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Direito Civil - Contratos (Noções gerais, Formação, Classificação, Estipulação em favor de 3°; Vícios Redibitórios; Evicção e Extinção do contrato)

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Direito Civil III - Contratos 
I- Teoria Geral dos contratos
1- Introdução
A) Conceito de contrato: É a mais comum e importante fonte das obrigações, visto
que através desse instrumento é possível manifestação da vontade humana nas
obrigações. É uma espécie de negócio jurídico bilateral ou plurilateral 
(precisa de pelo menos duas partes). Portanto, o contrato é um acordo de 
vontades, na conformidade da lei, com a finalidade de adquirir, reguardar, 
transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos.
B) Evolução Histórica: O contrato é tão antigo, que surgiu quando o ser humano
começou a se reunir em sociedade, mas foi instituído durante o direito romano.
Nessa época, o direito romano distinguia o Contrato da Convenção. Ou seja,
a convenção era gênero, e o contrato e o pacto eram espécies. Hoje em dia tais
expressões são empregadas como sinônimas. Afirma ROBERTO DE RUGGIERO que tudo se 
modificou no direito moderno, pois qualquer acordo entre duas ou mais pessoas, 
que tenha por objeto uma relação jurídica, pode ser indiferentemente chamado de 
contrato ou convenção e às vezes pacto, visto este termo ter perdido aquele 
significado técnico e rigoroso que lhe atribuía a linguagem jurídica romana.
O contrato tem uma função social, sendo veículo de circulação da riqueza, centro 
da vida dos negócios e propulsor da expansão capitalista. O Código Civil de 2002 
tornou explícito que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância
com os fins sociais do contrato, implicando os valores primordiais da boa-fé e 
da probidade (arts. 421 e 422).
C) Função Social do contrato: Conforme o princípio da socialidade, o CC adotou
a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do
valor fundamental da pessoa humana. A concepção social surge em consonância do
art.421 do CC " A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato". Trata-se de um dos pilares da teoria contratual,
portanto, a função social do contrato SERVE PRECIPUAMENTE PARA LIMITAR A AUTONOMIA
DA VONTADE QUANDO TAL AUTONOMIA ESTEJA EM CONFRONTO COM O INTERESSE SOCIAL, ONDE
ESTA ÚLTIMA DEVE PREVALECER, AINDA QUE ESSA LIMITAÇÃO POSSA ATINGIR A PRÓPRIA
LIBERDADE DE NÃO CONTRATAR, COMO OCORRE NAS HIPÓTESES DE CONTRATO OBRIGATÓRIO.
Dessa forma é possível perceber que os contratante não podem fazer tudo, e também
pode haver terceiros que não são propriamente partes do contrato, mas possam
nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos.
A função social e a boa-fé objetiva são princípios fundamentais do Código Civil 
2002 - CC. Boa-fé objetiva é horizontal, endógena; enquanto função social é 
vertical, exógena. No contrato, as partes estão em posição horizontal, devendo 
agir com boa-fé objetiva, cooperação, honestidade e lealdade. Engloba apenas os 
contratantes e está nos arts 422, 113, 187. Função social do contrato é a relação
dos contratantes com a sociedade, pois produz efeitos perante terceiros. 
A principal conseqüência jurídica da função social dos contratos é a ineficácia 
de relações que acaba por ofender interesses sociais, a dignidade da pessoa.
Ex: Um acidente de veículo cuja causa tenha sido um defeito mecânico provoca 
prejuízo também a terceiro. Esse prejuízo é de consumo e não de trânsito e 
aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, arts. 12 e 17. O acidente de veículo 
“A” prejudica “B”. E este, por sua vez, pode exigir diretamente da seguradora 
de “A” a reparação. Pelo princípio da função social, a seguradora tem que 
proteger o segurado e todas as pessoas por ele prejudicadas. Sendo assim, o 
prejudicado executa a seguradora.
D) Condições de validade do contrato: Trata-se dos requisitos do contrato que
se subdividem em duas espécies - a) ordem geral, que são requisitos comuns a todo
negócio jurídico (capacidade do agente, objeto lícito, possível, determinado ou
determinável, forma prescrita ou não defesa em lei (art.104 CC); b) ordem 
especial, consentimento recíproco ou acordo de vontades. 
Os requisitos de validade do contrato podem, assim, ser distribuídos em três
grupos - Subjetivos, Objetivos e Formais.
a) Requisitos Subjetivos: Trata-se da manifestação de duas ou mais vontades,
capacidade genérica dos contraentes, aptidão específica para contratar e
o consentimento (pode ser expresso ou tácito). 
b) Requisitos Objetivos: Trata-se do objeto do contrato, ou seja ele deve ser
lícito, possível, determinado ou determinável.
c) Requisitos Formais: Trata-se da forma, ou seja deve ser a prescrita ou não
defesa em lei. as formas contratuais se dividem em três - 
I. Livre: Predominante no direito brasileiro (Art.107 CC) é qualquer meio de 
manifestação de vontade,não imposto obrigatoriamente pela lei; 
II. Especial ou solene: É a forma exigida pela lei, como requisito de validade 
de determinados negócios jurídicos (ex:escritura pública); 
III. Contratual: É a convencionada pelas partes. O art.109 No Código Civil dispõe
que, “No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento 
público, este é da substância do ato”. Os contratantes podem, portanto, mediante 
convenção, determinar que o instrumento público torne-se necessário para a 
validade do negócio.
2- Princípios Fundamentais do Direito Contratual
A) Princípio da autonomia da vontade: Trata-se da liberdade que abrange o direito
de contratar se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem, ou seja, de
estabelecer o conteúdo do contrato. Porém deve ser observado a função social do
contrato (art.421). Portanto, cabe entender que tal princípio não é absoluto. 
Serve de fundamento para a celebração dos contratos atípicos. 
(Contratos típicos: ex - compra e venda; Contratos atípicos: são aqueles que não 
possuem forma geral em lei escrita, estando à margem das perspectivas da 
liberdade contratual dos contratantes, por isso a necessidade de tal princípio
para sua regulamentação). 
B) Princípio da Supremacia da Ordem Pública: Trata-se do interesse social acima
e prevalecedor sobre o interesse individual. Tal princípio limita o princípio da
autonomia da vontade, pois ampla liberdade pode provocar desequilibrio. A noção
de Ordem Pública, está ligada aos bons costumes, isto é, cabe aos tribunais
verificar, e cada caso, se a ordem pública está ou não em jogo. A ideia de ordem
pública é constituída por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que 
incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, os princípios de ordem pública 
não podem ser alterados por convenção entre os particulares. 
C) Princípio do Consensualismo: Segundo tal princípio, o contrato é resultado
do acordo entre as vontades, ou seja, o contrato é resultado do consenso de 
vontades, independentemente da entrega da coisa. A compra e venda, por exemplo, 
quando pura, torna-se perfeita e obrigatória, desde que as partes acordem no 
objeto e no preço (CC, art. 482). O contrato já estará perfeito e acabado desde 
o momento em que o vendedor aceitar o preço oferecido pela coisa, 
independentemente da entrega desta. O pagamento e a entrega do objeto constituem 
outra fase, a do cumprimento das obrigações assumidas pelos contratantes 
(CC, art. 481). Portanto, o consensualismo é a regra pois no direito brasileiro
em regra a forma é livre (visto nos requisitos do contrato), porém o formalismo
é a exceção.
D) Princípio da Relatividade dos efeitos do contrato: Tem por escopo afirmar
que os efeitos do contrato só se produzem em relação às PARTES (Inter Partes), 
àqueles que manifestam a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando
terceiros nem seu patrimônio. Exceção: Antes no CC de 1916, terceiros poderiam
intervir no contrato por meio do arts.436 à 438 permitindo estipulações em favor 
de terceiros (comum nos seguros de vida e nas separações judiciais consensuais).
Porém no CC de 2002, essa visão foi abalada pois conforme a função
social do 
contrato, há possibilidade de terceiros que não são propriamente partes do 
contrato possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele 
atingidos.
E) Princípio da Obrigatoriedade dos contratos (Ou Intangibilidade dos contratos)
: Tal princípio tem por finalidade afirmar que o contrato obriga as partes
contraentes, ou seja, segundo o princípio da autonomia da vontade as partes
são livre para se OBRIGAREM a contratar entre si. Portanto tal princípio tem
por essência a irreversibilidade da palavra empenhada (Pacta sunt servanda). Esse
princípio é baseado na necessidade de segurança nos negócios e na intagibilidade 
ou imutabilidade do contrato. Ou seja, o inadimplemento do contrato confere à 
parte lesada o direito de fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar a 
outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e danos, sob pena de execução 
patrimonial (CC, art. 389). A única limitação a esse princípio, é a escusa por 
caso fortuito ou força maior (art.393 do CC). 
(Obs: Admite-se alteração/modificação no contrato, com tanto que seja bilateral).
F) Princípio da revisão dos contratos (ou da onerosidade excessiva): Opõe-se ao
princípio da obrigatoriedade, pois permite aos contraentes recorrerem ao
Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em 
determinadas situações. Trata-se da Rebus Sic Stantibus (mais na frente chamada de
teoria da imprevisão) que surgiu na idade média, onde o contrato poderia ser
modificado em razão de acontecimentos extraordinários (ex: Uma guerra), e dessa
forma torna-se excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, podendo
assim requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.
