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Apostila de Processo Penal cortesia cap05

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CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
23 
 
Curso 
 
de 
 
Processo Penal 
 
Apostila 2018.1 
(doutrina, legislação, jurisprudência e questões de concurso) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
24 
 
SUMÁRIO 
 
Capítulo 01 - LINHAS INTRODUTÓRIAS E SISTEMAS PROCESSUAIS 
 
Capítulo 02 – FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
Capítulo 03 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
Capítulo 04 – APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO e LEI 
PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
 
Capítulo 05 - INVESTIGAÇÃO CRIMINAL – INQUÉRITO POLICIAL 
 
Capítulo 06 – AÇÃO PENAL 
 
Capítulo 07 – JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
Capítulo 08 – QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES 
 
Capítulo 09 – TEORIA GERAL DA PROVA E PROVAS EM ESPÉCIES 
 
Capítulo 10 – PRISÃO EXTRAPENAL; PRISÃO PENAL; MEDIDAS 
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO; PRISÃO PROVISÓRIA (REGRAS 
GERAIS); PRISÃO EM FLAGRANTE; PRISÃO PROVISÓRIA; PRISÃO 
PREVENTIVA 
 
Capítulo 11 – RELAXAMENTO DA PRISÃO, REVOGAÇÃO DA PRISÃO E 
LIBERDADE PROVISÓRIA 
 
Capítulo 12 – SENTENÇA CONDENATÓRIA, ABSOLUTÓRIA E 
INDENIZAÇÃO CIVIL 
 
Capítulo 13 – PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ENTRE ACUSAÇÃO (emendatio 
e mutatio) E SENTENÇA e COISA JULGADA 
 
Capítulo 14 – ATOS JURISDICIONAIS 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
25 
 
 
Capítulo 15 - PROCEDIMENTO ESPECIAL DOS CRIMES DOLOSOS 
CONTRA A VIDA 
 
Capítulo 16 – NULIDADES 
 
Capítulo 17 – RECURSOS NO PROCESSO PENAL 
 
Capítulo 18 – AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO (HABEAS CORPUS, 
MANDADO DE SEGURANÇA E REVISÃO CRIMINAL) 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
26 
 
Capítulo 05 - INVESTIGAÇÃO CRIMINAL – INQUÉRITO POLICIAL 
● Persecução penal: 
Atividade estatal que busca a repressão dos fatos criminosos. Como 
titular do direito de punir, o Estado deve exercê-lo mediante o devido processo 
legal. 
Pode ser dividida em três fases: investigação criminal (levantamento da 
autoria e materialidade do crime); ação penal e execução penal. 
A fase investigativa é exercida pela polícia judiciária como atribuição 
precípua das policias federal e civil. Precípua porque, conforme veremos, é 
possível a polícia militar exercer, como atividade secundária, a função de 
polícia judiciária em relação aos crimes militares, assim como é possível, como 
função secundária, as polícias federal e civil exercerem função de polícia 
administrativa. 
 
● Diferença entre polícia administrativa e polícia judiciária: 
Polícia administrativa e polícia judiciária versam as duas funções do poder 
de polícia do Estado. A polícia administrativa possui caráter ostensivo e se 
propõe a prevenção do crime. A polícia judiciária, auxiliar do Poder Judiciário, 
possui caráter repressivo e atua na elucidação do crime. 
Exemplos de outros órgãos que exercem função de polícia administrativa: 
INMETRO, IBAMA, Vigilância Sanitária, Agente de Trânsito etc. 
 
● CRFB/1988 - sistema de segurança pública e respectivas 
atribuições dos órgãos envolvidos: 
Polícia Militar: polícia ostensiva e a preservação da ordem pública 
(art.144, §5º); 
Polícia Rodoviária Federal: patrulhamento ostensivo das rodovias federais 
(art.144, §2º); 
Polícia Civil e Polícia Federal: investigação criminal e as funções de 
polícia judiciária (art.144, §§1º e 4º). 
Além da função de polícia administrativa constitucionalmente prevista, a 
Polícia Militar possui atribuição de polícia judiciária militar no que diz respeito 
aos crimes militares praticados por policiais militares (art. 8º do CPPM). 
 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
27 
 
Art. 144/CRFB. “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é 
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, 
através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela 
União e estruturado em carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços 
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como 
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão 
uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o 
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas 
áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e 
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias 
federais. 
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e 
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias 
federais. 
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a 
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares. 
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos 
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de 
atividades de defesa civil. 
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do 
Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Territórios. 
(...)” 
 
● Diferença entre polícia judiciária e polícia investigativa: 
Conforme análise do art. 144 da CRFB, em relação à investigação de 
crime não militar, o constituinte, dentro da mesma estrutura policial dirigida pelo 
delegado, distinguiu as funções da polícia judiciária e da polícia investigativa 
(LIMA, 2015). Em sentido amplo, as duas funções são de polícia judiciária. Por 
essa razão a maioria da doutrina não faz diferenciação. Contudo, é possível 
realizar a seguinte especificação: 
Polícia investigativa: realiza o trabalho de colheita de elementos 
informativos de materialidade e autoria delitiva. 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
28 
 
Polícia Judiciária em sentido estrito: exerce a função de órgão auxiliar do 
Poder Judiciário, competindo os atos de representações e de apoio como o 
cumprimento de mandado de busca e apreensão, prisão e condução coercitiva 
de testemunhas etc. 
 
● Princípio do Delegado Natural: 
Garante a tranquilidade do delegado que, utilizando os meios legalmente 
admitidos, assegurando as garantias democráticas, tem a missão de buscar a 
verdade possível. A autonomia investigativa do delegado e a sua 
independência em relação à defesa e à acusação garante a inércia do 
Judiciário durante a fase pré processual. De tal modo, verifica-se a importância 
da Polícia Judiciária, enquanto função essencial à justiça, no fortalecimento do 
sistema acusatório (NICOLITT, 2017). 
De acordo com o art. 2°, §§1º e 2º, da Lei 12.830/2013, “as funções de 
polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de 
polícia são de naturezajurídica, essenciais e exclusivas do Estado. Ao 
delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da 
investigação criminal por meio do inquérito policial ou outro procedimento 
previsto em lei [ex.: TCO previsto no art. 69 da Lei 9.099/95], que tem como 
objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das 
infrações penais. Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia 
a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à 
apuração dos fatos”. 
A função instrumental do processo penal como filtro domador dos 
excessos do jus puniendi estatal, considerando-se a existência de um Estado-
juiz, de um Estado-acusador, de um Estado-defensor e de um Estado-
investigador no exercício das funções essenciais à promoção da justiça e dos 
valores democráticos, indica a conexão e a necessidade de se efetivar os 
princípios do Juiz natural, do Promotor natural, do Defensor natural e do 
Delegado natural (RANGEL, 2016). 
O art. 2º, §4º, da Lei 12.830/2013 expressa que a investigação policial 
somente poderá ser avocada ou redistribuída ao superior hierárquico por 
despacho fundamentado consubstanciando o motivo de interesse público ou 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
29 
 
nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento 
da corporação que prejudique a eficácia da investigação. 
 
