escolha. 4 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 Também se admite a venda de coisa alternativa (art. 252, CC) cuja indeterminação acaba com a concentração da obrigação. Poderá ser específica (objeto precisamente determinado) ou genérica (objeto com alusão ao gênero e quantidade, sem especificar tantas sacas de café, sem precisar a qualidade prevalecerá o ditado pelos usos e costumes e/ou pelo mercado, em razão do princípio de razoabilidade). c) ser disponível, ou seja, o bem não pode estar fora do comércio, como aqueles insuscetíveis de apropriação (indisponibilidade natural) ou legalmente inalienáveis (indisponibilidade legal), bem como em decorrência de cláusula neste sentido inscritas em doação ou testamento (indisponibilidade voluntária). Também são inalienáveis: os valores e direitos de personalidade (art. 11, CC) e os órgãos do corpo humano (art. 199, § 4º. CF). d) ter possibilidade de ser transferida ao comprador, istoé, não pode pertencer ao próprio comprador, nem o vendedor poderá aliená-la se for de propriedade de terceiro, vez que implica em transferência do domínio. Possível convalescimento de compra e venda a non domino, quando o vendedor estiver de boa fé e adquirir posteriormente o domínio (art. 1268, CC). No que diz respeito a coisa litigiosa é possível sua alienação quando o comprador adquirir sabendo da litigiosidade (art. 457, CC; art. 42, CPC), ou seja, elide-se os riscos da evicção. 3) PREÇO – Deverá apresentar os seguintes caracteres: pecuniariedade, seriedade e certeza. a) pecuniariedade (CC, art. 481). O preço deve se constituir em soma em dinheiro que o comprador paga ao vendedor em troca da coisa adquirida. Poderá ser convencionado em coisas representativas de dinheiro ou a ele redutíveis como cheque, nota promissória, duplicata, letra de câmbio. Não pode ser constituído por outra coisa, pois ai tem-se o contrato de permuta. Também não pode ser em serviço, pois descaracteriza o caráter pecuniário, ter-se-á na situação um contrato inominado e não compra e venda. b) Seriedade: o preço deve ser sério, real e verdadeiro, a medida que indica o firme objetivo de se constituir numa contraprestação ao dever do vendedor de alienar o domínio da coisa e entregá-la efetivamente, sob pena de se configurar simulação, que descaracteriza a compra e venda, podendo se reconhecer uma doação dissimulada. Não se exige justo preço ou perfeita equivalência, o que se veda é a desproporção abusiva. 5 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 c) certeza (CC, arts. 482. 489, 485, 486, 487 e 490). O preço deverá ser certo ou determinado para que o comprador possa efetuar o pagamento. Ele é fixado pelos contratantes (CC art. 482), não pode ficar ao arbítrio de um deles. 4) CONSENTIMENTO DOS CONTRATANTES: Requer: Segundo Gonçalves (2013, p. 220): O consentimento pressupõe a capacidade das partes para vender e comprar e deve ser livre e espontâneo, sob pena de anulabilidade, bem como recair sobre os outros dois elementos: a coisa e o preço. Será anulável a venda, também, se houver erro sobre o objeto principal da declaração ou sobre as suas qualidades essenciais (CC, art. 139). Não existe venda se o vendedor julga estar alienando uma coisa e o comprador acredita estar adquirindo objeto diferente. No erro sobre o objeto principal, o consentimento recai sobre objeto diverso daquele que o agente tinha em mente. Exemplo: o do indivíduo que se propõe a alugar a sua casa da cidadee o outro contratante entende tratar-se de sua casa de campo. Sobre a compra e venda feita por incapazes, existem situações não consideradas nulas, conforme se lê em Gonçalves (2013, p. 221): Não tem sido exigido o requisito do consenso na compra e venda feita por incapazes, especialmente quando estes adquirem produtos no mercado de consumo para sua utilização pessoal. A doutrina tem enquadrado esses fatos negociais como relaçôes contratuais de fato ou como condutas sociais típicas, que independem de vontade real ou tácita e de capacidade negocial das partes, em razão do irrefreável processo de massificação social. Assim, por exemplo, não se considera nula a compra de um doce ou sorvete feita por uma criança de sete ou oito anos de idade, malgrado não tenha ela capacidade para emitir a vontade qualificada que se exige nos contratos de compra e venda. Em se tratando de ato dotado de ampla aceitação social, deve ser enquadrado na noção de ato-fato jurídico, que a lei encara como fato, sem levar em consideração a vontade, a intenção ou a consciência Para perfeição da compra e venda o contrato requer: a) capacidade genérica para praticar os atos da vida civil: assim, os absoluta ou relativamente incapazes só poderão contratar se representados ou assistidos por seus representantes legais, sob pena de se tornarem nulos ou anuláveis os contratos. b) legitimação para contratar; dai restringir-se a liberdade de comprar e vender nos seguintes casos: VENDA ENTRE CÔNJUGES: às pessoas casadas, exceto no regime de separação absoluta de bens, tratando-se de imóvel, sem a anuência do outro consorte (CC, art. 1.647, I); 6 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 VENDA DA PARTE INDIVISA EM CONDOMÍNIO ao condômino, no caso do CC, art. 504; VENDA DE ASCENDENTE PARA DESCENDENTE: aos ascendentes, em relação ao descendente, sem o consenso dos demais e do cônjuge do alienante (CC, art. 496 e parágrafo único); AQUISIÇÃO DE BENS POR PESSOA ENCARREGADA DE ZELAR PELOS INTERESSES DO VENDEDOR aos que tem, por dever de ofício de zelar pelos bens alheios, relativamente a esses bens (CC, art. 497); V) VENDAS ESPECIAIS: VENDA MEDIANTE AMOSTRA Prevista no art. 484, CC. Amostra = paradigma, reprodução integral da coisa vendida com todas as suas características, apresentada em tamanho normal ou reduzido. A coisa vendida deve ser entregue em conformidade com a amostra, cabendo ao comprador protestar imediatamente, sob pena do silêncio ser entendido como anuência. VENDA AD CORPUS E VENDA AD MENSURAM VENDA AD MENSURAM preço estipulado com base em dimensões do imóvel (por alqueire, por exemplo), o valor é determinado por cada unidade considerada (art. 500, CC) VENDA AD CORPUS Previsto no § 3o do art. 501, situação em que o imóvel é adquirido como um todo, como um corpo certo (Sítio São José), caracterizando-se por suas confrontações, as dimensões não influenciam na fixação do preço. Há uma presunção que o comprador adquiriu o imóvel pelo conjunto e não em função da área ou unidade de medida. Pode ser utilizado expressões como “tantos alqueires, mais ou menos”, a discriminação dos confrontantes. 