Ou seja, A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de 
desfazimento ou revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e 
extraordinários, a prestação de uma das partes tornarse exageradamente onerosa. 
o que, na prática, é viabilizado pela aplicação da cláusula rebus sic stantibus.
* Teoria da Imprevisão : É uma exceção, tem uma relação intimamente ligada ao 
Pacta Sunt Servanda. É a teoria invocada para restabelecer o equilibrio 
contratual, quando um acontencimento superveniente e imprevisível torna 
excessivamente onerosa a prestação à uma das partes. Tal teoria prevista nos 
arts.478, 479, e 480 do CC constituem o reconhecimento de que na ocorrência de 
eventos não previstos e muito menos imputáveis às partes, pode-se permitir a 
resolução ou mesmo a revisão do contrato, buscando-se adaptá-lo aos fatos 
supervenientes”.
(Obs: Para a sua aplicação é preciso (i) “o evento alterador das circunstâncias 
iniciais do contrato seja excepcional, extraordinário, imprevisto e 
imprevisível"(ii)"que modifique de modo sensível e chocante o ambiente em que se 
formou a voluntas contrahentium", devendo cada caso ser examinado em si mesmo no 
tempo e no espaço sob o critério da isonomia/igualdade).
a) Aplicação nos contratos: 
Art.478 - Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de 
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a 
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o 
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar 
retroagirão à data da citação;
Art.479 - A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar 
equitativamente as condições do contrato;
Art.480 - Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá 
ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la,
a fim de evitar a onerosidade excessiva;
(Ex prático: Você alugou um imóvel de 3 quartos para morar nele pelo valor 
mensal de R$ 1.000,00 (mil reais), só que um temporal derrubou uma parede 
inutilizando dois dos três quartos. Você não quis mais pagar o valor integral e 
o dono do imóvel lançou contra você uma ação de cobrança de aluguel invocando 
o pacta sunt servanda. A defesa possível é utilizar o Rebus sic stantibus com 
base no art. 567 do Código Civil, pois afinal de contas R$ 1.000,00 (mil reais) 
era o valor do imóvel de 3 quartos, mas agora que só um está disponível por 
conta de um evento imprevisível evidentemente o valor tem que baixar. Nesse caso,
o Rebus sic stantibus também poderia ser usado para atacar em uma ação 
revisional de aluguel).
G) Princípio da Boa-fé e da probidade: Segundo o art.422 do CC - Os contratantes 
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, 
os princípios de probidade e boa-fé; 
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só 
durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do 
contrato. Guarda relação com o princípio de direito segundo o qual ninguém pode 
beneficiar-se da própria torpeza. Recomenda ao juiz que presuma a boa-fé, 
devendo a má-fé, ao contrário, ser provada por quem a alega. Portanto, o 
contratante deve ter por pressuposto a boa-fé dentro da relação contratual, que
impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com retidão, ou seja, com
PROBIDADE, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum, atendidas as
peculiaridades dos usos e costumes do lugar. Trata-se de uma cláusula geral
para a aplicação do direito obrigacional.
A probidade, mencionada no art. 422 do CC, retrotranscrito, nada mais é senão um 
dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a 
honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que 
são atribuídos ou cometidos à pessoa.
H) Princípio da Boa-fe SUBJETIVA e Boa-fé OBJETIVA: A boa fé pode ser objetiva 
ou subjetiva. A boa fé subjetiva consiste em crenças internas, conhecimento e 
desconhecimentos, convicções internas, consiste basicamente, no desconhecimento 
de situação adversa, por exemplo, comprar coisa de quem não é dono sem saber 
disso. 
A boa fé objetiva são fatos sólidos na conduta das partes, que devem agir com 
honestidade, correspondendo à confiança depositada pela outra parte. O direito 
contratual se baseia na boa fé objetiva, pois deve se pautar em padrões morais, 
éticos e legais, de acordo o que descreve o próprio Código Civil.
O princípio da boa fé deve ser observado antes, durante e depois de qualquer 
negócio, e supondo que a relação entre as partes seguiu dentro de um parâmetro 
de equilíbrio, o que se pode dizer é que se estabeleceu uma relação saudável 
econômica do contrato.
Lembrando que a boa-fé é presumida, e a má-fé deve ser provada, No Art.113 do 
atual CC, expõe-se que os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a 
boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
(Obs: Proibição de venire contra factum proprium - É uma limitadora, ocorre que a
boa-fé veda ou pune o exercício de direito subjetivo quando se caracterizar 
abuso da posição jurídica. Isto é, protege uma parte contra aquela que pretende 
exercer uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido 
anteriormente. Venire contra factum proprium significa vedação do comportamento 
contraditório. Depois de criar uma certa expectativa, em razão de conduta
seguramente indicativa de determinado comportamento futuro, há quebra dos 
princípios de lealdade e de confiança se vier a ser praticado ato contrário ao 
previsto, com surpresa e prejuízo à contraparte. 
Segundo Humberto Theodoro Júnior: “Um dos grandes efeitos da teoria da boa-fé, 
no campo dos contratos, traduz-se na vedação de que a parte venha a observar 
conduta incoerente com seus próprios atos anteriores. A ninguém é lícito fazer 
valer um direito em contradição com a sua anterior conduta interpretada 
objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé, ou quando o
exercício posterior se choque com a lei, os bons costumes e a boa-fé.
(Ex: O credor que concordou, durante a execução do contrato de prestações
periódicas,
com o pagamento em lugar ou tempo diverso do convencionado não pode 
surpreender o devedor com a exigência literal do contrato. Igualmente, aquele 
que vende um estabelecimento comercial e auxilia, por alguns dias, o comprador, 
inclusive preenchendo pedidos e novas encomendas com seu próprio número de 
inscrição fiscal, não pode, posteriormente, cancelar tais pedidos, sob a alegação
de uso indevido de sua inscrição).
(RESUMINDO: Protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição 
jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente).
(Obs 2: Suppresio, Surrectio e Tu quoque - Suppressio, surrectio e tu quoque são 
conceitos correlatos à boa-fé objetiva, oriundos do direito comparado. Devem ser 
utilizados como função integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo 
deveres implícitos às partes contratuais.
Suppressio - Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não
poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé;
Surrectio - É a outra face do suppressio. Acarreta o nascimento de um direito
em razão da continuada prática de certos atos;
Tu quoque - Proíbe que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si
mesmo, consistindo em aplicação do mesmo princípio inspirador da exceptio non
adimpleti contractus.
3- Da Formação dos Contratos
A) Manifestação da vontade: O contrato nasce com a autonomia privada, que 
representa um contato mutuo entre o contratante e o contratado, no entanto,
a doutrina traz algumas fases para que o contrato seja formado, são elas: 
I. Negociação preliminar ou fase de puntuação; II. proposta, oferta,
policitação; III. Aceitação (ou Oblação); IV. Conclusão do contrato: 
B) Negociação preliminar (ou fase de puntuação): Nesta fase, os negociantes 
estabelecem expectativas para a formação de um eventual contrato 
(tratativas iniciais). Esta fase é tutelada pelo Direito (as expectativas são 
protegidas juridicamente, em razão do princípio da boa-fé, que produz efeitos 
mesmo antes da formação dos contratos. Ou seja, os contraentes estão 
responsabilizados antes mesmo da manifestação da proposta e aceitação que gera o 
contrato, porém podem se desfazer nessa fase sem responder por perdas e danos.
As negociações não impõem as partes o dever de contratar. Porém, as tratativas 
iniciais já se sujeitam aos efeitos do princípio da boa-fé objetiva. Logo, a 
quebra abusiva das negociações pode acarretar a configuração da responsabilidade 
civil do negociante (responsabilidade pré-contratual). Tais negociações serão 
feitas de forma ética, não se pode impor a formação do contrato, então, abusos 
nesta fase relacionam-se apenas à responsabilidade civil, e não aos contratos.
(Obs: Não pode imputar responsabilidade civil para aquele que não tiver 
interesse de contratar, art.462 - 466 CC).
(Obs 2: Para garantir o cumprimento da boa-fé nessa fase há dois requisitos:
I. Veracidade e informação sobre o objeto do possível contrato; II. Lealdade -
Parte se aproxima da outra com o verdadeiro intuito de celebrar o contrato,
indicando suas reais intenções; A quebra desses dois requisitos garante a parte
prejudicada o direito de reaver os prejuízos causados).
C) Proposta (oferta ou policitação): Nesta fase, trata-se de um negócio 
unilateral em que o proponente estabelece as condições para a realização de um 
futuro contrato. A proposta tem força vinculante (força obrigatória) (art.427). 