Art. 2º, §4º, Lei 12.830/2013. “O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em 
curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante 
despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância 
dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da 
investigação”. 
 
De acordo com Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, tem-se que: 
“A Lei nº 12.830/2013 dispõe sobre a investigação criminal conduzida 
pelo Delegado de Polícia. Dentre os dispositivos legais pertinentes à 
característica em tela, especial relevo tem o § 4º, do seu art. 2º, que 
suscita a ideia de um princípio do delegado natural, na esteira da 
noção mais geral de um princípio da autoridade natural (juiz natural, 
promotor natural e defensor natural” (2016, p. 152). 
 
Ademais, a remoção do delegado de polícia só poderá ocorrer por ato 
fundamentado (art. 2º, §5º, da Lei n. 12.830/2013). 
 
Dica: apesar da redação da Lei 12.830/2013, da lição doutrinária exposta 
e de decisões judiciais nesse sentido, o STF tem entendimento no sentido de 
que o texto constitucional trata apenas dos princípios do juiz e do promotor 
natural (RO em HC 126.885). Assim, cuidado com o entedimento desse tópico 
em concurso diferente do de delegado. 
 
Art. 2º, §5º, Lei 12.830/2013. “A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato 
fundamentado”. 
 
● Diligências fora da circunscrição do Delegado: 
Conforme o art. 22 do CPP, o delegado de polícia possui atribuição para 
apurar os fatos ocorridos dentro de sua circunscrição. Poderá realizar diligência 
em outra circunscrição dentro da mesma comarca. Diligência em outra 
comarca exige a expedição de carta precatória. 
 
 Art. 22/CPP. “No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição 
policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja 
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias 
ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre 
qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição”. 
 
● O procedimento administrativo inerente à investigação criminal 
(processo preliminar investigatório), pode ser externado de três formas: 
1. Inquérito Policial (art. 4º e seguintes do CPP); 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
30 
 
2. Verificação Preliminar de Informações (extraído impliciamente do art. 
5º, §3º, do CPP para situações limítrofes entre a notícia do crime e a falta de 
elementos mínimos à instauração do inquérito); 
3. Termo Circunstanciado de Ocorrência (art. 69 da Lei 9.099/95 em 
relação aos crimes de menor potencial ofensivo e às contravenções penais). 
 
Art. 69/Lei n. 9.099/95. “A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará 
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a 
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários”. 
 
● Investigação de crimes não militares: 
Conforme já fixado pelo STF (RE 702.617), a Polícia Militar não possui 
atribuição para apurar infrações penais comuns, não podendo elaborar o termo 
circunstanciado de ocorrência (investigação simplificada correlata aos crimes 
de menor potencial ofensivo e às contravenções penais) ou outro ato de polícia 
judiciária. Conforme expressado pela Ministra Ellen Grace, no julgamento da 
ADI 3614, as duas polícias, Civil e Militar, têm atribuições, funções muito 
específicas e próprias, perfeitamente delimitadas e que não podem se 
confundir. Na ADI 2427, o STF fixou que nenhum outro agente público está 
autorizado a exercer função de autoridade policial (ANSELMO et. al., 2016). 
Observação importante: atualmente tramita no STF a ADI 5637 que tem 
como objeto o art. 191 da Lei 22.257/2016 do Estado de Minas Gerais que 
confere atribuição aos integrantes da polícia militar para lavrar termo 
circunstanciado de ocorrência. Portanto, deve-se ficar atento a este debate e 
ao resultado que será dado pela Corte. 
 
● Natureza assecuratória do inquérito policial: 
Trata-se do papel de garantidor de direitos que também deve ser exercido 
através do inquérito, tornando-o mais seguro e confiável em conformidade com 
os ditames da Constituição de 1988. Contudo, no Brasil, em virtude dos 
governos autoritários aqui estabelecidos, o reconhecimento da natureza 
assecuratória do inquérito policial foi retardado. Observa-se então que, 
inicialmente, alheio à preservação de direitos individuais, o inquérito objetivava 
a descoberta da verdade a qualquer custo (GAVIORNO, 2006). 
 
● Objetivo do inquérito policial: 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
31 
 
Colher elementos a justificar eventual ação penal. O indivíduo não pode 
ter seus direitos fundamentais violados sem o mínimo de indícios de 
materialidade e autoria aptos a darem justa causa à investigação criminal. 
À Polícia Judiciária cabe o papel de representar, junto ao Poder 
Judiciário, pela adoção de medidas restritivas de direitos fundamentais. Assim, 
além de motivar tais medidas, o inquérito tem o condão de definir os elementos 
justificadores do processo ou do não processo (LOPES JR., 2001). 
Nessa reconstrução dos fatos, além das medidas previstas no art. 6º do 
CPP, o delegado pode fazer uso de todos os meios admitidos em direito. 
 
Art. 6
o
/CPP. “Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das 
coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Vide Lei nº 5.970, de 1973) 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título 
Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe 
tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, sefor caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras 
perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer 
juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, 
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, 
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma 
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado 
pela pessoa presa”. 
 
● Moderno conceito de inquérito policial: 
Nosso estudo do inquérito policial à luz dos valores constitucionais revela 
sua independência em relação às partes processuais e ao próprio julgador. 
Tem-se um conjunto de elementos à disposição tanto da defesa quanto da 
acusação, aptos a justificarem tanto a propositura da ação penal quanto o seu 
eventual arquivamento e, também, justificar representações judiciais por 
medidas cautelares. Assim, apesar de considerar que esse conceito ainda está 
em construção, definimos o inquérito policial da seguinte forma: 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
32 
 
Procedimento administrativo investigatório que busca reunir indícios de 
autoria e materialidade delitiva com o objetivo de fornecer estes elementos ao 
Ministério Público ou ao querelante e ao investigado ou seu advogado, 
possibilitando o seguimento da persecução penal através da propositura da 
ação, justificando eventual arquivamento do feito e representação judicial por 
medidas cautelares (pessoais, patrimoniais ou probatórias). 
 
