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A ÉTICA DO MAGISTRADO
Charlles Couto¹
Isabela Silveira
Isnard Factum
Rosana Santos
Resumo: O presente artigo tem como objetivo abordar sobre a ética do magistrado tanto no âmbito profissional como na sua vida pessoal. Serão analisados também os impedimentos, os vícios, que tornam difícil o exercício da magistratura, bem como, trazendo situações que podem gerar conflitos éticos, principalmente na abordagem sobre a imparcialidade do juiz se realmente existe, e como deverá ser aplicada. Nesse mesmo contexto, serão expostos conceitos de ética, diferenciando-a da moral e do direito, o seu objetivo e a sua aplicação. 
Palavras-Chave: Ética. Magistrado. Vedações. Deveres. Imparcialidade.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo consiste em objeto de pesquisa, possuindo como objetivo demonstrar os expressos deveres éticos em que devem seguir os magistrados, respeitando o ordenamento no teor de suas decisões, respeitando princípios éticos e limitações.
Faz-se importante o estudo do tema, pois que muitos discentes que ingressaram na carreira jurídica visam à magistratura como plano de carreira, seja pela independência financeira que ela proporciona, pelo status ou por prazer.
Para ser magistrado requer muito estudo, e capacitação. O juiz contribui para o aperfeiçoamento dos comandos éticos e sinaliza para a sociedade o parâmetro da conduta desejada através de suas decisões. 
A falta de ética que se faz presente hoje em todas as esferas estatais, passa a incrementar a exigência de uma postura moral por parte do juiz. Assim, o presente artigo vem conceituando ética, diferenciando-a com a moral e o Direito, expressando o que seria o magistrado, suas características e por fim fazendo uma reflexão a respeito da ética do magistrado no âmbito profissional e pessoal atendendo aos deveres éticos impostos a ele.
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ÉTICA, MORAL E DIREITO
A palavra "ética" provém do grego "ethos", que significa modo de ser, caráter. Seria uma ciência da qual a moral é objeto. A ética estuda a moral. Ela busca aquilo que é bom para o indivíduo e para a sociedade. A ética valora uma conduta e isso é muito mais do que aceitar ou não, e é por isso que existe um Código de ética e não pode existir um Código de moral.
O objetivo da ética é tentar sistematizar, universalizar comportamentos, ou seja, a moral. Assim, a ética seria um comportamento moral espontâneo.
A Moral está relacionada com a ideia de costume, com a forma humana de agir, ou seja, a aceitação de um ato humano. Pode dizer que seria um conjunto de condutas humanas, aceitas por um determinado grupo social, em um espaço e no tempo.
Moral é absolutamente mutável, seja no grupo social, seja no espaço ou no decurso do tempo. Ela se modifica gradualmente e de forma espontânea. A sanção moral diferente do Direito ela não está pré-determinada.
No Direito você antecipadamente já sabe como deverá se comportar. Na moral você não tem como prevê qual a sanção que será aplicada.
Pode-se dizer que o Direito está contido na moral, mesmo que não seja completamente. E a ética passa a não ser um comportamento em si, é fruto de um esforço do espírito humano para estabelecer princípios que iluminem a conduta das pessoas, grupos, comunidades, nações, segundo um critério de Bem e de Justiça. Ela serve para que haja equilíbrio social, pois se relaciona com o sentimento de justiça social.
A ética se divide em diversos ramos, entre eles pode-se destacar a ética normativa, que é teoria que estuda a axiologia moral e a deontologia, como por exemplo, a ética das profissões. 
DEONTOLOGIA
O primeiro Código de Deontologia foi feito na área da medicina, nos Estados Unidos.
Deontologia faz parte da filosofia moral contemporânea e sua origem significa, em grego, ciência do dever e da obrigação. É uma teoria que abrange as escolhas dos indivíduos, que vem para orientar o que precisa ser feito e que são de forma moral bastante necessárias.
A deontologia também conhecida por ser um conjunto de princípios e de estabelecer regras de conduta ou deveres de uma determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria para regular o exercício da profissão.  Para os profissionais, são normas estabelecidas para corrigir suas intenções, ações, direitos, deveres e princípios. 