Se realizou a proposta tem que cumprir. Ou seja, se traduz numa vontade 
definitiva de contratar, não estando mais sujeitas a negociações preliminares.
a) Força vinculante da oferta: Art.427 - “A proposta de contrato obriga o 
proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, 
ou das circunstâncias do caso”. ( Ou seja, a proposta VINCULA O PROPONENTE desde
que séria e consciente. Porém no artigo há EXCEÇÕES: 
I. "Se o contrário não resultar dos termos dela..." - Trata-se primeiramente de 
cláusula expressa a respeito. Ou seja, quando o próprio proponente declara que 
não é definitiva e se reserva o direito de retirá-la. (ex: Quando o proponente 
coloca uma cláusula "Proposta Sujeita a confirmação" ou "Não vale como proposta");
II. "Da natureza do negócio..." - É o caso, p.ex das chamadas propostas abertas 
ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente; 
III. "Das circunstâncias do caso" - Trata-se do art.428 e seus incisos:
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
(i) - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de 
comunicação semelhante; 
(Existem duas partes - 1° parte: "Feita sem prazo a 
pessoa presente, não foi imediatamente aceita". Trata-se do prazo, onde o oblato
caduca a proposta por não responder tempestivamente, dessa forma o proponente
libera-se da obrigação; 2° parte: "Considera-se também presente a pessoa que 
contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante". Trata-se daquele
que conversa diretamente com o proponente, porém a distância. Se for IMEDIATAMENTE
aceita torna-se obrigatória. Todavia, o mesmo não deve suceder com proposta feita
por e-mail, onde os usuários de rede não estão simultaneamente conectados);
(ii) - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente 
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
(Lembrando que uma pessoa não é considerada ausente por se econtrar longe do
outro contraente, visto que são considerados presentes os que contratam por 
telefone, porém há inexistência de contato direto. São considerados ausentes os
que negociam mediante TROCA DE CORRESPONDÊNCIA OU INTERCÂMBIO DE DOCUMENTOS. O
PRAZO SUFICIENTE PARA A RESPOSTA VARIA CONFORME AS CIRCUNSTÂNCIAS. Isto é, o 
denominado prazo moral, que é o prazo NECESSÁRIO OU RAZOÁVEL para que chegue
ao conhecimento do proponente (ex: Entre moradores próximos o prazo não deve
ser muito longo; já entre moradores distante e de acesso difícil e demorado, o 
prazo será prolongado);
(iii) - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do 
prazo dado; (Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar 
pelo seu término. Esgotado, sem resposta, estará este liberado, não prevalecendo 
a proposta feita);
(iv) - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte 
a retratação do proponente; (Como o inciso já diz, trata-se de circunstâncias
onde a retração chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou 
simultaneamente com ela, “casos em que as duas declarações de vontade (proposta 
e retratação), por serem contraditórias, nulificam-se e destroem-se 
reciprocamente. Dessa forma o proponente não responde por perdas e danos.
(ex: Antes que o mensageiro entregue a proposta ao outro contratante, o 
ofertante entendese diretamente com ele, por algum meio rápido de comunicação, 
retratando-se).
* Oferta aberta ao público: Art.429 CC - A oferta ao público equivale a proposta 
quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário 
resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, 
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
(Ou seja, a oferta feita ao público (ex: feira, leilão) terá força obrigatória,
exceto se os usos e os costumes do local ou até da própria natureza do negócio,
poderá revogar a oferta pelo mesmo meio de divulgação (ex: Divulgação em carro de
som, retratação pelo carro de som) (Obs: A oferta limita-se ao estoque do 
proponente, ou seja, se o estoque acabou, libera-se da proposta)
D) Aceitação (ou Oblação): Aceitação (ou oblação) é um ato unilateral de caráter 
vinculante. Por meio dela, o Oblato (aceitante) adere ao conteúdo da proposta 
formulada. O aceitante não pode mudar o conteúdo da proposta, senão isso não é 
uma aceitação, é uma contraproposta (nova
proposta). A aceitação é o momento 
técnico da formação dos contratos.
A aceitação pode ser EXPRESSA OU TÁCITA, expressa quando decorre de declaração
do oblato, e tácita quando sua conduta revela o seu consentimento com a proposta.
Há duas hipóteses da tácita (i. Quando o costume do negócio não necessita de 
declaração expressa; ii. Quando o proponente a tiver dispensado). 
(ex: Um fornecedor costuma remeter os seus produtos a determinado comerciante, 
e este, sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se uma praxe 
comercial. Se o último, em dado momento, quiser interrompê-la, terá de avisar 
previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova 
remessa, nas mesmas bases das anteriores; Quando se trata de doação, onde o
aceitante não declara expressamente que quer receber).
a) Hipóteses de inexistência de força vinculante: Há duas hipóteses:
I. Art.430 - "Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob 
pena de responder por perdas e danos." (Ou seja, havendo um prazo, e a aceitação
chegou tardiamente ao conhecimento do proponente, quando ele já estava liberado
em virtude do atraso involuntário, e assim já celebrar negócio com outra pessoa,
deve sob pena de responder por perdas e danos, imediatamente comunicar ao
aceitante, pois o oblato tem razões para supor que o contrato esteja concluído e 
pode realizar despesas que repute necessárias ao seu cumprimento.);
II. Art.433 - "Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela 
chegar ao proponente a retratação do aceitante." (Ou seja, trata-se de 
circunstância onde antes ou simultaneamente a aceitação chega junto à retratação
do ablato, deliberando-se do contrato);
E) Conclusão do contrato
a) Contrato entre presentes: Nesse tipo de contrato, as 
partes estarão vinculadas a partir do momento que o oblato aceitar a proposta. 
Nesse momento caracteriza-se o acordo recíproco de vontades, e desde já o 
contrato passa a produzir efeitos jurídicos.
b) Contrato entre ausentes: Nesse caso não há comunicação simultânea entre as 
partes, ele pode ser feito através de: E-mail; Carta; Mensageiro; Fax etc. Há 
uma divergência sobre o momento que o contrato se consumará de fato. Por isso
existem algumas teorias para solucionar a questão:
(I) Teoria da Cognição: Somente quando o policitante tomar conhecimento da
resposta que o contrato passa a produzir efeitos;
(II) Teoria da Agnição: Subdivide-se em três - (i) da declaração propriamente
dita; (ii) da expedição; (iii) da recepção.
i. Teoria da declaração propriamente dita: Por essa teoria, o contrato é firmado 
no momento que o aceitante redige a sua resposta.
ii. Teoria da expedição: Considera formação do contrato no momento que aceitação 
é expedida. 
ii. Teoria da recepção (MAJORITÁRIA): O momento de formalização do contrato é 
quando o proponente RECEBE a aceitação. Isso é diferente a Teoria da Cognição, 
tomar conhecimento é diferente de receber. 
(Exceções: Art.434 - Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que
a aceitação é expedida, exceto: (I) se antes dela ou com ela chegar ao proponente 
a retratação do aceitante; (II) Se o proponente se houver comprometido a esperar
a resposta (ou seja, quando o proponente tem que aguardar a resposta da
aceitação); (III) Se ela não chegar no prazo convencionado (trata-se do prazo
convencionado)
c) Lugar da celebração: Segundo o art.435 do CC, o lugar de celebração será
no local em que foi feita a PROPOSTA. Quando o contrato for celebrado entre
pessoas que residam em países diferentes, o local é o domícilio do ofertante.
Se o contrato for celebrado pela internet - Em regra, o local é o domícilio do
destinatário da oferta (oblato)
4- Classificação dos Contratos
A) Introdução: Os contratos se classificam de diversas modalidades, 
subordinando-se a regras próprias ou afins, conforme as cotegorias correspondentes
, dividem-se: 
I. Quanto aos efeitos: UNILATERAIS, BILATERAIS e PLURILATERAIS; GRATUITOS e 
ONEROSOS, estes se subdividem em COMUTATIVOS e ALEATÓRIOS (aleatórios
por natureza e acidentalmente aleatórios).
II. Quanto à formação: PARITÁRIOS, de ADESÃO e CONTRATOS-TIPO.
III. Quanto ao momento de sua execução: Dividem-se em de EXECUÇÃO INSTANTÂNEA,
DIFERIDA e de TRATO SUCESSIVO (PRESTAÇÕES).
IV. Quanto ao agente: PERSONALÍSSIMO (Intuitu Personae) e IMPESSOAIS; INDIVIDUAIS
E COLETIVOS.
V. Quanto ao modo por que existem: PRINCIPAIS, ACESSÓRIOS (ADJETOS) E DERIVADOS
(SUBCONTRATOS)
VI. Quanto à forma: SOLENES (FORMAIS) e NÃO SOLENES (FORMA LIVRE); CONSENSUAIS
E REAIS.
VII. Quanto ao objeto: PRELIMINARES (PACTUM DE CONTRAHENDO) E DEFINITIVOS.
VIII. Quanto à designação: NOMINADOS E INOMINADOS, TÍPICOS E ATÍPICOS, MISTOS, 
COLIGADOS E UNIÃO DE CONTRATOS.
I- Quanto aos efeitos
A) Contratos Unilaterais, Bilaterais e Plurilaterais: Os UNILATERAIS são os
contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes (ex: Doação, mútuo
comodato, depósito, fiança...); Os BILATERAIS são os contratos que geram 
obrigações para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o 
contrato de transporte etc. Essas obrigações são recíprocas, sendo por isso
denominados sinalagmáticos (que significa reciprocidade de prestações), lembrando
que as prestações não necessitam ser equivalentes, basta que cada parte veja na
prestação da outra uma compensação suficiente à sua própria prestação; 
PLURIALATERAIS são os contratos que contêm mais de duas partes. Na compra e 
venda, mesmo que haja vários vendedores e compradores, agrupam-se eles em apenas 
dois polos: o ativo e o passivo. Se um imóvel é locado por um grupo de pessoas, a 
avença continua sendo bilateral, porque todos os inquilinos encontram-se no mesmo
grau. Nos contratos plurilaterais ou plúrimos, temos várias partes, como ocorre 
no contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos 
contratos de consórcio. Uma característica dos contratos plurilaterais é a 
rotatividade de seus membros.