● Natureza garantista ou função preservadora do inquérito policial: 
Garantista na medida em que o inquérito policial pode ser instrumento 
utilizado para evitar acusação injusta (NICOLITT, 2017). Falamos em função 
preservadora porque pode evitar um processo desnecessário, preservando a 
liberdade do inocente e poupando o Estado de gastos inúteis. 
 
● Natureza utilitária ou função preparatória do inquérito policial: 
Em relação à sua natureza utilitária, o inquérito visa preservar meios de 
prova como preparação da ação penal (NICOLITT, 2017). Assim, em sua 
função preparatória o inquérito acautela meios de prova perecíveis e oferta 
elementos para que o titular da ação penal exerça sua função. 
Portanto, viabiliza o oferecimento da peça acusatória e coopera para que 
inocentes não sejam injustamente processados criminalmente. Ademais, esses 
elementos informativos são essenciais no tocante à decretação de medidas 
cautelares (pessoais, patrimoniais ou probatórias) no curso da investigação 
policial (LIMA, 2015). 
 
● Garantia do cidadão: 
O inquérito policial também exerce o papel de garantia do cidadão contra 
imputações levianas, salvaguardando o jus libertatis e o status dignitatis que já 
é abalável pela própria existência da investigação. 
Assim, não se pode limitar a noção de inquérito policial como sendo 
meramente a fase anterior ao processo penal diante da possibilidade de 
existência do inquérito policial sem a posterior fase processual, tem-se a 
autonomia da investigação criminal em relação ao processo (GOMES; SCLIAR, 
2016). 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
33 
 
Neste ponto, observa-se que a decisão judicial que decreta o 
arquivamento do inquérito policial possui natureza administrativa. 
 
● Autoridade policial e atribuição para instaurar o inquérito policial: 
A autoridade policial prevista no CPP com atribuição para instauração do 
inquérito policial é o Delegado de Polícia. Quanto a essa instauração relevante 
diferenciar o ato administrativo formal que o instaura (portaria ou APFD) e o 
motivo da investigação criminal (notitia criminis) (NICOLITT, 2017). 
 
Art. 1º, § 1
o
, Lei 12.830/2013. “Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial (...)”. 
 
● Portaria: 
É a peça inaugural do inquérito policial quando não se tratar de situação 
de flagrante delito. Na portaria o delegado declara a abertura do procedimento 
expedindo determinações aos subordinados que deverão cumprir as diligências 
investigatórias. 
 
● APFD: 
O sujeito preso em flagrante deve ser capturado e conduzido à presença 
do delegado do local onde se deu a prisão ou, se no local não houver 
delegado, deverá ser apresentado ao delegado do local mais próximo 
(TOURINHO FILHO, 2003). O auto de prisão em flagrante delito é a 
formalização da prisão captura (redução a escrito documentado o fato, local, 
data), com a oitiva do condutor, das testemunhas e demais atos. Assim, 
também se instaura o inquérito e no próprio auto o delegado já pode determinar 
diligências a serem cumpridas pelos subordinados (NICOLITT, 2017). 
 
● Notitia criminis é o conhecimento que o delegado tem acerca da 
existência do delito, iniciando as investigações. Pode ser: 
a) de cognição imediata (direta/espontânea) quando no curso da 
investigação o delegado toma conhecimento do crime de maneira direta, de 
modo informal (ex.: informações prestadas pelos seus agentes); 
b) de cognição mediata (indireta/provocada) quando o delegado toma 
conhecimento do crime por meio de um documento escrito como a requisição 
do Ministério Público e a representação da vítima (ou de seu representante 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
34 
 
legal); 
c) de cognição coercitiva quando, junto com o conhecimento do crime, o 
sujeito preso em flagrante é apresentado ao delegado (TOURINHO FILHO, 
2003). Este entendimento também é citado pelo professor Renato Brasileiro de 
Lima (2015). 
Obs.: para Nucci (2014), a prisão em flagrante é exemplo de notitia 
criminis indireta. 
 
● Delatio criminis (espécie de notitia criminis) – art. 5º, §3º, CPP. 
Trata-se da comunicação de terceiro (que não é vítima ou representante 
legal) ao delegado (promotor ou juiz) sobre a existência de um fato criminoso, 
processado através de ação pública incondicionada. 
Pode funcionar como notitia criminis de cognição imediata (comunicação 
feita durante atividade rotineira do delegado) ou de cognição mediata 
(comunicação escrita feita por terceiro). 
Obs.: delatio criminis não se confunde com a chamada “denúncia 
anônima”. Trata-se de uma “denúncia” (o termo técnico seria “informação de 
crime”) facultativa. Contudo, o autor precisa assumir a responsabilidade de se 
identificar (TOURINHO FILHO, 2003) 
 
Art. 5º, §3º, CPP. “Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração 
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade 
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito”. 
 
● Formas de instauração do inquérito policial: 
a) de ofício: o delegado toma conhecimento de um crime de ação pública 
incondicionada, iniciando a investigação. 
b) por provocação do ofendido: a vítima (ou seu representante legal) 
pode requerer a atuação do Estado-investigação (art. 5º, II, CPP). Este 
requerimento é possível nos crimes de ação penal pública incondicionada, mas 
é imprescindível em relação aos crimes de ação penal de iniciativa privada. A 
provocação da vítima em relação aos crimes de ação pública condicionada é 
chamada de representação. 
c) por delação de terceiro: nos termos do art. 5º, §3º, CPP, qualquer 
pessoa tem a faculdade de informar ao delegado acerca da existência de crime 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho2018.1 
35 
 
de ação penal pública. 
d) por requisição da autoridade competente: autoridade judiciária, 
membro do Ministério Público (art. 5º, II, CPP) e Ministro da Justiça (art. 7º, 
§3º, b e art. 145, ambos do CP). 
e) pela lavratura do auto de prisão em flagrante: quando o sujeito é 
encontrado em uma das hipóteses do art. 302 do CPP (“está cometendo a 
infração penal”; “acaba de cometê-la”; “é perseguido, logo após, pela 
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça 
presumir ser autor da infração”; “é encontrado, logo depois, com instrumentos, 
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”). 
 
Art. 302, CPP. “Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em 
situação que faça presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele autor da infração”. 
 
● Condições específicas de procedibilidade: 
Tratando-se de fato sujeito a ação pública condicionada torna-se 
necessário, antes da instauração do inquérito, o preenchimento de 
determinadas condições específicas de procedibilidade (representação ou 
requisição). Ainda há os fatos que só podem ser julgados mediante ação penal 
privada (de autoria do ofendido ou de seu representante legal), hipóteses em 
que o inquérito policial só poderá ser instaurado após requerimento do 
interessado (NICOLITT, 2017). Assim, podemos sintetizar da seguinte forma: 
Fato sujeito a ação pública condicionada: a instauração do inquérito 
depende de representação ou requisição. 
Fato sujeito a ação penal privada (de autoria do ofendido ou 
representante legal): o inquérito só pode ser instaurado após requerimento do 
interessado. 
 
