Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A intervenção processual do credor hipotecário na ação de usucapião movida por terceiro em face do proprietário/devedor hipotecante do imóvel A INTERVENÇÃO PROCESSUAL DO CREDOR HIPOTECÁRIO NA AÇÃO DE USUCAPIÃO MOVIDA POR TERCEIRO EM FACE DO PROPRIETÁRIO/DEVEDOR HIPOTECANTE DO IMÓVEL The procedural intervention of the mortgage lender in the action of Acquisitive prescription moved by third party in the face of the mortgage owner / debtor of the property Revista de Direito Privado | vol. 79/2017 | p. 183 198 | Jul / 2017 DTR\2017\2149 Augusto Passamani Bufulin Doutor e Mestre em Direito Civil (PUCSP). Professor Adjunto de Direito Civil do Departamento de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Juiz de Direito (TJ/ES). augustopassamani@terra.com.br Aylton Bonomo Júnior Mestrando em Direito Processual pela UFES. Juiz Federal na Seção Judiciária do Espírito Santo. ayltonbonomo@yahoo.com.br Katharine Maia dos Santos Mestre em Direito Processual pela UFES. Professora concursada de Direito do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). katemaia@yahoo.com.br Área do Direito: Civil; Processual Resumo: O presente trabalho versa sobre a necessidade e a forma de intervenção do credor hipotecário na ação proposta em face do proprietário do imóvel e de demais terceiros interessados. Diante da possibilidade da extinção da hipoteca com a procedência do pedido da ação, analisase a necessidade ou não de intervenção do credor hipotecário no respectivo processo e a forma procedimental correta para essa intervenção, de acordo com os posicionamentos do Superior Tribunal de Justiça sobre a matéria. Palavraschave: Direito civil Direitos reais Direito processual civil Intervenção de terceiros Usucapião Credor hipotecário Abstract: The present work deals with the need and the form of intervention of the mortgage lender in the proposed action in the face of the owner of the property and of other interested third parties. Facing the possibility of the extinction of the mortgage with the origin of the application of this action, it is analyzed the necessity or not of intervention of the mortgage lender in the respective process and the correct procedural form for this intervention, according to the positions of the Superior Court of Justice on school subjects. Keywords: Civil law Property law Civil procedure Third party intervention Adverse possession Mortgage lender Sumário: 1Conceito da usucapião 2Modo originário de aquisição da propriedade 3As posições do Superior Tribunal de Justiça sobre a matéria 4As posições da doutrina sobre a matéria 5Modalidade de intervenção do credor hipotecário na ação de usucapião 6Os efeitos da sentença da usucapião em relação ao credor hipotecário 7Conclusões 8Bibliografia 1 Conceito da usucapião Caio Mário da Silva Pereira definia a usucapião como “a aquisição da propriedade ou outro direito real pelo decurso do tempo estabelecido e com a observância dos requisitos instituídos em lei”1. José Carlos de Moraes Salles, de forma semelhante, conceituaa “como a aquisição do domínio ou de um direito real sobre coisa alheia, mediante posse mansa e pacífica, durante o tempo estabelecido em lei”2. Denominado de prescrição aquisitiva em oposição à prescrição extintiva da pretensão, Paulo Nader sublinha a diferença entre estes dois institutos: Tecnicamente a usucapião é modalidade aquisitiva de prescrição, da qual a extintiva ou liberatória é outra espécie. Em ambas, o fator tempo é relevante: na primeira, leva à aquisição da propriedade; na segunda, à perda do direito de ação. Na aquisitiva, relevantes são os atos de posse do usucapiente, enquanto na extintiva destacase a omissão de quem se apresenta como titular de direito subjetivo. Na aquisitiva, em contraposição a quem adquire, temse a perda de domínio por parte do antigo proprietário; na extintiva, a perda do direito de ação não implica a aquisição por parte de outrem3. 2 Modo originário de aquisição da propriedade A possibilidade da usucapião como meio de extinção de direitos reais menores instituídos sobre o bem é denominada usucapio libertatis4 e, para que ocorra, passa obrigatoriamente por um exame da natureza da usucapião como modo de aquisição do domínio, originário ou derivado. Na doutrina nacional, havia uma posição minoritária sufragrada por Pedro Nunes5 e Caio Mário da Silva Pereira, que elencavam a usucapião como meio de aquisição derivada. Para o último: Levando, pois em conta a circunstância de ser a aquisição por usucapião relacionada com outra pessoa que já era proprietária da mesma coisa, e que perde a titularidade da relação jurídica dominial em proveito do adquirente, concluise ser ele uma forma de aquisição