B) Contratos Gratuitos (Benéficos) e Onerosos: Os GRATUITOS OU BENÉFICOS são 
aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, como sucede 
na doação pura, no comodato, no reconhecimento de filho etc. Para a outra há
só obrigação, sacrifício. Nessa modalidade, outorgam-se vantagens a uma das 
partes sem exigir contraprestação da outra; Nos contratos ONEROSOS ambos os 
contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício. São dessa 
espécie quando impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens a ambas as 
partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. (ex: Compra e venda; 
locação e a empreitada)
(Obs: A doutrina distingue os contratos GRATUITOS PROPRIAMENTE DITOS dos 
contratos DESINTERESSADOS. O primeiro trata-se da diminuição patrimonial de uma
das partes, como sucede nas doações puras. Já o segundo trata-se do benefício de
uma parte em malgrado sobre a outra, como sucede no comodato e mútuo)
(Obs 2: O contrato pode ser bilateral e ao mesmo tempo gratuito, como é o ex.
do contrato de mandato).
C) Contratos comutativos e aleatórios: Os Contratos Onerosos subdividem-se em
Comutativos e Aleatórios. Os COMUTATIVOS são os de prestações certas e 
determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que 
geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem 
nenhum risco. (ex: Compra e venda); Contrto ALEATÓRIO é o bilateral e oneroso em 
que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em 
troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela 
incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem
advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. Sendo
assim o CONTRATO ALEATÓRIO POR NATUREZA é aquele que
traz risco por depender
de futuro imprevisível (ex: contratos de jogo e aposta, contrato de seguro). 
Existe outra espécie de contrato aleatório, são os CONTRATOS ACIDENTALMENTE
ALEATÓRIOS, que tratam de contratos tipicamente comutativos, que em razão de
certas circunstâncias tornam-se aleatórios. essa espécie de contrato se subdivide
em - a) venda de coisas futuras, b) venda de coisas existentes mas expostas a
risco. Tratando do risco de coisa futura, refere-se a própria existência da 
coisa e à sua quantidade.
(Obs: Em relação à lesão, há de se lembrar que só ocorre em contratos comutativos,
salvo se no contrato aleatório, a vantagem que obtém uma das partes é excessiva,
desproporcional em relação à álea normal do contrato).
II. Quanto à formação
A) Contratos paritários e de adesão. E o contrato-tipo: Os Contratos PARITÁRIOS
são aqueles do tipo tradicional, onde as partes discutem livremente as condições,
pois encontram-se em situação de igualdade (par a par). Nessa modalidade há uma 
fase de negociações preliminares, na qual as partes, encontrando-se em pé de 
igualdade, discutem as cláusulas e condições do negócio; Os Contratos de ADESÃO
são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de
um dos contratantes, que elabora todas às cláusulas. O outro adere ao modelo de 
contrato previamente confeccionado, não podendo modificá-las: aceita-as ou 
rejeita-as, de forma pura e simples, e em bloco, afastada qualquer alternativa 
de discussão. (ex: consórcio; seguro...); Existe outra espécie que é denominada
de CONTRATO-TIPO (ou contrato de massa, em série ou por formulários), tem
relação com o contrato de adesão devido ao fato de ser apresentado por um dos
contraentes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a
subscrevê-lo. Mas dele difere porque não lhe é essencial a desigualdade econômica
dos contratantes, bem como porque admite discussão sobre o seu conteúdo.
No contrato-tipo as cláusulas não são impostas por uma parte à outra, mas apenas 
pré-redigidas. Em geral, são deixados claros, a serem preenchidos pelo concurso 
de vontades, como ocorre em certos contratos bancários, que já vêm impressos, 
mas com espaços em branco no tocante à taxa de juros, prazo e condições do 
financiamento, a serem estabelecidos de comum acordo. Além disso, os contratos 
de adesão são endereçados a um número indeterminado e desconhecido de pessoas, 
enquanto os contratos-tipo destinam-se a pessoas ou grupos identificáveis. Podem 
ser acrescentadas, às impressas, cláusulas datilografadas ou manuscritas. Estas 
só serão consideradas revogadas por aquelas se houver incompatibilidade ou 
contradição entre elas, caso em que prevalecerão as últimas.
III. Quanto ao momento de sua execução
A) Contratos de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo: Os Contratos
de EXECUÇÃO INSTANTÂNEA são aqueles que se consumam num só ato, sendo cumpridos
imediatamente após a sua celebração (ex: Compra e venda); Os Contratos de 
EXECUÇÃO DIFERIDA são aqueles que também se cumprem em um só ato, mas em momento
futuro (Ex: entrega, em determinada data de objeto alienado); Os Contratos de
TRATO SUCESSIVO são os que cumprem por meio de atos reiterados (prestações)
(ex: compra e venda a prazo).
(Obs: Em relação à teoria da imprevisão, tais se aplicam apenas aos contratos
de execução diferida e de trato sucessivo)
IV. Quanto ao agente
A) Contratos personalíssimos e impessoais: Os Contratos PERSONALÍSSIMOS (Intuitu
Personae) são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos 
contraentes. (ex: contrato artístico); Os Contratos IMPESSOAIS são aqueles que
a prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro.
O importante é que seja realizada, pouco importando quem a executa, pois o seu
objeto não requer qualidades especiais do devedor.
(Obs: As obrigações personalíssimas, não podendo ser executadas por outrem, são 
intransmissíveis aos sucessores. Também não podem ser objeto de cessão. Havendo 
erro essencial sobre a pessoa do outro contratante, são anuláveis).
B) Contratos Individuais e Coletivos: Contrato INDIVIDUAL, ocorre quando as 
vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias
pessoas. Ex: Na compra e venda, pode uma pessoa contratar com outra ou 
com um grupo de pessoas; Os contratos COLETIVOS perfazem-se pelo acordo de 
vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de 
categorias profissionais, sendo denominados convenções coletivas.
V- Quanto ao modo por que existem
A) Contratos Principais e Acessórios. Contratos Derivados: Contratos PRINCIPAIS
são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer 
outro (ex: Compra e venda); Os Contratos ACESSÓRIOS são os que têm sua existência
subordinada à do contrato principal (ex: cláusula penal, a fiança etc); Contratos
DERIVADOS (OU SUBCONTRATOS) são os que têm por objeto direitos estabelecidos em 
outro contrato, denominado básico ou principal. Entre os principais subcontratos 
destacam-se a sublocação, a subempreitada e a subconcessão. O subcontrato 
distingue-se da CESSÃO da posição contratual, na qual o contrato básico persiste 
em sua integridade, mas com novo titular, o cessionário. No contrato derivado, no
entanto, surge uma nova relação contratual, sem alteração da primeira, havendo 
apenas um dos sujeitos que é titular de ambos os contratos. 
(Obs: Embora o subcontrato tenha normas próprias, devem ser compatíveis com as 
do contrato principal e a extinção deste enseja normalmente a do contrato dele 
derivado, embora, em certas hipóteses, se admita, excepcionalmente, que o 
sublocatário possa substituir-se ao locatário). 
(Obs 2: Os contratos personalíssimos ou intuitu personae não admitem a 
subcontratação, pois são celebrados em razão das qualidades pessoais do obrigado.
Também não a permitem os contratos de execução instantânea, tendo em vista que o 
subcontrato é um negócio de duração).
VI- Quanto à forma
A) Contratos Solenes e não solenes: SOLENES são os contratos que devem obedecer 
à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como 
condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem,
isto é, constitui a substância do ato (escritura pública na alienação de imóveis,
pacto antenupcial, testamento público etc.). Não observada, o contrato é nulo 
(CC, art. 166, IV); NÃO SOLENES são os de forma livre. Basta o consentimento 
para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu 
aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, ou seja, por escrito 
particular ou verbalmente. Em regra, os contratos têm forma livre, salvo 
expressas exceções (ex: locação e comodato).
B) Contratos Consensuais e Reais: CONSENSUAIS são aqueles que se formam 
unicamente pelo acordo de vontades (solo consensu), independentemente da entrega 
da coisa e da observância de determinada forma. Por isso, são também considerados
contratos não solenes (ex: Compra e venda); REAIS são os que exigem, para se 
aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega (traditio) da coisa que lhe serve 
de objeto, como os de depósito, comodato, o mútuo, por exemplo, e alguns poucos 
(penhor, anticrese, arras). Esses contratos não se formam sem a tradição da coisa.
Antes pode existir promessa de contratar, mas não existe depósito, comodato ou 
mútuo. A efetiva entrega do objeto não é fase executória, porém requisito da 
própria constituição do ato.
VII - Quanto ao objeto
A) Contratos Preliminares e Definitivos: PRELIMINAR (ou Contrahendo) é aquele 
por via do qual ambas as partes ou uma delas se compromete a celebrar mais tarde 
outro contrato, que será contrato principal. Não visam os contraentes modificar 
efetivamente sua situação, mas apenas criar a obrigação de um futuro contrahere;
DEFINITIVO tem objetos diversos, de acordo com
a natureza de cada avença. Cada
contrato tem um objeto peculiar. Na compra e venda, por exemplo, as prestações, 
que constituem o seu objeto, são a entrega da coisa, por parte do vendedor, e o 
pagamento do preço, pelo adquirente. Já o contrato de locação gera outras 
espécies de obrigações, quais sejam: a atribuída ao locador, de garantir ao 
locatário o uso pacífico da coisa, e a imposta a este, de pagar um aluguel.