● Requisição, requerimento e representação 
Requisição é uma exigência legal e assim deve ser cumprida. Contudo, 
não se confude com ordem, pois, como colaborador da Justiça Penal, inexiste 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
36 
 
hierarquia entre o delegado e as demais carreiras jurídicas de Estado 
(TOURINHO FILHO, 2003). O que se impõe na requisição é o cumprimento de 
uma norma legalmente prevista e não a vontade subjetiva do requisitante que 
passa a figurar como autoridade coatora em relação ao que foi requisitado 
(NUCCI, 2014). 
Exigência manifestamente ilegal: o delegado não deve cumprir, sob pena 
de figurar como autoridade coatora juntamente com o requisitante (STF, RE 
205.473-AL). 
Obs.: O Ministério Público só pode requerer a devolução do inquérito à 
delegacia para a realização de diligências imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia (art. 16 do CPP) (buscam indícios de autoria ou materialidade do 
fato). Diligências que poderão ser realizadas no processo e que não 
influenciam a opinião sobre a materialidade e indícios de autoria não justificam 
a devolução (NICOLITT, 2017). 
 
Art. 16/CPP. “O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade 
policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia”. 
 
Obs.: instauração de inquérito por meio de requisição do juiz é 
incompatível com o sistema acusatório, põe em risco a imparcialidade do 
julgador. Informações acerca da existência de crime devem ser encaminhadas 
pelo juiz ao Ministério Público (art. 40 do CPP). 
Não obstante a redação do art. 5º, II, do CPP, prevê a possibilidade legal 
da autoridade judiciária requisitar, ao delegado, a instauração de inquérito 
policial, a maioria da doutrina moderna infere que essa possibilidade encontra-
se em desacordo com o texto constitucional, especialmente por violar o sistema 
acusatório. 
 
Art. 5º, CPP. “Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1
o
 O requerimento a que se refere o n
o
 II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de 
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
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37 
 
§ 2
o
 Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o 
chefe de Polícia. 
§ 3
o
 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que 
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e 
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4
o
 O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá 
sem ela ser iniciado. 
§ 5
o
 Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a 
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la”. 
 
Art. 40/CPP. “Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais 
verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e 
os documentos necessários ao oferecimento da denúncia”. 
 
Requerimento não tem força de requisição. Avaliação discricionária, 
admitindo indeferimento fundamentado. Do ato que indefere a instauração de 
inquérito, cabe recurso ao chefe de polícia (Chefe da Polícia Civil ou Delegado-
Geral de Polícia a depender da nomenclatura estadual e, na Polícia Federal, ao 
Superintendente da Polícia Federal). 
Obs.: Secretário de Segurança Pública não é Chefe de Polícia (art. 5º, 
§2º, do CPP). 
Observação importante para prova discurssiva: sobre o indeferimento do 
requerimento para instauração de inquérito policial, TOURINHO FILHO (2003) 
sugere uma interpretação progressiva ao art. 5º, §2º, CPP, de modo a 
contextualizá-lo com as atuais estruturas administrativas das policias 
judiciárias. De tal modo, o recurso seria cabível ao delegado de maior 
graduação do que proferiu a decisão (ex.: delegado regional). 
 
Art. 5º, § 2º/CPP. “Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá 
recurso para o chefe de Polícia”. 
 
Representação: expõe-se o fato, sugerindo ou solicitando a adoção das 
medidas cabíveis. Exs.: representação judicial do delegado por um mandado 
de busca e apreensão; representação da vítima, ao delegado, contra seu 
ofensor (delatio criminis postulatória) (NUCCI, 2014). 
O requerimento é apresentado pela parte interessada. A representação é 
oferecida por pessoa ou autoridade sem interesse na investigação ou no 
processo. Isso porque na ação pública o ofendido não é parte, não possui 
interesse direto na causa (NUCCI, 2014). 
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38 
 
As partes podem requerer ao delegado a realização de diligências ao 
esclarecimento dos fatos. As medidas inúteis, protelatórias ou desnecessárias, 
devem ser fundamentadamente indeferidas. O pedido pode ser reiterado ao 
juiz ou ao MP que poderão requisitar a realização da medida (LIMA, 2015). 
Diante do flagrante, a prisão captura, com a consequente cessação do 
crime, é dever policial. Nos crimes de ação penal privada ou pública 
condicionada, a formalização da prisão pelo delegado (APFD) requer, 
respectivamente, requerimento ou representação (requisição no caso do 
Ministro da Justiça). Portanto, se o crime for de ação privada oupública 
condicionada o auto somente poderá ser realizado se o titular do direito de 
queixa ou representação a tanto não se opuser (TOURINHO FILHO, 2003, p. 
264). Sem o preenchimento da condição de procedibilidade, não se lavra o 
APFD, liberando-se o ofensor e o ofendido (NICOLITT, 2017). 
 
● O poder discricionário do Delegado de Polícia na condução do 
inquérito policial é desdobrameno do mandamento do princípio da eficiência, 
decorre do princípio da separação de poderes. Caso contrário, inexistiria 
aplicação do direito ao caso concreto. A Administração estaria condicionada a 
replicar o que foi abstratamente previsto pelo legislador que, por sua vez, não 
tem condições de exaurir todas as possibilidades. 
 
● Direito Fundamental à investigação criminal 
A correta aplicação do poder de punir do Estado, justificando o 
afastamento de direitos individuais, exige o esgotamento de todas as fases da 
persecução penal, em especial o trabalho técnico-jurídico da Polícia Judiciária 
na busca de elementos à propositura de eventual ação penal. Portanto, a 
investigação criminal pautada pelos parâmetros constitucionais é um direito 
fundamental do cidadão. 
 
● Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/1995) 
Não há previsão de inquérito policial. A investigação é sumária por meio 
de Termo Circunstanciado de Ocorrência - TCO (art. 69). 
 
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Art. 69 da Lei 9.099/95. “A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará 
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a 
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários”. 
 
