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Equações Diferenciais UNIDADE 2 1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS UNIDADE II Orientações da Disciplina Nesta unidade, você irá conhecer as equações diferenciais. Inicialmente, aprenderá a identificá-las e classificá-las. Em seguida, conhecerá os princípios para suas soluções gerais, famílias de soluções, soluções particulares e soluções singulares. Ao final dessa primeira parte, você também passará a resolver sistemas de equações diferenciais ordinárias. Prosseguindo com o estudo, serão apresentadas técnicas de resolução de equações diferenciais de primeira ordem, quando você desenvolverá o aprendizado no sentido de resolver equações separáveis. Também aprenderá a reduzir equações em princípio não separáveis a separáveis. As equações diferenciais exatas será o próximo passo nos seus estudos, seguindo-se o conhecimento de fatores integrantes, que são termos que reduzem determinadas equações diferenciais a exatas. Numa próxima etapa, equações diferenciais lineares homogêneas de primeira ordem serão estudadas, aprendendo-se também, através de técnicas já descritas em tópicos anteriores, a reduzir tais equações a equações separáveis. Algumas equações lineares de primeira ordem não homogêneas também serão tema de estudo. Finalmente, serão apresentadas aplicações dessas equações diferenciais em campos da Físico-Química (decaimento radioativo), da Geografia Estatística (crescimento populacional), da Geometria (determinação de uma curva, de curvas e trajetórias ortogonais), do Cálculo (derivação implícita), da Física (Lei de Resfriamento de Newton, com mudanças de temperatura e equilíbrio térmico) e da Economia (juros compostos). Paramos por aí, embora haja ainda outros tantos campos em que as equações diferenciais de 1ª ordem atuam. Vamos aos estudos! 2 TIPOS DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS O estudo das Equações Diferenciais envolve o Cálculo Diferencial e o Cálculo Integral que se conectam através do Teorema Fundamental do Cálculo1. Sua aplicação prática se dá na medicina, engenharia, química, física, biologia, economia, antropologia, estatística, dentre outros tantas áreas. Existem Equações Diferenciais Ordinárias (EDO) e Equações Diferenciais Parciais (EDP), que têm seus nomes relacionados com os tipos de derivadas e/ou diferenciais que aparecem em seu corpo. Nesta aula, você relembrará alguns conceitos fundamentais relacionados com esse tema. Também irá aprender a diferenciar os tipos de Equações Diferenciais que há, classificando-as de acordo com diversos critérios. Origem e ocorrência das equações diferenciais Considerando a dinâmica dos eventos da natureza, no sentido de que praticamente tudo muda à medida que o tempo passa, ou enquanto outro evento transcorre, há um termo matemático diretamente relacionado com essas mudanças. Esse termo matemático necessita de alguns conceitos para ser mais bem compreendido. Assim, consideremos como uma vvaarriiáávveell qualquer evento que se modifique. Por sua vez, o termo ddeerriivvaaddaa é a taxa de mudança de certa variável com relação à outra. Exemplo Por exemplo, se a velocidade de um carro (variável) muda com relação ao tempo (outra variável), nós chamamos de derivada a taxa de variação da velocidade do carro com relação ao tempo (nesse caso, uma derivada 1 O Teorema Fundamental do Cálculo considera um intervalo I ∈ ° com mais de um ponto, onde, se f for uma função contínua de I em ° então, para cada a I∈ a função F de I em ° definida por ( ) ( ) x a F x f t dt= ∫ é derivável, e sua derivada é justamente a função f , ou seja, F é uma função primitiva de f . 3 temporal). Nós conhecemos bem outro nome para essa derivada: Aceleração. Então, aceleração é a derivada temporal da velocidade. Outro exemplo pode ser dado com respeito às reações químicas: seja a concentração de um dado reagente uma variável; a taxa com que varia essa concentração à medida que certo produto é formado é considerada uma derivada negativa, uma vez que a quantidade de reagente diminui ao mesmo tempo em que a quantidade de produto aumenta. Dica! EEqquuaaççõõeess DDiiffeerreenncciiaaiiss são equações que relacionam variáveis e suas derivadas. Veja as equações a seguir: ( ) 3dy f x dx = + 3" 3y y x C+ = + ( ) ( ) 2''' 5f x f x x+ = + Elas são equações diferenciais, segundo a definição do parágrafo anterior. Uma derivada costuma ser representada por dy dx ou 'y ou ( )'f x ou xD y ou ainda !y , ou seja, podemos dizer que: dy dx = df x( ) dx = d dx f x( ) = y ' = f ' x( ) = f ' = Dx y = !y , Consideradas as explicações sobre notações de derivadas a seguir. 4 Notações de derivadas Há diversas formas de representar as derivadas. Primeiramente, querido (a) aluno (a), vamos observar que o termo ddiiffeerreenncciiáávveell é sinônimo de ddeerriivváávveell, assim como o termo ddiiffeerreenncciiaall é sinônimo de ddeerriivvaaddaa. As diferentes formas de escrever as derivadas estão geralmente relacionadas com quem as criou: § NNoottaaççããoo ddee LLeeiibbnniizz Tal notação recebe esse nome em homenagem ao filósofo e matemático alemão GGoottttffrriieedd WWiillhheellmm vvoonn LLeeiibbnniizz (1646-1716), que usou os símbolos dx e dy para representar incrementos infinitesimais das variáveis x e y respectivamente, da mesma maneira que xΔ e yΔ representam incrementos finitos das mesmas variáveis. ¨ dy dx , lê-se “dê ípsilon dê xis”, ou “dydx”; representa a derivada de y em relação a x. ¨ 2 2 d y dx , lê-se “dê dois ípsilon dê xis dois”, ou “d2ydx2”; representa a derivada segunda de y em relação a x. A derivada segunda ou segunda derivada também pode ser reescrita como 2 2 d y d dy dx dx dx ⎛ ⎞= ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ . ¨ Observe-se que, com esta notação, nós podemos nos referir à derivada de y em relação ao ponto x = a de duas formas: x a dy dx = ou ( )dy a dx , sendo esta última forma menos comum. ¨ Outra observação que podemos fazer é que, uma vez que ( )y f x= ( )y f x= , então ( ) ( ) ( ) df xdy d dy f x dx dx dx dx = = = . 5 § NNoottaaççããoo ddee LLaaggrraannggee Também conhecida como nnoottaaççããoo pprriimmaa, recebe este nome em homenagem ao matemático italiano JJoosseepphh LLoouuiiss LLaaggrraannggee (1736-1813). ¨ 'y , lê-se “ípsilon linha”; representa a derivada primeira de y em relação a outra variável, considerada fixa. ¨ "y , lê-se “ípsilon duas linhas”; representa a derivada segunda de y em relação a outra variável, considerada fixa. A derivada segunda ou segunda derivada também pode ser reescrita como ( )" ' 'y y= . ¨ ( )'f x , lê-se “efe linha de xis”; representa a derivada primeira da função f em relação à variável x. ¨ ( )"f x , lê-se “efe duas linhas de xis”; representa a derivada segunda da função f em relação à variável x. A derivada segunda também pode ser reescrita como ( ) ( )" ' 'f x f x⎡ ⎤= ⎣ ⎦ . ¨ 'f , sem a variável x representada; lê-se simplesmente “efe linha”; representa a derivada primeira da função f. ¨ "f , lê-se “efe duas linhas”; representa a derivada segunda da função f. A derivada segunda também pode ser reescrita como ( )" ' 'f f= . ¨ A representação de derivadas de quarta ordem em diante é feita assim ( ) ( ) ( )6 6 6vi vi viy y f x f x f f= = = = = , para a derivada sexta, por exemplo. § NNoottaaççããoo ddee NNeewwttoonn Agora aluno (a) conheça a Notação de Newton que é conhecida como nnoottaaççããoo eemm ppoonnttoo ddee NNeewwttoonn, por vezes de forma depreciativa, denominada: 6 “excremento de mosca”. É mais utilizada na Física ou na Matemática, quando se pretende representar derivadas temporais, ou seja, em relação ao tempo. Recebe este nome em homenagem ao cientista inglês IIssaaaacc NNeewwttoonn (1643- 1727). Em função de sua representação, a partir de derivadas de terceira e quarta ordens em diante, se tornar “inapresentável” – embora haja alguns que a usem – não costuma ser muito utilizada. !y , lê-se “ípsilon ponto”; representa a derivada primeira de y em relação ao tempo. ¨ !!y , lê-se “ípsilon dois pontos”; representa a derivada segunda de y em relação ao tempo. § NNoottaaççããoo ddee EEuulleerr Recebe este nome em homenagem ao matemático e físico suíço LLeeoonnhhaarrdd EEuulleerr (1707-1783) para representar a derivada de uma função, usando um operador diferencial D, cuja criação é creditada a OOlliivveerr HHeeaavviissiiddee (1850- 1925), que atuou nos campos da matemática, física e engenharia elétrica. É muito usada na resolução de equações diferenciais lineares. ¨ ( )xD f x , lê-se “derivada de efe de xis em relação a xis”; representa a derivada primeira de y em relação a x, se a função ( )y f x= . Não é comum se usar da notação de Euler para a representação de derivadas de segunda ordem em diante. Podemos escrever as três equações anteriores, portanto, de forma que termos ou expressões dx oudy não apareçam mais na forma de