derivada. Não se pode deixar em salientar que lhe falta, sem a menor dúvida, a circunstância da transmissão voluntária, ordinariamente presente na aquisição derivada. Com tal ressalva, assim o classificamos na corrente civilista6. Arruda Alvim7, Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery8, Paulo Nader9, Nelson Luiz Pinto10, Lenine Nequete11, Adroaldo Furtado Fabrício12, Luciano de Camargo Penteado13, José Miguel Garcia Medina, Fábio Caldas de Araújo14 e Fernando da Fonseca Gajardoni15, de forma contrária, entendem ser a usucapião modo originário de aquisição da propriedade. Conforme José Carlos de Moraes Salles: “a doutrina dividese a respeito, podendose afirmar, entretanto, que a maior parte dos juristas se inclina pelo entendimento de se tratar de modo originário de aquisição. Para essa corrente, à qual nos filiamos, a relação jurídica decorrente da usucapião brota como direito novo, independentemente de qualquer vinculação do usucapiente com o proprietário anterior, o qual, se existir, não será o transmitente do bem16.” Segundo Arruda Alvim, “o que se deve sublinhar, na aquisição originária, v. g., no caso da usucapião, é que, perfeitos os requisitos para a aquisição, passa a existir uma propriedade – se a expressão nos é permitida –, do ponto de vista substancial”17. Perfilhamos a posição de que a usucapião é modo originário de aquisição da propriedade. O adquirente toma para si o bem objeto de apropriação sem qualquer transmissão por outrem. Como exemplos de aquisição originária, podem ser citadas, além da usucapião, a ocupação, a especificação e a desapropriação. 3 As posições do Superior Tribunal de Justiça sobre a matéria Há três posicionamentos distintos no Superior Tribunal de Justiça sobre a extinção da hipoteca pela usucapião. O primeiro posicionamento entende que a usucapião apenas extingue a hipoteca constituída após o início da posse ad usucapionem, em observância ao caráter declaratório da sentença de usucapião. Há precedentes nesse sentido da Terceira e da Quarta Turmas daquele sodalício. Confira as jurisprudências que confirmam esse entendimento: Agravo regimental. Agravo de instrumento. Ação de usucapião modo originário de aquisição da propriedade. Extinção da hipoteca sobre o bem usucapido. Súmula 83 desta Corte. Reexame do quadro probatório. Súmula 7 (MIX\2010\1261) do STJ. Divergência não demonstrada. Decisão agravada mantida. Improvimento. I – Consumada a prescrição aquisitiva, a titularidade do imóvel é concebida ao possuidor desde o início de sua posse, presentes os efeitos ex tunc da sentença declaratória, não havendo de prevalecer contra ele eventuais ônus constituídos pelo anterior proprietário. II – A Agravante não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Incidência da Súmula 7 desta Corte. III – Agravo Regimental improvido18. Direito civil. Usucapião. Sentença declaratória. Efeito ex tunc. Ônus real. Hipoteca constituída no curso daposse ad usucapionem. Nãoprevalecimento do gravame contra o usucapiente. I – Consumada a prescrição aquisitiva, a titularidade do imóvel é concebida ao possuidor desde o início de sua posse, presentes os efeitos ex tunc da sentença declaratória, não havendo de prevalecer contra ele eventuais ônus constituídos, a partir de então, pelo anterior proprietário. II – Recurso especial nãoconhecido19. O Ministro João Otávio de Noronha defende seu posicionamento anotando que, “se não é razoável legitimarse contra o usucapiente eventuais gravames feitos incidir sobre o imóvel por quem não mais detinha a sua titularidade, também não se faz plausível invalidarse o ônus real anterior à posse ad usucapionem, porquanto constituído pelo legítimo proprietário do bem, no pleno exercício dos direitos inerentes à tal condição. Admitirse o contrário, seria fazer tabula rasa dos princípios afetos ao direito de seqüela, informadores dos direitos reais de garantia, com graves e indesejáveis conseqüências no plano da segurança jurídica”.20 O segundo entendimento foi dado em acórdão proferido pela própria Quarta Turma, desta vez em acórdão relatoriado pelo Ministro Luis Felipe Salomão. De acordo com essa segunda posição, a natureza originária da aquisição da propriedade pela usucapião, extinguiria tanto a hipoteca constituída após o início da posse ad usucapionem quanto a constituída antes do início da posse ad usucapionem, não fazendo distinção em relação ao momento temporal do início da posse. Transcrevese a ementa do acórdão na parte importante ao tema: Direito das coisas. Recurso especial. Usucapião. Imóvel objeto de promessa de compra e venda. Instrumento que atende ao requisito de justo título e induz a boafé do adquirente. Execuções hipotecárias ajuizadas pelo credor em face do antigo