● Características do Inquérito Policial 
a) Inquisitorial 
Característica marcada, essencialmente, pela ausência de contraditório, 
ampla defesa e publicidade na fase do inquérito. Mesmo com a possibilidade 
de participação da defesa durante a investigação, inclusive mitigando o sigilo, 
não se pode afirmar, pela própria natureza do inquérito e peculiaridades 
relacionadas à eficácia das investigações, que existe contraditório e ampla 
defesa nos moldes judiciais. Portanto, permanece o caráter inquisitivo 
constitucional. 
Obs.: este ponto será melhor abordado no tópico “Natureza inquisitivo-
constitucional do Inquérito Policial” trabalhado na sequência. 
 
b) Informativo 
É peça informativa a indicar justa causa (elementos de materialidade e 
autoria delitiva) para eventual ação penal. A sentença não pode ser 
fundamentada com base exclusivamente no inquérito (inquisitivo, sem 
contraditório). Mas, é possível a confrontação do inquérito com outros 
elementos de prova produzidos no processo, formando um conjunto probatório 
(STF, RE Agr. 425734). Ressalta-se que, as provas técnicas não repetíveis 
(art. 155 do CPP) são produzidas no curso do inquérito e submetidas ao 
contraditório diferido. Exs.: exame cadavérico e exame de local de homicídio 
(NICOLITT, 2017). 
 
Art. 155/CPP. “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas”. 
 
c) Sigiloso 
Possui dupla função: garantista (preserva o indiciado e protege o 
indivíduo de injustificada exposição pública) e utilitarista (assegura a eficácia da 
investigação) (NICOLITT, 2017). 
Sigilo externo: dirigido às pessoas estranhas à investigação, 
especialmente a mídia. Envolve situações em que a publicidade pode 
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40 
 
prejudicar o esclarecimento do crime, além de violar direitos personalíssimos 
(imagem, honra, privacidade etc). Pode ser afastado quando o interesse 
coletivo se sobrepor ao individual, tornando-se a divulgação um importante 
elemento favorável à investigação. 
O sigilo externo, invocado para proteger a intimidade dos investigados, 
não pode atrapalhar o acesso de um dos advogados ao material investigatório 
já documentado. Havendo mais de um investigado com diferentes defensores, 
o delegado deve providenciar para que a defesa tenha acesso a pelo menos o 
material concluído e documentado referente ao seu cliente (STF, HC 88190). 
Obs.: O prof. Nicolitt (2017) entende que o sigilo externo é absoluto no 
que diz respeito à instrução e à imagem do indiciado (art. 1.º da CRFB). 
 
Sigilo interno: abrange aqueles que possuem envolvimento com o 
procedimento. Não é aplicável aos membros do Judiciário e do MP. Em relação 
ao indiciado e seu advogado, tem-se o sigilo interno parcial, respeitando a 
garantia de acesso pelo defensor. 
Desde 1988 a assistência do advogado é garantida como um direito 
fundamental do “preso” (art. 5º, LXIII, CRFB). A Súmula Vinculante 14 do STF 
garante ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos 
elementos investigatórios já documentados. Igualmente, a Lei 13.245/16 
alterou o Estatuto da OAB no sentido de garantir, como prerrogativa do 
advogado, participação da defesa técnica no curso da investigação criminal, 
desde que não comprometa a eficiência, eficácia ou finalidade das diligências. 
 
Súmula Vinculante 14. “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo 
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por 
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 
 
De acordo com o art. 20 do CPP, o delegado assegurará no inquérito o 
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
d) Escrito 
As peças do inquérito são reduzidas a escrito e assinadas pelo delegado 
(art. 9º do CPP). 
 
Art. 9º do CPP. “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”. 
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41 
 
 
Obs.: o registro dos atos do inquérito relativos aos depoimentos do 
investigado, indiciado, testemunhas e ofendido poderá ocorrer por sistema 
audiovisual ou similar (art. 405, §1º, do CPP). 
 
Art. 405, § 1
o
/CPP. “Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, 
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, 
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade 
das informações”. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
e) Indisponível 
O delegado não pode arquivar o inquérito policial (art. 17 do CPP). A 
análise dos elementos informativos e a consequente propositura ou não da 
ação penal é do Ministério Público enquanto titular da ação penal pública 
(NICOLITT, 2017). 
 
f) Dispensável ou prescindível 
 
g) Sistemático 
Visa a reconstrução histórica do crime. Deve ser organizado de forma 
lógica e cronológica. 
 
h) Unidirecional 
De acordo com essa característica, o inquérito serve tão somente para a 
formação da opinião do Ministério Público. Contudo, conforme visto acima, em 
uma visão constitucional, as investigações devem ser imparciais, dirigidas tanto 
à defesa quanto à acusação, além de ser o instrumento adequado a justificar 
as medidas restritivas de direitos fundamentais na fase da investigação policial. 
Nesta direção, o prof. André Nicolitt (2017), que já defendeu o princípio 
unidirecional do inquérito, expressa que em uma mudança de entendimento, 
abandonou esta característica. 
 
●Natureza inquisitivo-constitucional do Inquérito Policial 
Refere-se à adequaçãodo caráter inquisitivo ao modelo garantista 
constitucional. Busca, através da investigação criminal, a construção da 
verdade possível, não é uma verdade única e absoluta, mas a possível diante 
de uma investigação que, caso necessário, restringirá direitos fundamentais 
dentro do devido procedimento legal (constitucional). 
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Obs.: o que não estiver coberto pela reserva de jurisdição, poderá ser 
objeto de requisição direta pelo delegado (NICOLITT, 2017). 
 
●Indiciamento 
Fala-se em: a) “suspeito” ou “investigado” na hipótese de frágeis 
indícios (mero juízo de possibilidade de autoria); b) “indiciado” quando houver 
indícios convergentes de autoria (juízo de probabilidade); c) “acusado” após o 
recebimento da peça acusatória pelo juiz (LIMA, 2015). 
Indiciado é o sujeito apontado pelo delegado, dentro de sua convicção 
legal, com base nos indícios colhidos na investigação, como autor do crime. 
Como ato administrativo, o indiciamento deve ser fundamentado sob pena 
de nulidade. Deve-se verificar os aspectos técnico-jurídicos que motivaram o 
convencimento do delegado acerca da autoria, materialidade e circunstâncias 
do fato. A formalização do indiciamento garantida pela Lei 12.830/2013 está 
intimamente relacionada com a verificação de direitos fundamentais do 
indiciado, principalmente em relação à defesa, como a possibilidade de exercer 
o direito ao silêncio e a segurança da duração razoável do inquérito 
(NICOLITT, 2017). 
É ato exclusivo do delegado, não é cabível falar em requisição de 
indiciamento (STF, HC n. 115.015). A análise do MP não está vinculada ao 
indiciamento do delegado (NUCCI, 2014). 
 
Art. 2°, §6°, da Lei 12.830/2013. “O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por 
ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, 
materialidade e suas circunstâncias”. 
 