DEONTOLOGIA JURÍDICA
Também conhecida como a “Teoria do Dever” que é um dos dois ramos principais da Ética Normativa, juntamente com a axiologia. É a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do direito, bem como de seus fundamentos éticos e legais. Etimologicamente, deontologia significa ciência dos deveres. Assim, deontologia jurídica é essa ciência aplicada àqueles que exercem alguma profissão jurídica, em especial os  magistrados  que é o tema preponderante do presente artigo.
MAGISTRADO
A definição de Magistrado pelo dicionário é Funcionário ou oficial civil investido de autoridade jurisdicional (membros dos tribunais e das cortes etc.), administrativa (prefeito, subprefeito etc.) ou política (presidente, governador etc.).designação geral dos juízes, desembargadores e ministros.
A função de magistrado é uma função sagrada. Já dizia o profeta Isaías: “Estabelecerás juízes e magistrados de todas as tuas portas, para que julguem o povo com retidão de Justiça”. 
A magistratura tem uma Ética, pois que é mais que uma profissão. A Ética do Magistrado é mais que uma Ética profissional. A sociedade exige dos magistrados uma conduta exemplarmente ética. Atitudes que podem ser compreendidas, perdoadas ou minimizadas, quando são assumidas pelo cidadão comum, essas mesmas atitudes são absolutamente inaceitáveis quando partem de um magistrado.
São várias as características que devem fazer parte da vida de um Juiz, no seu dia a dia e no desempenho de sua função. Podemos citar: a auto-estima, o autocontrole, uma boa memória, uma boa capacidade de análise, capacidade de comunicação, capacidade de pensar e agir sob pressão, capacidade de síntese, cautela, coragem, cortesia, imparcialidade, etc..
VEDAÇÕES AO MAGISTRADO
Estão previstas na Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), no artigo. 36, como se seugue:
Art. 36 - É vedado ao magistrado:
I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista;
.
II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;
III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.
Ainda embutido no tema vedações, existem os vícios como impedimentos e suspeição do juiz, que representam neutralidades, onde ela presume uma parcialidade. O próprio juiz de ofício ou a requerimento das partes, já se declara impedido ou suspeito nos casos previstos em lei. E se existem vedações, existem deveres senão vejamos.
DEVERES DO MAGISTRADO 
As regras relativas à profissão de juiz, no Brasil, encontram-se na Lei Complementar nº 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), no artigo. 35, estão previstos os deveres dos magistrados, que são obrigatórios o seu cumprimento, sob pena de vir a sofrer sanções dis- ciplinares.
Nesta aresta, vejamos os deveres do juiz, previsto pela Lei Complementar nº35 de 14-3-1979: 
Art. 35 - São deveres do magistrado:       
I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;       
O dispositivo presente diz que o juiz se submete a legislaão, cumprindo a prática dos atos do seu ofício, esob sua responsabilidade cobrar de outrem o cumprimento da legislação.
II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;        
III - determinaras providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais;       
Sabemos que hoje em dia, ocorre um volume excessivo de processo, dificultando os prazos processuais, que devem ser revistos.
IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência.      
Em qualquer situação da vida privada ou pública deve haver tratamento com urbanidade, com qualquer pessoa a que relacione. 
V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado;    
Caso a residência seja em outra localidade deve ser analisado cada caso para autorização.   
Além dessa Lei que rege toda a profissão do magistrado, existe o Código de Ètica da Magistratura que desde o início foi bastante debatido, a própria AMAB se posicionou contra a sua criação. Os opositores entendiam que seria imposto aos juízes algo que deveria ser espontâneo, para eles é como se fossem assumir que precisavam do Direito para serem éticos . De fato, a ética se amolda de forma espontânea, porém apesar de trazer um rol de princípios norteadores da carreira jurídica, acredita-se que estaria faltando um capítulo de sanções, já que para funcionar um código de fato é necessário estabelece-las. Faz-se necessário refletir sobre essa questão.