quocientes. ( ) ( )3 3dy f x dy f x dx dx dx = + → = + 7 2 3 3 3 2 3 3 3 " 3 3 3 3 3 ' 3 d y d dyy y x C y x C y x C dx dx dx dyd dydx y x C d ydx x dx Cdx dx dx dy ydx x dx Cdx ⎛ ⎞+ = + → + = + → + = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎛ ⎞ ⎜ ⎟ ⎛ ⎞⎝ ⎠→ + = + → + = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ → + = + ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 "' ( ) 5 5 5 ' 5 d d dyf x f x x f x x dx dx dx dyd d dx f x dx x dx dx dx dyd f x dx x dx dx dx ⎡ ⎤⎛ ⎞+ = + → + + +⎜ ⎟⎢ ⎥ ⎝ ⎠⎣ ⎦ ⎛ ⎞⎛ ⎞→ + + +⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎛ ⎞ → + + +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ Você pode observar que, na primeira equação, pudemos realmente reduzi-la a termos sem os quocientes. Na segunda e terceira equações, entretanto, para fazer isso, precisaríamos resolvê-las, usando técnicas de integração, como veremos mais adiante. Vamos começar? Notações de derivadas Para você poder compreender melhor as equações diferenciais, é importante você fazer a revisão de alguns termos e conceitos básicos: § CCoonnjjuunnttoo:: trata-se de uma seleção de determinados valores (em matemática). Um exemplo seria o conjunto de números inteiros negativos entre -10 e -1, incluídos eles mesmos. § EElleemmeennttoo:: é cada um dos valores individuais de um conjunto. No exemplo do conjunto, citado no parágrafo anterior, os elementos seriam -10, -9, -8, -7, -6, -5, -4, -3, -2 e -1. § IInntteerrvvaalloo:: é o conjunto • de todos os elementos situados entre quaisquer dois pontos de uma linha. Neste caso, um exemplo representativo seria 5 0x− ≤ < . Observe-se que são considerados quaisquer valores entre -5, incluído este valor, e 0, não incluído este valor, e, por quaisquer valores compreende-se que podemos ter valores fracionários, valores racionais, etc. 8 § CCoooorrddeennaaddaa:: costuma se referir a um ponto, que pode estar numa linha ou ainda numa região, seja plana, espacial ou de uma dimensão maior. Assim, a coordenada de uma linha é apenas um número: x = 3, por exemplo; a coordenada de uma região plana é composta de dois pontos: (x,y) = (-2, 5); a de uma região espacial, de três pontos: (x,y,z) = (0, 1, –3). § FFuunnççããoo:: é uma relação que há entre uma variável dependente e uma ou mais variáveis independentes. Bem entendido, verificaremos que somente pode haver uma variável dependente, e, conforme haja uma ou mais variáveis independentes, a função é chamada de função de uma variável independente, ou função de duas variáveis independentes, etc. Em outras palavras, se, para cada valor de uma dada variável independente (por exemplo x), que pertença a um conjunto previamente determinado, corresponder um e somente um valor rreeaall22 da variável dependente (por exemplo y), dizemos que a variável y é uma função da variável independente x neste conjunto, ou seja y = f (x). § DDoommíínniioo de uma função é como se costuma chamar o conjunto de elementos representativos dos valores que podem assumir a variável independente ou cada variável independente. § IImmaaggeemm de uma função, por sua vez, é como é conhecido o conjunto de elementos representativos dos valores que podem assumir a sua variável dependente. § FFuunnççããoo ddee uummaa vvaarriiáávveell iinnddeeppeennddeennttee:: trata-se de uma função em que, a cada valor de uma variável dita independente, corresponde um, e somente um, valor da variável dita dependente. Costuma ser representada por ( )y f x= , que é uma equação que fornece a relação direta em as duas variáveis x e y. Aqui, a variável independente é x e a variável dependente y. Para qualquer valor de x somente corresponde um único valor de y. Um exemplo seria 2y x= . Observe que, qualquer que seja o valor de x, haverá um e somente um único valor de y correspondente. Por outro lado, a expressão y x= não corresponde a uma função, uma vez que, por exemplo, atribuindo-se x = 4, obteríamos y = – 2 Este tipo de função, na verdade, é mais conhecida como função real. Para os efeitos deste texto, considerando que só devermos tratar com funções reais, omitiremos o termo real daqui por diante. 9 2 e y = 2, portanto, dois valores de y, contrariando o conceito de função, uma vez que a variável dependente pode assumir mais de um valor. Neste último caso, podemos considerar a expressão y x= como uma função se fixarmos algum intervalo para ela, da seguinte maneira, por exemplo: y x= , 0y > , 0x ≥ . Observe-se que x não poderia ser negativo; ainda, que, situado que 0y > , a raiz de x deverá ser positiva; dessa forma, a um dado valor de x, dentro do intervalo citado, ou seja 0x ≥ , somente corresponderá um único valor de y. Podemos dizer ainda que o domínio da função y x= , nesse caso é D : 0x ≥ , e sua imagem, Im : 0y > .3 § FFuunnççããoo ddee dduuaass vvaarriiáávveeiiss iinnddeeppeennddeenntteess:: trata-se de uma função em que, a cada valor do conjunto de elementos, (x, y), por exemplo, num plano que deve ser determinado, corresponde um, e somente um, valor da variável dependente. Uma representação comum é ( ),z f x y= , sendo as variáveis independentes a x e a y, e a variável dependente a z. Para quaisquer valores determinados e fixos de x e y, somente deverá corresponder um único valor de z. Também aqui o conjunto de valores possíveis das variáveis independentes x e y é denominado domínio da função, e o conjunto de valores possíveis da variável dependente z é denominado imagem da função.4 § FFuunnççõõeess ee eeqquuaaççõõeess:: há uma ligeira diferença entre estes dois termos. Dizemos que uma função é algo do tipo ( ),f x y , e uma equação é como ( ), 0f x y = . Observe a sutil diferença: uma função não carece do sinal de igualdade; por sua vez, uma equação, como o próprio termo indica, representa uma igualdade, exigindo a representação do sinal “=”. Nem sempre uma equação corresponde a uma função. Seja, por exemplo, a equação 2 2 9 0x y+ + = . Observe também que podemos dispô-la assim 2 2 9x y+ = − . Note-se que é impossível que essa relação se dê, uma vez que o quadrado de qualquer número real é sempre positivo, e a soma de dois valores positivos jamais pode dar um valor negativo. Dessa forma, podemos dizer que 2 2 9 0x y+ + = é uma equação, mas não é uma função, se definirmos como domínio e imagem somente valores reais, ou 3 Isto é válido para a chamada função real, como já comentado anteriormente. 4 Para funções de mais de duas variáveis independentes, vale o mesmo que o descrito para funções de duas variáveis independentes. 10 seja ( ){ },x y ∈R . Será, entretanto, uma função, se considerarmos valores complexos para x e/ou y. § FFuunnççããoo eexxppll íícciittaa:: seja a equação 3x y xy+ = . Consideremos que a variável independente é x, sendo y a variável dependente. Podemos agrupar os termos que incluem a variável dependente, de forma a isolá-la: ( ) ( ) 3 3 3 1 3 1 xx y xy xy y x y x x y x + = → − = → − = → = − desde que 1 3x ≠ . Quando, em uma equação que represente uma função, podemos isolar a variável dependente (dizemos que y é função de x), então dizemos que y depende de x explicitamente, motivo por que temos uma função explícita. § FFuunnççããoo iimmppll íícciittaa:: nem sempre podemos explicitar, ou seja, isolar a variável dependente. Mesmo quando podemos isolar a variável dependente, enquanto não a isolarmos, dizemos que a função está representada de forma implícita. Assim, 3x y xy+ = é uma função implícita. Como esta função pode rearranjada para 3 0x y xy+ − = , sua representação geral é ( ), 0f x y = . Dessa maneira, dizemos que y é uma função implícita de x. A EQUAÇÃO DIFERENCIAL Nós já definimos as equações diferenciais quando falamos da origem e ocorrência das mesmas. Em outras palavras, podemos dizer também que: Dica! Equações que possuem uma ou mais variáveis dependentes e independentes, acompanhadas de suas derivadas, são conhecidas como eeqquuaaççõõeess ddiiffeerreenncciiaaiiss. Conforme o tipo de diferenciação a que uma equação diferencial foi submetida, podemos ter: 11 § EEqquuaaççããoo ddiiffeerreenncciiaall oorrddiinnáárriiaa ((EEDDOO)):: a equação possui somente uma variável dependente: 2 1dy x dx = + , " 3y xy y= + , !!!y = 2x + x 2 Perceba então, aluno (a) que a primeira equação acima se refere a uma derivada primeira (notação de Leibniz); a segunda equação possui uma derivada segunda (notação de Lagrange ou notação prima); a terceira contém uma derivada terceira temporal (notação em ponto de Newton). § EEqquuaaççããoo ddiiffeerreenncciiaall ppaarrcciiaall ((EEDDPP)):: a equação possui mais de uma variável dependente, de maneira que possui derivadas parciais: 24 3z x xy x ∂ = − ∂ , 3 2xxz x= + , yxx xu v= − A primeira equação acima corresponde a uma derivada primeira parcial de uma função cuja variável dependente é z e cujas variáveis independentes são x e y. Neste ponto, convém falar do tipo de notação da segunda e terceira equações acima. Trata-se da nnoottaaççããoo ssuubbssccrriittoo, por vezes utilizada para representar derivadas parciais. Os subscritos se referem sempre às variáveis independentes. Assim, na segunda equação, como o subscrito x aparece duas vezes, temos uma função que foi derivada parcialmente em relação à variável independente x por duas vezes: 2 2xx zz x ∂ = ∂ . Na terceira equação, temos uma função que foi derivada parcialmente em relação à variável independente x também por duas vezes e derivada parcialmente em relação à variável y uma vez, no lado esquerdo da equação, e, uma derivada parcial em relação a x no lado direito da equação, de maneira que yxx xu v= − é o mesmo que 2 2 y v y x x ⎛ ⎞∂ ∂ ∂ = −⎜ ⎟ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ . Como este componente curricular se deterá ao estudo das equações diferenciais ordinárias (EDO), o parágrafo anterior serve apenas para estabelecer a diferença entre estas equações e as equações diferenciais parciais (EDP). 