Em regra, será direto (na presença do indiciado). Diante da ausência do 
indiciado (não foi localizado, se encontra em local indeterminado ou, apesar de 
ter sido intimado, deixou de comparecer de modo injustificado), poderá ser 
realizado de forma indireta. 
Contra indiciamento arbitrário cabe habeas corpus ao juiz da comarca 
que, considerando o ato ilegal, pode fazer cessar a coação por meio do 
trancamento da investigação. É medida excepcional em virtude da importância 
da conclusão da investigação (NUCCI, 2014). 
Pela simplicidade que norteia a investigação das infrações de menor 
potencial ofensivo e considerando a possibilidade de incidência das medidas 
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despenalizadoras, é inviável o indiciamento em sede de termo circunstanciado 
de ocorrência (LIMA, 2015). 
 
● Informações anônimas (denúncia anônima, notitia criminis 
inqualificada, delatio criminis apócrifa) 
Isoladamente, não autoriza a instauração de inquérito. Contudo, o 
delegado pode iniciar diligências preliminares visando apurar a veracidade das 
informações, justificando a instauração do respectivo inquérito. 
O delegado não é obrigado a instaurar inquérito diante da constatação de 
mera tipicidade formal (exemplo dos crimes insignificantes ou irrelevantes). 
Não há ilegalidade no ato motivado no sentido de que o fato não é 
materialmente típico. Instaurado o inquérito, não pode ser arquivado 
diretamente pelo delegado, sendo necessário o controle ministerial (NICOLITT, 
2017). 
 
● Participação do investigado na produção da prova 
Quanto à forma, a prova pode ser testemunhal, documental ou material. A 
testemunhal (oitiva e acareação) é a única que necessariamente deve ser 
reproduzida em juízo, mas também permite exceções. A prova documental e a 
prova material (como a perícia) são, em regra, submetidas ao contraditório 
diferido ou postergado (SCARANSE citado por ANSELMO et. al., 2016). 
O investigado não é obrigado a colaborar na produção de prova (direito 
de não produzir prova contra si) quando lhe for exigido um comportamento 
ativo como participar de uma acareação. Na colaboração meramente passiva 
não há essa violação (nemo te netur se detegere). São hipóteses, como o 
reconhecimento pessoal, em que o investigado é mero objeto de verificação, 
admitindo execução coercitiva (LIMA, 2015). 
De acordo com o STJ, no julgamento do RHC 36.109/SP, o início do 
processo penal não impede que novas provas obtidas pela Polícia Judiciária 
sejam juntadas aos autos. 
 
● Arquivamento do Inquérito Policial 
Após a instauração do inquérito, se o delegado verificar falta de justa 
causa para eventual ação penal, deve concluir por meio do relatório, sem 
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indiciamento, recomendando (sugerindo) o arquivamento. 
O pedido de arquivamento do inquérito é ato de atribuição do Ministério 
Público (titular da ação penal) dirigido ao Poder Judiciário (NUCCI, 2014). O 
arquivamento ocorre por meio de ordem judicial precedida de requerimento do 
titular da ação penal. 
 
Após as diligências possíveis, o MP requererá o arquivamento: se concluir 
pela ausência de indícios de autoria ou falta de materialidade (justa causa); 
pela atipicidade do fato ou existência de excludente de ilicitude; existência de 
causa extintiva da punibilidade (exs.: prescrição e morte do agente). Incerteza 
sobre elemento do crime (tipicidade, ilicitude ou culpabilidade) enseja o 
arquivamento, salvo inimputabilidade por doença mental (poderá haver 
interesse de agir em razão da aplicação de medida de segurança) (NICOLITT, 
2017). 
 
Desarquivamento do inquérito (art. 18 do CPP): "depois de ordenado o 
arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas diligências, se de 
outras provas tiver notícias". 
 
Decisão administrativa rebus sic standibus, pode sofrer alteração. O 
desarquivamento será possível diante de notícias de novas provas. Se houver 
novas provas também será possível o oferecimento da denúncia. As novas 
diligências serão a retomada do procedimento investigatório 
(desarquivamento). Basta que o delegado tenha notícias de novas provas. No 
que se refere ao oferecimento da denúncia com base em inquérito arquivado, 
exige-se não apenas notícias, mas efetivamente, que haja novas provas 
(Súmula 524 do STF) (NICOLITT, 2017). 
 
Súmula 524/STF. “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do 
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”. 
 
Arquivamento implícito: o Ministério Público, sem manifestar 
expressamente, não inclui na denúncia fato ou pessoa investigada e o juiz não 
se pronuncia na forma do art. 28 do CPP (arquivamento tácito). Pode ser 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
45 
 
objetivo ou subjetivo. 
Objetivo: o inquérito tem dois fatos como objeto (ex.: furto e apropriação 
indébita), o Ministério Público denuncia apenas em um fato e o juiz não remete 
os autos ao Procurador Geral de Justiça (não aplica o art. 28 do CPP). 
Subjetivo: dois indiciados são investigados em um inquérito e a denúncia 
faz menção apenas a um deles. 
 
Art. 28/CPP. “Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá nopedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender” 
 
● Irregularidades no IP 
Em virtude da repercussão no âmbito da dignidade da pessoa humana, 
aplica-se a garantia de duração razoável do processo ao inquérito policial, 
cabendo ao magistrado essa fiscalização. 
Como procedimento, composto por um conjunto de atos administrativos, o 
inquérito submete-se aos requisitos gerais do ato administrativo: competência 
(atribuição), finalidade, forma, motivo e objeto. 
Está sujeito ao sistema de nulidades do ato decorrentes de ilegitimidade 
ou ilegalidade. Assim, além da desconformidade legal, as hipóteses de 
nulidade abrangem o excesso ou desvio de poder e a violação aos princípios 
gerais do direito. Da ilegalidade e da ilegitimidade decorre a nulidade do ato, 
podendo contaminar todo o inquérito, tornando-o imprestável (ex.: APFD 
ratificado pelo escrivão de polícia). 
Nos casos em que o ato é praticado por autoridade com atribuição, sem 
abuso, desvio ou afronta ao bem jurídico tutelado, com simples inobservância 
de formalidade que não afeta o seu objeto (finalidade pública) fala-se em mera 
irregularidade (ex.: APFD justificadamente não comunicado tempestivamente 
ao juiz). 
Em regra, as irregularidades ocorridas no curso do inquérito não 
contaminam o inquérito e o processo. Contudo, as nulidades podem macular 
tanto o inquérito quanto o próprio processo penal tomando-se como referência 
a justa causa para a persecução penal. Desde a fase do inquérito aplica-se o 
princípio exposto no art. 5º, LVI, da CFRB de 1988 (vedação das provas 
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ilícitas), proibindo as provas (em sentido amplo, englobando as informações) 
diretamente ilícitas e ilícitas por derivação (NICOLITT, 2017). 
 