Assim, enquanto a LOMAN, estabelece os deveres a serem cumpridos pelos magistrados sob pena de sofrer sanção, o Código de ética da Magistratura, objetiva nortear a atuação do juiz destituída até então de qualquer consequências.
DEVERES ÉTICOS
Serão elencados abaixo, os deveres éticos do magistrado, um ponto mais importante deste artigo, deveres estabelecidos no Código de Ética da Magistratura, tornando-se princípios fundamentais para que se possa ter um juiz justo, que respeita a moral e a ética, são eles:
Transparência
A clareza é essencial na transmissão das informações exigível para os atos judiciais como para a administração, sendo a regra a comunicação ampla, direta, difusa e a exceção é o sigilo. O magistrado deve informar ou mandar informar aos interessados referentes aos processos sob sua responsabilidade documentando ou tornando públicos todos os atos praticados, objetivo que seja suscetível por todos os interessados o acompanhamento e fiscalizando. Conforme expresso em seu próprio código de ética que dispõe:
Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre que possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplado em lei. 
Art. 11. O magistrado, obedecido o segredo de justiça, tem o dever de informar ou mandar informar aos interessados acerca dos processos sob sua responsabilidade, de forma útil, compreensível e clara. 
Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de comunicação social, comportar-se de forma prudente e eqüitativa, e cuidar especialmente: 
I - para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores; 
II - de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério. 
Art. 13. O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer natureza. 
Art. 14. Cumpre ao magistrado ostentar conduta positiva e de colaboração para com os órgãos de controle e de aferição de seu desempenho profissional. 
Assim, a informação deve ser transmitida de forma útil, compreensível e clara. Pois a justiça é ferramenta humana para resolver problemas humanos. Não pode se distanciar daqueles que buscam a justiça, pois para ela não há leigos e o “juridiquês” que é tão criticado por profissionais de outras áreas, deverá então ser simplificado, para da acesso a todos. Cabe ressaltar ainda, que o juiz poderá responder a mídia de forma simples, atendendo as necessidades de informação sem faltar com a verdade, porém, sem ferir o principio da violação do sigilo que se faz preponderante nos processos.
Integridade pessoal e profissional
A conduta social refere-se ao compromisso social e atuação do magistrado na sociedade que engloba a sua vida pessoal, são aspectos importantes por serem cobrados pela coletividade, que implicam em várias exigências na conduta diária da função de julgar e na vida pessoal.
O que se espera de um juiz, é o que o Código Nacional da Magistratura traz, o juiz precisa ser íntegro no âmbito da atividade jurisdicional para consolidar a confiança dos cidadãos na judicatura.
O magistrado não pode sentir-se num grau elevado em razão do cargo que ocupa perante aos demais seres humanos. Nesse sentido NALINI (2009, p.102) explica que, “Cada ser humano dispõe de uma própria hierarquia valorativa. O relativismo tende a imperar, mas o juiz é submisso a uma ordem cujo ápice é a Constituição da República.” está submetido ao cumprimento da lei moral.
O juiz deve atuar em prol da sociedade, independentemente de classes ou origens dos cidadãos, interagindo com o corpo social para compreender a realidade que o circunda, porém o magistrado não é um cidadão comum, mas é uma pessoa que deve zelar por sua imagem dentro ou fora dos autos, assumindo ainda sua responsabilidade social.
O padrão a ser seguido é sempre o equilíbrio, a carreira impõe diferentemente dos demais cidadãos em geral, restrições e exigências pessoais. 
O juiz brasileiro deve recusar as vantagens ou benefícios de instituições internacionais, de ONGs, igrejas, partidos políticos e outras espécies associativas comprometedoras da independência funcional, objetivando preservar a imagem de integridade da Magistratura.
 O bom uso de bens públicos ou de meios disponibilizados para o exercício das funções pelo juiz enseja atuação corretiva, coibindo assim práticas inidôneas aos demais servidores. E a cidadania tem buscado esclarecer pelo destino do dinheiro do povo.