(Obs: A fase das negociações ou tratativas preliminares (fase da puntuação) 
antecede à realização do contrato preliminar e com este não se confunde, pois 
não gera direitos e obrigações).
(Obs 2: Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, 
constituindo promessa unilateral, denomina-se OPÇÃO. Na opção de venda, por 
exemplo, o vendedor se obriga a vender ao comprador determinado bem, sob certas 
condições. Mas este se reserva a faculdade de realizar o negócio ou não. Não 
assume, pois, nenhuma obrigação. Na opção de compra, quem se obriga é somente o 
comprador. O direito do ofertado, destinatário da proposta, é potestativo, pois 
tem o direito de exigir que se estipule o contrato futuro, com preferência sobre 
todas as outras pessoas, ao passo que a outra parte não tem direitos, mas 
somente obrigações, subordinadas à vontade da primeira. Na sua formação, a opção 
é negócio jurídico bilateral. Mas, nos efeitos, é contrato unilateral. A parte 
que recebe a oferta verificará a conveniência de aceitá-la ou não. A opção 
também deve ser considerada uma espécie de negócio preliminar, com 
características próprias. O seu exercício pode culminar em outro contrato 
preliminar ou em um contrato definitivo, o que dependerá da vontade das partes). 
VIII - Quanto à designação
A) Contratos nominados e inominados, típicos e atípicos, mistos e coligados.
União de contratos: 
a) NOMINADOS: São aqueles que têm designação própria. São os 
contratos que têm nomen iuris e servem de base à fixação dos esquemas, modelos 
ou tipos de regulamentação específica da lei. (Ex: Compra e venda); 
b) INOMINADOS: São aqueles que não têm denominação própria. A rigor, tomada ao 
pé da letra, a expressão contrato inominado equivaleria a contrato que não tem 
um nome no ordenamento jurídico; 
c) TÍPICOS: São os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. 
Não é o mesmo que contrato nominado, embora costumam ser estudados em conjunto, 
porque todo contrato nominado é típico e vice-versa; 
d) ATÍPICOS: São os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as 
suas características e requisitos definidos e regulados na lei. Para que sejam 
válidos basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto 
lícito (não contrariem a lei e os bons costumes), possível, determinado ou 
determinável e suscetível de apreciação econômica; 
e) MISTO: Resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela 
vontade dos contratantes. Deixa de ser um contrato essencialmente típico, mas não
se transforma em outro totalmente atípico. A nova combinação gera uma nova 
espécie contratual, não prevista ou regulada em lei. Constitui, pois, contrato 
único ou unitário. Pode ser também, atípico misto. Atípico, por não se enquadrar 
em nenhum tipo contratual legal; e misto, por reunir em seu conteúdo os elementos
de dois ou mais tipos contratuais previstos no ordenamento jurídico. Pode, ainda,
ser atípico misto em sentido amplo, quando reúne em seu conteúdo elementos que 
apenas apresentam afinidades com outros institutos jurídicos. Sendo atípicos 
mistos, os contratos são unitários e incidíveis quando seu escopo não pode ser 
alcançado sem essa incidibilidade; 
f) COLIGADOS: Não se confunde com o misto, pois constitui uma pluralidade, em 
que vários contratos celebrados pelas partes apresentam-se interligados. 
Quando o elo entre eles consiste somente no fato de constarem do mesmo 
instrumento, não existe propriamente coligação de contratos, mas união de 
contratos. Aquela passa a existir quando a reunião é feita com 
dependência, isto é, com um contrato relacionado ao outro, por se referirem a um 
negócio complexo. Apesar disso, conservam a individualidade própria, 
distinguindo-se, nesse ponto, do misto. Contratos coligados são, pois, os que, 
embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou 
explícitanão se confunde com o misto, pois constitui uma pluralidade, em que 
vários contratos celebrados pelas partes apresentam-se interligados. Quando o 
elo entre eles consiste somente no fato de constarem do mesmo instrumento, não 
existe propriamente coligação de contratos, mas união de contratos. Aquela passa 
a existir quando a reunião é feita com dependência, isto é, com um contrato 
relacionado ao outro, por se referirem a um negócio complexo. Apesar disso, 
conservam a individualidade própria, distinguindo-se, nesse ponto, do misto.
Contratos coligados são, pois, os que, embora distintos, estão ligados por uma 
cláusula acessória, implícita ou explícita. (ex: contrato celebrado pelas 
distribuidoras de petróleo com os exploradores de postos de gasolina, que 
engloba, em geral, várias avenças interligadas, como fornecimento de 
combustíveis, arrendamento das bombas, locação de prédios, financiamento etc.; 
e o contrato de transporte aéreo com concomitante seguro do passageiro).
g) União de contratos: Ocorre quando há contratos distintos e autônomos. 
apenas são realizados ao mesmo tempo ou no mesmo documento. O vínculo é 
meramente externo (ex: compra da moradia e reparação de um outro prédio).
5- Da estipulação em favor de terceiro 
A) Conceito: Aqui vai tratar do princípio da relatividade dos efeitos contratuais,
isto é, na ideia de que os efeitos do contratos só se produzem em relação às 
partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, 
não afetando terceiros nem seu patrimônio. Segundo o CC, a obrigação não sendo
personalíssima, operava somente entre as partes e seus sucessores, a título 
universal ou singular, porém a lei permitia estipulações em favor de terceiros,
(ex: Seguro de vida, em que a convenção beneficia quem não participa da avença; 
e nas separações judiciais consensuais, nas quais se inserem cláusulas em favor 
dos filhos do casal). Portanto, a estipulação em favor de terceiro dá-se quando 
no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas estipulante e promitente, 
convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de 
terceira pessoa, alheia à formação do vínculo contratual.
B) Sujeitos: Estipulante, Promitente e o Beneficiário, sendo o último estranho
à convenção. Por conseguinte, a capacidade só é exigida dos dois primeiros, pois 
qualquer pessoa pode ser contemplada com a estipulação, seja ou não capaz.
Não é necessário consentimento do beneficiário, porém, este tem a faculdade de
recusar a estipulação em seu favor.
C) Natureza Jurídica: Três teorias são propostas dentro da doutrina para tratar
a respeito da estipulação em favor de terceiro.
I - Da Oferta: segundo a qual a estipulação em questão não passa de mera 
proposta ou oferta, dependente de aceitação do terceiro beneficiário. O contrato 
só surge com a anuência deste. A proposição, todavia, não convence, pois o
promitente não é mero proponente, mas verdadeiramente obrigado;
II - Gestão de Negócios: Trata-se de um ato unilateral pelo qual alguém, sem 
autorização do interessado, intervém na administração de negócio alheio, sem 
mandato, no interesse deste.
III - Declaração Unilateral da Vontade: A obrigatoriedade das estipulações em 
favor de terceiro encontra-se na circunstância da vontade unilateral de o 
promitente ser bastante para vinculá-lo. 
IV - Direito direto: Reconhece a natureza contratual da estipulação, afirmando 
que o terceiro não participante do negócio jurídico recebe a repercussão de
seus efeitos, sendo o benefício prometido
uma espécie de contrato acessório.
V - Contrato: Trata-se da teoria aceita no direito brasileiro, onde é vista como
um contrato, porém SUI GENERIS pelo fato de a prestação não ser realizada em 
favor do próprio estipulante, como seria natural, mas em benefício de outrem, 
que não participa da avença. A sua existência e validade não dependem da vontade 
deste, mas somente a sua eficácia, subordinada que é à aceitação.
(Obs: A promessa em favor de terceiro é, também, consensual e de forma livre. O 
terceiro não precisa ser desde logo determinado. Basta que seja determinável, 
podendo mesmo ser futuro, como a prole eventual. Tem diversas aplicações 
práticas, especialmente no campo do seguro, em várias de suas modalidades 
(de vida, contra acidentes pessoais, contra acidentes do trabalho, p. ex.), em 
que o segurado (estipulante) convenciona com o segurador (promitente) pagar ao 
beneficiário (terceiro) o valor ajustado, em caso de sinistro). 
6- Da Promessa de fato de terceiro
A) Promessa de fato de terceiro: Segundo o CC, art.439 - “Aquele que tiver 
prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não
executar”. Ou seja, trata-se do CONTRATO POR OUTREM OU PROMESSA DE FATO DE 
TERCEIRO. O único vinculado é o que promete, assumindo a obrigação de fazer que,
não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. 
B) Inovações no CC: Com o CC de 2002, surgiu dentro da regra do 439, um parágrafo
único - Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do 
promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo 
regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus 
bens.
Essa regra visa a proteção de um dos cônjuges contra desatinos do outro, negando 
eficácia à promessa de fato de terceiro quando este for cônjuge do promitente, o 
ato a ser por ele praticado depender da sua anuência e, em virtude do regime de 
casamento, os bens do casal venham a responder pelo descumprimento da promessa.
(ex: Marido ter prometido obter a anuência da mulher na concessão de uma fiança, 
tendo esta se recusado a prestá-la. A recusa sujeitaria o promitente a responder 
por perdas e danos que iriam sair do patrimônio do casal, consorciado por regime 
de comunhão. Para evitar o litígio familiar, conclui, o legislador tira a 
eficácia da promessa). 
(Obs: Art.440 - “Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, 
se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação”. 