12 A equação diferencial A partir do conceito já apresentado de equações diferenciais, qual seja o de que são equações que possuem em seu corpo a relação entre variáveis dependentes e independentes e suas derivadas, falemos agora sobre a representação ou notação das equações diferenciais. § FFoorrmmaa ddiiffeerreenncciiaall ¨ ( ) ( ), , 0M x y dx N x y dy+ = Esta forma costuma ser usada para representar as equações diferenciais ordinárias de primeira ordem. ( ),M x y e ( ),N x y , como se pode observar, são funções com variáveis x e y. § FFoorrmmaa aalltteerrnnaattiivvaa ¨ ( ) ( ), , 0dyM x y N x y dx + = ou ainda ( ) ( ), , ' 0M x y N x y y+ = É obtida a partir da forma diferencial, dividindo-se a mesma pelo elemento diferencial dx. Consideramos ainda que a variável dependente é y e a independente é x. § FFoorrmmaa ggeerraall Uma equação diferencial ordinária de qualquer ordem, ou seja, de ordem n, por exemplo, que possua uma variável dependente, pode ser representada como: 13 ¨ ( )( ), , ',..., 0nF x y y y = A função F possui n + 2 variáveis, uma vez que possui a variável independente x, a variável dependente y e suas n derivadas. Mesmo a forma geral pode ainda ser subclassificada como iimmppll íícciittaa ou eexxppll íícciittaa, como veremos mais adiante. § FFoorrmmaa ppaaddrrããoo Se for possível a resolução de uma equação diferencial para a derivada mais alta ( )ny , em função das n + 1 variáveis restantes, que possua a forma geral acima, podemos definir essa derivada como a forma padrão de uma equação diferencial: ¨ ( )( )1, , ',..., 0 n n n d y f x y y y dx −= = . Classificação das equações diferenciais As equações diferenciais podem ser classificadas conforme vários aspectos. § QQuuaannttoo aaoo ttiippoo EEqquuaaççõõeess ddiiffeerreenncciiaaiiss ppaarrcciiaaiiss ((EEDDPP)):: envolvem derivadas parciais e diferenciação total, ou seja, funções de duas ou mais variáveis independentes: 2 2 24 24 V y s y s s π∂ ∂ ⎛ ⎞= −⎜ ⎟∂ ∂ ⎝ ⎠ z zdz dx dy x y ∂ ∂ = + ∂ ∂ EEqquuaaççõõeess ddiiffeerreenncciiaaiiss oorrddiinnáárriiaass ((EEDDOO)):: envolvem somente diferenciais ordinárias e não parciais. Assim, possuem funções de apenas uma variável, com derivadas e/ou diferenciais dessa mesma variável: ( ) 3dy f x dx dx= + 14 Como uma equação diferencial ordinária pode possuir a variável dependente y e a variável independente x, e, ainda, suas derivadas primeira, segunda, ..., n- ésima, podemos dizer que uma forma geral de uma equação diferencial ordinária (EDO) é dada tanto pelas equações 1 ou 2. As EDO’s podem aparecer sob sua ffoorrmmaa iimmppll íícciittaa (Eq. 1): ( ) ( )( )1, , ', ",..., , 0n nF x y y y y y− = EEqq.. 11 Exemplo 3 2 3 0 dy d yx y dx dx + + − = (notação de Leibniz) ou 2 ' ''' 0x y y y+ + − = (notação de Lagrange). Observe que o 2º membro da equação é “zero”. Ou sob sua ffoorrmmaa eexxppll íícciittaa. A diferença é que a enésima derivada pode estar implicitamente na EDO, ou pode aparecer explicitamente (destacada no segundo membro da EDO). ( )( ) ( )1, , ', ",..., n nF x y y y y y− = EEqq.. 22 Exemplos 3 2 3 dy d yx y dx dx + + = (notação de Leibniz) ou 2 ' '''x y y y+ + = (notação de Lagrange). Observe que o 2º membro da equação contém a derivada de ordem mais alta isolada.5 § QQuuaannttoo àà oorrddeemm 5 Se todos os termos da equação diferencial dependem exclusivamente de x ela é dita homogênea, embora esse termo não seja muito empregado por se confundir com outra classificação de equações diferenciais a ser vista mais adiante. Se a EDO não depende de x, ela é conhecida como autônoma. 15 A ordem de uma equação diferencial ordinária corresponde à mesma da sua derivada mais alta.6 Exemplos ( ) 3f x dx dx= +dy (equação diferencial de pprriimmeeiirraa oorrddeemm) 33y x C+ = + 2 2 d y dx (equação diferencial de sseegguunnddaa oorrddeemm) § QQuuaannttoo aaoo ggrraauu77 Esta classificação, embora não muito importante, é a que permite uma outra classificação, a ser vista em seguida, referente à linearidade da equação. Corresponde à mesma classificação do grau de uma equação, ou seja, depende das potências a que são elevadas as incógnitas da equação. A rigor, o ggrraauu de uma equação diferencial é correspondente à potência que se acha submetida à derivada de oorrddeemm mais alta, desde que a equação diferencial possa ser escrita como um polinômio da variável dependente e de suas derivadas. Exemplos: ( ) 32 5 8 2 ' 3 d y y y x dx ⎛ ⎞ + = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ (equação diferencial do tteerrcceeiirroo ggrraauu) 6 Observe nas equações o termo em negrito e dentro de uma caixa , para melhor compreensão do comentário que se segue ao lado. 7 Na verdade, função não possui grau, recebendo apenas o nome do polinômio que a representa. Exemplo: y = x2 é uma função polinomial do segundo grau e não função do segundo grau. Apesar disso, quando tratarmos deste assunto, discorreremos usando o termo “função do n-ésimo grau” apenas por economia linguística, sabendo que o aluno deve ter em mente esta informação. 16 22 2 3 y d ye y dx ⎛ ⎞ = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ (embora pareça que esta equação diferencial pertença ao segundo grau, na verdade, ela não pode receber classificação alguma quanto a grau, uma vez que o termo ye impede que a equação possa ser escrita como um polinômio da variável dependente e de suas derivadas) § QQuuaannttoo àà ll iinneeaarriiddaaddee EEqquuaaççããoo ddiiffeerreenncciiaall ll iinneeaarr: trata-se da equação em que todos os coeficientes (como na expressão a seguir) são funções de x, e as funções y e suas derivadas possuem expoentes iguais a 1 ou 0 (primeiro grau, no máximo, então). Em outras palavras, os coeficientes de y e de suas derivadas podem até ser constantes (como também podem ser funções de x), porém nunca podem depender de y. E a variável y, bem como todas as suas derivadas, deve ser, no máximo, de primeiro grau (podendo inclusive se apresentar como de grau zero, o que faria com que o termo se tornasse uma constante). Sua forma geral será (notação de Lagrange): ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 0 ... ... ' n n n nf x y x f x y x f x y x f x y x g x − −+ + + + = EEqq.. 33 ou, na notação de Leibniz: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 0 ... ... n n n nn n d y d ya x a x dx dx dya x a x y g x dx − − − + + + + = EEqq.. 44 17 Exemplo Um exemplo: ( ) ( )3 ' 3 2 4dyx f x x dx + + = − (aqui, usamos ambas as notações, de Leibniz e de Lagrange). EEqquuaaççããoo ddiiffeerreenncciiaall nnããoo ll iinneeaarr: pela definição acima, basta que qualquer termo possua grau diferente de 0 ou 1. Exemplos: ( )' 2 0f x y+ =2 (função y não é do primeiro grau) 2 2 2 d y x y dx ⎛ ⎞ + = −⎜ ⎟ ⎝ ⎠ 3 (derivada segunda de y não é do primeiro grau) !!y+ seny = 0 (sen y não é uma função linear, ou seja de algum grau) ( ) ( ) ' 0f x y− + =3y (o coeficiente da primeira derivada não é função somente de x, aliás, nem é função de x, mas de y) § QQuuaannttoo àà hhoommooggeenneeiiddaaddee HHoommooggêênneeaa:: trata-se de uma equação diferencial ordinária linear em que, nas equações 3 ou 4, o termo ( ) 0g x = : ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 0 ... ... ' n n n nf x y x f x y x f x y x f x y x − −+ + + + = 0 EEqq.. 55 ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 0 ... ... n n n nn n d y d ya x a x dx dx dya x a x y dx − − − + + + + = 0 EEqq.. 66 18 NNããoo hhoommooggêênneeaa: o oposto da situação anterior, ou seja, quando ( ) 0g x ≠ . § QQuuaannttoo aaooss ccooeeffiicciieenntteess CCoomm ccooeeffiicciieenntteess ccoonnssttaanntteess: como a própria classificação propõe, basta que os coeficientes fn, fn-1, ..., f1, f0, ou an, an-1, ..., a1, a0, conforme as equações acima, sejam funções constantes. CCoomm ccooeeffiicciieenntteess nnããoo ccoonnssttaanntteess: eles podem ser funções de x ou de y (se as variáveis forem essas). § QQuuaannttoo àà