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1* Curso Técnico em Alimentos Integrado ao Ensino Médio. E-mail: lucaslopes350@hotmail.com Trabalho financiado com apoio do IFC DETERMINAÇÃO DE FIBRA BRUTA EM DIFERENTES MATRIZES ALIMENTARES Lopes, Lucas Henrique 1* ; Dalla Rosa, Andréia 1 ; Camino Feltes, Maria Manuela 2 ; Dors, Giniani Carla 1 1 Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia; 2 Instituto Federal Catarinense - Campus Brusque INTRODUÇÃO Fibra dietética, antigamente chamada de fibra bruta, inclui teoricamente, materiais que não são digeríveis pelo organismo humano e animal. São insolúveis em ácido e base diluídos em condições específicas. A fibra bruta não tem valor nutritivo, mas fornece a ferramenta necessária para os movimentos peristálticos do intestino (CECCHI, 2003, DAMODARAN, 2010). O fato de a fibra não se hidrolisar pelas enzimas digestivas não significa que não se degrade e se metabolize em parte. Entre 10 a 80% dela sofre processo de fermentação no cólon, dando lugar a compostos que o organismo absorve e metaboliza (ÓRDOÑEZ, 2005). A fibra dietética é nutricionalmente importante, pois mantém o funcionamento normal do trato gastrintestinal. Sua presença nos alimentos induz à saciedade no momento das refeições. Há estudos que indicam que a fibra insolúvel reduz os níveis sanguíneos de colesterol e também as chances de câncer de colón (DAMODARAN, 2010). Existem hoje diversas metodologias para a determinação de fibra bruta, porém nenhuma é totalmente satisfatória (CECCHI, 2003; MORETTO, 2008; VICENZI, 2012). A maioria dos laboratórios utiliza a extração ácida e alcalina por ser o método oficial (CECCHI, 2003). Neste contexto, o trabalho teve como objetivo determinar fibra bruta em diferentes matrizes alimentares. 2 MATERIAL E MÉTODOS Preparo das amostras Foram utilizadas as seguintes amostras para analises de fibras: farinha integral, maçã fuji, farinha de milho, abóbora, proteína texturizada de soja (PTS), torta de prensagem de azeitona, beterraba, feijão preto, lentilha, alface, almeirão, cenoura, brócolis, repolho, banana, batata, aveia, arroz integral, cação, queijo, carne moída e ovo, obtidas no Instituto Federal Catarinense – Câmpus Concórdia. O preparo das amostras seguiu as orientações do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). Foram pesadas, aproximadamente, 2 g de cada amostra em balança analítica, e, posteriormente, armazenadas em um bag de nylon para a determinação de fibra bruta. Quando as amostras apresentavam percentual de gordura maior do que 5% (cação, feijão preto, carne moída, ovo, queijo, arroz integral) eram submetidas a um pré-tratamento mediante imersão em 20 mL de éter de petróleo por 5 min, para a extração dos lipídeos, seguido de secagem em estufa a 60 °C por 1 h. Preparo dos cadinhos Foram utilizados cadinhos de Gooch, identificados conforme a amostra, e forrados com uma camada grossa de lã de vidro no fundo, tratados em mufla a 500 °C por 2 h e colocados em dessecador até temperatura ambiente para pesagem. Metodologia de fibra bruta As análises foram feitas em triplicata, segundo o método Ba 6a-05 da AOAC (2009) que consiste em digestão ácida (H2SO4 1,25%) com refluxo por 30 min a partir da ebulição; lavagem da amostra com água quente até a neutralização da mesma; digestão alcalina (NaOH 1,25%) com refluxo por 30 min a partir da ebulição e lavagem da amostra com água quente até neutralização da mesma. Posteriormente, lavagem da amostra utilizando 5 mL de acetona e 5 mL de álcool etílico, transferência da amostra do bag de nylon para cadinho de Gooch e filtragem a vácuo. Na sequência, as amostras eram colocadas em estufa a 105°C/3–4 h, pesadas, e colocadas em mufla a 550 °C/2 h e novamente pesadas para o cálculo do percentual de fibra bruta (Equação 1). Fibra Bruta % = x 100 (Equação 1) 3 Onde: A=massa do cadinho+resíduo (g); B=massa do cadinho+cinza (g); C= massa da amostra (g). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão apresentados os resultados do teor de fibra bruta para as amostras analisadas, sendo que os mesmos apresentaram diferenças quando comparados com os relatados na literatura. Este fato pode ser explicado pela complexidade das matérias-primas de uma mesma espécie, dependendo de fatores como processamento, plantio, entre outros, além da utilização de diferentes metodologias (métodos Adolfo Lutz, MAPA, entre outros) e quantidades de amostra utilizados para a obtenção dos dados reportados na literatura. Houve dificuldade em encontrar referências para comparação dos resultados obtidos nas amostras de farinha de milho, abóbora, torta de prensagem de azeitona, almeirão, ovo, brócolis, queijo, carne moída, banana, batata e