proprietário. Inexistência de resistência à posse do autor usucapiente. Hipoteca constituída pelo vendedor em garantía do financiamento da obra. Não prevalencia diante da aquisição originária da propriedade. Incidência, ademais da Sùmula n. 308. (...). IV – A declaração de usucapião é forma de aquisição originária da propriedade ou de outros direitos reais, modo que se opõe à aquisição derivada, a qual se opera mediante a sucessão da propriedade, seja de forma singular, seja de forma universal. Vale dizer que, na usucapião, a propriedade não é adquirida do anterior proprietário, mas, em boa verdade, contra ele. A propriedade é absolutamente nova e não nasce da antiga. É adquirida a partir da objetiva situação de fato consubstanciada na posse ad usucapionem pelo interregno temporal exigido por lei. Aliás, é até mesmo desimportante que existisse antigo proprietário. V – Os direitos reais de garantia não subsistem se desaparecer o ‘direito principal’ que lhe dá suporte, como no caso de perecimento da propriedade por qualquer motivo. Com a usucapião, a propriedade anterior, gravada pela hipoteca, extinguese e dá lugar a uma outra, ab novo, que não decorre da antiga, porquanto não há transferência de direitos, mas aquisição originária. Se a própria propriedade anterior se extingue, dando lugar a uma nova, originária, tudo o que gravava a antiga propriedade – e lhe era acessório – também se extinguirá. VI – Assim, com a declaração de aquisição de domínio por usucapião, deve desaparecer o gravame real hipotecário constituído pelo antigo proprietário, antes ou depois do início da posse ad usucapionem, seja porque a sentença apenas declara a usucapião com efeitos ex tunc, seja porque a usucapião é forma originária de aquisição de propriedade, não decorrente da antiga e não guardando com ela relação de continuidade. VII – (...).21 Consta no voto condutor do acórdão o posicionamento do Ministro Relator no sentido de que “o direito de sequela é facilmente aplicado quando há transferência de propriedade. Porém, com a usucapião, a propriedade anterior extinguese e dá lugar a uma outra, ab novo, que não decorre da antiga, porquanto, como já se afirmou, não há transferência de direitos, mas aquisição originária.”22 Essa segunda posição também foi adotada pela Terceira Turma em voto liderado pelo Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva cuja ementa transcrevese abaixo: “Agravo regimental em recurso especial. Usucapião. Modo originario de aquisição da propriedade. Hipoteca. Não subsistência. Violação do art. 535 do CPC (LGL\2015\1656). Alegação genérica. Súmula 284 (MIX\2010\2009)/STF. Prequestionamento. Ausência. Súmulas n. 211/STJ e n. 282/STF. 1. O recurso especial que indica violação do artigo 535 do Código de Processo Civil, mas traz somente alegação genérica de negativa de prestação jurisdicional, é deficiente em sua fundamentação, o que atrai o óbice da Súmula n. 284 do Supremo Tribunal Federal. 2. Ausente o prequestionamento de dispositivos apontados como violados no recurso especial, sequer de modo implícito, incide o disposto nas Súmulas n. 211/STJ e n. 282/STF. 3. A usucapião é forma de aquisição originária da propriedade, de modo que não permanecem os ônus que gravavam o imóvel antes da sua declaração. 4. Agravo regimental não provido.23 Consta no voto condutor do acórdão o posicionamento do Ministro Relator no sentido de que “o direito de sequela é facilmente aplicado quando há transferência de propriedade. Porém, com a usucapião, a propriedade anterior extinguese e dá lugar a uma outra, ab novo, que não decorre da antiga, porquanto, como já se afirmou, não há transferência de direitos, mas aquisição originária.”24 Há, ainda, um terceiro entendimento no Superior Tribunal de Justiça através do qual a natureza originária da usucapião extingue a hipoteca constituída posteriormente ou anteriormente ao início da posse ad usucapionem, desde que ao credor hipotecário seja assegurada participação na ação de usucapião. Essa posição foi ressaltada em acórdão proferido pela Quarta Turma, tendo funcionado como relator o Ministro Raul Araújo, a saber: “Recurso especial. Hipoteca judicial de gleba de terras. Posterior procedencia de ação de usucapião de parte das terras hipotecadas. Participação do credor hipotecário na ação de usucapião como assistente do réu. Ausência de cerceamento de defesa. Prevalência da usucapião. Efeitos ex tunc da sentença declaratória. Cancelamento parcial da hipoteca judicial. Recurso desprovido. 1. Assegurada ao primitivo credor hipotecário participação na posterior ação de usucapião, não se pode ter como ilegal a decisão que reconhece ser a usucapião modo originário de aquisição da propriedade e, portanto, prevalente sobre os direitos reais de garantia que anteriormente gravavam a coisa. Precedentes. 