rreessoolluuççããoo SSeeppaarráávveeiiss: tratam-se das equações diferenciais que podem ser reescritas de maneira a se separar, em um membro, as variáveis x, e, no outro membro, as variáveis y. Exemplo 2 2 dy dyxy xdx dx y = → = (observe que as variáveis foram separadas em cada membro) NNããoo sseeppaarráávveeiiss: quando não dá para separar as variáveis, por ser impossível fatorar a expressão para a derivada dy dx como uma função de x multiplicada por uma função de y (uma das formas de se chegar a uma separabilidade): Exemplos: 2(2 ) 2 0x y dx xy dy+ + = 3dy y dx x + = (é impossível separar as variáveis em cada membro da equação) 19 § QQuuaannttoo àà ffoorrmmaa EExxaattaass: são chamadas assim as equações diferenciais quando possuem a forma da Eq. 7 abaixo, e cujo primeiro membro pode ser representado por uma diferencial exata ou total como na Eq. 8 (observe-se que o exposto aqui se aplica às equações diferenciais de primeira ordem). ( ) ( ), , 0M x y dx N x y dy+ = EEqq.. 77 u udu dx dy x y ∂ ∂ = + ∂ ∂ EEqq.. 88 ou seja: ( ) ( ), , 0u uM x y dx N x y dy dx dy x y ∂ ∂ + = + = ∂ ∂ EEqq.. 99 Ainda comparando a Eq. 7 com a 8, teremos que: eu uM N x y ∂ ∂ = = ∂ ∂ EEqq.. 1100 Supondo que M e N sejam definidas como derivadas parciais de primeira ordem contínuas em uma dada região 2° sem pontos duplos, poderemos dizer que: 2 2 eM u N u y y x x x y ∂ ∂ ∂ ∂ = = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ EEqq.. 1111 20 Como, pelo TTeeoorreemmaa ddee CCllaaiirraauutt--SScchhwwaarrzz, as derivadas parciais de segunda ordem nos segundos membros da Eq. 11 são equivalentes, então: M N y x ∂ ∂ = ∂ ∂ EEqq.. 1122 AAlleexxiiss CCllaauuddee ddee CCllaaiirraauutt (1713-1765), francês, e HHeerrmmaannnn AAmmaanndduuss SScchhwwaarrzz (1843-1921) foram matemáticos, não contemporâneos, que receberam a homenagem no Teorema que leva o nome deles. Este teorema diz que, se F é uma função escalar, de duas variáveis, por exemplo, x e y, que possua derivadas parciais de segunda ordem contínuas, então 2 2F F x y y x ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ . NNããoo eexxaattaass: quando o descrito acima não ocorre. Exemplos de exercícios resolvidos Classifique cada equação diferencial abaixo quanto aos seguintes critérios (sempre que possível) (a) Tipo (EDO ou EDP) (b) Ordem (c) Grau (d) Linearidade (e) Homogeneidade (f) Coeficientes EExxeemmpplloo 11:: ( ) 2 4 2 4 ' xd y e x y dx − = 21 SSoolluuççããoo:: Rearranjando a equação, teremos: ( ) ( ) 42 21 4 xd y dyx e dx dx ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ − =⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠⎝ ⎠ (a) EDO: não há derivadas parciais. (b) Segunda ordem: a mais alta derivada é 2 2 d y dx . (c) Primeiro grau: a equação está reescrita na forma polinomial e o grau da derivada mais alta é um, 12 2 d y dx ⎛ ⎞ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ . A derivada cuja potência é 4 é de ordem menor (primeira ordem). (d) Linear: os coeficientes das derivadas dependem apenas da variável independente, x . (e) Não homogênea, ( ) xg x e= . (f) Coeficientes não constantes: há pelo menos um coeficiente de alguma derivada que não é constante: 4x . EExxeemmpplloo 22:: ( )2"'a y by C− = SSoolluuççããoo:: Rearranjando a equação, teremos: ( ) 23 3 d ya b y C dx ⎛ ⎞ − =⎜ ⎟ ⎝ ⎠ (a) EDO: não há derivadas parciais. (b) Terceira ordem: a mais alta derivada é 3 3 d y dx . (c) Segundo grau: a equação está reescrita na forma polinomial e o grau da derivada mais alta é dois, 23 3 d y dx ⎛ ⎞ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ . (d) Linear: os coeficientes das derivadas dependem apenas da variável independente, x (desde que se considere que a e b sejam, no máximo funções de x apenas, podendo também serem constantes. (e) Não homogênea, ( )g x C= , considerando que C seja uma constante diferente de zero. (f) Coeficientes constantes: desde que se considere que a e b sejam constantes. 22 EExxeemmpplloo 33:: ( )2 0y xx x yz z ∂ ∂ + + + = ∂ ∂ SSoolluuççããoo:: Rearranjando a equação, teremos: ( )2 0y xx z xz z ∂ ∂ + + + = ∂ ∂ (a) EDP: há derivadas parciais. (b) Primeira ordem: a mais alta derivada é y z ∂ ∂ ou x z ∂ ∂ . (c) Primeiro grau: a equação está reescrita na forma polinomial e o grau da derivada mais alta é um, 1y z ∂⎛ ⎞ ⎜ ⎟∂⎝ ⎠ ou 1x z ∂⎛ ⎞ ⎜ ⎟∂⎝ ⎠ . (d) Não linear: os coeficientes das derivadas dependem também da variável x . Se fosse somente da variável independente y , seria linear. (e) Homogênea, ( ) 0g z = . Observe que z é a variável independente. (f) Coeficientes não constantes: o coeficiente ( )2x z+ não é constante. SOLUÇÕES DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS Uma equação diferencial pode ou não possuir solução. A sua resolução pode dar origem a uma solução única ou a diversas soluções. Finalmente, pode ser obtida uma única solução, conhecida como solução geral, ou, ainda, soluções particulares. Compreenda que a solução de uma equação diferencial normalmente é obtida através de procedimentos de integração, de maneira que se deve buscar soluções em forma de, no caso, uma função ( )y f x= que satisfaça a Eq. 1, para todo e qualquer valor de x em um determinado intervalo, (a,b), por exemplo. Uma solução pode ser verificada através de sua substituição na equação originária. 23 A função ( )y f x= costuma ser chamada de ffuunnççããoo pprriimmiittiivvaa ccoommpplleettaa, correspondendo também à ssoolluuççããoo ggeerraall da equação diferencial. Essa solução geral se apresenta da seguinte maneira: ( )1 2, , ,..., ny f x C C C= EEqq.. 1133 em que C1, C2, ..., Cn são constantes arbitrárias, denominadas ccoonnssttaanntteess ddee iinntteeggrraaççããoo. Solução geral Uma ssoolluuççããoo ggeerraall de uma equação diferencial é também conhecida como ssoolluuççããoo ccoommpplleettaa.. A solução geral ou completa compreende normalmente uma ffaammííll iiaa ddee ssoolluuççõõeess, porque normalmente depende de uma ou mais ccoonnssttaanntteess ddee iinntteeggrraaççããoo, e, para cada conjunto de constantes, se pode obter uma ssoolluuççããoo ppaarrttiiccuullaarr. Família de soluções Como, pela Eq. 13, podemos ver que a solução geral de uma equação diferencial ordinária possui em seu corpo tais constantes de integração, dizemos que a solução geral representa uma ffaammííll iiaa ddee ssoolluuççõõeess. EExxeemmpplloo 44:: Seja a equação diferencial ordinária ( )2' 'y xy y= + . Determine sua família de soluções, se existir. SSoolluuççããoo:: Uma solução possível, cuja demonstração não será feita aqui, é ( )y C x C= + , apresentada na forma explícita, onde C é uma constante de integração. Você pode verificar se esta de fato é uma solução para a equação diferencial 24 apresentada acima, derivando-a e substituindo os termos apropriadamente na mesma. EExxeemmpplloo 55:: Determine a solução geral da seguinte equação diferencial de primeira ordem: ' 4 0y y+ = . SSoolluuççããoo:: Inicialmente, mudemos a forma da equação para a notação de Leibniz: 4 0dy y dx + = Agora, o passo seguinte é tentar separar as variáveis. 4 4dy dyy dx dx y = − → = − Finalmente, podemos integrar ambos os lados: 4 ln 4dy dx y x C y = − → = − +∫ ∫ , para 0y > Esta é a solução geral da equação . Observe que ambas as integrais geram constantes de integração, mas, como o próprio nome diz, são constantes, e, então, podemos juntá-las em uma só constante no segundo membro da equação. Continuando a resolução: ( )ln 4 4 4.y x C x C xe e y e e y Ce− + − −= → = → = A solução geral é 4xy Ce−= , para 0y > (condição do ln y ) 25 EExxeemmpplloo 66:: Determine a solução geral da seguinte equação diferencial de segunda ordem: 2 2 4 0 d y y dx − = . SSoolluuççããoo:: Façamos uso da notação de Leibniz, mas mantenhamos a derivada primeira com a notação “linha”: ' 4 0dy y dx − = Agora, o passo seguinte é tentar separar as variáveis. ' '4 4dy dyy dx dx y = → = Finalmente, podemos integrar ambos os lados: 1 1 ln ' 4 4 1 ' 4 ln ' 4 'y x C x dy dx y x C y e e y C e+ = → = + → → = → = ∫ ∫ Agora, usemos novamente a notação de Leibniz, para continuarmos a integração: 4 4 4 1 1 1 4 41 1 2 4 3 2 ' 4 x x x x x x dyy C e C e dy C e dx dx Cdy C e dx y e C y C e C = → = → = → = → = + → = + ∫ ∫ A solução geral é 4 41 2 3 24 x xCy e C C e C= + = + . Se a solução de uma equação diferencial ordinária possui apenas uma constante de integração, dizemos que ela representa uma ffaammííll iiaa ddee ssoolluuççõõeess ddee 11 ppaarrââmmeettrroo. Da mesma maneira, se a solução de uma 26 equação diferencial ordinária possui n constantes de integração, dizemos que ela representa uma ffaammííll iiaa ddee ssoolluuççõõeess ddee nn ppaarrââmmeettrrooss. Assim, no EErrrroorr!! RReeffeerreennccee ssoouurrccee nnoott ffoouunndd.. acima, dizemos que a solução ( )y C x C= + representa uma família de soluções de 1 parâmetro (por apresentar apenas uma constante de integração). Também no EErrrroorr!! RReeffeerreennccee ssoouurrccee