Dessa forma declara que o despositivo supratranscrito afirma um truísmo, pois 
cogita de uma promessa de fato de terceiro que, uma vez ultimada, foi por este
ratificada, com sua concordância. Ora, “assumindo a obrigação, o terceiro passou 
a ser o principal devedor. A assunção da obrigação pelo terceiro libera o 
promitente).
7- Dos Vícios Redibitórios
A) Conceito: São os defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato
comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o
valor. Tal coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente, mediante devolução
do preço e, se o alienante conhecia o defeito, com satisfação de perdas e danos.
Ou seja, são defeitos ocultos existentes na coisa alienada (objeto de contrato
comutativo), que tornam imprópria ao uso a que se destina ou diminuem 
sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses
defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou
para obter abatimento no preço.
B) Previsão Legal: Art.441 e 443 - Art.441: A coisa recebida em virtude de 
contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a 
tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Contudo, segundo o art.442, o adiquirente tem a opção de ficar com a coisa e
RECLAMAR ABATIMENTO NO PREÇO;
Art.443: Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que 
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor 
recebido, mais as despesas do contrato.
(Obs 1: Tais regras se aplicam aos contratos bilaterais e comutativos, em geral
translativos da propriedade (ex: compra e venda, dação em pagamento e permuta).
Aplicam-se também às empreitadas (Art.614 e 615 CC)).
(Obs 2: Como os contratos comutativos são espécies de contratos onerosos, não 
incidem as referidas regras sobre os gratuitos, como as doações puras, pois o 
beneficiário da liberalidade, nada tendo pago, não tem por que reclamar 
(CC, art. 552); Porém, ressalva-se a aplicabilidade ÀS DOAÇÕES ONEROSAS em 
relação ao seu encargo (Art.441 Parágrafo Único)).
(Obs 3: Mesmo com a omissão no CC sobre tal, às DOAÇÕES REMUNERATÓRIAS também
se aplica a responsabilidade por vícios redibitórios, por não haver liberalidade
pura, mas onerosidade até o valor dos serviços remunerados).
C) Fundamento Jurídico: Existem algumas teorias para explicar os vícios 
redibitórios, são elas:
a) Teoria do erro: Não faz nenhuma distinção entre defeitos ocultos e erro sobre 
as qualidades essenciais do objeto. Tudo não passaria de mera consequência da
ignorância em que se achava o adquirente.
b) Teoria do inadimplemento contratual: tem por fundamento a violação do 
princípio de garantia que onera todo alienante e o faz responsável pelo perfeito 
estado da coisa, em condições de uso a que é destinada. (TEORIA ACEITA PELO CC)
c) Teoria dos riscos: afirma que o alienante responde pelos vícios redibitórios 
porque tem a obrigação de suportar os riscos da coisa alienada. Trata-se na 
verdade de uma variante da teoria da responsabilidade por inadimplemento 
contratual
d) Teoria da equidade: Afirma a necessidade de se manter justo equilíbrio entre 
as prestações dos contratantes, como é de rigor nos contratos comutativos.
D) Requisitos: Para a caracterização dos vícios redibitórios são necessários
alguns requisitos que são cumulativos. são eles:
a) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo, ou de
doação onerosa ou remuneratória: Contratos comutativos são os de prestações 
certas e determinadas, não envolvem nenhum risco pois as partes podem antever
as vantagens e sacrifícios; Doação onerosa, modal, com encargo ou gravada é 
aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever. Remuneratória
é a doação feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode 
ser exigido pelo donatário. (Obs: O vício no contrato deve acarretar em
desequilíbrio nos efeitos da relação negocial, prejudicando a manutenção dos
termos que foi celebrado);
b) Que os defeitos sejam ocultos: Não se caracterizam os vícios redibitórios 
quando os defeitos são facilmente verificáveis com um rápido exame e diligência 
normal. Devem eles ser tais que não permitam a imediata percepção, advinda da 
diligência normal aplicável ao mundo dos negócios.
(Obs: Se o defeito for aparente, suscetível de ser percebido por um exame atento,
feito por um adquirente cuidadoso no trato dos seus negócios, não constituirá 
vício oculto capaz de justificar a propositura da ação redibitória).
c) Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem
até o momento da reclamação: Não responde o alienante, com efeito, pelos defeitos
supervenientes, mas somente pelos contemporâneos à alienação, ainda que venham a 
se manifestar só posteriormente. Os supervenientes presumem-se resultantes do 
mau uso da coisa pelo comprador.
d) Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente: A expressão “vende-se no 
estado em que se encontra”, comum em anúncios de venda de veículos usados, tem a 
finalidade de alertar os interessados de que não se acham eles em perfeito 
estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior.
e) Que os defeitos sejam graves: Apenas os defeitos revestidos de gravidade a 
ponto de PREJUDICAR OS USO DA COISA ou DIMINUIR-LHE O VALOR podem ser arguidos 
nas
ações redibitórias.
E) Efeitos e Ações cabíveis: A ignorância do erro pelo alienante da coisa não
o exime da responsabilidade. Mas se agiu de boa-fé, TÃO SOMENTE RESTITUIRÁ O
VALOR RECEBIDO, MAS AS DESPESAS DO CONTRATO, PORÉM SE AGIU DE MÁ-FÉ POIS 
CONHECIA O DEFEITO, ALÉM DE RESTITUIR O QUE RECEBEU, RESPONDERÁ PODE PERDAS E
DANOS. Ainda que o adquirente não possa restituir a coisa portadora de defeito,
por ter ocorrido o seu perecimento (morte, destruição), a resonsabilidade ainda
existe, se o fato decorrer de vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
(Ex: Entrega de um animal doente, o adquirente terá de provar que o vírus da
doença que vitimou o animal já se encontrava encubado, quando de sua entrega).
a) Espécies de ações: Conforme o art.442 do CC o Adquirente pode - I. Rejeitar
a coisa, rescindindo o contrato e pleitando a devolução do preço pago, mediante
a AÇÃO REDIBITÓRIA; II. Conservá-la, malgrado o defeito, reclamando, porém,
abatimento no preço pela ação quanti minoris ou estimatória. Porém, não se pode
exercer tal opção, devendo propor, necessariamente AÇÃO REDIBITÓRIA, na hipótese
do art.444, quando ocorre o perecimento da coisa em razão de defeito oculto.
(Obs: Tais ações recebem o nome EDILÍCIAS, por fatores históricos - edis curules,
que atuavam junto aos grandes mercados, na época do direito romano, em questões 
referentes à resolução do contrato ou ao abatimento do preço).
F) Prazos Decadenciais: Os prazos para o ajuizamento das ações edilícias 
(Redibitória e quanti minoris) são decadenciais de 30 dias relativas à bens móveis
e 1 ano relativas à bens imóveis, contados da tradição. 
Se o adquirente já estava na posse do bem, o prazo conta-se da alienação,
reduzido à metade (Bens móveis - 15 dias e Ben imóveis - 6 meses) (Art.445 CC).
(Obs: Os contraentes podem ampliar o prazo (ex: Oferta de veículos, com prazo
de garantia de um, dois ou mais anos) é o que define o art.446 - Não correrão os 
prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o 
adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao 
seu descobrimento, sob pena de decadência).
(Obs 2: Existem inovações na doutrina e jurisprudência sobre a contagem do prazo
decadencial. A jurisprudência aplicando duas exceções à regra de que os referidos
prazos contam-se da tradição: I. Quando se trata de máquinas sujeitas a 
experimentação, onde conta-se a partir da sua utilização; II. Nas vendas de 
animais, onde conta-se a partir da manifestação dos sintomas da doença).
(Obs 3: §1° do Art.445 do CC - Se o vício só puder ser conhecido mais tarde, a
contagem inicia-se em momento que o adquirente dele tiver ciência, com prazo
máximo de 180 dias em se tratando de bens móveis, e 1 ano para imóveis, no caso
de animais (§2°) os prazos serão establecidos por lei especial, porém enquanto
na localidade não houver lei específica, reger-se-ão pelos usos locais que estão
dispostos no §1°).
G) Hipóteses de DESCABIMENTO das ações edilícias: 
a) Coisas vendidas conjuntamente: Não cabem as ações edilícias nas hipóteses de 
coisas vendidas conjuntamente. Dispõe, com efeito, o art. 503 do Código Civil:
“Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a 
rejeição de todas”. Somente a coisa defeituosa pode ser restituída e o seu valor
deduzido do preço, salvo se formarem um todo inseparável (ex: um par de sapatos)
b) Inadimplemento contratual: Não cabem ações edilícias quando a entrega de coisa
diversa da contratada não configura vício redibitório, mas inadimplemento 
contratual, respondendo o devedor por perdas e danos (CC, art. 389).
c) Erro quanto às qualidades essenciais do objeto: Não configura vício 
redibitório e não autoriza a utilização das ações edilícias o erro quanto às 
qualidades essenciais do objeto, que é de natureza subjetiva, pois reside na 
manifestação da vontade (CC, art. 139, I). Dá ensejo ao ajuizamento de ação 
anulatória do negócio jurídico, no prazo decadencial de quatro anos 
(CC, art. 178, II).
O vício redibitório é erro objetivo sobre a coisa, que contém um defeito oculto. 
O seu fundamento é a obrigação que a lei impõe a todo alienante de garantir ao 
adquirente o uso da coisa. Provado o defeito oculto, não facilmente perceptível, 
cabem as ações edilícias, sendo decadencial e exíguo, como visto, o prazo para a 
sua propositura (trinta dias, no caso de bem móvel, e um ano, no de imóvel).