2. Recurso especial desprovido.25 Como se constata, o Superior Tribunal de Justiça possui decisões atuais em sentidos conflitantes a respeito do tema. Com o intuito de fornecer algumas balisas para a solução da questão, trazemos o posicionamento da doutrina a respeito de cada uma delas. 4 As posições da doutrina sobre a matéria Ao lado da primeira posição sufragada pelo Superior Tribunal de Justiça, temos a lição de Nelson Luiz Pinto, ao asseverar que, “cremos, porém ser o usucapião uma forma de aquisição originária, porque não deriva de ato entre usucapiente e proprietário, tal qual se dá na desapropriação e na ocupação, por exemplo. A nosso ver, a aquisição da propriedade pelo usucapião, faz com que se extingam todos os direitos reais constituídos sobre a coisa pelo antigo proprietário, durante a posse ad usucapionem”.26 Da mesma forma, Lenine Nequete entende que a sentença proferida na ação de usucapião teria efeito retroativo e alcançaria o início da posse ad usucapionem, defluindo, daí, que seriaineficaz, diante do usucapiente, as hipotecas constituídas apenas após o início de sua posse27. Entendemos, de forma diferente, no sentido de que a natureza originária da aquisição28 pela usucapião extingue a hipoteca constituída sobre o imóvel após ou mesmo antes ao início da posse ad usucapionem. Se a usucapião é forma originária de aquisição da propriedade, inexistindo relação negocial entre o adquirente e o antigo proprietário do imóvel, por coerência com o sistema, todas as hipotecas registradas sobre o imóvel deveriam ser extintas com a declaração da usucapião, sejam as constituídas antes ou após o início da posse pelo usucapiente, pois, voltase a repisar, “a usucapião cria originariamente direito de propriedade”29. Se, como dizem, o usucapiente não adquire do anterior proprietário, mas, sim, contra ele, qual a razão de se distinguir se a hipoteca foi constituída antes ou após o início da posse ad usucapionem? Esta é exata posição de Arruda Alvim, ao não fazer distinção para a extinção da hipoteca pela usucapião, o início da posse pela usucapiente, diante do caráter originário da aquisição, in verbis: Outra conseqüência decorrente da consumação da usucapião é questionarse se garantias reais agregadas ao precedente direito de propriedade sobrevivem ou não. Se se trata de uma aquisição originária – onde, portanto, não ocorreu transmissão – isto parece indicar que não podem ser havidos como sobreviventes direitos reais decorrentes da precedente situação do direito de propriedade, dado que o ‘próprio direito de propriedade’ precedente deixou de existir30. O que importa é a ausência de relação, sucessão ou continuidade entre o direito da usucapiente e os direitos constituídos pelos proprietários anteriores. A ausência de qualquer relação entre os proprietários anteriores e a usucapiente gera a extinção de quaisquer ônus reais constituídos sobre o imóvel, independentemente do momento inicial da posse ad usucapionem. Fabio Caldas de Araújo compartilha dessa posição ao afirmar que “a hipoteca constituída quando a posse do usucapiente já havia se iniciado é ineficaz em relação à sua pessoa. A hipoteca anterior também não poderá prevalecer, pois está ligada ao ato jurídico de oneração praticado pelo antigo titular, o qual não subsiste mais como proprietário perante a matrícula”31. Se a procedência do pedido contido na ação de usucapião extingue a hipoteca constituída antes ou depois do início da posse ad usucapionem, inequivocamente o credor hipotecário possui interesse em intervir no processo de usucapião, uma vez que ele sofrerá os efeitos jurídicos da procedência do pedido, com a consequente extinção de seu direito real de garantia constituído sobre o imóvel. Saber qual é a forma procedimentalmente correta para que o credor hipotecário intervenha na ação de usucapião é matéria que examinaremos em seguida. 5 Modalidade de intervenção do credor hipotecário na ação de usucapião Como se disse, permitir a extinção de uma hipoteca devidamente constituída sobre um imóvel sem que o credor hipotecário tenha feito parte da relação jurídica processual, viola os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Entendemos, assim, que a posição manifestada pelo Ministro Raúl de Araújo, em voto proferido pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que assegura ao credor hipotecário a participação na ação de usucapião movida pela usucapiente em face do proprietário do imóvel é a mais correta por possibilitar ao credor hipotecário intevir em processo que, sendo julgado procedente, acarretará, a perda do direito real de garantia que recai sobre o imóvel usucapido. Qual é a forma