nnoott ffoouunndd.., temos uma família de soluções de 1 parâmetro. Já no EErrrroorr!! RReeffeerreennccee ssoouurrccee nnoott ffoouunndd.., a família de soluções é de 2 parâmetros (possui duas constantes de integração, que são ou C1 e C2, ou C2 ou C3 (pois fizemos com que 13 4 CC = ). Solução particular Para cada valor particular das constantes de integração C1, C2, ... Cn, de uma equação diferencial de n-ésima ordem, pode ser obtida uma ssoolluuççããoo ppaarrttiiccuullaarr da equação diferencial ordinária. Muitos problemas requerem uma ssoolluuççããoo ppaarrttiiccuullaarr. Dizemos que tais problemas costumam estar submetidos a certas condições adicionais, mais conhecidas como ccoonnddiiççõõeess iinniicciiaaiiss ou ccoonnddiiççõõeess ddee ccoonnttoorrnnoo. A diferença entre estes dois termos está relacionada com o intervalo, I, para o qual está definida certa equação diferencial ordinária. CCoonnddiiççõõeess iinniicciiaaiiss são valores atribuídos para x, para y ou para quaisquer de suas derivadas y’, y”, ..., y(n), que permitem encontrar as n constantes de integração C1, C2, ... Cn,. De uma maneira mais simples, podemos dizer que: Dica! Problemas de vvaalloorr iinniicciiaall ((PPVVII)) (ou de condição inicial) se referem a equações diferenciais em que a variável dependente e/ou suas derivadas sejam função de uumm mmeessmmoo vvaalloorr para a vvaarriiáávveell iinnddeeppeennddeennttee. EExxeemmpplloo 77:: 27 O problema " ' 2y y x− = , com ( )' 0 1y = e ( )0 2y = é um problema de valor inicial, pois o valor da variável independente é 0x = , seja quando ' 1y = , seja para quando 2y = . Por sua vez, podem ser dadas n ccoonnddiiççõõeess ddee ccoonnttoorrnnoo em ( )y f x= e suas derivadas para os extremos do intervalo :I a x b< < , ou seja, para x = a e para x = b. Dica! Problemas de vvaalloorr ddee ccoonnttoorrnnoo ((PPVVCC)) (ou de condições de contorno) se referem a equações diferenciais em que a variável dependente e/ou suas derivadas sejam função de vvaalloorreess ddiiffeerreenntteess para a vvaarriiáávveell iinnddeeppeennddeennttee. EExxeemmpplloo 88:: O problema " ' 2y y x− = , com ( )' 0 1y = e ( )2 5y = é um problema de condições de contorno, pois o valor da variável independente é 0x = para ' 1y = , mas é definido como 2x = quando 5y = . Ou seja, os valores das variáveis independentes diferem; neste caso há dois pontos diferentes, 0x = e 2x = . EExxeemmpplloo 99:: Ainda citando o EErrrroorr!! RReeffeerreennccee ssoouurrccee nnoott ffoouunndd.., encontremos uma solução particular para a equação diferencial ordinária ( )2' 'y xy y= + , com a condição inicial ( )3 0y = . Essa condição inicial tem a seguinte apresentação geral ( )f x y= , ou seja, nesse caso, 0y = quando 3x = . SSoolluuççããoo:: 28 Este é um problema de valor inicial, pois o valor da variável independente é definido em apenas um ponto, ou seja, 3x = . Aplicando ( ) ( ), 3,0x y = em ( )y C x C= + , obteremos, para 3C = − , a solução ( )y C x C= + se tornará 3 9y x= − + . Dizemos que 3 9y x= − + é uma solução particular para a equação diferencial ordinária ( )2' 'y xy y= + . EExxeemmpplloo 1100:: Determine a solução particular para a equação diferencial de primeira ordem ' 1y y− = , considerando que 2y = quando 0x = . SSoolluuççããoo:: Mais uma vez, temos um problema de valor inicial, uma vez que se define apenas um ponto da variável independente, ou seja, quando 0x = . Façamos uso da notação de Leibniz, prosseguindo com a separação das variáveis. 1 1 1 dy dy dyy y dx dx dx y − = → = + → = + Integremos ambos os lados: ln 1ln 1 1 1 1 y x C x x dy dx y x C e e y y Ce y Ce + += → + = + → = + → + = → = − ∫ ∫ A solução geral é 1xy Ce= − , para 1 0y + > , ou 1y > − , condição do ( )ln 1y + . Agora, aplicando os valores de 2y = e 0x = , poderemos encontrar o valor da constante de integração C : 01 2 1 3xy Ce Ce C= − → = − → = Finalmente, para obter a solução particular, basta usar o valor da constante de integração encontrado na solução geral obtida: 3 1xy e= − 29 Esta é a solução particular: 3 1xy e= − , para 1y > − . EExxeemmpplloo 1111:: Determine a solução particular para a equação diferencial de segunda ordem " 3 2y x= + , considerando que 4y = e ' 1y = , quando 0x = . SSoolluuççããoo:: Outra vez, temos um problema de valor inicial, quando 0x = . Façamos uso da notação de Leibniz, prosseguindo com a separação das variáveis. ( ) 2 2 '3 2 3 2 ' 3 2d y dyx x dy x dx dx dx = + → = + → = + Integremos ambos os lados: ( ) 2 1 3' 3 2 ' 2 2 xdy x dx y x C= + → = + +∫ ∫ Novamente, passemos à notação de Leibniz, separemos as variáveis e integremos ambos os lados: 2 2 1 1 2 1 3 2 1 2 3 32 2 2 2 3 2 2 2 dy x xx C dy x C dx dx xdy x C dx xy x C x C ⎛ ⎞ = + + → = + +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎛ ⎞ → = + +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ → = + + + ∫ ∫ A solução geral é 3 2 1 22 xy x C x C= + + + . Agora, aplicando os valores de ' 1y = e 0x = , poderemos encontrar o valor da constante de integração 1C usando a equação que ainda tem a derivada primeira de y : ( ) ( ) 22 1 1 1 3 03' 2 1 2 0 1 2 2 xy x C C C= + + → = + + → = 30 Aplicando os valores de 4y = e 0x = e 1 1C = , na solução geral, poderemos encontrar o valor da constante de integração 2C : ( ) ( ) ( )( ) 33 22 1 2 2 2 0 4 0 1 0 2 2 4 xy x C x C C C = + + + → = + + + → = Finalmente, para obter a solução particular, basta usar os valores das constantes de integração encontrados na solução geral obtida: 3 3 2 2 1 2 42 2 x xy x C x C y x x= + + + → = + + + Esta é a solução particular: 3 2 4 2 xy x x= + + + . EExxeemmpplloo 1122:: Resolva a EDO de 2ª ordem " 0y x− = , com y(0) = 1 e y(1) = 3. SSoolluuççããoo:: Desta vez, temos um problema de valor de contorno, uma vez que estamos trabalhando com dois pontos, quais sejam, 0x = e 1x = . Usando a notação de Leibniz, façamos a separação das variáveis e integremos ambos os lados 2 1 '" 0 ' ' 2 dyy x x dy xdx dx xy C − = → = → = → = + ∫ ∫ Observe que fizemos um certo “arranjo” para facilitar a integração: mantivemos a primeira derivada na notação de Lagrange, e a segunda derivada na notação de Leibniz. Assim, obtivemos uma primeira derivada em função de x. Agora, usemos novamente a notação de Leibniz, para a primeira derivada obtida, façamos a separação das variáveis e integremos ambos os lados mais uma vez: 31 2 2 2 1 1 1' 2 2 2 x dy x xy C C dy C dx dx ⎛ ⎞ = + → = + → = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ∫ ∫ 3 1 26 xy C x C→ = + + Esta é a solução geral da equação. Veja que essa solução representa uma família de soluções de 2 parâmetros (por possuir 2 constantes). Agora, apliquemos as condições de contorno: Para 0x = , 1y = , teremos: ( ) 3 3 1 2 1 2 2 01 0 6 6 1 xy C x C C C C = + + → = + + → = Para 1x = , 3y = , teremos: ( ) 3 3 1 2 1 2 1 2 13 1 6 6 17 6 xy C x C C C C C = + + → = + + → + = Como 2 1C = , então: 1 2 1 1 17 171 6 6 11 6 C C C C + = → + = → = Aplicando na solução geral, teremos a solução particular: 3 3 1 2 11 1 6 6 6 x x xy C x C y= + + → = + + Solução singular A maior parte das equações diferenciais ordinárias possui soluções que não pertencem à sua família de solução. Para as soluções deste tipo, damos o nome de ssoolluuççõõeess ssiinngguullaarreess. 32 Dica! A ssoolluuççããoo ssiinngguullaarr de uma equação diferencial ordinária não consegue ser obtida a partir da família de soluções da mesma, nem mesmo se fixando quaisquer parâmetros nesta família de soluções. Trata-se de uma ssoolluuççããoo eexxttrraa. EExxeemmpplloo 1133:: Uma solução singular para o EErrrroorr!! RReeffeerreennccee ssoouurrccee nnoott ffoouunndd.. de que viemos tratando é 2 4 xy = − . Esta solução não pode ser obtida de forma alguma partindo-se da família de soluções ( )y C x C= + , onde C é uma constante, para a equação diferencial ordinária ( )2' 'y xy y= + . Mais uma vez, você pode verificar que 2 4 xy = − é uma solução da referida equação diferencial, derivando-a e aplicando os termos apropriados nela para verificar a identidade. Sistemas de equações diferenciais ordinárias Dica! Um ssiisstteemmaa ddee eeqquuaaççõõeess ddiiffeerreenncciiaaiiss oorrddiinnáárriiaass envolve duas ou mais funções com duas ou mais variáveis dependentes e suas derivadas com relação a uma só variável independentes. ( ) ( ) 2 2 , , , , dy f x y z dx d z f x y z dx ⎧ =⎪⎪ ⎨ ⎪ = ⎪⎩ 33 No sistema acima, x é a variável independente, e y e z são as variáveis dependentes. Saiba que normalmente são necessárias tantas equações diferenciais quantas forem as funções a se determinar, embora cada função determinada possa possuir uma quantidade diferente de constantes de integração, que depende apenas da ordem de cada equação diferencial.8 Assim, usando o exemplo, um sistema constituído de uma equação diferencial ordinária de primeira ordem, cuja solução possui uma constante de integração, e de uma de equação diferencial ordinária de segunda ordem, cuja solução possui duas constantes de integração, teria como solução: ( ) ( ) 1 2 3 , , , , , , , y f x y z C z f x y z C C =⎧⎪ ⎨ =⎪⎩ As funções acima devem satisfazer concomitantemente as equações diferenciais do sistema dado. Guarde essa ideia! Entretanto, a solução de um sistema de equações diferenciais ordinárias pode ser reduzida aa uummaa ssiimmpplleess eeqquuaaççããoo ddiiffeerreenncciiaall ccuujjaa oorrddeemm sseejjaa aa ssoommaa ddaass ccoonnssttaanntteess ddee iinntteeggrraaççããoo qquuee ppoossssuueemm, uma a uma, as soluções das equações diferenciais do sistema. Isso é feito através da eliminação das variáveis dependentes e de suas derivadas em cada equação. Finalmente, todo sistema de equações ordinárias pode ser reduzido a um sistema constituído de tantas equações ordinárias de pprriimmeeiirraa oorrddeemm quantas forem as constantes de integração, através da introdução de derivadas de ordem mais alta como novas variáveis. EExxeemmpplloo 1144:: 8 Lembremos que o número de constantes de integração que possui a solução geral de uma equação diferencial ordinária é igual à ordem da mesma. Assim, uma equação diferencial ordinária de terceira ordem possui uma família de soluções de 3 parâmetros (os parâmetros são justamente as constantes de integração). 