Assim como, dúvida razoável sobre a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômica patrimonial, o juiz deve comprovar a origem dos bens. Nesse liame NALINI (2009, p.115) diz “A Magistratura não pode conviver com a pecha de corrupção.(...) Existe para fazer justiça e não pode compactuar com rematada injustiça, que é enriquecer ilicitamente.” Sobre a integridade o Código de ética dispõe:
Art. 15. A integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade jurisdicional contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura.
 
Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral. 
Art. 17. É dever do magistrado recusar benefícios ou vantagens de ente público, de empresa privada ou de pessoa física que possam comprometer sua independência funcional. 
Art. 18. Ao magistrado é vedado usar para fins privados, sem autorização, os bens públicos ou os meios disponibilizados para o exercício de suas funções.
 
Art. 19. Cumpre ao magistrado adotar as medidas necessárias para evitar que possa surgir qualquer dúvida razoável sobre a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômico-patrimonial. 
Conhecimento e capacitação
É fundamental que o magistrado para desempenhar com eficácia o exercício jurisdicional, além do conhecimento das leis tenha formação humanística para que tenha habilidades que o ajudem na compreensão da realidade das sociedades humanas. 
”É preciso estar preparado para a perturbação do equilíbrio causada pelo caos da vida. À medidaque o ser humano juiz aprender a viver e a trabalhar num ambiente de contínuas mudanças, quase todas ocorridas sem a sua participação ou mesmo contra a sua vontade, ele será recompensado com outras mudanças em seu comportamento.” NALINI (2009, p.163)
Assim, é necessário que deixe para trás a forma mecanicista das organizações, para enfrentar dimensões mais ricas, no redescobrimento de significado existencial e de dignidade da pessoa humana. O aprendizado é obrigação permanente, pois é praticamente impossível aparecer onde está o bem e onde se refugia o mal, além disso o conhecimento deve ser passado na medida do possível para os demais membros da comunidade jurídica, gerando dessa forma uma reciclagem e um crescimento integral. Essa matéria está disposta, nos artigos 29 a 36 do código de ética da Magistratura senão vejamos:
Art. 29. A exigência de conhecimento e de capacitação permanente dos magistrados tem como fundamento o direito dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção de um serviço de qualidade na administração de Justiça. 
Art. 30. O magistrado bem formado é o que conhece o Direito vigente e desenvolveu as capacidades técnicas e as atitudes éticas adequadas para aplicá-lo corretamente. 
Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados estende-se tanto às matérias especificamente jurídicas quanto no que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam favorecer o melhor cumprimento das funções judiciais. 
Art. 32. O conhecimento e a capacitação dos magistrados adquirem uma intensidade especial no que se relaciona com as matérias, as técnicas e as atitudes que levem à máxima proteção dos direitos humanos e ao desenvolvimento dos valores constitucionais. 
Art. 33. O magistrado deve facilitar e promover, na medida do possível, a formação dos outros membros do órgão judicial. 
Art. 34. O magistrado deve manter uma atitude de colaboração ativa em todas as atividades que conduzem à formação judicial. 
Art. 35. O magistrado deve esforçar-se para contribuir com os seus conhecimentos teóricos e práticos ao melhor desenvolvimento do Direito e à administração da Justiça. 
Art. 36. É dever do magistrado atuar no sentido de que a instituição de que faz parte ofereça os meios para que sua formação seja permanente. 
Sigilo Profissional
É obrigatório para o juiz o sigilo, por penetrar o âmago da intimidade dos desventurados que precisam do suporte da justiça. E comenta NALINI (2009 p.158) ”O gabinete do juiz, a sala de audiência, o salão dos julgamentos colegiados deveriam representar o ambiente sagrado de um templo ou, melhor ainda, de um confessionário.” O compromisso com a cautela é dever claro à missão judicial. Dispõe o Código de Ética:
Art. 27. O magistrado tem o dever de guardar absoluta reserva, na vida pública e privada, sobre dados ou fatos pessoais de que haja tomado conhecimento no exercício de sua atividade. 