● Investigação pelo Ministério Público (de acordo com André Nicolitt) 
Obs1.: Este posicionamento não deve ser adotado em concurso do 
Ministério Público. Seguem interessantes argumentos para eventual 
prova discurssiva. 
Obs2.: O STF atualmente admite a investigação pelo Ministério 
Público. 
A investigação criminal é um poder-dever atribuído às polícias civil e 
federal, mas não de forma exclusiva. A própria Constituição versa, por exemplo, 
hipóteses de investigação por Comissões Parlamentares de Inquérito e por 
tribunais (NICOLITT, 2017). 
A validade da investigação pelo MP carece de expressa autorização legal 
disciplinando, inclusive, a forma de controle sobre a investigação. A Resolução 
13/2006 do CNMP, ao regulamentar a investigação direta pelo MP, extrapolou 
as atribuições do órgão, foi além da disciplina tratada pelo CPP, legislando 
sobre processo e invadindo competência exclusiva do Congresso Nacional. 
Portanto, inconstitucional (NICOLITT, 2017). 
A PEC 37 visava a inclusão do §10 ao art. 144 da CRFB tornando 
expresso a exclusividade investigativa pelas polícias. A PEC foi rejeitada e a 
ausência de autorização constitucional para que o MP conduzisse investigação 
criminal se manteve. Conquanto, a atribuição para instaurar investigação contra 
membro do MP é do Corregedor-Geral do Ministério Público (art. 65, III, da LC 
75/1993) e havendo indícios de crime contra membro do MP cabe ao 
Procurador-Geral de Justiça prosseguir com a investigação (art. 41 da Lei 
8.625/1993) (NICOLITT, 2017). 
A investigação realizada pelo MP possui natureza subsidiária, devendo 
ficar obstada caso haja instauração de investigação policial. Nesta hipótese, 
caberá ao MP atuação exclusiva no controle externo, podendo requisitar 
diligências. Não se admite que sob o mesmo investigado recaia duas 
investigações sobre o mesmo fato. Seria hipótese de constrangimento ilegal 
combatido por meio do habeas corpus (NICOLITT, 2017). 
 
CURSO DE PROCESSO PENAL Prof. Eujecio Coutrim Lima Filho 2018.1 
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● Identificação criminal 
A identificação civil se dá mediante apresentação de documento 
reconhecido por lei (art. 2.º da Lei 12.037/2009). Já a identificação criminal 
ocorre por meio dactiloscópico e fotográfico (art. 5.º da Lei 12.037/2009). 
 
Art. 2º/CPP. “A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: 
I – carteira de identidade; 
II – carteira de trabalho; 
III – carteira profissional; 
IV – passaporte; 
V – carteira de identificação funcional; 
VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado. 
Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação 
civis os documentos de identificação militares”. 
 
Art. 5º/CPP. “A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão 
juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra 
forma de investigação. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3
o
, a identificação criminal poderá incluir a 
coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético”. 
 
O art. 6º, VIII, CPP, cuida da identificação criminal do indiciado 
(datiloscópica). Pelo histórico estigmatizante, o método foi banido (art. 5º, LVIII, 
da CRFB). O civilmente identificado não será submetido a identificação 
criminal, salvo hipóteses legais. A identificação criminal é limitada tanto pela 
norma constitucional quanto pela Lei 12.037/2009, sob pena de gerar 
constrangimento ilegal (NICOLITT, 2017). 
 
● Tramitação direta do IP 
Trata-se de uma realidade prática em alguns estados regulamentada por 
meio de convênios administrativos entre as instituições. A título de exemplo, no 
Estadol de Minas está em curso um projeto piloto de parceria entre a Polícia 
Civil, Tribunal de Justiça e Ministério Público. 
Ponto favorável: agilidade na tramitação do inquérito policial. Rapidez 
entre as manifestações da Polícia e do Ministério Público sem a burocracia do 
despacho judiciário. 
Crítica: a tramitação direta do inquérito entre a polícia e o MP não permite 
o controle sobre sua razoável duração, permitindo inquéritos intermináveis, 
caracterizando abuso. Além de regras acerca da duração do inquérito, o CPP 
traz hipótese de excepcionalidade em que o inquérito deve ser devolvido à 
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48 
 
polícia (art. 16). A ausência de controle permite a longa existência do inquérito, 
violando garantias fundamentais (NICOLITT, 2016). 
 
 
►JURISPRUDÊNCIA 
 
EMENTA 
"ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO SUBMETIDO AO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 
3/STJ. AGENTE DE TRÂNSITO. INCOMPATIBILIDADE COM A ADVOCACIA. 
1. O Tribunal de origem consignou que a atividade do agente de trânsito é de polícia 
administrativa, daí a sua incompatibilidade com o exercício da advocacia, nos termos do art. 
28, V, da Lei 8.906/1994. 
2. Como o acórdão recorrido guarda consonância com a jurisprudência desta Corte, não 
merece reparos. Nesse sentido: REsp 1.377.459/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, 
Primeira Turma, DJe de 27/11/2014; AgRg no REsp 1.353.727/SC, Rel. Ministro Og 
Fernandes, Segunda Turma, DJe de 14/10/2015. 
3. Agravo interno não provido". 
STJ, Agravo Interno no Recurso Especial 2017/0017554-0, Rel. Min. Mauro Campbell 
Marques, julgado em 08/08/2017. 
 
EMENTA 
"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. IBAMA. ATIVIDADE NOCIVAS 
AO MEIO AMBIENTE. PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA. INÉRCIA DO ÓRGÃO 
ESTADUAL. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. INCIDÊNCIA. 
ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. 
I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o 
regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicionalimpugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015. 
II - É pacífico nessa Corte que havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo 
que outorgante da licença ambiental, o IBAMA pode exercer o seu poder de polícia 
administrativa, porque não se pode confundir competência para licenciar com competência 
para fiscalizar. 
III - In casu, rever o entendimento do tribunal de origem, que consignou não ter ocorrido 
inércia do órgão estadual, demandaria necessário revolvimento de matéria fática, o que é 
inviável em sede de recurso especial, à luz do óbice contido na Súmula n. 7/STJ. 
IV - O Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a 
decisão agravada. 
V - Agravo Interno improvido". 
STJ, Agravo Interno no Recurso Especial 2014/0251756-2, Rel. Min. Regina Helena 
Costa, julgado em 21/03/2017. 
 