cação. Provavelmente, pois, atualmente, a metodologia de fibra alimentar é de uso corrente para a determinação dos teores de fibras nestes alimentos. Segundo MORETTO (2008), a fibra alimentar é uma fração complexa, composta de polissacarídeos e lignina que se origina, principalmente, da parede celular e do cimento intercelular de tecidos vegetais. Essa complexidade torna difícil a análise utilizando a metodologia de fibra bruta, que é a oficial, pois é uma técnica deficiente, estimando valores baixos da proporção de fibra existente nos alimentos, por destruir toda a sua fração solúvel e parte da insolúvel (CECCHI, 2003). Dentre as amostras analisadas, as que continham o maior teor de fibra bruta foram: torta de prensagem de azeitona (10,3%), arroz integral (4,2%), feijão preto (2,0%), lentilha (2,8%) e aveia (2,6%). Segundo Damoradan (2010), a ingestão diária desses alimentos traz melhorias na saúde do indivíduo, pois além de ajudarem em vários outros problemas de saúde, também colaboram para manter o funcionamento do sistema digestivo. 4 Tabela 1 - Valores de Fibra Bruta nas amostras analisadas Matriz/ Alimento Média/Desvio Padrão Referência 1 Referência 2 Referência 3 TACO* Abóbora 0,52±0,1107 2,2 Alface 0,36±0,0255 13,7 (1) 15,0 (2) 1,53 (3) 1 Almeirão 1,24±0,2211 2,6 Arroz Integral 4,2±1,8323 13 (4) 22,42 (4) 4,8 Aveia 2,63±1,4636 8,88 (5) 9,1 Banana 0,3±0,0292 1,5 Batata 0,22±0,1002 1,2 Beterraba 0,49±0,01 8,2 (1) 3,4 Brócolis 1,17±0,07 2,9 Cação 0 NA Carne Moída 0 Cenoura 0,67±0,0765 8,5 (1) 12,1 (2) 0,62 (6) 3,2 Farinha de Milho 0,3±0,1160 5,5 Farinha Integral 0,93±0,1012 2,9 (1) 15,5 Feijão Preto 2,02±0,3443 2,54 (7) Lentilha 2,86±0,9745 6,24 (8) Maçã Fuji 0,5±0,1125 4,4 (1) 1,3 Ovo 0 PTS 0,35±0,0557 6,0 (9) Queijo 0 NA Repolho 0,7±0,0652 11,6 (1) 1,9 Torta de prensagem de azeitona 10,34±0,6859 1 PURGATO, (2004); 2 CRUZ e DIAS; 3 FAVARO-TRINDADE, et al. (2007); 4 MORO; ROSA e HOELZEL, (2004); 5 GUARIENTI, (2001); 6 CARVALO. et al.; 7 DINIZ, (2001); 8 LOURES; NÓBREGA e COELHO, (2009); 9 MOURA, (2006); *FILHO. et al. (2011). CONCLUSÕES O objetivo do trabalho de determinar fibra bruta em diferentes matrizes alimentares foi alcançado, porém há necessidade de implementar no Laboratório de Bromatologia do IFC – Campus Concórdia a metodologia para determinação de fibra alimentar, a fim de minimizar os erros oriundos do método de fibra bruta, já que houveram várias divergências com relação a metodologia e resultados alcançados, quando comparados com a literatura.5 REFERÊNCIAS AOAC. Crude Fiber Analysis in Feeds by Filter Bag Technique Ba 6a-05. 2009 CARVALHO, A. M. et al. Teor de sólidos solúveis e fibra bruta de genótipos de cenoura cultivados, em sistema orgânico e convencional, no período de verão no Distrito Federal. CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2.ed. Campinas: UNICAMP, 2003. CRUZ, P. E. N.; DIAS, V. L. N. Determinação de Glicídios, Proteína Bruta, Lipídios e Minerais em Hortaliças Consumidas na ilha de São Luís – MA. DAMORADAN, S. Química dos alimentos. Porto Alegre: Artmed, 2010. DINIZ, M. do C. Caracterização Química E Tecnologica De 4 Variedades De Feijão Macasar Verde (Vigna Unguiculata (L.) Walp) Comercializadas E Consumidas No Município De Campina Grande – PB. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.3, n.1, p.91-100, 2001 FAVARO-TRINDADE, C. S. et al. Efeito dos Sistemas de Cultivo Orgânico, Hidropônico e Convencional na Qualidade de Alface Lisa. Braz. J. Food Technol., v. 10, n. 2, p. 111- 115, abr./jun. 2007 FILHO, A. de A. B. et al. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO 4ª edição revisada e ampliada. São Paulo: UNICAMP, 2011. GUARIENTI, E. M. et al. Composição Química dos Principais Cereais de Inverno do Brasil. PESQ. AGROR GAÚCHA, v. 7, n. 1, p.7-14, 2001 LOURES, N. T. P.; NÓBREGA. L. H. P.; COELHO, S. R. M. Análise Físico-Química, Microbiológica e Sensorial de Brotos Lentilha da Variedade PRECOZ. Acta Scientiarum. Agronomy. Maringá, v. 31, n. 4, p. 599-606, 2009 MORO, J. D.; ROSA, C. S. da.; HOELZEL, S. C. da S. M. Composição Centesimal e Ação Antioxidante do Farelo de Arroz e Seus Benefícios à Saúde. Disciplinarum Scientia, Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 4, n. 1, p. 33-44, 2004. MORETTO. E. et al. Introdução à Ciência de Alimentos. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008. MOURA, R. S. Análises Físico-Químicas de Soja “In Natura” e Proteína de Soja Texturizada. ORDÓÑEZ, J. A. Tecnologia de alimentos: Componentes dos alimentos e processos. Porto Alegre: Artmed, 2005.v1 PURGATO, E. Análise de Fibra Alimentar. Depto. de Alimentos e Nutrições Experimental FCF – USP. 2004
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