Art. 28. Aos juízes integrantes de órgãos colegiados impõe-se preservar o sigilo de votos que ainda não hajam sido proferidos e daqueles de cujo teor tomem conhecimento, eventualmente, antes do julgamento. 
O sigilo é norma praticamente absoluta para o juiz. Não significa apenas o dever de silenciar, mais que isso, o juiz tem obrigação de reservar-se, por ser encarregado de solucionar os problemas, não pode ele sair revelando-os. Pois que os próprios autos possuem informações que se reveladas e divulgadas prejudicariam ou interessados e até mesmo terceiros. Assim, presume-se que o magistrado seja uma autoridade consciente das responsabilidades de seu cargo. Pois que, até mesmo no interesse da própria justiça é que a regra do sigilo não poderá ser quebrada. Há que se falar que pode o dever do sigilo colidir com o principio da publicidade, porém através da ponderação e otimização de valores tem-se como adequá-los a realidade, sem que um interfira no que o outro preceitua, protegendo assim demais princípios como da privacidade e intimidade de determinada pessoa.
Prudência e Cortesia
No que concerne à cortesia o Código de ética passa a dispor:
Art. 22. O magistrado tem o dever de cortesia para com os colegas, os membros do Ministério Público, os advogados, os servidores, as partes, as testemunhas e todos quantos se relacionem com a administração da Justiça. 
Parágrafo único. Impõe-se ao magistrado a utilização de linguagem escorreita, polida, respeitosa e compreensível. 
Art. 23. A atividade disciplinar, de correição e de fiscalização serão exercidas sem infringência ao devido respeito e consideração pelos correicionados. 
O juiz acaba por representar um poder, pois que chegou ao ápice da escolarização, uma das melhores remunerações que o Estado poderia pagar e com isso muitas vezes vem às consequências, por se encontrar em patamar tão elevado, acaba por transmitir e ser acometido por certa arrogância, isso se reflete no trato com os menos favorecidos e inverte-se a regra com os superiores.
O juiz precisa manter uma relação em nível de urbanidade, um tratamento condigno com qualquer pessoa a qual se relacione, e comenta NALINI (2009, p.133) “o legislador converteu a educação de berço em dever legal.” Assim, para que o bom relacionamento subsista, é fundamental o autocontrole.
O Código de Ética impõe ao juiz a utilização de linguagem concisão, objetividade, e tudo isso ajuda a comunicação, e traz em favor da credibilidade e da legitimidade da Justiça. Pois, os abusos não devem ser subtraídos da fiscalização de órgãos correcionais mais elevados.
Já com relação a Prudência do magistrado ele traz:
Art. 24. O magistrado prudente é o que busca adotar comportamentos e decisões que sejam o resultado de juízo justificado racionalmente, após haver meditado e valorado os argumentos e contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito aplicável. 
Art. 25. Especialmente ao proferir decisões, incumbe ao magistrado atuar de forma cautelosa, atento às conseqüências que pode provocar. 
Art. 26. O magistrado deve manter atitude aberta e paciente para receber argumentos ou críticas lançados de forma cortês e respeitosa, podendo confirmar ou retificar posições anteriormente assumidas nos processos em que atua. 
O ser prudente é a virtude de prevenir, evitar inconvenientes, o juiz deverá saber qual o efeito que sua concreta decisão causará o que se espera é autuação de juízo racional para apreciação da causa, esse é um desafio do aprendizado constante, senão ajustar-se à condição humana, e traz desse modo ao juiz prudente auxiliá-lo no exercício contínuo do equilíbrio, da sensatez e do consequencialismo.
Cultivo permanente de tolerância, de paciência e da compreensão para com todos, depende da disponibilidade para com semelhante, é necessário compreensão e tolerância, pois o juiz é incumbido de harmonizar uma sociedade sofrida e vê na justiça o seu grande refúgio.