34 Resolva o sistema de equações diferenciais a seguir: 4 2dx x y dt dy x y dt ⎧ = −⎪⎪ ⎨ ⎪ = + ⎪⎩ SSoolluuççããoo:: A solução deverá ser do tipo ( ), , 0f x y t = , considerando que a variável independente é t e as variáveis dependentes são x e y . Para resolver, isolemos inicialmente a variável x de uma das equações dadas. No caso, isolaremos x na segunda equação: dyx y dt = − Ainda aproveitando a segunda equação, obtenhamos a segunda derivada de y em relação a t : 2 2 dy d y dx dyx y dt dt dt dt = + → = + Assim, substituindo dx dt da primeira equação do sistema e x obtida há pouco, na equação que possui segunda derivada: 2 2 2 2 2 2 4 2 4 2 d y dx dy d y dyx y dt dt dt dt dt d y dy dyy y dt dt dt = + → = − + ⎛ ⎞ → = − − +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ 2 2 2 25 6 5 6 0 d y dy d y dyy y dt dt dt dt → = − → − + = Na notação de Lagrange: " 5 ' 6 0y y y− + = Esta é uma equação diferencial de 2ª ordem, cuja solução será estudada em breve, mas que antecipamos: 35 3 2 1 2 3 21 22 t t t t x C e C e Cy e C e ⎧ = + ⎪ ⎨ = +⎪⎩ ` Observe que, como já comentamos anteriormente, a partir de duas equações diferenciais de 1ª ordem, reduzimos o sistema a uma equação diferencial de 2ª ordem. TÉCNICAS DE RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE 1ª ORDEM (1ª PARTE) Há realmente inúmeros tipos de equações diferenciais de primeira ordem, e, dentre elas, é possível obter a solução de algumas específicas. Você estudará alguns destes tipos de equações, cujas soluções podem ser obtidas através de técnicas específicas: as equações diferenciais de 1ª ordem separáveis, as exatas, as homogêneas e as lineares. Você estudará inicialmente os dois primeiros tipos, ou seja, as separáveis e as exatas. Desenvolveremos técnicas que nos levem a obter uma equação separável a partir de uma que inicialmente não o seja. Chamamos a isso de reduzir uma equação diferencial a uma separável. Apresentaremos também algumas equações exatas que costumam serem reconhecidas de imediato, bastando para isso uma ligeira inspeção. Já falamos que são inúmeras as formas de equações diferenciais existentes. Porém também vimos que as soluções das mesmas podem ser bastante difíceis de serem obtidas, havendo apenas alguns métodos que tornem mais fácil sua determinação. Em função disso, introduziremos o conceito de fator integrante. Você conhecerá alguns fatores integrantes mais comuns e como fazer uso deles, e, finalmente, aprenderemos como determinar certos fatores integrantes que possam vir a ser úteis na resolução das equações diferenciais ordinárias. Equações separáveis Até aqui, todos os exemplos dados tratam de equações diferenciais, sejam de primeira ou de segunda ordem (neste caso, por uma questão didática apenas), cujas variáveis são separáveis. 36 Muitas equações diferenciais de primeira ordem são separáveis, e, quando não o são, às vezes é possível reduzi-las a equações separáveis. Você estudará isso mais adiante. As equações de primeira ordem separáveis costumam tomar a forma geral: ( ) ( )dy g x f y dx = EEqq.. 1144 ou ( ) ( ) g xdy dx f y = Desta maneira, facilmente se observa que um rearranjo permite separar as variáveis de modo que a variável dependente (e sua derivada) fique em um membro da equação e a variável independente (e sua derivada) fique no outro: ( ) ( )dy g x dx f y = EEqq.. 1155 ou ( ) ( )f y dy g x dx= Isso nos permite integrar, geralmente sem maiores dificuldades: ( ) ( )dy g x dx f y =∫ ∫ EEqq.. 1166 ou ( ) ( )f y dy g x dx=∫ ∫ 37 EExxeemmpplloo 1155:: Resolva a equação diferencial ordinária ' 2 0y x− = . SSoolluuççããoo:: Esta é uma equação separável. Vamos, primeiramente, colocá-la na notação de Leibniz: 2 0dy x dx − = Agora, vamos “separá-la” para poder resolvê-la. Por “separar”, entendemos que deveremos colocar os termos de y e suas diferenciais em um membro da equação, e os termos de x e suas diferenciais no outro membro. Assim: 2 0 2 2 dy dyx x dx dx dy xdx − = → = → = A equação agora está com as variáveis e suas diferenciais “separadas”. Resta- nos resolvê-la. Para isso, vamos integrar ambos os membros: 2 2 2dy xdx dy xdx y x C = → = → = + ∫ ∫ Observe que ambos os lados da equação gerariam constantes de integração, mas, uma vez que são constantes, e a soma de duas constantes, como já comentado anteriormente, é igual a uma constante, representamos tal constante apenas no 2º membro. A solução encontrada é uma solução geral, ou ainda, uma família de soluções de 1 parâmetro (por possuir uma constante apenas). EExxeemmpplloo 1166:: Resolva a equação diferencial ordinária sen 0dy y x dx + = . SSoolluuççããoo:: 38 Vamos separar os termos da equação: sen 0 sen sen dy dyy x y x dx dx dy xdx y + = → = − → = − Uma vez separados os termos, integremos: 1 sen sen ln cos dy dyxdx xdx y y y x C = − → = − → = − + ∫ ∫ Ainda podemos aplicar o exponencial e obter: ( )1 1 cosln 1 cos cos 2 ln cos . x Cy Cx x y x C e e y e e y C e − += − + → = → = − → = − Onde 1 2 CC e= . Esta é a solução geral, na forma de uma família de soluções de 1 parâmetro. Equações redutíveis a separáveis Mas, como dizíamos, há equações que não podem ser separadas de forma direta, sendo, entretanto, possível, por vezes, a separação das variáveis (e de suas derivadas) em membros distintos da equação, fazendo-se uso de uma simples mudança de variáveis. Isto vale somente para equações que possuem a forma: dy yf dx x ⎛ ⎞= ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ EEqq.. 1177 Para poder resolver equações diferenciais deste tipo, a forma apresentada na Eq. 17 nos leva a fazer uma substituição do tipo: 39 yu y ux x = → = EEqq.. 1188 Esta substituição se nos apresenta com a derivada: ' 'y u x u= + EEqq.. 1199 ou dy du x u dx dx = + Substituindo a Eq. 19 na 17, teremos: ( )'u x u f u+ = EEqq.. 2200 Dessa forma, poderemos separar as variáveis, o que nos permite integrar ambos os lados da equação para obter a solução geral da equação diferencial. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ' ' ' u x u f u u x f u u f u u u x f u udu dx x du dx f u u x du dx f u u x + = → = − − → = − → = → = − → = −∫ ∫ ( ) ( ) du dx du dx f u u x f u u x = → = − −∫ ∫ EEqq.. 2211 40 A prática, entretanto, nos permite perceber que é possível outras substituições simples, a fim de se obter uma solução geral ou particular de uma equação diferencial. EExxeemmpplloo 1177:: Resolva a equação diferencial ( )2 22 ' 2 0x y y xy− + = . SSoolluuççããoo:: Não é possível separar as variáveis desta equação. Assim, façamos a substituição sugerida pela Eq. 18, mas primeiro rearranjemos a equação, multiplicando-a por dx : ( ) ( )2 2 2 22 2 0 2 2 0dyx y xy x y dy xydxdx− + = → − + = Agora, dividamos a equação por 2x : 2 2 2 2 2 2 22 2 0 1 2 2 0 x y xy y ydy dx dy dx x x x x x ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ − + = → − + =⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ Agora, façamos a substituição: ' 'yu y ux y u x u x dy dux u dy xdu udx dx dx = → = → = + → → = + → = + ( )( ) ( ) ( ) [ ] ( ) ( ) 2 2 2 2 3 2 3 2 3 1 2 2 0 1 2 2 0 2 2 2 0 2 3 2 0 1 2 3 2 0 y ydy dx u xdu udx udx x x xdu udx xu du u dx udx x xu du u u dx dxx u du u u x ⎛ ⎞ − + = → − + + =⎜ ⎟ ⎝ ⎠ → + − − + = → − + − = ÷ → − + − = 41 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 3 2 2 2 2 2 1 2 3 2 1 2 3 2 2 3 2 3 2 4 3 3 3 2 u dxdu xu u u dxdu xu u du udu dx xu u u du udu dx u xu − → = − − − → = − − → − = − − − → − = − − ( ) ( ) 2 2 4 3 3 3 2 1 1ln ln 3 2 ln 3 3 du udu dx u xu u u x C → − = − − → + − = − + ∫ ∫ ∫ ( )2ln ln 3 2 3lnu u x C→ + − + = ( )2ln ln 3 2 3lnu u x Ce e+ − +→ = ( )2 33 2u u x C→ − = Retornando à substituição: ( ) ( ) 2 2 3 3 2 3 2 2 3 2 3 2 3 2 3 2 y yu u x C x C x x x y y C y x y C ⎡ ⎤⎛ ⎞ − = → − =⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎝ ⎠⎢ ⎥⎣ ⎦ → − = → − = Esta é a solução geral: ( )2 23 2y x y C− = , para 0yx > e 2 3 2 0y x ⎡ ⎤⎛ ⎞ − >⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎝ ⎠⎢ ⎥⎣ ⎦ ou 2 23 2 y x> . EExxeemmpplloo 1188:: 42 Resolva a equação diferencial 2 22dy y xy x dx = − + . SSoolluuççããoo:: Temos, inicialmente, um produto notável no segundo membro, que podemos deixá-lo assim: ( )2dy y x dx = − Agora, façamos a substituição ' ' 1u y x y u x y u= − → = + → = + : ( ) ( )2 2 2 2 2 2 ' ' 1 ' 1 1 1 1 dy y y x u u x x dx u u du u dx du u dx du dx u = = − → + = + − → + = → + = → = − → = − Integremos ambos os lados:9 2 21 1 1 1ln 2 1 du dudx dx u u u x C u = → = − − −⎛ ⎞ → = +⎜ ⎟+⎝ ⎠ ∫ ∫ ( ) 1ln 2 2 21 2 2 1ln 2 1 . 