(ex: Se adquire um relógio que funciona perfeitamente, mas não é de ouro, como
o adquirente imaginava (e somente por essa circunstância o comprou), trata-se de 
erro quanto à qualidade essencial do objeto. Se, no entanto, o relógio é mesmo 
de ouro, mas não funciona por causa do defeito de uma peça interna, a hipótese é 
de vício redibitório).
(Obs: No CC de 1916 era proibido entrar com ação redibitória ou abatimento do
preço em hastas públicas (ex: leilão), porém o CC de 2002 retirou essa hipótese,
o que faz crer que poderá o adquirente lesado, em qualquer situação, mesmo na 
venda realizada em hasta pública, propor as ações edilícias, quais sejam, a ação 
redibitória ou a ação quanti minoris se a coisa arrematada apresentar vício 
redibitório).
 
8 - Da evicção
A) Conceito e fundamento jurídico: Evicção é a perda da coisa em virtude de
sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao
contrato.
O alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada como
também a garantir-lhe o uso e gozo. Dá-se a evicção quando o adquirente vem a
perder, total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico 
anterior.
(Obs: Funda-se no mesmo princípio da garantia em que se assenta a teoria dos
vícios redibitórios. Diferente dos vícios redibitórios, na evicção o dever do
alienante é resguardar o adquirente contra eventuais pretensões de terceiro.
A evicção trata-se de uma cláusula de garantia que opera de pleno direito, não
necessitando, pois, de estipulação expressa, sendo ínsita nos contratos 
comutativos onerosos, como os de compra e venda, permuta, parceria pecuária, 
sociedade, transação, bem como na dação em pagamento e na partilha do acervo 
hereditário. Inexiste, destarte, em regra, responsabilidade pela evicção nos 
contratos gratuitos (CC, art. 552), salvo se se tratar de doação modal 
(onerosa ou gravada de encargo)).
* Art.447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste 
esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública;
Art.448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar (aumentar), diminuir ou
excluir a responsabilidade pela evicção.
B) Sujeitos da evição: 
a) Alienante - Que responde pelos riscos da evicção;
b) Evicto - Que é o adquirente vencido na demanda movida por terceiro;
c) Evictor - Terceiro que reivindica a coisa.
(Obs: A responsabilidade decorre da lei e independe, portanto, de previsão 
contratual. Existirá essa responsabilidade em todo contrato oneroso, pelo qual se
transfere o domínio, posse ou uso. Pode decorrer, assim, tanto de ações 
petitórias como de possessórias, pois o citado art.447 não prevê nenhuma 
limitação, subsistindo a garantia ainda que a aquisição tenha sido realizada em 
hasta pública).
C) Extensão da Garantia: A evicção sendo uma garantia prevista em lei, sua 
extensão é estabelecida pelo legislador. Portanto, Ocorrendo a perda da coisa em 
ação movida por terceiro, o adquirente tem o direito de voltar-se contra o 
alienante para ser ressarcido do prejuízo.
Tem direito o Evicto, sendo ele não só Propietário, mas também possuidor ou 
usuário.
Dessa forma, cabe a denunciação da lide, destinada a torná-la efetiva tanto nas 
ações petitórias como nas possessórias.
(Obs 1: Só será excluída a responsabilidade do alienante se houver cláusula 
expressa (pactum de non praestanda evictione), não se admitindo cláusula tácita 
de não garantia).
(Obs 2: Podem
as partes, através da cláusula, reforçar (impondo a devolução do 
preço em dobro, p.ex.) ou diminuir a garantia (permitindo a devolução de apenas 
uma parte) e até mesmo excluí-la, como consta do art.448 CC.
Porém, deve-se entender que a lei não permite a exclusão absoluta da garantia,
pois a responsabilidade do alienante não pode superar o prejuízo do adquirente,
embasando-se portanto, nos princípios da boa-fé e do enriquecimento sem causa.
Ou seja, a cláusula expressa de exclusão da garantia não é absoluta, tendo o
evicto o direito de recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, SE NÃO SOUBE DO
RISCO DA EVICÇÃO, ou dele informado, não o assumiu (art.449)).
(Obs 3: Para que fique exonerado o alienante através dessa cláusula, deve o
evicto ter conhecimento e assunção do risco da evicção, além de ter renunciado
à garantia).
(Obs 4: Se a cláusula excludente da responsabilidade for genérica, sem que o 
adquirente saiba da ameaça específica que recai sobre a coisa, ou se dela 
informado não assumiu o risco, não se exonera o alienante da obrigação de 
restituir o preço recebido)
* Esquema da cláusula de responsabilidade
I - Inexistência de cláusula excludente da garantia = Responsabilidade integral
do alienante;
II - Cláusula expressa de exclusão de garantia + Conhecimento e Assunção do 
evicto dos riscos da evicção = Exoneração do alienante;
III - Cláusula expressa de exclusão de garantia + Desconhecimento do risco
ou não assunção, se dele informado = Responsabilidade do alienante apenas pelo
preço pago pela coisa evicta;
D) Requisitos da Evicção
a) Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada;
b) Onerosidade da aquisação (porém ressalva-se os casos de doações modais);
c) Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa; (Apenas não será quando
além de conhecer os riscos, e haja assunção dos mesmos; pois se apenas conhece 
presume-se que assumiu o risco)
d) Anterioridade do direito do evictor; (O alienante só responde pela perda
decorrente de causa já existente ao tempo da alienação. Se lhe é posterior, 
nenhuma responsabilidade lhe cabe).
e) Denunciação da lide ao alienante; (Somente após a ação do terceiro contra
o adquirente é que este poderá agir contra aquele).
E) Perda da coisa em virtude de sentença judicial; (Em regra, a perda que 
acarreta a evicção é a que se opera em virtude de sentença judicial, a qual 
define o direito das partes de modo definitivo. Não é, portanto, qualquer perda 
que a configura. Não ocorre evicção, por exemplo, quando a perda decorre da 
subtração do bem por terceiro, de esbulho, de seu perecimento em razão do 
fortuito e da força maior, bem como de outros fatos posteriores à alienação).
(Obs: A jurisprudência tem admitido a ação autônoma de evicção, independentemente
de sentença e de denunciação, quando o evicto não foi parte na ação originária, 
não tendo, assim, oportunidade de denunciar a lide ao alienante, como nas 
hipóteses de apreensão de veículo furtado, devolvido à vítima, e de apreensão de 
bens contrabandeados).
F) Aquisição da coisa em hasta pública: No Art.447 - Nos contratos onerosos, o 
alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se 
tenha realizado em hasta pública.
Ocorrendo evicção nesse caso, o arrematante ou adjudicante que sofreu a evicção 
total ou parcial pode exigir a restituição do preço da coisa evicta ou o valor do
desfalque, voltando-se contra o credor ou credores que se beneficiaram com o 
produto da arrematação ou contra o devedor-executado, proprietário do bem, se 
este recebeu saldo remanescente.
G) Verbas devidas: Segundo dispõe o Art.447 do CC, ocorrendo a perda da coisa 
adquirida por meio de contrato oneroso, em ação movida por terceiro fundada em 
direito anterior, o adquirente tem o direito de voltar-se contra o alienante. As 
verbas devidas estão especificadas no art.450 do aludido diploma, que assim 
dispõe:
“Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição 
integral do preço ou das quantias que pagou:
I — à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II — à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que 
diretamente resultarem da evicção;
III — às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o valor da coisa,
na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de 
evicção parcial.”
a) Ressarcimento amplo e complexo: O ressarcimento pela evicção deve ser amplo
e complexo, como se infere da expressão “prejuízos que resultarem diretamente
da evicção”, incluindo-se as despesas com o ITBI recolhido, lavratura e
registro de escritura, juros e correção monetária. São indenizáveis os prejuízos 
devidamente comprovados, competindo ao evicto o ônus de prová-los. As perdas e 
danos, segundo o princípio geral inserido no art.402 do Código Civil, abrangem 
o dano emergente e o lucro cessante. Os juros legais são devidos à vista do 
disposto no art.404 do Código Civil. 
(Obs 1: O STJ tem proclamado - “Perdida a propriedade do bem, o evicto há de ser 
indenizado com importância que lhe propicie adquirir outro equivalente. Não 
constitui reparação completa a simples devolução do que foi pago, ainda que com 
correção monetária”).
(Obs 2: Quanto a deterioração da coisa, o art.451 do CC estabelece que “subsiste 
para o alienante” a obrigação instituída no dispositivo anterior, “ainda que a 
coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente”. Por 
conseguinte, a deterioração da coisa, em poder do adquirente, não afasta a 
responsabilidade do alienante, que responde pela evicção total, salvo em caso de 
deterioração do bem provocada intencionalmente por aquele. Vale dizer que a 
responsabilidade permanece quando a deterioração decorre de simples culpa).
(Obs 3: Art.452 - “se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações” 
(vendendo material de demolição ou recebendo o valor de um seguro, p.ex.), serão 
elas deduzidas da verba a receber, a não ser que tenha sido condenado a indenizar
o terceiro reivindicante).
b) BENFEITORIAS REALIZADAS NA COISA: dispõe o art.453 do Código Civil que
as “necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo
alienante”. O evicto, como qualquer possuidor, tem direito de ser indenizado das
necessárias e úteis, pelo reivindicante (CC, art.1219). Contudo, se lhe foram
abonadas (pagas pelo reivindicante) e tiverem sido feitas, na verdade, pelo 
alienante, “o valor delas será levado em conta na restituição devida” 
(CC, art.454). A finalidade da regra é evitar o enriquecimento sem causa do 
evicto, impedindo que embolse o pagamento efetuado pelo reivindicante de 
benfeitorias feitas pelo alienante).