correta do credor hipotecário intervir na ação de usucapião? Para nós, a intervenção do credor hipotecário na ação de usucapião não ocorre na modalidade de assistente litisconsorcial. Esse tipo de intervenção está disciplinada no NCPC no art. 124 que dispôe que “configurase litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido”. Para que se configure a assistência litisconsorcial, é necessária “a demonstração da titularidade da relação discutida no processo”32, motivo pelo qual “o terceiro tem relação jurídica com o adversário de quem pretende seja seu assistido. Ele exerce pretensão sobre o objeto do processo”.33 Como salienta Fredie Didier Jr., ou “o terceiro é titular exclusivo da relação jurídica discutida”, ou “o assistente é cotitular da situação juridica discutida (como no caso da intervenção do condômino, em ação proposta por outro condômino)” ou o assistente “afirmase colegitimado extraordinário à defesa em juízo da relação jurídica que está sendo discutida”34, no caso de legitimação extraordinária como ocorre na tutela coletiva. O credor hipotecário não possui a mesma pretensão sobre o objeto do processo como possui o proprietário, ele não é cotitular ou titular exclusivo da relação jurídica de propriedade existente entre usucapiente e proprietário do imóvel e também não tem legitimação extraordinária para defender processualmente o proprietário do imóvel. O credor hipotecário não aspira a propriedade do imóvel. Porém, havendo a declaração da propriedade em favor da usucapiente, o credor hipotecário, titular de direito real de garantia mantido com o ex proprietário, sofrerá os efeitos reflexos da sentença. Quais efeitos? Como a sentença tem natureza jurídica declaratória e a aquisição se dá a título originário em favor da usucapiente, haverá a extinção da relação jurídica de direito real instituído sobre o imóvel e que possuía como sujeito passivo o exproprietário do imóvel. Assim, almeja o credor hipotecário que o proprietário do imóvel, parte passiva no processo de usucapião, reste vencedor da demanda, para que a relação jurídica (direito real de garantia) que mantém com este não seja extinta. Esse é exatamente o interesse jurídico que caracteriza a assistência simples. Como salienta Arruda Alvim, “o assistente simples quer que uma das partes seja vencedora, por se beneficiar indiretamente dessa vitória”35. Esse entendimento é compartilhado por doutrinadores como Fábio Caldas de Araújo ao dizer que não há dúvida a respeito do credor hipotecário ser um terceiro interessado “uma vez que será atingido diretamente pela sentença final, em caso de procedência do pedido, ainda que de modo reflexo. Sua integração será essencial pelo procedimento edital, que é uma marca própria da ação de usucapião e de todas as ações de natureza real em que a eficácia direta e indireta da coisa julgada assume conotação erga omnes”36. A questão foi bem exposta pelo Ministro Teori Albino Zavascki, quando compunha o Superior Tribunal de Justiça, ao explanar que “no processo civil, a legitimação de terceiro para intervir como assistente de uma das partes supõe a existência de interesse jurídico próprio, que se qualifica por uma das seguintes circunstâncias: a) a de ser titular de uma relação jurídica sujeita a sofrer efeitos reflexos da sentença, caso em que pode intervir como assistente simples (CPC (LGL\2015\1656), art. 50, do CPC (LGL\2015\1656) 73, correspondente ao art. 119 do CPC/2015 (LGL\2015\1656)); ou b) a de ser co titular da própria relação jurídica que constitui o objeto litigioso, caso em que poderá intervir como assistente litisconsorcial (CPC (LGL\2015\1656), art. 54, do CPC (LGL\2015\1656) 73, correspondente ao art. 124 do CPC/2015 (LGL\2015\1656))”37. O credor hipotecáriodeve ser cientificado da existência da demanda de usucapião proposta para, querendo, intervir no processo como assistente simples. Caso tenha ciência extraautos e resolva intervir processualmente, sua admissão deverá ser deferida. Isso porque a sentença interferirá em sua esfera jurídica, com a consequente perda da garantia hipotecária. Assim, o assistente simples – credor hipotecário – tem legítimo interesse jurídico em obter decisão favorável ao assistido.38 A importância da integração do credor hipotecário ao proceso de usucapião é ressaltada por Fábio Caldas de Araújo quando diz que “o efeito liberatório produzido em relação à hipoteca não exime o usucapiente de promover a integração do credor hipotecário ao processo de usucapião. Esta participação assume conotação de maior importância em relação à hipoteca, na medida em que se trata de direito real constituído sem a posse. O credor hipotecário não pratica qualquer ato possessório de guarda ou vigilância sobre o bem, o que