1 1 1 1 u x C x C xu x x u x C u e e e e Ce u Ce u u u Ce −⎛ ⎞ ⎜ ⎟ ++⎝ ⎠ −⎛ ⎞ → = +⎜ ⎟+⎝ ⎠ → = = = −⎛ ⎞ → =⎜ ⎟+⎝ ⎠ → = + + Retornando à substituição: 9 Lembre-se de que 2 2 1 ln , 2 du u a a u au a −⎛ ⎞= ⎜ ⎟+− ⎝ ⎠∫ com 2 2u a> . 43 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 x x x x x x x x x x x x x x u u Ce y x y x Ce y x y x Ce y x yCe xCe Ce y yCe x xCe Ce y Ce x Ce Ce Cey x Ce = + + → − = + − + → = + + − + → = + + − + → − = − + + → − = − + + + → = + − Esta pode ser considerada a solução geral: 2 2 1 1 x x Cey x Ce + = + − , para ( )2 1y x− > , condição do logaritmo que aparece no desenvolvimento. Equações diferenciais exatas O conceito de equações diferenciais exatas foi abordado nas equações 7 a 12. O que trataremos aqui é de uma forma para obter a solução geral deste tipo de equações diferenciais de primeira ordem. Se compararmos a Eq. 8 com a 9, teremos que: 0du = EEqq.. 2222 Se integrarmos em ambos os lados, obteremos a solução geral da Eq. 22: ( ),u x y C= EEqq.. 2233 Já vimos que, comparando a Eq. 7 com a 8, teremos que: eu uM N x y ∂ ∂ = = ∂ ∂ EEqq.. 1100 Supondo que M e N sejam definidas com derivadas parciais de primeira ordem contínuas em uma dada região 2° sem pontos duplos, poderemos dizer que: 44 2 2 eM u N u y y x x x y ∂ ∂ ∂ ∂ = = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ EEqq.. 1111 Como, pelo TTeeoorreemmaa ddee CCllaaiirraauutt--SScchhwwaarrzz, as derivadas parciais de segunda ordem nos segundos membros da Eq. 11 são equivalentes, então: M N y x ∂ ∂ = ∂ ∂ EEqq.. 2244 Esta é a condição necessária para que a Eq. 7 seja uma diferencial total, e, dessa forma, poderemos obter uma solução para a mesma da seguinte forma (ver Eq. 10): ( )u Mdx f y= +∫ EEqq.. 2255 Onde ( )f y é uma constante de integração que não depende de x . Para encontrar o valor de ( )f y , basta derivar parcialmente a Eq. 25 obtida em relação a y e comparar com N. O procedimento contrário também é possível, ou seja: ( )u Ndy g x= +∫ EEqq.. 2266 Onde ( )g x é uma constante de integração que não depende de y. Para encontrar o valor de ( )g x , basta derivar parcialmente a Eq. 26 obtida em relação a x e comparar com M. Equações redutíveis a exatas - fatores integrantes 45 Falemos um pouco sobre fatores integrantes. Da mesma forma que aprendemos a reduzir equações diferenciais que não são separáveis a equações separáveis, determinadas equações diferenciais que não são exatas também podem ser reduzidas a exatas. Esse procedimento é realizado através do uso do que chamamos de ffaattoorreess iinntteeggrraanntteess.. Trata-se de um artifício que envolve normalmente a multiplicação da referida equação por um determinado fator, quando não a necessidade de um rearranjo. Há equações diferenciais do tipo visto na Eq. 7 que não são exatas, mas que podem se tornar exatas através da multiplicação das mesmas pelo que chamamos de fatores integrantes. Os fatores integrantes tornam as equações exatas, quando estas não o são originalmente, embora se aparentem à Eq. 7. ( ) ( ), , 0M x y dx N x y dy+ = EEqq.. 77 A condição necessária para que exista um ou mais fatores integrantes para uma dada equação diferencial é que, se a Eq. 7 não é exata, deve possuir uma solução geral do tipo da Eq. 23: ( ),u x y C= EEqq.. 2233 Uma demonstração simples disso é feita ao se obter a ddeerriivvaaddaa ttoottaall da função ( ),u x y C= : 0u udu dx dy x y ∂ ∂ = + = ∂ ∂ EEqq.. 99 Comparando a Eq. 9 com a 7, e, se existe mesmo um fator integrante F, então: eu uFM FN x y ∂ ∂ = = ∂ ∂ EEqq.. 2277 de maneira que a Eq. 9 fica assim: 46 ( ) 0du F Mdx Ndy= + = EEqq.. 2288 Confirmando a existência de um fator integrante F. Em outras palavras, se existe um fator integrante F, então, ( ) ( ), , 0FM x y dx FN x y dy+ = EEqq.. 2299 É exata. Observe ainda que, ao multiplicarmos ambos os membros da Eq. 29 por qualquer função ( )g u , obteremos um novo fator integrante ( )g u F . Dessa forma, poderemos dizer que há um número infinito de fatores integrantes para equações do tipo da Eq. 7, que possua solução geral do tipo ( ),u x y C= . Para determinarmos alguns fatores integrantes, consideremos que, pela Eq. 24 combinada com a Eq. 29, teremos: ( ) ( )FM FN y x ∂ ∂ = ∂ ∂ EEqq.. 3300 Para Pesquisar Se você quiser, pesquise inúmeros fatores integrantes tabelados, alguns deles apropriados para determinados tipos de equações diferenciais, em livros e bibliografia especializada. Pergunte ao seu professor. Também há técnicas para se determinar alguns fatores integrantes, dadas algumas situações comuns (equações diferenciais mais comuns). Também é farta a bibliografia instruindo sobre essas técnicas. TÉCNICAS DE RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE 1ª ORDEM (2ª PARTE) 47 Agora, relembrando o conceito de equações diferenciais lineares, homogêneas ou não (classificação das equações diferenciais), desenvolveremos técnicas para resolver as equações lineares, envolvendo, inicialmente, a distinção de se essas equações são ou não homogêneas, seguindo-se a identificação de se são exatas ou não, e, quando não, promovendo-se o uso de fatores integrantes. Em seguida, avaliaremos a resolução de equações lineares como equações separáveis, aplicando técnicas de redução a separáveis. Equações diferenciais lineares de primeira ordem homogêneas As equações diferenciais lineares de primeira ordem apresentam a forma geral: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 0'f x y x f x y x g x+ = EEqq.. 3311 Ou, na notação de Leibniz: ( ) ( ) ( )1 0 dya x a x y g x dx + = EEqq.. 3322 As formas acima se apresentam lineares em y e em y’. Os coeficientes f1, f0, ou a1, a0, bem como a função g, por sua vez, podem ser quaisquer funções de x. Dica! EEqquuaaççõõeess ddiiffeerreenncciiaaiiss ll iinneeaarreess são equações em que todos os coeficientes de y (variável dependente) e suas derivadas, como y’, são funções apenas de x, ou seja, da variável independente, podendo até serem constantes; por sua vez, a variável y, bem como suas derivadas, deve ser de grau zero ou de primeiro grau. Serão de pprriimmeeiirraa oorrddeemm se a derivada mais alta for de primeira ordem. 48 Também já falamos, anteriormente, que, se ( ) 0g x = , a equação é chamada de homogênea, não o sendo se ( ) 0g x ≠ . Podemos ampliar esse conceito, dizendo que, se ( ) 0g x ≡ , ou seja, ( ) 0g x = para todo x no domínio de g, a equação também é chamada de homogênea. Dica! EEqquuaaççõõeess ddiiffeerreenncciiaaiiss hhoommooggêênneeaass são aquelas em que há uma função da variável independente x que não é coeficiente nem da variável dependente y nem de nenhuma de suas derivadas. A determinação de uma fórmula para uma solução geral deste tipo de equação diferencial é muito fácil, uma vez que a equação é separável. Assim, por uma questão de simplificação, seja a equação diferencial linear de primeira ordem hhoommooggêênneeaa: ( )' 0y f x y+ = EEqq.. 3333 Separando suas variáveis e iinntteeggrraannddoo ambos os membros, obteremos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )ln ' 0 0 ln f x dx C f x dxy dy dyy f x y f x y f x dx dx y dy f x dx y f x dx C y e e y Ce− + − + = → + = → = − → = − → = − + ∫ ∫→ = → = ∫ ∫ ∫ 49 Para 0y ≠ (denominador) e 0y > (logaritmo).10 Chegamos à solução geral para uma eeqquuaaççããoo ddiiffeerreenncciiaall ll iinneeaarr ddee pprriimmeeiirraa oorrddeemm hhoommooggêênneeaa: ( )f x dxy Ce−∫= EEqq.. 3344 Redução de equações diferenciais lineares de primeira ordem homogêneas a equações separáveis É possível se reduzir algumas equações exatas (Eq. 7) homogêneas a equações separáveis. ( ) ( ), , 0M x y dx N x y dy+ = EEqq.. 77 Para isso, podemos usar uma substituição do tipo: yu y ux dy udx xdu x = → = → = + EEqq.. 3355 Um rearranjo da Eq. 7, através de sua multiplicação e divisão simultânea pela variável independente x, nos dará: 1 11, 1, 0 y yx M dx N dy x x ⎡ ⎤⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ = →⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎢ ⎥ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎣ ⎦ ( ) ( )1 11, 1, 0M u dx N u dy+ = EEqq.. 3366 Usando as substituições da Eq. 36, 10 CC e= ± , quando y > 0 ou y < 0 respectivamente. Ainda pode ser considerada a solução singular ou trivial, ou seja, em que C = 0. 