Independência e Imparcialidade
O juiz deverá ser independente senão, não será juiz. A independência está diretamente relacionada a imparcialidade do juiz. Essa independência expressa ao Poder, visa garantir ao magistrado aplicar o direito livre de interferências condicionantes. Ele precisa estar totalmente livre para o exercício da missão que lhe cabe. O próprio Código de ética traz em seu primeiro artigo expressa essa independência. Sem ela, não haverá liberdade, que é o primeiro direito fundamental contido na Constituição Federal Brasileira.
Existem dois tipos de independência, a financeira que representa conquista pessoal de cada juiz e a independência ética, que é a que se refere neste artigo, que trata da postura do juiz sem a interferência e influência de nada que não seja sua própria consciência, baseada na lei. Seu discernimento é que vai impedir que a aplicação rígida da lei, venha a representar uma injustiça concreta.
Ocorre que essa independência tem sido questionada, e comparada a imparcialidade quanto as decisões dos juízes. As motivações não jurídicas em suas decisões, como por exemplo, a suaemoção, que pode convencê-lo de está fazendo o certo, o justo, enquanto sob um olhar jurídico estaria a cometer injustiça.
 (...) Para manter-se liberdado de influências externas, o juiz precisa se compenetrar do que significa imparcialidade. A imparcialidade do juiz significa que ele não toma partido sobre os interesses que lhe são submetidos; é terceiro imparcial, alheio a solução da questão e estranho as razões da acusação e da defesa. O juiz há de apreciar e decidir as questões em exclusiva obediência a lei.( NALINI, ed. 2010, pag 60).
Logo, Salienta-se uma dupla dimensão na imparcialidade: A subjetiva que provem do foro intimo do juiz.è aquela em que o juiz busca proferir a melhor de cisão que possa, aquela proveniente de um minucioso estudo do caso, respeitando o que estabelece a legislação e a interpretação que melhor se ajuste ao contexto real. E a objetiva que seria a distância do julgador diante do caso concreto, ou seja, a comunidade tem que se convencer de que o juiz agiu com imparcialidade. Além de praticar o justo, o juiz tem que deixar transparecer a imagem perfeita de um homem justo.
Muitas vezes a própria filosofia de vida do julgador, sua opinião política, suas vivências, interferem mais no julgamento do que o próprio caso concreto visto pelo âmbito do ordenamento. E nem sempre é fácil se constatar isso, muitas vezes o juiz encontra uma leitura na lei que coincida com aquilo que ele pretendia decidir.
O juiz não pode ser absolutamente imparcial, porque, antes de tudo, é um ser humano. Quando prolata a sentença, fixa sua própria convicção, embora não deva distanciá-la das provas colhidas na instrução processual. Essa imparcialidade é inerente à função de julgar. 
Vale ressaltar que não existe previsão expressa a respeito da imparcialidade. A única previsão existente é no art. 6°, inciso I da Convenção Européia dos Direitos dos Homens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cabe concluir, que para ser um juiz ético é preciso ser um bom juiz, ou seja, um juiz capaz de fazer justiça, porém para isso é preciso saber interpretar, é preciso conhecer a si mesmo, pois o auto conhecimento implica humildade e a busca por aprendizado constante. Um magistrado ético, polido, afável, atencioso para com todo rápido na prestação jurisdicional, discreto e comedido, será fator de prestígio para o Judiciário.
 	Não falta doutrina para inspirar quem queira se tornar mais ético, o essencial é ter a vontade e que esta esteja bem dirigida. O juiz não pode se desligar da realidade de seu país e precisa se pautar em uma verdade: dele é exigido o compromisso de concretizar uma justiça alimentada pelo senso da responsabilidade, onde nela esteja presente a moral, o Direito e a ética, pois não há Direito sem ética.
REFERÊNCIAS
 -ANDRIGH, Fátima Nancy. A ética na magistratura. Fortaleza, 2001. Disponível em: . Acesso em: 05 setembro de 2012.
-NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 4 ed. São Paulo, Editora revista dos tribunais,2009.
-NALINI, José Renato. Ética da Magistratura. São Paulo, Editora Afiliada, 2010.
� Estudantes do décimo semestre de Direito – Matutino da Faculdade Batista Brasileira.

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