justifica sua participação na ação de usucapião como terceiro eventual interessado (art. 942 do CPC de 1973).”39 6 Os efeitos da sentença da usucapião em relação ao credor hipotecário Sendo o credor hipotecário integrado ao processo de usucapião como assistente, sofrerá ele os efeitos da coisa julgada? Parecenos que não. Contudo, mesmo que o credor hipotecário não seja afetado pela coisa julgada, entendida esta como a eficácia que torna imutável o comando dispositivo da sentença proferida na ação de usucapião, será ele afetado de fato pela eficácia jurídica da sentença. “Seja o assistente simples ou litisconsorcial, ele é de alguma forma atingido pela eficácia da sentença proferida em processo alheio. O assistente simples é atingido de fato, na sua esfera jurídica, enquanto o assistente litisconsorcial é alcançado pela coisa julgada”40. Apesar de não ser atingido pela coisa julgada, o assistente simples é atingido “de fato” em sua esfera jurídica. Como interveio no processo, não poderá discutir mais em processo posterior a justiça da decisão. Autores como Fredie Didier Jr., denominam essa eficácia de “eficácia preclusiva da intervenção”.41 Para o autor, submeterse à justiça da decisão “é não poder discutir os fundamentos da decisão proferida contra o assitido”42. A eficácia preclusiva da intervenção impede, em regra, que o assistido discuta em processo posterior (mesmo em defesa), os motivos utilizados pelo julgador para fundamentar a sentença. As exceções ocorrem quando estão presentes alguma das hipóteses dos incisos I e II do art. 123, ou seja, que pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença ou que desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. Tais situações são denominadas pela doutrina43 de exceptio male gesti processus, isto é, exceção de má gestão processual. 7 Conclusões A usucapião é forma originária de aquisição da propriedade, por não existir relação negocial entre o adquirente e o antigo proprietário do imóvel. Por ser aquisição originária, as hipotecas registradas sobre o imóvel são extintas com a declaração da usucapião, sejam as constituídas antes ou após o início da posse pelo usucapiente. Em atenção aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, o credor hipotecário deve intervir na ação de usucapião proposta pela usucapiente em face do proprietário do imóvel. A forma correta de intervenção do credor hipotecário ocorre através de seu ingresso no processo alheio como terceiro através da assistência simples e não da assistência litisconsorcial. O credor hipotecário não sofrerá os efeitos da coisa julgada da sentença proferida no processo de usucapião, mas sofrerá a eficácia preclusiva da decisão, não podendo, regra geral, discutir em processo posterior os argumentos da sentença proferida contrariamente aos seus interesses, a não ser que comprove a exceção de má gestão processual, nos termos do art. 123, incisos I e II, do Novo Código de Processo Civil. 8 Bibliografia ARAÚJO, Fábio Caldas de. O Usucapião no Âmbito Material e Processual. Rio de Janeiro: Forense, 2005. ARAÚJO, Fábio Caldas de. Posse. Rio de Janeiro: Forense, 2007. AREÁN, Beatriz A. Juicio de usucapión. 5. ed. Buenos Aires: Hammurabi, 2007. ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. São Paulo: Forense, 2009. v. XI, t. I. ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de; COUTO, Mônica Bonetti. Comentários ao Código Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. XI, t. II. ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil – Reais. 5. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2000. AZEVEDO MARQUES, J. M. A Hypotheca – Doutrina, Processo e Legislação. 3. ed. São Paulo: RT, 1933. BEVILACQUA, Clóvis. Direito das Coisas. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense. t. II. BORDA, Guilhermo A. Tratado de derecho civil – Derechos reales. 2. ed. Buenos Aires: Perrot, 1978. v. I. BOURGUIGNON, Álvaro Manoel Rosindo. Embargos de Retenção por Benfeitorias. São Paulo: RT, 1999. CARVALHO SANTOS, José Manuel de. Código Civil (LGL\2002\400) Brasileiro Interpretado. 12. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1982. v. X. CENDON, Paolo. Commentario al Codice Civile – artt. 27402906. Milão: Giuffrè Editore, 2009. FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1980. v. VIII, t. 1. FRAGA, Affonso. Direitos Reaes de Garantia – Penhor, Antichrese e Hypotheca. São Paulo: Livraria Acadêmica, 1933. GOMES, Orlando. Direitos Reais. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. MEDINA, José Miguel Garcia; ARAÚJO, Fábio Caldas de; GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Processo Civil Moderno – Procedimentos Cautelares e Especiais. São Paulo: RT, 2009. v. IV. NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. v. IV. NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Hipoteca. 