50 ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1, 1, 0 1, 1, 0 1, 1, 1, 0 1, 1, 1, 1, 1, 1, M u dx N u dy M u dx N u udx xdu M u dx uN u dx xN u du dx M u uN u xN u du N u dudx x M u uN u + = → + + = → + + = → + = − →⎡ ⎤⎣ ⎦ = − + Chegaremos à possibilidade de separar as variáveis: ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1, 0 1, 1, N u dudx x M u uN u + = + EEqq.. 3377 EExxeemmpplloo 1199:: Verifique se a equação abaixo é homogênea. Sendo, determine o seu ggrraauu ddee hhoommooggeenneeiiddaaddee1111 e encontre sua equação primitiva. dyy x x dx − = SSoolluuççããoo:: Primeiramente, vamos rearranjar essa equação, isolando a derivada: dy y x dx x − = Esta equação diferencial é homogênea, se ( ) ( ), ,f x y f tx ty= , sendo que ( ),f x y se refere à derivada dy dx . Assim: ( ), y xf x y x − = e 11 Grau de homogeneidade é a potência que o termo t aparece ao se desenvolver a expressão ( ) ( ), ,f x y f tx ty= . 51 ( ) ( ), t x yty tx y xf tx ty tx tx x −− − = = = Logo, ( ) ( ), ,f x y f tx ty= . Como t ficou elevado à primeira potência, então esta equação é homogênea de primeiro grau. Usando o procedimento da Eq. 35 (substituição de variáveis): yu y ux dy udx xdu x = → = → = + ( ) 1 1 dy y x udx xdu ux x udx xdu u dx x dx x dx udx xdu u dx udx xdu udx dx dxxdu dx du x − + − + = → = → = − → + = − → + = − → = − → = − Integrando: lndx dxdu du u x C x x = − → = − → = − +∫ ∫ Retornando a substituição de variáveis: ( ) ln ln ln 1ln ln yu x C x C y x x Cx x y x x C y x C x = − + → = − + → = − + ⎛ ⎞ → = − + → = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ SSoolluuççããoo aalltteerrnnaattiivvaa:: Esta solução é mais simples. Uma vez que a equação diferencial a ser estudada se aparenta com a Eq. 7: ( , ) ( , ) 0M x y dx N x y dy+ = Eq. 7 ( ) 0dy y x x y dx xdy dx x − = → − + = Onde M x y= − e N x= . Como a equação é homogênea de primeiro grau, poderemos dividi-la por x , obtendo: 52 ( ) 0x y dx dy x − + = Em que teremos ( )1 x y M x − = e 1 1N = . Mas, com a substituição de variáveis da Eq. 35, em que yu x = , ( ) 1 1 x y x yM u x x x − = = − = − . Agora, usando a Eq. 37: ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1, 0 1, 1, N u dudx x M u uN u + = + Eq. 37 Teremos: 0 1 dx du dx dxdu du x u u x x + = → = − → = − − + Uma integração e o retorno das variáveis levam à mesma solução obtida anteriormente. Este caminho é mais rápido para se obter a equação primitiva, porém se deve-se seguir os seguintes passos: a) Determinar o grau de homogeneidade; b) Escrever a equação no formato de equação diferencial exata e dividir a equação exata por x elevado ao grau de homogeneidade; c) Fazer a substituição de variáveis proposta pela Eq. 35, definindo 1M e 1N ; d) Aplicar a Eq. 37; e) Integrar; f) Retornar as variáveis. Veja outros exemplos, querido (a) aluno (a): 53 EExxeemmpplloo 2200:: Verifique se a equação abaixo é homogênea. Sendo, determine o seu grau de homogeneidade e encontre sua equação primitiva. 2 22dy x y dx xy + = SSoolluuççããoo:: a) Verificando a homogeneidade da equação e determinando seu grau de homogeneidade: ( ) 2 22, x yf x y xy + = ( ) ( ) ( ) ( )2 2 2 2 22 2 2 2 2 2 2, t x ytx ty t x t yf tx ty txty txty t xy ++ + = = = Como ( ) ( ), ,f x y f tx ty= , a equação é homogênea. Como surgiu o termo 2t , este é o grau de homogeneidade, ou seja, a equação é homogênea do segundo grau. b) Escrevendo a equação no formato de equação diferencial exata e, posteriormente, dividindo-a por 2x : ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0 2 0 1 2 0 dy x y x y dx xydy dx xy x y xydx dy x x y ydx dy x x + = → + − = + → − = ⎛ ⎞ → + − =⎜ ⎟ ⎝ ⎠ c) Façamos a substituição de variáveis yu x = , e teremos: ( ) 2 2 21 2 0 1 2 0 y ydx dy u dx udy x x ⎛ ⎞ + − = → + − =⎜ ⎟ ⎝ ⎠ 54 Em que 21 1 2M u= + e 1N u= − . d) Aplicando na Eq. 37: ( ) ( ) ( ) 1 2 2 1 1 2 1, 0 0 1, 1, 1 2 0 1 N u dudx dx udu x M u uN u x u u dx udu x u − + = → + = + + − → − = + e) Com as variáveis separadas, poderemos integrar: 2 201 1 dx udu dx udu x u x u − = → = + +∫ ∫ A integral do segundo membro da equação pode ser resolvida por uma substituição simples de variáveis: 21 2 2 dm dmm u u du du u = + → = → = Aplicando: 21 2 1 2 1ln ln 2 dx udu dx udm x u x um dx dm x m x m C = → = + → = → = + ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ Aplicando exponencial: ( ) ( ) 1 21 1 1 lnln ln2 1 1 2 22 2 2 2 3 1ln ln . 2 m C Cx mx m C e e x e e x C m x C m x C m + = + → = → = → = → = → = f) Retornando as variáveis: 55 ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 2 3 3 3 2 4 4 2 2 2 2 3 3 2 2 4 2 4 2 4 4 2 2 2 4 1 1 1 yx C m x C u x C x xx C x y x y C x y C x y C x x y x C x ⎛ ⎞ = → = + → = +⎜ ⎟ ⎝ ⎠ → = + → + = → + = → = − → = − EExxeemmpplloo 2211:: Verifique se a equação abaixo é homogênea. Sendo, determine o seu grau de homogeneidade e encontre sua equação primitiva. Ao final, determine a solução particular para o problema de valor inicial (PVI), em que ( )0 1y = 2 2 2 2dy xy x dx x y + = − + SSoolluuççããoo:: a) Verificando a homogeneidade da equação e determinando seu grau de homogeneidade: ( ) 2 2 2 2, xy xf x y x y + = − + ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 22 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 . , t xy xtx ty tx t xy t xf tx ty t x t y t x ytx ty ++ + = − = − = − + ++ 56 Como ( ) ( ), ,f x y f tx ty= , a equação é homogênea. Como surgiu o termo 2t , este é o grau de homogeneidade, ou seja, a equação é homogênea do segundo grau. b) Escrevendo a equação no formato de equação diferencial exata e, posteriormente, dividindo-a por 2x : ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 0 2 0 2 1 1 0 dy xy x xy x dx x y dy dx x y xy x x y dx dy x x y ydx dy x x + = − → + + + = + + + → + = ⎡ ⎤⎛ ⎞ ⎛ ⎞ → + + + =⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎢ ⎥⎣ ⎦ c) Façamos a substituição de variáveis yu x = , e teremos: ( ) ( ) 2 22 1 1 0 2 1 1 0y ydx dy u dx u dy x x ⎡ ⎤⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + + = → + + + =⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎢ ⎥⎣ ⎦ Em que 1 2 1M u= + e 2 1 1N u= + . Observe que, mais uma vez, propositalmente, não substituímos dy udx xdu= + , a afim de que pudéssemos usar diretamente a Eq. 37, no próximo passo. d) Aplicando na Eq. 37: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 1 2 1 1 2 3 11, 0 0 1, 1, 2 1 1 1 0 3 1 u duN u dudx dx x M u uN u x u u u u dudx x u u + + = → + = + + + + + → + = + + e) Com as variáveis separadas, poderemos integrar: ( ) ( )2 2 3 3 1 1 0 3 1 3 1 u du u dudx dx x u u x u u + + + = → = − + + + +∫ ∫ A integral do segundo membro da equação pode ser resolvida por uma substituição simples de variáveis: 57 ( ) 3 2 2 3 1 3 3 3 1 dm dmm u u u du du u = + + → = + → = + Aplicando: ( ) ( ) ( ) 2 2 3 2 1 1 3 1 3 1 1 3 1ln ln 3 u du u dmdx dx x u u x u m dx dm x m x m C + + = − → = − + + + → = − → = − + ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ Aplicando exponencial: ( ) ( ) ( ) 1 31 1 1 lnln ln3 1 1 23 2 1 3 3 3 32 4 1ln ln . 3 m C Cx mx m C e e x e e Cx C m x m C Cx x m m −− + − = − + → = → = → = → = → = → = f) Retornando as variáveis: 3 3 34 4 4 33 3 3 2 3 3 4 4 3 1 3 1 3 1 3 C C Cx x x m u u y y x x y yx C x y x y C x x = → = → = + + ⎛ ⎞+ + ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ ⎡ ⎤⎛ ⎞ → + + = → + + =⎢ ⎥⎜ ⎟ ⎝ ⎠⎢ ⎥⎣ ⎦ g) Determinando o valor da constante 4C em função do PVI em que ( )0 1y = : ( ) ( ) ( ) ( )2 3 32 3 3 4 4 4 3 3 0 1 0 1 1 x y x y C C C + + = → + + = → = Logo, a solução particular para o PVI é: 2 3 3 2 3 3 43 3 1x y x y C x y x y+ + = → + + = 58 Equações diferenciais lineares de primeira ordem não homogêneas Para se determinar uma solução geral para este tipo de equação diferencial, precisamos determinar um ffaattoorr iinntteeggrraannttee que dependa exclusivamente de x. Rearranjemos a Eq. 31: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 0'f x y x f x y x g x+ = Eq. 31 Da seguinte maneira: ( ) ( )'y f x y g x+ = EEqq.. 3388 Ou ( ) ( ) 0dy f x y g x dx + − = → ( ) ( ) 0dy f x y g x dx⎡ ⎤+ − =⎣ ⎦ EEqq.. 3399 Apliquemos um fator integrante que seja dependente exclusivamente de x, ou seja, o fator ( )F x , ( ) ( ) ( ) ( ) 0F x dy F x f x y g x dx⎡ ⎤+ − =⎣ ⎦ EEqq.. 4400 Tornando-a exata, ou seja: ( ) ( ) ( ) ( ){ }F x f x y g xF x x y ⎡ ⎤∂ −∂ ⎣ ⎦= ∂ ∂ 59 Observe, no segundo membro: se ( )F x , ( )f x e ( )g x só dependem de x, derivá-lo parcialmente em relação a y (ou seja, sua derivada parcial em y, y ∂ ∂ ) levará a: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ } ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 0 . 0 1 0 F x f
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