EMENTA 
"ADMINISTRATIVO – REGULAÇÃO – PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA – 
FISCALIZAÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO – INMETRO – COMPETÊNCIA 
RELACIONADA A ASPECTOS DE CONFORMIDADE E METROLOGIA – DEVERES DE 
INFORMAÇÃO E DE TRANSPARÊNCIA QUANTITATIVA – VIOLAÇÃO – AUTUAÇÃO – 
ILÍCITO ADMINISTRATIVO DE CONSUMO – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS 
FORNECEDORES – POSSIBILIDADE. 
1. A Constituição Federal/88 elegeu a defesa do consumidor como fundamento da ordem 
econômica pátria, inciso V do art. 170, possibilitando, assim, a criação de autarquias 
regulatórias como o INMETRO, com competência fiscalizatória das relações de consumo sob 
aspectos de conformidade e metrologia. 
2. As violações a deveres de informação e de transparência quantitativa representam também 
ilícitos administrativos de consumo que podem ser sancionados pela autarquia em tela. 
3. A responsabilidade civil nos ilícitos administrativos de consumo tem a mesma natureza 
ontológica da responsabilidade civil na relação jurídica base de consumo. Logo, é, por 
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disposição legal, solidária. 
4. O argumento do comerciante de que não fabricou o produto e de que o fabricante foi 
identificado não afasta a sua responsabilidade administrativa, pois não incide, in casu, o § 5º 
do art. 18 do CDC. 
Recurso especial provido". 
STJ, Recurso Especial 2009/0082309-1, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 
01/10/2009. 
 
 
►QUESTÕES DE CONCURSO 
QUESTÃO 01 (PC/GO – 2013 – Delegado de Polícia) - Quanto ao inquérito policial, tem-
se o seguinte: 
 a) possui valor probatório relativo, podendo o magistrado fundamentar sua sentença 
condenatória exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação. 
 b) poderá ser instaurado com base em notícia apócrifa, salvo quando se tratar de 
documento que constitua o próprio corpo de delito ou quando tenha sido produzida pelo 
imputado autor da delação anônima. 
 c) é um procedimento indispensável ao oferecimento da peça acusatória, uma vez que é 
instrumento de identificação das fontes de prova e de colheita de elementos de informação 
quanto à autoria e materialidade delitiva. 
 d) é procedimento administrativo, de caráter pré-processual, ordinariamente 
vocacionado a subsidiar, nos casos de infrações perseguíveis mediante ação penal de 
iniciativa pública, a atuação persecutória do Ministério Público. 
 
QUESTÃO 02 (PC/BA – 2008 – Delegado de Polícia) – Quanto à instauração do 
Inquérito Policial, a: 
 a) autoridade policial, nos crimes de ação penal pública incondicionada, poderá instaurar 
o Inquérito Policial de ofício. 
 b) autoridade policial, nos crime de ação penal pública condicionada, necessita de 
requisição ministerial ou do juiz para instaurar o Inquérito Policial. 
 c) autoridade policial, nos crimes de ação penal privada, tem a atribuição de instaurar o 
Inquérito Policial, mesmo sem requerimento da vítima ou de seu representante legal, tendo em 
vista que a ocorrência de um crime não pode ficar sem investigação. 
 d) delatio criminis é o meio pelo qual o membro do Ministério Público noticia um crime à 
autoridade policial. 
 e) requisição ministerial, nos crimes de ação penal privada, supre a representação da 
vítima ou de seu representante legal. 
 
QUESTÃO 03 (PC/DF – 2015 – Delegado de Polícia) – Assinale a alternativa correta em 
relação ao inquérito policial. 
 a) Há, no ordenamento jurídico brasileiro, expressa previsão do inquérito policial 
judicialiforme. 
 b) Nos crimes em que a ação pública depender de representação, o inquérito não 
poderá sem ela ser iniciado. 
 c) O inquérito policial, cuja natureza é cautelar, constitui uma das fases processuais. 
 d) O inquérito policial é dispensável à propositura da ação penal privada e da ação penal 
pública condicionada, mas é indispensável à propositura da ação penal pública incondicionada. 
 e) Segundo jurisprudência pacificada no STF, o poder de investigação do Ministério 
Público é amplo e irrestrito. 
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QUESTÃO 04 (PC/TO – 2014 – Delegado de Polícia) – Os autos de inquérito policial que 
apuram crimes de ação penal pública poderão ser arquivados : 
 a) pela autoridade policial, em virtude de requisição do Secretário de Segurança Pública. 
 b) pelo juiz de direito, em virtude de requerimento do órgão do Ministério Público. 
 c) pelo escrivão, em virtude de determinação do chefe de polícia. 
 d) pela Corregedoria de Polícia, em virtude de representação do ofendido. 
 
QUESTÃO 05 (PC/DF – 2015 – Delegado de Polícia) - Com base na legislação, na 
jurisprudência e na doutrina majoritária, assinale a alternativa correta acerca do inquérito 
policial, da prisão temporária e da participação do Ministério Público na investigação criminal. 
 a) O inquérito policial é um procedimento administrativo, prevalecendo, na doutrina, o 
entendimento de que se devem observar todas as garantias ínsitas ao contraditório e à ampla 
defesa durante o inquérito policial, o que concede ao investigado, por exemplo, o direito à 
dialeticidade processual e à produção de provas. 
 b) Conforme o STJ, a participação de um membro do Ministério Público na fase de 
investigação criminal não acarreta o seu impedimento ou a sua suspeição para o oferecimento 
da denúncia. 
 c) Em casos teratológicos, o STF e o STJ têm admitido que a autoridade policial que 
preside o procedimento administrativo promova o arquivamento do inquérito policial perante o 
juiz. 
 d) O descumprimento do prazo previsto em lei para concluir o inquérito policial justifica, 
ipso facto, o relaxamento da prisão por excesso de prazo. 
 e) Após recente inovação legislativa, o prazo da prisão temporária foi unificado, 
independentemente de o crime ser hediondo ou a ele equiparado. 
 
QUESTÃO 06 (PC/PA – 2016 – Delegado de Polícia) - Sobre inquérito policial, assinale 
a resposta correta. 
 a) Excepcional e fundamentadamente, a autoridade policial poderá mandar arquivar o 
inquérito para evitar lesão a direitos fundamentais do indiciado. 
 b) Para o desarquivamento do inquérito policial a autoridade policial necessita de novas 
provas. 
 c) O prazo para encerramento do inquérito policial no caso de réu preso, nos termos do 
código de processo penal é de 30 dias. 
 d) Aos crimes de ação penal privada, encerrado o inquérito policial a autoridade policial 
poderá entregá-lo, por traslado, ao ofendido ou seu representante se assim for requerido. 
 e) No curso do inquérito o ofendido não poderá requerer diligências. 
 
 
►GABARITO 
Questão 01: d 
Questão 02: a 
Questão 03: b 
Questão 04: b 
Questão 05: b 
Questão 06: d

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