2. ed. Rio de Janeiro: Aide, 1996. NEQUETE, Lenine. Da Prescrição Aquisitiva: Usucapião. 2. ed. Porto Alegre: Ajuris, 1970. NEQUETE, Lenine. Da Prescrição Aquisitiva (Usucapião). 3. ed. Porto Alegre: Ajuris, 1981. NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil (LGL\2002\400) Comentado. 7. ed. São Paulo: RT, 2009. NUNES, Pedro. Do Usucapião. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984. PENTEADO, Luciano de Camargo. Direito das Coisas. São Paulo: RT, 2008. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. IV. PEREIRA, Lafayette Rodrigues. Direito das Coisas. Coleção História do Direito Brasileiro. Brasília: Gráfica do Senado Federal, 2004. PINTO, Nelson Luiz. Ação de Usucapião. São Paulo: RT, 1987. PINTO, Nelson Luiz. Ação de Usucapião. 2. ed. São Paulo: RT, 1991. PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. 4. ed. São Paulo: RT, 1983. t. XI. RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 1987. v. 5. SALLES, José Carlos de Moraes. Usucapião de Bens Imóveis e Móveis. 6. ed. São Paulo: RT, 2005. TEIXEIRA JÚNIOR, Antônio José. Extinção da Hipoteca. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1998. VEIGA, Dídimo Agapito da. Direito Hypothecario. Rio de Janeiro: Laemmert & C. Editores, 1899. 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. IV, p. 138. 855 SALLES, José Carlos de Moraes. Usucapião de Bens Imóveis e Móveis. 6. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 49. 2 3 NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. v. IV, p. 109.4 Conforme José de Oliveira Ascensão, “o titular de um direito real maior, onerado por um direito real menor, pode conseguir a liberação desse ônus, em consequência de um diuturno exercício, contraditório daquele direito real menor. Não há razão para impedir o proprietário, por exemplo, de obter aquela liberação, quando um terceiro, que exerça a posse formal do direito de propriedade como livre, adquire por usucapião a propriedade plena, livre do direito menor que a onerava” (Direito Civil – Reais. 5. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2000. p. 414). 5 NUNES, Pedro. Do Usucapião. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984. p. 13. 6 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. IV, p. 139. O posicionamento de Caio Mário da Silva Pereira deriva de seu entendimento, seguindo a doutrina de Brinz, a respeito da natureza da aquisição da usucapião. De acordo com sua posição, considerase originária a aquisição, “quando o indivíduo, num dado momento, tornase dono de uma coisa que jamais esteve sob o senhorio de outrem” (ob. cit., p. 138); em caso contrário, a aquisição seria derivada. Foi Pontes de Miranda quem tornou Brinz conhecido em nossa doutrina como partidário da natureza da aquisição derivada da usucapião (PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. 4. ed. São Paulo: RT, 1983. t. XI, p. 117). Ocorre que Brinz não afastava o caráter originário da usucapião, apenas defendia que os vícios referentes ao antigo possuidor passavam ao novo adquirente e essa transmissão é que formava a nota peculiar da usucapião. Para uma melhor exposição da matéria, conferir Fábio Caldas de Araújo (ARAÚJO, Fábio Caldas de. Posse. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 129130). 7 ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. São Paulo: Forense, 2009. v. XI, t. I, p. 161. 8 “Usucapião é forma originária de aquisição da propriedade pelo exercício da posse com animus domini, na forma e pelo tempo exigidos pela lei. A posse assim considerada, hábil para a aquisição do domínio pela usucapião, denominase posse ad usucapionem” (NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil (LGL\2002\400) Comentado. 7. ed. São Paulo: RT, 2009. p. 953). 9 NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. v. IV, p. 108. 10 PINTO, Nélson Luiz. Ação de Usucapião. São Paulo: RT, 1987. p. 46. 11 NEQUETE, Lenine. Da Prescrição Aquisitiva: Usucapião. 2. ed. Porto Alegre: Ajuris, 1970. p. 34. 12 FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1980. v. VIII, t. 1, p. 699. 13 PENTEADO, Luciano de Camargo. Direito das Coisas. São Paulo: RT, 2008. p. 265. 14 ARAÚJO, Fábio Caldas de. O Usucapião no Âmbito Material e Processual. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 335. 15 MEDINA, José Miguel Garcia; ARAÚJO, Fábio Caldas de; GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Processo Civil Moderno – Procedimentos Cautelares e Especiais. São Paulo: RT, 2009. v. IV, p. 280281. 16 SALLES, José Carlos de Moraes. Usucapião de Bens Imóveis e Móveis. 6. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 50. 