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Curso de Matema´tica 1 Aula 05 - Derivada Objetivos da aula: aprender o conceito de derivada; entender a derivada como uma taxa de variac¸a˜o; entender a interpretac¸a˜o geome´trica da derivada; aprender a derivada das func¸o˜es ba´sicas. A derivada Seja f uma func¸a˜o definida em todo um intervalo aberto contendo o ponto a ∈ R. Dizemos que f e´ deriva´vel no ponto x = a se existe o limite f ′(a) = lim x→a f (x)− f (a) x − a = limh→0 f (a + h)− f (a) h . O nu´mero f ′(a) e´ chamado derivada da func¸a˜o f no ponto x = a. Para ver que os limites acima, quando existem, sa˜o iguais, basta fazer x = a + h no primeiro e observar que h→ 0, quando x → a. Interpretac¸a˜o dinaˆmica da derivada Se f mede a posic¸a˜o de um mo´vel, o quociente que aparece na definic¸a˜o de derivada f (a + h)− f (a) h e´ a velocidade me´dia entre os instantes a e a + h. Quando h→ 0, o quociente acima se aproxima da velocidade no instante a, isto e´, f ′(a) = lim h→0 f (a + h)− f (a) h = velocidade no instante a Logo, no caso em que f mede a posic¸a˜o de um carro, a derivada f ′(a) fornece a velocidade no instante a. Se f mede a velocidade, enta˜o o quociente f (a + h)− f (a) h fornece a acelerac¸a˜o me´dia. Logo, a derivada vai medir a acelerac¸a˜o no instante a. Interpretac¸a˜o dinaˆmica da derivada Para uma func¸a˜o f qualquer, o quociente f (x)− f (a) x − a e´ chamado de variac¸a˜o me´dia da funca˜o f no intervalo [a, x ]. Quando fazemos x → a, obtemos a taxa de variac¸a˜o da func¸a˜o em x = a. a derivada f ′(a) e´ a taxa de variac¸a˜o da func¸a˜o f no ponto x = a Exemplo 1 Se a posic¸a˜o de um carro e´ s(t) = t3, enta˜o a sua velocidade e´ v(t) = s ′(t) = lim h→0 s(t + h)− s(t) h = lim h→0 (t + h)3 − t3 h = · · · = lim h→0 h(3t2 + 3th + h2) h = 3t2, para cada t > 0. A sua acelerac¸a˜o e´ dada por a(t) = v ′(t) = lim h→0 v(t + h)− v(t) h = lim h→0 3(t + h)2 − 3t2 h = · · · = lim h→0 h(6t + 3h) h = 6t, para cada t > 0. Exemplo 2 Se o volume ga´s dentro de um pista˜o e´ V (p) = 200/p, enta˜o a taxa de variac¸a˜o do volume em relac¸a˜o a` pressa˜o e´ V ′(p) = lim h→0 V (p + h)− V (p) h = lim h→0 200 p+h − 200p h = · · · = lim h→0 −200 · h h(p + h)p = −200 p2 , para cada p > 0. Note que a derivada V ′(p) e´ negativa, o que significa que, quando a pressa˜o aumenta, o volume diminui. Em outras palavras, a func¸a˜o volume e´ decrescente. Interpretac¸a˜o geome´trica da derivada Se x 6= a, sabemos que o quociente f (x)− f (a) x − a e´ a inclinac¸a˜o da reta secante ao gra´fico de f pelos pontos (x , f (x)) e (a, f (a)). Quando x → a, obtemos a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico no ponto (a, f (a)), que e´ f ′(a) = lim x→a f (x)− f (a) x − a . a derivada f ′(a) e´ a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico de f no ponto (a, f (a)) Interpretac¸a˜o geome´trica da derivada Quando a derivada f ′(a) existe, a reta tangente tambe´m existe e tem equac¸a˜o dada por y = f (a) + f ′(a)(x − a). Ela passa pelo ponto (a, f (a)) e tem inclinac¸a˜o igual a f ′(a). Na expressa˜o acima, o valor a esta´ fixado. A varia´vel e´ portanto x , de modo que a func¸a˜o y = ya(x) e´ de fato uma reta, pois ela pode ser colocada na forma y(x) = mx + b, com m = f ′(a), b = (f (a)− f ′(a)a). Exemplo 3 Vamos calcular a reta tangente ao gra´fico de f (x) = x2 em um ponto gene´rico (a, f (a)), com a ∈ R. A inclinac¸a˜o da reta, isto e´, a derivada de f em x = a, e´ f ′(a) = lim x→a f (x) − f (a) x − a = limx→a x2 − a2 x − a = lim x→a (x − a)(x + a) x − a = limx→a(x + a) = 2a. Assim, a equac¸a˜o e´ ya(x) = a 2 + 2a · (x − a), ou ainda ya(x) = 2ax − a2. 