7 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 VI) EFEITOS E CONSEQUENCIAS JURÍDICAS DA COMPRA E VENDA: EFEITOS PRINCIPAIS: a) Obrigação do vendedor de entregar a coisa e do comprador de pagar o preço: Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. b) Obrigação de garantia, imposta ao vendedor, contra os vícios redibitórios e a evicção. Vícios redibitórios: Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Evicção: Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. EFEITOS SECUNDÁRIOS: c) Responsabilidade pelos riscos e despesas. Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. § 1 o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. § 2 o Correrão também por conta do comprador os riscos dasreferidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. d) Direito aos cômodos antes da tradição (CC, art. 237, parágrafo único). Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 8 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 e) Direito de reter a coisa ou o preço (CC, art. 491, 476) Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. f) Direito do adquirente de exigir, na venda ad mensuram, o complemento da área, ou de reclamar, se isso for impossível, a rescisão do negócio ou o abatimento do preço (CC, arts. 500 e 501). VII) CLÁUSULAS ESPECIAIS A COMPRA E VENDA: a) RETROVENDA: Cláusula em que o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço, mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramentos do imóvel (CC, arts. 505 a 508). b) VENDA A CONTENTO E A SUJEITA A PROVA: Ambas as cláusulas se referem a vendas realizadas sob condição suspensiva, vale dizer, ao agrado do comprador ou à adequação do bem à finalidade desejada (artigos 509 a 512 CC) c) PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA: Celebrado um negocio jurídico de compra e venda, e, em seguida, a transmissão da propriedade (pela tradição ou registro), o normal é que não haja mais qualquer vinculação futura entre os contratantes. Vide artigos 512 a 520 CC. Todavia, podem os pactuantes estabelecer uma cláusula que obrigue o comprador de coisa móvel ou imóvel, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento, a oferecê-la a quem lhe vendeu originalmente, para que este tenha a preferência em readquiri-Ia, em igualdade de condições, com quem também está interessado em incorporá-la em seu patrimônio. d) RESERVA DE DOMÍNIO: A venda com reserva de domínio (pactum reservati dominii) nada mais é do que um contrato de compra e venda de coisa móvel, em que se subordina a efetiva transferência da propriedade ao pagamento integral do preço. 9 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 Vide artigos 521 a 518 CC. Por meio deste contrato, com tal condição suspensiva, transfere-se ao adquirente apenas a posse da coisa alienada, conservando o vendedor o domínio sobre a mesma, até lhe ser pago a totalidade do preço. e) VENDA SOBRE DOCUMENTOS: Contrato de compra e venda no qual o vendedor se libera mediante a entrega de documentos, tendo direito ao recebimento do preço. Vide artigos 529 a 532 CC. O comprador a seu turno tem o direito de exigir que o transportador ou outro depositário depositário lhe entregue a mercadoria. VIII - PROMESSA OU COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA: Contrato de Promessa ou Compromisso de Compra e Venda é um contrato preliminar que tem como objeto um contrato futuro de venda e compra. Por meio dele, o vendedor continua titular do domínio que somente será transferido após a quitação integral do preço, constituindo excelente garantia para o alienante. Trata-se, de um contrato preliminar especial, que, outrora regulado somente em legislação especial, passou a ser previsto expressamente pelo Código Civil de 2002, através de seus arts. 1.417 e 1.418 (sem equivalentes no CC-16), que assim preceituam: Do Direito do Promitente Comprador Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. 10 CONTRATOS II – Prof. Msc. Claudine Aparecido Terra – 2º. Sem/2014 Isso porque, ao celebrá-lo, as partes envolvidas (promitente ou compromissário-vendedor e promitente ou compromissário-comprador) assumem a obrigação de fazer o contrato definitivo de compra e venda, mediante a outorga de escritura de venda do imóvel compromissado, após o adimplemento das obrigações financeIras assumidas Claro está, porém, que, na hipótese do promitente-comprador não cumprir as obrigações financeiras que lhe foram impostas, poderá ele, após ser devidamente constituído em mora, vir a perder a posse do bem, por meio da resolução do contrato. Adjudicação compulsória O grande diferencial da Promessa Irretratável de Compra e Venda é indubitavelmente, a possibilidade de adjudicação compulsória do bem, decorrente de sua eficácia real. A outorga da escritura definitiva afigura-se para o compromissário vendedor que teve todas as parcelas devidamente adimplidas, como sendo um ato devido.
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