17 ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. São Paulo: Forense, 2009. v. XI, t. I, p. 158. 18 AgRg no Ag 1319516/MG, rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, j. 28.09.2010, DJe 13.10.2010. 19 REsp 716753/RS, rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, j. 15.12.2009, DJe 12.04.2010. Há outro julgado, mais antigo, no Superior Tribunal de Justiça, do Ministro Athos Gusmão Carneiro, acompanhado à unanimidade pelos Ministros Fontes de Alencar, Sálvio de Figueiredo Teixeira e Barros Monteiro, e que serviu de base para o julgamento acima comentado, inverbis: Ação reivindicatória. Alegação, em defesa, de usucapião extraordinário. Imóvel em fideicomisso, com cláusula de inalienabilidade. A aquisição por usucapião é aquisição originária. Com relação ao usucapiente, importa a posse pelo prazo de vinte anos, pacífica e ininterrupta, com ânimo de dono. Nenhuma relação ou sucessão existe entre o perdente de direito de propriedade, e o que a adquire pelo usucapião. Com o usucapião, simplesmente extinguese o domínio do anterior proprietário, bem como os direitos reais que tiver ele constituído, e sem embargo de quaisquer limitações a seu poder de dispor. Prazo de vinte anos consumado no interregno entre a data em que o fiduciário mais jovem completou os dezesseis anos, e a data de propositura da ação reivindicatória. Recurso especial conhecido e provido pela alínea c, mas não provido (REsp 13663/SP, rel. Ministro Athos Gusmão Carneiro, Quarta Turma, j. 22.09.1992, DJ 26.10.1992). 20 REsp 716753/RS, rel. Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, j. 15.12.2009, DJe 12.04.2010. 21 REsp 941.464/SC, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 24.04.2012, DJe 29.06.2012. 22 REsp 941.464/SC, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 24.04.2012, DJe 29.06.2012. 23 AgRg no REsp 647.240/DF, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma; j. 07.02.2013, DJe 18.02.2013. 24 REsp 941.464/SC, rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 24.04.2012, DJe 29.06.2012. 25 REsp 620.610/DF, Quarta Turma, Rel. Min. Raul Araújo, j. 03/09/2013, DJe 19/02/2014. 26 PINTO, Nelson Luiz. Ação de Usucapião. 2. ed. São Paulo: RT, 1991. p. 135. 27 NEQUETE, Lenine. Da Prescrição Aquisitiva (Usucapião). 3. ed. Porto Alegre: Ajuris, 1981. p. 54. 28 Segundo Arruda Alvim, “em rigor, falarse em aquisição na hipótese de usucapião, não é correto, dado que não há negócio jurídico, senão que a usucapião cria originariamente direito de propriedade” (ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. São Paulo: Forense, 2009. v. XI, t. I, p. 158). 29 ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. São Paulo: Forense, 2009. v. XI, t. I, p. 158. 30 ARRUDA ALVIM NETO, José Manoel de. Comentários ao Código Civil Brasileiro. São Paulo: Forense, 2009. v. XI, t. I, p. 161. 31 ARAÚJO, Fábio Caldas de. Usucapião. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. p. 119. 32 MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: RT, 2016. p. 215. 33 ALVIM, Arruda. Novo Contencioso Civil no CPC/2015 (LGL\2015\1656). São Paulo: RT, 2015. p. 96. 34 DIDIER, JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. v. I, p. 488. 35 ALVIM, Arruda. Novo Contencioso Civil no CPC/2015 (LGL\2015\1656). São Paulo: RT, 2015. p. 97. 36 ARAÚJO, Fábio Caldas de. Usucapião. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. p. 121. 37 STJ, REsp 724.507/PR, 1ª Turma, rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. 21.09.2006, DJ 05.10.2006. 38 MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno, São Paulo: RT, 2016, p. 217. O autor afirma que: “para que se admita a assistência simples, a solução do processo deve repercutir na esfera jurídica do terceiro, em virtude de ter sido desfavorável ao assistido. Por isso, o terceiro age com o intuito de obter decisão favorável ao assistido”. 39 ARAÚJO, Fabio Caldas de. Usucapião. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 120. Em se tratando de processo de desapropriação, a regra é a mesma. O autor relembra que “o STF firmou o entendimento de que o interesse jurídico a ser demonstrado na assistência simples em ação de desapropriação deve corresponder a algum direito real sobre o imóvel” (Ob.cit., p. 218). 40 ALVIM, Arruda. Novo Contencioso Civil no CPC/2015 (LGL\2015\1656). São Paulo: RT, 2015, p. 100. 41 DIDIER, JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17ª ed. Salvador: JusPodivm, 2015, vol. I, p. 487. 42 DIDIER, JR., Fredie Ob.cit., p. 487. 43 MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: RT, 2016, p. 218 e DIDIER, JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17ª ed. Salvador: JusPodivm,2015, vol. I, p. 487.
Compartilhar