1 2 4 Relac¸a˜o entre derivada e continuidade A existeˆncia da reta tangente no ponto (a, f (a)) implica na continuidade de f em x = a. O contra´rio na˜o e´ verdade em geral. Uma func¸a˜o pode ser cont´ınua em x = a sem que exista reta tangente no ponto (a, f (a)). −1 1 3 Os pontos em que a func¸a˜o ao lado na˜o e´ deriva´vel sa˜o x = −1, x = 1 e x = 3. Ela e´ cont´ınua nos dois primeiros e na˜o e´ cont´ınua no u´ltimo. A func¸a˜o derivada A func¸a˜o derivada de f , que denotamos por f ′, e´ a func¸a˜o que associa para cada a ∈ dom(f ), a derivada de f no ponto x = a. O seu dom´ınio e´ o conjunto de todos os pontos onde a func¸a˜o f possui derivada. Quando este conjunto coincide com o dom´ınio de f dizemos que f e´ uma func¸a˜o deriva´vel. Podemos ainda usar a notac¸a˜o d dx f (x) para denotar a func¸a˜o derivada de f . Assim, (t3)′ = 3t2, d dt (3t2) = 6t, d dx x2 = (x2)′ = 2x . Exemplo 4 - derivada de uma func¸a˜o constante Se b ∈ R e f (x) = b, para todo x ∈ R, enta˜o f ′(a) = lim x→a f (x)− f (a) x − a = limx→a b − b x − a = limx→a 0 = 0, para todo a ∈ R. Assim, a func¸a˜o constante e´ deriva´vel e sua derivada e´ igual a zero em todos os pontos. Como a derivada e´ a taxa de variac¸a˜o de uma func¸a˜o e a func¸a˜o constante na˜o varia, e´ natural que a sua derivada tenha que ser a func¸a˜o nula. Geometricamente, isso significa que em qualquer ponto (a, f (a)) a reta tangente ao gra´fico e´ horizontal. Exemplo 5 - derivada de uma func¸a˜o afim Se m, b ∈ R e f (x) = mx + b, temos que f ′(a) = lim x→a f (a + h)− f (a) h = lim h→0 [m(a + h) + b]− [ma + b] h = lim h→0 m · h h = m, para todo a ∈ R. O gra´fico da func¸a˜o f e´ uma reta de inclinac¸a˜o m, e a conta acima mostra que, em cada ponto (a, f (a)), a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico e´ tambe´m igual a m. De fato, o que ocorre e´ que a reta tangente coincide com a pro´pria reta. Exemplo 6 - derivada de poteˆncias Se f (x) = xn, com n ∈ N, enta˜o f ′(a) = lim x→a f (x)− f (a) x − a = limx→a xn − an x − a = lim x→a (x − a)(xn−1 + axn−2 + a2xn−2 + · · ·+ an−2x + an−1) (x − a) = an−1 + a · an−2 + a2 · an−2 + · · ·+ an−2 · a + an−1 = nan−1, para cada a ∈ R. Em particular, temos que (x3)′ = 3x2, (x2)′ = 2x , (x)′ = 1. Exemplo 7 - derivada de poteˆncias A regra para a derivada de poteˆncias naturais pode ser estendida para qualquer tipo de poteˆncia. Vale o seguinte: se r ∈ R, enta˜o (x r )′ = rx r−1. Em particular, temos que ( 1 x ) ′ = (x−1)′ = −1x−2 = −1 x2 ( √ x)′ = (x1/2)′ = 1 2 x−1/2 = 1 2 √ x Propriedades ba´sicas da derivada Teorema 1 Se c ∈ R e as func¸o˜es f e g sa˜o deriva´veis em x = a, enta˜o 1 (cf )′(a) = cf ′(a); 2 (f + g)′(a) = f ′(a) + g ′(a); 3 (f − g)′(a) = f ′(a)− g ′(a). Para provar o item 2 acima note que (f + g)′(a) = lim x→a (f + g)(x)− (f + g)(a) x − a = lim x→a f (x) + g(x)− f (a)− g(a) x − a = lim x→a [ f (x)− f (a) x − a + g(x)− g(a) x − a ] = f ′(a) + g ′(a). Os outros itens podem ser provados de maneira ana´loga. A derivada de produtos e quocientes Se f (x) = x3 e g(x) = x2, temos que f ′(x) · g ′(x) = (x3)′ · (x2)′ = 3x2 · 2x = 6x3 e (f · g)′(x) = (x3 · x2)′ = (x5)′ = 5x4. Assim, o produto das derivadas e´ 6x3, que e´ um polinoˆmio de grau 3, enquanto que a derivada do produto e´ 5x4, que e´ um polinoˆmio de grau 4. ATENC¸A˜O ! a derivada de um produto NA˜O E´ o produto das derivadas a derivada de um quociente NA˜O E´ o quociente das derivadas A derivada de produtos e quocientes Teorema 2 Se as func¸o˜es f e g sa˜o deriva´veis em x = a, enta˜o 1 (f · g)′(a) = f (a)g ′(a) + f ′(a)g(a); 2 ( f g ) ′ (a) = g(a)f ′(a)− f (a)g ′(a) g(a)2 , desde que g(a) 6= 0. Assim, (x3 · x2)′ = x3(x2)′ + (x3)′x2 = x3 · (2x) + (3x3) · x2 = 5x4, e ( x3 x2 )′ = x2(x3)′ − x3(x2)′ (x2)2 = x2 · (3x2)− x3 · (2x) x4 = x4x4 = 1, sempre que x 6= 0, neste u´ltimo caso. Exemplo 8 Suponha que a concentrac¸a˜o de medicamento no sangue de um paciente, t > 0 horas apo´s a ingesta˜o de um comprimido, seja dada por C (t) = 3t 2t2 + 8 . Neste caso, a taxa de variac¸a˜o da concentrac¸a˜o pode ser calculada usando-se a fo´rmula da poteˆncia e do quociente: C ′(t) = (2t2 + 8) · (3t)′ − 3t · (2t2 + 8)′ (2t2 + 8)2 = (2t2 + 8) · 3− 3t · (4t) (2t2 + 8)2 , e portanto C ′(t) = 24− 6t2 (2t2 + 8)2 , t > 0. Exemplo 8 A derivada C ′(t) = 24− 6t2 (2t2 + 8)2 , t > 0, se anula quando t = 2. Ale´m disso, temos que C ′(t) > 0, se t ∈ (0, 2); C ′(t) < 0, se t ∈ (2,∞). Sendo C ′ a taxa de variac¸a˜o da concentrac¸a˜o, o estudo de sinal acima nos permite intuir que a func¸a˜o C cresce no intervalo (0, 2), pois neste intervalo a sua taxa de variac¸a˜o e´ positiva. Analogamente, a func¸a˜o C decresce no intervalo (2,∞). Exemplo 8 As informac¸o˜es acima e o fato de que lim t→+∞ C (t) = 0 nos levam ao seguinte gra´fico: Observe que, no instante t = 2, a reta tangente ao gra´fico de C e´ horizon- tal. Este e´ exatamente o instante em que a concen- trac¸a˜o de medicamento e´ ma´xima. 2 0.1 0.2 0.3 0.4 Exemplo 9 Veremos adiante que d dx sen(x) = cos(x), d dx cos(x) = −sen(x). Assim, podemos facilmente calcular d dx tan(x) = ( sen(x) cos(x) ) ′ = cos(x)(sen(x))′ − sen(x)(cos(x))′ cos2(x) = cos2(x) + sen2(x) cos2(x) = 1 cos2(x) . Usando a regra do quociente podemos ainda calcular as derivadas das outras 3 func¸o˜es trigonome´tricas 1cos(x) , 1 sen(x) , cos(x) sen(x) . Exemplo 10 Usando a regra do produto temos que d dx √ x cos(x) = ( √ x)′ cos(x) + √ x(cos(x))′ = 1 2 √ x cos(x)−√x sen(x), para todo x > 0. Note que o ponto x = 0 na˜o esta´ no dom´ınio da derivada. Isso ocorre porque o dom´ınio da func¸a˜o f (x) = √ x cos(x) e´ o intervalo [0,+∞), de modo que na˜o e´ poss´ıvel calcular o limite lateral pela esquerda lim x→0− f (x)−f (0) x−0 . A derivada do seno Vamos calcular a derivada da func¸a˜o sen(x). Para tanto, note incialmente que a fo´rmula do seno de uma soma nos permite escrever sen(x + h)− sen(x) h = sen(x) cos(h) + sen(h) cos(x) − sen(x) h = sen(x) ( cos(h)− 1 h ) + cos(x) ( sen(h) h ) . Como lim h→0 sen(h) h = 1 e lim h→0 cos(h)− 1 h = 0, temos que (sen(x))′ = lim h→0 [ sen(x) ( cos(h)− 1 h ) + cos(x) ( sen(h) h )] = sen(x) · 0 + cos(x) · 1 = cos(x). A derivada do cosseno O argumento acima e a fo´rmula cos(x + h) = cos(x) cos(h)− sen(x)sen(h), permitem mostrar que (cos(x))′ = −sen(x). As func¸o˜es seno e cosseno sa˜o deriva´veis, com d dx sen(x) = cos(x), d dx cos(x) = −sen(x).
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