H) Evicção Parcial: Dá-se a evicção parcial quando o evicto perde apenas parte 
ou fração da coisa adquirida em virtude de contrato oneroso.
Se a evicção for parcial, mas com perda de parte considerável da coisa, poderá
o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço 
correspondente ao desfalque sofrido.
Art.455 - “Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar 
entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao 
desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a 
indenização.”
(ex: o evicto adquiriu cem alqueires de terra e perdeu sessenta, pode optar por 
rescindir o contrato ou ficar com o remanescente, recebendo a restituição da 
parte do preço correspondente aos sessenta alqueires que perdeu).
(Obs: A doutrina, em geral, considera parte considerável para esse fim a perda 
que, atentando-se para a finalidade da coisa, faça presumir que o contrato não 
se aperfeiçoaria caso o adquirente conhecesse a verdadeira situação.
Se não for considerável a evicção, “caberá
somente direito a indenização).
9- Extinção do contrato
A) Noções gerais: Os contratos, assim como os negócios jurídicos também tem
um ciclo vital - nascem de acordo com a vontade das partes; produzem os efeitos
que lhe são próprio e EXTINGUEM-SE. 
Ao contrário dos direitos reais, que tendem à perpetuidade, os direitos 
obrigacionais gerados pelo contrato caracterizam-se pela temporalidade (não há
contrato eterno). Vínculo contratual é, por natureza, passageiro e deve 
desaparecer naturalmente, desde que devedor cumpra a prestação prometida ao 
credor.
(Obs: A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja ela instantânea, diferida 
ou continuada. O CUMPRIMENTO da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. 
Este é o meio normal de extinção do contrato. Comprova-se o pagamento pela 
QUITAÇÃO fornecida pelo credor).
B) Extinção do contrato sem cumprimento: O contrato pode ser extinto sem o
cumprimento da obrigação, trata-se de extinção anormal. Que pode ter 
causas ANTERIORES ou CONTEMPORÂNEAS à formação do contrato, ou até 
SUPERVENIENTES:
a) Causas ANTERIORES ou CONTEMPORÂNEAS à formação do contrato: 
I. Nulidade absoluta e relativa ( ou anulabilidade): 
(i) Nulidade absoluta: Decorre de ausência de elemento essencial do ato, alé
de que sua incidência traz "agressão à ordem pública", de forma que impeça que o
contrato produza efeitos DESDE A SUA FORMAÇÃO. Tendo o pronunciamento da nulidade
podendo ser requerido em juízo a qualquer tempo, por qualquer interessado, 
podendo ser declarada de ofício pelo juiz ou por promoção do MP. 
(tem efeito ex tunc)
(Obs: Se a nulidade for PARCIAL, só quanto a ela poderá ser exercido o direito
de nulidade)
(ii) Anulabilidade: Decorre da imperfeição da vontade - seja porque é emanada de
um relativamente incapaz não assistido, porque contém algum dos vícios do
consentimento (ex: erro, dolo, coação...). Esta diferente da nulidade absoluta
pode ser sanada e até mesmo não arguida no prazo prescricional, não extinguirá o
contrato enquanto não mover ação que a decrete.
(tem efeito ex nunc)
(Obs: Diferente da nulidade absoluta, esta não pode ser arguida por ambas as 
partes da relação contratual, nem declarada ex officio pelo juiz. Legitimado a 
pleitear a anulação está somente o contraente em cujo interesse foi estabelecida 
a regra).
II. Cláusula resolutiva: Aqui vai tratar do inadimplemento, quando isto ocorrer,
cada contraente tem a faculdade de pedir a RESOLUÇÃO. Essa faculdade advém de:
(i) Conveção - (Cláusula resolutiva expressa ou pacto comissório expresso);
(ii) Presunção legal - (Cláusula resolutiva tácita ou implícita);
i. Cláusula resolutiva tácita: Trata-se de presunção, em todo contrato bilateral
ou sinalagmático, presume-se a existência de uma cláusula resolutiva tácita,
autorizando o lesado pelo inadimplemento a pleitar a resolução do contrato, com
perdas e danos (art.475)
(Obs: Sinalagma é a troca mútua, como ocorre na compra e venda - o comprador, 
para receber algo, terá que pagar o preço da coisa; o vendedor tem o dever de 
entregar algo, bem como tem o direito de receber por aquilo que foi vendido).
* O contratante pontual (aquele que espera o cumprimento da obrigação), tem 
diante do inadimplemento da outra parte, a alternativa de: I. Permanecer inerte e
defender-se, caso acionado; II. Requerer a resolução do contrato com perdas e 
danos; III. Exigir o cumprimento do contrato.
* Teoria do adimplemento substancial: A teoria do adimplemento substancial goza 
de grande prestígio doutrinário e jurisprudencial na atualidade do Direito 
Contratual Brasileiro. Por essa teoria, nos casos em que o contrato tiver sido 
quase todo cumprido, sendo a mora insignificante, não caberá sua extinção, mas 
apenas outros efeitos jurídicos, como a cobrança ou o pleito de indenização por 
perdas e danos.
 
ii. Clásula resolutiva expressa (ou Convencional): O CC prevê a cláusula 
resolutiva expressa sem qualquer limitação, seja quanto à natureza do contrato, 
seja quanto à parte beneficiada (pode afetar qualquer das partes). “A cláusula 
resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação 
judicial.”
* Necessidade de pronunciamento judicial: Em ambos os casos, tanto no de cláusula
resolutiva expressa ou convencional como no de cláusula resolutiva tácita, a 
resolução deve ser judicial, ou seja, precisa ser judicialmente pronunciada.
III. Direito de arrependimento: Quando expressamente previsto no contrato, o 
arrependimento autoriza qualquer uma das partes a rescindir o ajuste, mediante 
declaração unilateral da vontade, sujeitando-se à perda do sinal ou à sua 
devolução em dobro sem, no entanto, pagar indenização suplementar.
(Obs: O direito de arrependimento deve ser exercido no prazo convencionado ou
antes da execução do contrato se nada foi estipulado a esse respeito, pois o 
adimplemento deste importará renúncia tácita àquele direito).
b) Causas supervenientes à formação do contrato: Trata-se de extinção posterior
à criação do contrato que podem causar:
I- Resolução: Aqui vai tratar de causa superveniente que gera a inexecução ou 
incumprimento por um dos contraentes, sendo a resolução um remédio concedido
à parte para rompe o vínculo contratual mediante ação judicial. O inadimplemento
pode ser VOLUNTÁRIO (culposo) ou NÃO (involuntário).
(i) Resolução por inexecução voluntária: Ocorre resolução através de 
inadimplemento voluntário que decorre de conduta culposa por um dos contraentes, 
com prejuízo ao outro. 
(Ex: Cantor contratado, antes do show enche a cara ficando impossibilitado de
cumprir a obrigação de cantar porém este não tinha essa intenção)
Tendo efeito EX TUNC, irá extinguir o que foi executado e 
obrigando a restituições recíprocas, sujeitando, ainda, o inadimplemento ao 
pagamento: de perdas e danos; da cláusula penal (se foi convencionada).
(Obs: Se o contrato for de trato sucessivo, como o de prestações de serviços
de transporte eo de locação, p.ex, a resolução não produz efeitos ao passado,
não se restituindo as prestações que já foram cumpridas. (efeito ex nunc)).
(Obs 2: É necessário que o inadimplemento invocado por quem pede a resolução 
seja razoavelmente sério e grave, e prejudique, de modo objetivamente 
considerável, o seu interesse. Se uma parte manifestou sempre tolerância
por uma certa margem de atraso ou de pagamento de valor inexato, pouco
inferior ao convencionado, “isto pode ter relevância para excluir a 
possibilidade de resolução do contrato por falta de cumprimento integral”.
O juiz, ao avaliar, em cada caso, a existência desses pressupostos, levará em
conta os princípios da boa-fé e da função social do contrato, bem como as 
legítimas expectativas das partes em relação à complexidade econômica do negócio).
* Exceção de contrato não cumprido: Conforme o art.476 do CC - Nos contratos
bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação pode
exigir o implemento da do outro.
Os contratos bilaterais ou sinalagmáticos geram obrigações para ambos os 
contratantes, envolvendo prestações recíprocas, atreladas umas às outras.
Trata-se de uma defesa para que qualquer dos contraentes, pode ao ser demandado
pelo outro, utilizar-se para recusar a sua prestação, ao fundamento que o
demandante não cumpriu o que lhe competia. Trata-se de prestações simultâneas.
(Obs: Prestações simultâneas - é mister que as prestações sejam simultâneas, pois
, caso contrário, sendo diferente o momento da exigibilidade, não podem as 
partes invocar tal defesa).
(Obs 2: Gravidade da falta e equilíbrio das prestações contrapostas: é requisito
para que a exceção do contrato não cumprido seja admitida, que a falta cometida 
pelo contraente, que está exigindo a prestação do outro sem ter antes cumprido a 
sua, seja GRAVE, bem como que haja EQUILÍBRIO e PROPORCIONALIDADE entre as 
obrigações contrapostas). 
(Obs 3: Defesa Indireta: A

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